A civilização do espetáculo

A civilização do espetáculo Mario Vargas Llosa




Resenhas - A Civilização do Espetáculo


77 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Lucas 30/05/2021

Me surpreendi...
Confesso que nunca li Vargas Llosa, e digo de antemão meu arrependimento para tamanho descaso com um dos maiores autores latino americanos. A leitura de A Civilização do Espetáculo, livro lançado em 2012, mas absolutamente atemporal, trouxe-me a oportunidade de refletir e indagar sobre o que seria a valorizada "cultura" durante a pandemia, pois seria ela só propensa a nos entreter ou em algum momento veio vislumbres de questionamento sobre tudo o que acontecia ao nosso redor, e estando vendo lives ou maratonando series, nos cegamos ao dever de questionar o que está acontecendo com o mundo. A cultura não acabou e nunca irá acabar, mas a capacidade de nos fazer refletir não depende apenas dos conteúdos produzidos, mas sim de como usamos estes para tornarmos pessoas melhores, e consequentemente, tornar nossa sociedade mais coerente do ponto de vista da noção de mundo. Somos uma grande aldeia no aspecto de respeito e aceitação das escolhas do próximo, ou apenas vemos a empatia ao próximo quando isto nos traz alguma vantagem? Um dos melhores do ano por simplesmente me orientar a procurar ter uma visão mais ampla da cultura do nosso tempo.
comentários(0)comente



Ronan 22/05/2021

O autor afirma que pretende analisar o significado da palavra cultura nos dias de hoje, que, em sua opinião, está sendo esvaziado. No início ele analisa o significado dessa palavra para diversos autores que o precederam bem como os limites dessas análises em sua opinião. Para sua obra cultura seria:

“A civilização do espetáculo, ao contrário, está cingida ao âmbito da cultura, não entendida como mero epifenômeno da vida econômica e social, mas como realidade autônoma, feita de ideias, valores estéticos e éticos, de obras artísticas e literárias que interagem com o restante da vida social e muitas vezes são a fonte, e não o reflexo, dos fenômenos sociais, econômicos, políticos e até religiosos.”

Um de seus argumentos é de que hoje a cultura não é mais aquilo que se almejava eterno, belo e de valor, mas sim aquilo que diverte, mesmo que efêmero fútil ou vazio, em sua opinião cultura não é necessariamente diversão, cultura deve ser cultivada e muitas vezes é difícil e caracterizada por uma atividade intelectual. Se antes a cultura era algo que fazia refletir, hoje ela é algo que ajuda ou pelo menos tenta fazer com que as pessoas esqueçam o mundo e suas dificuldades. Além disso, ele enxerga na relação mercadológica algo ruim para a cultura pois hoje cultura é aquilo que vende, sendo o que não vende algo que não é considerado como cultura.

“O que quer dizer civilização do espetáculo? É a civilização de um mundo onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão universal.”

Outro fator de esvaziamento da cultura para ele seria sua popularização, na medida em que isso implica simplificação, algo a que sou bastante crítico. O autor entende que a popularização da cultura se dá necessariamente às custas de sua simplificação. O desaparecimento ou desvalorização da crítica especializada esvaziam ainda mais a cultura assim como a massificação.
Sobre o papel das religiões ele entende que essas são fundamentais para a manutenção das democracias atuais pois fomentam entre seus frequentadores valores morais e éticos que não poderiam ser adquiridos (pelo menos não pela maioria da população) de outras formas, e sem os quais estes sistemas degringolam para corrupção e o niilismo. No entanto, ele é defensor ferrenho do estado laico e polemiza a favor da proibição dos véus islâmicos nas escolas francesas. Ele lamenta o eclipse dos intelectuais nessa civilização e sua valoração apenas quando fazem o papel de “bufões”, no limite esta civilização dá pouco valor ao pensamento, daí essa desvalorização.
No que tange ao sexo, ele pontua que a banalização deste, dos corpos, da nudez e o fim do erotismo (como capacidade humana de transcender, ritualizar, formalizar, imaginar, embelezar e sublimar o mero ato sexual) é muito triste pois acaba com uma das mais perfeitas fontes de prazer.
Na política o papel da cultura também é de esvaziamento, sem uma presença dos intelectuais naquilo que seria importante e com a ascensão de figuras charlatanescas, burlescas e performáticas como líderes (Trump? Bolsonaro?). O jornalismo, ao preferir as notícias miúdas e sensacionalistas deixa de dar contribuição importante à política, pois também se vê às avessas com a necessidade de entreter para se manter em voga e vender.
Apesar do aspecto deletério que o autor atribui à relação entre mercado e cultura ele é defensor do livre mercado como sistema que mais distribuiu riqueza de maneira eficiente em toda a história humana?! Por fim ele faz uma crítica aos e-books, em detrimento aos livros físicos e à informação utilitarista, efêmera, superficial e pouco afeita à concentração das redes.
Vários dos pontos tocados pelo autor são muito relevantes e interessantes em minha opinião, sua argumentação é bem fundamentada e às vezes cáustica, no bom sentindo. Fica claro ao longo do livro que ele está à direita do espectro político, quando ele critica a relação dos intelectuais com os regimes de esquerda, ou quando ele se diz favorável ao livre mercado, ao ensino religioso desde que plural e que no Ocidente deixe clara a importância do cristianismo. Considero difícil aderir às suas argumentações quando ele diz não ser possível relativizar as diferentes culturas humanas ou quando ele defende que massificar e popularizar a cultura significa esvaziá-la, mas reconheço a importância de trazer isso à baila das discussões. Certamente é um autor com opiniões bem marcadas e um intelectual que a vale a pena ser lido, mesmo que seja para discordar ele nos faz pensar, portanto contribuindo, sob seu ponto de vista para aquilo que ele considera ser de fato cultura, ou seja pensarmos, refletirmos.
comentários(0)comente



Ricardo.Borges 19/04/2021

Um livro incrível sobre cultura
Deveria tê-lo lido há, pelo menos, 5 anos atrás... denso, com falas assertivas que permitiram vários recortes importantes.
comentários(0)comente



Rebeca 13/04/2021

Perfeito
Essencial para ter um senso crítico abrangente. Além de te fazer refletir sobre hábitos banais do dia a dia.
Aborda sobre política, religião, jornalismo, conceito de cultura, sexo...
comentários(0)comente



Gabriel1141 12/04/2021

Um livro essencial com um olhar crítico sobre a sociedade
Não conhecia esse autor e o li por uma recomendação do meu avô. Tive uma grata surpresa com a obra e, mesmo não concordando com todos os pontos expostos, foram demonstrados de forma sucinta é que no mínimo merecem reflexão.

É um autor de direita e apresenta posicionamentos e visões bastante claras e fundamentadas em leituras e estudos.

Com certeza procurarei suas obras literárias(adorei sua escrita leve porém objetiva)já que essa é uma obra mais expositiva e crítica.
comentários(0)comente



Dio 05/04/2021

Levo esse livro comigo todos os dias
Livro simples, curto e rápido de se ler, mas carrego ele comigo todos os dias em tudo que consumo. Ele me trouxe uma ciência de que há algo além da diversões efêmeras e eu consegui explicar para mim mesmo porquê de eu sintir um prazer mais forte e duradouro em livros complexos e densos do que em filmes mais palataveis.
comentários(0)comente



Carla 19/02/2021

A civilização do espetáculo
Mario trás ensaios interpretações de suas experiências com a cultura contemporânea. E, para tocar no tema ele vai a questões polêmicas como religião, economia, ética e outras perguntas que fazem parte do dia-a-dia e que causa reflexões relevantes.
comentários(0)comente



Erick P Silva 26/01/2021

A civilização do espetáculo- Llosa
Bem, foi minha primeira experiência com o Llosa, e nesse ensaio o autor apresenta uma visão sobre o conceito de cultura e suas transformações desde o século XX.

Focado na opinião de Llosa, e fugindo da categoria ?teórica?, o autor com expressões críticas (geralmente muito críticas) apresenta análises do comportamento humano, religião, política, literatura e até erotismos.

O centro da explicação vai do ponto onde a cultura deixa de ser uma força da sociedade para, nos dias atuais, se transformar em algo que simplesmente busca entreter a ?civilização do espetáculo?, geração essa que não lê o livro e sim pesquisa o resumo.

?Se em nossa época raramente são empreendidas aventuras literárias tão ousadas como as de Joyce, Virginia Woolf, Rilke ou Borges, isso não se deve apenas aos escritores; deve-se também ao fato de que a cultura em que vivemos imersos não propicia, ao contrário, desencoraja, esses esforços denodados que culminam em obras que exigem do leitor uma concentração intelectual quase tão intensa quanto a que as possibilitou. Os leitores de hoje querem livros fáceis, que distraiam, e essa demanda exerce uma pressão que se transforma em poderoso incentivo para os criadores? (p. 32).
Claramente um texto com muita inteligência, diversas referências (que te fazem aumentar sua lista de compras) pra contribuir na explicação das idéias e até exemplos.

Sempre com um ?tom? crítico, o autor tem uma escrita simples que te fazem concordar com o contexto, mas que para alguns pontos cheguei a discordar, mesmo que, a ideia me fizesse refletir e entender mais do tema.
comentários(0)comente



Pedro 25/09/2020

Leitura obrigatória?
Talvez o leitor iniciante de Llosa se assuste ao ver um autor tão lúcido e ao mesmo tempo sem medo de combater verdadeiros dogmas, inclusive literários. Na esfera política, a maioria esmagadora dos autores, segue o mesmo posicionamento. Llosa, ao contrário, defende uma visão liberal, o que pode causar perplexidade no leitor ante a manifesta ausência de pensadores liberais na literatura (malgrado eles existam, só não são tão cultuados pela suposta "crítica especializada").
Caso procure na leitura do presente livro uma crítica ao capital e uma defesa ao multiculturalismo, não vai encontrar.
comentários(0)comente



Laura.Ferreira 05/09/2020

Um pequeno ensaio sobre a banalização da cultura.
Recomendo muito a leitura, primeira obra não ficcional de Llosa que vislumbro. Trata-se de uma crítica extremamente dura quanto a atual cultura e tudo o há ao redor da cultura (religião, sexualidade, política, preconceito e consciência de classe). Não dou 5 estrelas porque vejo no presente ensaio, um crescente elitismo do autor, o que o insere como um dos personagens da banalização da cultura e do porquê da mesma cultura não conseguir perspassar a atualidade.
comentários(0)comente



Fabricio.Macedo 01/09/2020

Super recomendo... Ando cheio de vontades de ler sobre a sociedade, a cultura, a política de nosso tempo... Que ajuda foi refletir através da leitura de "A civilização do espetáculo"... Legal pensar sobre a laicidade do Estado e as relações com os sistemas religiosos. Leiam! "(...) nada melhor do que a boa literatura para aguçar nosso olfato e nos tornar sensíveis para detectar as raízes da crueldade, da maldade e da violência que o ser humano pode desencadear" (p. 199)
comentários(0)comente



Raissa Bandeira 02/08/2020

Onde vamos parar?
Esse é o meu segundo contato com o autor, o primeiro foi com Travessuras da menina má, um livro que me deixou apaixonada pela escrita de Vargas Llosa.

Em A civilização do espetáculo, o autor traz a perspectiva de degradação da cultura face ao que ele chama de tentativa de rebaixar a alta cultura ao nível de uma cultura acessível para todos. Existem algumas representações da cultura, seja ela literatura, teatro, filme, música... que são fascinantes justamente devido à sua complexidade, e com a crescente demanda pela massificação da cultura, por querer torná-la palatável para todos os públicos, fazem com esse tipo de erudição seja descartada e relegada ao esquecimento.

O autor também traz à luz, a discussão sobre a importância do estado laico e de como a interferência da religião no estado e na arte pode trazer consequências desastrosas, como a imposição da religião como uma verdade absoluta e tudo que não está de acordo com ela, é, indubitavelmente, errado e deve ser exterminado, estabelecendo assim o fanatismo religioso como guia de governabilidade. Mas não descarta a importância da espiritualidade numa sociedade regida pela ética e moral e expõe a diferença entre religiosidade (muitas vezes maléfica) e espiritualidade (livre de apego religioso).

Toda essa tentativa de acabar com a erudição, também repercute na capacidade a longo prazo, do indivíduo de conseguir absorver conteúdos mais profundos. Com os meios digitais ocupando cada vez mais espaço como meio de veiculação de informação e entretenimento, a reivindicação por conteúdos cuja a absorção seja mais fácil e rápida, tende a acabar com a fascinação pelo deleite de uma obra mais astuta e consequente diminuição de parâmetros críticos.

Na civilização do espetáculo, o conteúdo perde espaço para a forma. Tudo que consegue ser digerido mais facilmente (a cultura light), que consegue gerar mais buzz (o escândalo), quem grita mais alto e para mais pessoas, recebe um status maior que o que é feito com estudo, com análise, com a complexidade de algo que foi cuidadosamente planejado para valorizar o que realmente importa: a essência.
Eliane 30/03/2021minha estante
Comecei essa leitura e gostei muito das suas impressões quanto à obra.




Herrera 11/06/2020

Altos e baixos
Mario Vargas Llosa é um romancista genial e um ensaísta polêmico. Nesse ensaio existem ideias muito interessantes, uma crítica devastadora ao pós-modernismo, e uma leitura pessimista sobre a degeneração da cultura no mundo contemporâneo, destacando a conivência de liberais e progressistas com a destruição de padrões e hierarquias estéticas, em nome de uma suposta "democratização" da cultura que tem resultado em nada mais do que a imbecilização coletiva e massiva das novas gerações.
Porém apesar da pertinência da crítica e da magistral escrita de Llosa (domínio perfeito da linguagem, clareza na exposição das ideias e enunciação de exemplos que corroboram suas teses), o autor escorrega (escrevo isso sabendo da minha insignificância intelectual diante de uma figura da grandeza de Llosa) em suas leituras essencialistas sobre o papel da religião como farol moral das sociedades e sua ingenuidade (quase infantilidade) nas crenças das virtudes do livre mercado e do liberalismo para salvaguardar a alta cultura.
Acredito que uma leitura em diálogo com a intelectualidade marxista que discutiu questões como ideologia, alienação e indústria cultural enriqueceria muito as conclusões de Llosa.
comentários(0)comente



Natália Holanda 05/06/2020

Reflexivo
Livro traz reflexões importantes e pertinentes colocando a cultura em diversos contextos, de forma leve e dinâmica citações e referencias interessantes.
comentários(0)comente



Aa 31/03/2020

Decepcionante
O livro começa bem, mas aos poucos vai ficando cada vez pior. Menos do que uma análise da nossa sociedade, o livro é uma profissão de fé do autor, um crente bastante beato do Iluminismo e da democracia secular, democrática (na visão dele, ao menos) e liberal. O posicionamento dele é impressionantemente esquerdista para um intelectual que se diz de direita, encaixando-se naquele nicho que o Pondé chama de "liberal conservative", que poderia ser melhor chamado de direitista frouxo ou, antes, esquerdista covarde. Conhecia Vargas Llossa pela literatura, que é de fato muito boa, e fica claro que ele deveria se ater a ela.
Alê | @alexandrejjr 10/05/2020minha estante
Mas o livro é decepcionante exatamente pelo quê (pergunto porque achei interessante ter uma crítica divergente, mas gostaria de saber o que te levou a essa conclusão)?


Aa 29/06/2020minha estante
Oi. Esperava dele um posicionamento político mais interessante e instigante, algo tão inspirado quanto é sua ficção, e o que eu encontrei foi aquela visão de mundo mainstream da social democracia. É coisa bem morna, sem riscos e sem grande virtude.


Alê | @alexandrejjr 29/06/2020minha estante
Entendi. É, infelizmente os ensaios políticos dele carecem do mesmo brilhantismo da ficção, apesar de não serem descartáveis. Valeu, Adriano!


Gabriella 27/12/2020minha estante
Eu não vi nada de muito esquerdista em sua visão, ao contrário; vi uma visão de cultura elitista por parte do autor e uma crítica à tentativa do pós-modernismo em tornar o conceito de cultura mais palatável às gerações pouco afeiçoadas ao erudito.




77 encontrados | exibindo 31 a 46
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR