Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos

Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos Ana Paula Maia




Resenhas - Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos


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Vinny Britto 24/06/2019

Que bela surpresa foi essa leitura. Primeiro que leio da autora e com certeza irei ler tudo quanto possível!

Linguagem nua, crua e pesada, mas com uma pegada reflexiva e sentimental. Diferente de tudo que já tinha lido, essa pequena obra me surpreendeu bastante. Se pudesse usar somente duas palavras para classificar o livro, acho que seriam "desgraça filosófica".

Recomendo!!!
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Adriano 01/11/2019

"Erasmo Wagner remói em silêncio o quão importante é o seu trabalho. Importante para manter a ordem, a segurança, a saúde. Importante para os ratos e urubus. Importante para quem o despreza por cheirar azedo."
Certas obras nos fazem nos dar conta do quão pouco nós compreendemos as relações humanas, e o quanto ignoramos realidades diferentes da nossa. É isso o que faz "Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos" de Ana Paula Maia. Com uma escrita violenta e arrebatadora, a autora nos traz reflexões sobre essas e muitas outras questões, em uma obra composta de duas novelas, e que traz personagens aos quais não estamos acostumados, homens brutos e até animalescos, mas que ainda assim demonstram inocência em certos momentos, seres humanos que fazem os "trabalhos sujos" da sociedade. Um abatedor de porcos que tem como hobby assistir cães se estraçalharem até a morte em rinhas e um coletor de lixo que se vê em uma situação de greve, pessoas marginalizadas e que estão em todos os lugares, mas que preferimos ignorar, enquanto elas fazem o trabalho que nós não faremos.
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Lucas.Sampaio 17/11/2020

O neo-naturalismo de Ana Paula Maia
Uma das concepções mais comuns quando pensamos no naturalismo, é imaginar uma classificação literária exclusiva dos últimos anos do século 19, seja no Brasil, ou no campo literário de forma geral. No entanto, o naturalismo, com (quase) todas suas características andam presente como nunca na nossa literatura através da talentosa Ana Paula Maia.
Através de livros como ?Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos?, ou até no mais recente ?Enterre seus mortos?, a autora vem mostrando uma grande habilidade para construir personagens, cenários e narrativas próximas a concepção naturalista, no entanto, com um olhar moderno e cinematográfico sobre questões sociais tão antigas, mas ainda assim atuais.
No seu terceiro livro, ?Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos?, obra responsável por desencadear sua fama, e também por apurar a técnica narrativa da autora, a Ana Paula Maia conta a história de ?homens bestas?, em sua própria concepção, que trabalham de forma incansável, fazendo o trabalho sujo dos outros.
Dentre as características mais comuns do naturalismo, como temas sociais polêmicos e obscuros: nas duas novelas presentes no livro ?Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos?, temos personagens que convivem com zoofilia, assassinato, mutilação, pedofilia.
Seja na narrativa homônima ao livro, que conta a historia de dois companheiros que trabalham em um matadouro ilegal de porcos, ou até na segunda, chama de ?O trabalho sujo dos outros?, em que temos irmãos que trabalham paralelamente com recolhimento de lixo, quebra de asfalto, e desentupimento de latrinas, esgotos etc.
Outras características, como personagens que possuem patologias: seja no caso de personagens quase surdos pelo trabalho exercido (quebrar asfalto com britadeira), um personagem morrendo pela falta de um rim, que ironicamente havia doado a irmã a pouco tempo.
Até a zoomorfização, momento em que o personagem humano é comparado a um animal, característica comum ao naturalismo, com trechos como: ?Cão de rinha é um cão que não teve escolha. Ele aprendeu desde pequeno o que o seu dono ensinou. Podem ser reconhecidos pelas orelhas curtas ou amputadas e pelas cicatrizes, pontos e lacerações. Não tiveram escolhas. Exatamente como Edgar Wilson, que foi adestrado desde muito pequeno, matando coelhos e rãs. Que carrega algumas cicatrizes pelos braços, pescoço e peito. São tantos riscos e suturas na pele que não se lembra onde conseguiu a metade. Porém a marca da violência e resistência à morte de outros animais nunca tiraram o brilho de seus olhos quando contempla um céu amplo. Dia ou noite, ele passa boa parte do seu tempo olhando para cima. Quem sabe espera que alguma coisa aconteça no céu ou com o céu... talvez queira retalhar algumas nuvens com seu facão.? (p.69)
A prosa da Ana Paula Maia está no hall dos grandes feitos da geração contemporânea da literatura no Brasil, com escritos que são socialmente engajados, sem ser panfletários em momento nenhum, enxergando questões sociais pertinentes e sempre tocando na ferida aberta, e olhando para tipos que a sociedade costuma ocultar.
Um novo olhar sobre uma técnica literária que continua atual, pois a desigualdade social ainda existe.
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João Vitor Schulte 02/03/2020

A sujeira do homem
Por dentro da vida dura de quem faz o trabalho que ninguém quer.
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Edianne.Novaes 13/04/2020

Impactante
Brutal, arrebatador, violento, despudorado, direto, cortante...
Não há preparo ou antecipação capaz de aliviar o impacto causado por essas duas novelas num mesmo livro.
Apesar da violência do texto tão cru, acho que ele fala sobre sobrevivência e amizade
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jacquelinands 22/04/2020

Mórbido e tangível
"Esta cidade não faz acepção. Tudo se transforma em lixo.Os restos de comida, os colchões velhos, a geladeira e um menino morto. Nesta cidade tenta-se disfarçar afastando para os cantos o que não e bonito de se olhar. Recolhendo os miseráveis e lançando-os às margens imundas bem distantes."

O livro tem dois contos e retrata além a desigualdade, os protagonistas - que sonham em sair dessa cidade para enfim morrerem soa como um tipo de paraíso para eles - e os cenários são muito bem construídos e criam uma densidade durante a leitura, alem disso os momentos de humor funcionam muito bem para a quebra do peso causado pela reflexão das historias dos trabalhadores.
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amandinhanog 25/05/2020

Como medir o fardo dos trabalhos que ninguém quer fazer?
Lendo esse livro, você será capaz de sentir o cheiro e o clima dos locais por onde os personagens passam. A ideia de hierarquia social me lembrou muito o filme O poço, já que na narrativa as pessoas não se importam com quem está acima ou abaixo nas camadas sociais.
A história conta, de maneira brilhante, que os protagonistas se camuflam tanto em seus "serviços que ninguém quer fazer" - matador de porcos, lixeiro, desentupidor de esgotos - que eles acabam se diminuindo e passando a ser apenas o próprio trabalho, carregando interna e externamente o cheiro e a textura daquilo que fazem.
Essa última parte me lembrou O cheiro do ralo (Lourenço Mutarelli), quando o personagem sente que faz parte do próprio ralo.
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mdudalivros 15/07/2020

Histórias amargas que são enfiadas goela abaixo e que fazem refletir sobre os trabalhos ingratos que ninguém quer fazer.
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Vellasco 28/07/2020

Duas histórias incríveis.

A primeira sobre um abatedor de porcos a segunda sobre um coletor de lixo.

Ambas parecem ser tão distantes porém estão o tempo todo ocorrendo próximo a nós.

O estilo da leitura é bem fluido e intenso, lembra me muito o estilo de Rubem Fonseca.

Está disponível no Kindle unlimited, no dia que li. 28/07/2020
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Perolitzzz 17/08/2020

Que paulada...
A escrita de Ana Paula Maia é crua, áspera, ferina, acre, agreste, cortante e não alivia em nenhum momento dessas duas histórias.
Queria poder explicar mas eu me sinto confusa em perceber que gostei da leitura... e que vou buscar outras histórias da autora.
Um livro curtinho que eu não aconselho pra quem busca algo pra ler em 1 dia... eu não consegui.
No início achei afetado e gratuito mas de repente a narrativa foi me entregando cada analogia, cada metáfora... coisa afiada.
Fui impactada mesmo.... real!
Quem tiver com o Kindle Unlimited ativado, verá disponíveis esta e mais 2 ou 3 outras histórias.
Recomendo mas, é pra quem tiver estômago, ok?
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Júlia 28/08/2020

Brutal. Marcante. Cru. Livro difícil de digerir, com muitas cenas fortes, mas que levanta reflexões importantes. O que constrói o nosso caráter e determina nossas atitudes?
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Re Vitorino 29/08/2020

Chocante, incrível, assustador, perfeito
Nenhuma palavra é desperdiçada em duas histórias narradas com fluidez e sem poupar o leitor da crueldade dos ambientes dos personagens. Minha primeira obra da autora e definitivamente quero mais, quero tudo.
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Hugo 09/09/2020

Com escrita violenta, Ana Paula Maia reflete sobre grupos negligenciados
Tem gente que mergulha nos livros para fugir da realidade. Mas existe escritores que usam da ficção para nos fazer lidar com um realismo indigesto. O livro 'Entre rinhas de cachorros e porcos abatidos' traz personagens acostumados com o submundo que a sociedade os relega.
São duas novelas. A primeira reserva as aventuras de uma dupla de homens que trabalham em um abatedouro ilegal de porcos. A segunda narra as reflexões de um coletor de lixo sobre a hipocrisia da sociedade. Todos se tornam invisíveis aos olhos dos outros no meio do sangue e da sujeira.

Ana Paula Maia, escritora e roteirista carioca, que nasceu em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, tem uma escrita violenta. É fácil se chocar com algumas passagens do seu livro. Tem de tudo: zoofilia, roubo de órgãos, pedofilia, homicídio. E não falo isso para te assustar ou para te afastar do trabalho de Ana Paula. É um incentivo torto. Porque todos esses temas são relacionados a personagens que não se importam mais com o lado feio da vida. Porque foram brutalizados por suas escolhas ou por simplesmente terem trabalhos que eu, você, nem ninguém quer ter.

É com essa premissa que as novelas tentam agarrar a nossa atenção. Como a sociedade deixa que parte dela se desumanize ao ponto de não ligar mais para as leis, julgamentos, o próprio corpo, a saúde. Na primeira novela, em seu primeiro capítulo, o personagem Edgar Wilson assassina uma pessoa, mói a sua carne e a vende como se fosse de porco. Ele faz isso tudo sem pestanejar, como se fosse um gesto natural. Como coçar os olhos, beber um copo d’água, respirar.

A segunda novela, ‘O trabalho sujo dos outros’, nos leva a vida em cima do corrimão de um caminhão de lixo. Escorregadio, já causou muitos acidentes. Garis que caem e morrem, ou ficam inválidos, desempregados. Erasmo Wagner é um deles. Ele sobrevive refletindo sobre a decadência do seu serviço e de como ninguém se interessa com suas mazelas. As pessoas o evitam como se ele fosse o lixo que ele recolhe.

Os momentos finais do livro lançam uma crítica a uma sociedade consumista que descarta toneladas de lixo todos os dias. O conteúdo da lixeira diz muito sobre quem a pessoa é e de onde ela vem. Em um cenário apocalíptico, uma cidade engolida por ratos e sujeira é observada por Erasmo. Toda a barbaridade aconteceu porque pessoas como ele deixaram de trabalhar.

Para mais resenhas acesse o link abaixo.

O ‘literato’ é uma plataforma que busca relacionar temas atuais à literatura, apresentar dicas de escrita criativa e compartilhar minhas histórias. É o diário de bordo de um aspirante a literato nascido em 1997.

site: https://medium.com/literato
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Matheus Monteiro 10/09/2020

A loucura dos mais abastados
Dividido em duas novelas, esse livro apresenta a escrita mordaz e brutal de Ana Paula Maia, uma escrita que caminha pelo gore e pela degradação de classes e empregos mais simples ou subalternizados pela sociedade. A primeira narrativa que da título ao livro me deixou com muitos sentimentos sobre a abordagem e a condução, e sinceramente não sei se consegui apreciar. Talvez por estar em um momento emocionalmente estressante, ler o horror no momento não foi uma boa escolha, ou talvez porque a história simplesmente me pareceu apelativa demais. A segunda, entretanto, "O Trabalho Sujo dos Outros" me pareceu mais equilibrada em seus temas e elementos. É enlouquecedora de forma sensorial (assim como as condições insalubres de seus protagonistas), apresenta mais complexidade emocional e faz duras críticas e comentários sobre a manutenção do espaço urbano e a importância de empregos que são desvalorizados pelas elites (ou simplesmente pela classe média como acontece em uma cena envolvendo buzina). Senti uma coesão muito mais forte nessa novela, inclusive na violência e pestilência que Ana Paula Maia descreve. É um livro interessante e que vale a pena ser lido.
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jAlia372 09/10/2020

segui ideia de professora universitária pra ler esse livro e terminei traumatizada. muito bom !
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