A civilização do espetáculo

A civilização do espetáculo Mario Vargas Llosa




Resenhas - A Civilização do Espetáculo


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Katharina 08/05/2017

Marquei como lido “A Civilização do Espetáculo, ” Mario Vargas Llosa.
Livro essencial para se entender as transformações pelas quais passa a cultura na pós-modernidade. Para Llosa, a banalização das artes, do cinema, da literatura, do jornalismo tem transformado a cultura em indústria do entretenimento, distanciando-a, cada vez mais, do seu viés reflexivo e transformando os indivíduos em reféns do capitalismo de consumo e meros espectadores da realidade.
Um verdadeiro Raio X da forma de consumir cultura das sociedades contemporâneas.
“A Civilização do Espetáculo, ” Mario Vargas Llosa, Objetiva, 2013.
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Dalmo 12/02/2017

Espetacular
Mario Vargas Llosa nos leva a uma profunda reflexão sobre os descaminhos que nossa cultura, cada vez mais efêmera em conteúdo e forma, vêm nos distanciando do pensamento crítico e do inconformismo que nos permitiram combater as ameaças à liberdade e à democracia ao longo da história. Em meio a um universo de informações disponíveis a um clique de distância, valorizar a cultura clássica e sua expressão mais influenciadora a longo prazo, a literatura, é um excelente antídoto contra a superficialidade de pensamento e a passividade que nos rondam e nos envolvem perigosamente nos dias atuais.
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Vittor Az 03/01/2017

Uma denúncia da decadência cultural humana
A cultura já existia antes da invenção da escrita. Cultura é estilo de vida.

A cultura que está se perdendo é aquela da palavra, do discurso, da escrita. Ela está sendo deteriorada pela imagem, pela indústria cinematográfica, com seus produtos superficiais devido à efemeridade deles e consequentemente à velocidade com que se busca propagar e vender, em meio a uma sociedade cada vez mais consumista, reificada. E a falta daquela primeira cultura acaba por se fazer confundir, hoje, os conceitos de VALOR e PREÇO.

A internet é um instrumento para fazer regredir a capacidade mental do homem, que, (in)conscientemente sabe que tudo está guardado ali, para acessar sempre que quiser, e isso o torna cômodo em desenvolver as próprias capacidades psíquicas. Trata-se de uma "involução". A informação é rápida, a forma de viver é ágil, é logo, é agora, o que tornam efêmeras inclusive as coisas que costumavam ser consistentes, duradouras. Prefere-se jogar fora e comprar (consumir!) a consertar. Por conta da efemeridade dos relacionamentos, da vida sexual, houve uma mudança do erótico (de viés poético) para o pornográfico (sexo fácil, rápido, animal).

Segundo o autor, em se tratando de cultura, é necessário que haja um estrato social de maneira que a cultura mais moderna esteja com a elite culta, de intelectuais, e as camadas mais baixas cultivem cada um sua própria cultura, recebendo aos poucos influências da alta instância. É uma questão de identidade com a nação (cultura comum a todos) e com a região onde se vive.

O problema de hoje é que a cultura dos intelectuais deixou de ser respeitada e valorizada. A onda da democracia tomou a alta cultura e tornou-a mais simples e superficial, adaptando-a para que chegasse às camadas menores, propagando-a a todos, sem valorização dos intelectuais, tendo-os como dominadores de algo que deve ser propriedade de todos.

Assim, obras que instigam o leitor a pensar, raciocinar, refletir sobre as inquietações da vida humana foram rejeitadas. Passou a cultivar obras que tiram o nosso foco desta realidade cruel e enfadonha. Por isso o entretenimento ganha cada vez mais espaço. E assim o olhar do cidadão-espectador vicia-se, isto é, passa a meramente assistir aos problemas sociais, políticos e religiosos, passivo e taciturno, sem que haja qualquer vontade de mudar a realidade.

Por fim, segundo o autor, a religião está e sempre esteve intrinsecamente relacionada à cultura. Poucos conseguiram e conseguem viver sem religião. A humanidade sente a necessidade de haver uma justiça perfeita e superior, já que a justiça humana é falha. (Continua...)
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Danilo Vicente 11/10/2016

Ideias importantes sobre cultura em nosso tempo
Se de início o livro pode parecer enfadonho, após a introdução A Civilização do Espetáculo ganha fôlego e traz ideias que abrem a cabeça. É um estudo de Vargas Llosa sobre o momento da cultura, superficial. Vale a leitura. Não tem história inventada pelo autor. É a realidade em sua visão.
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Bruna.pb 10/09/2016

Por algumas vezes quando se desenvolve um pensamento crítico acerca do mundo em que nos rodeia, somos atacados por certo desconforto devido a algumas situações que vivenciamos em uma sociedade provida de uma “contemporaneidade” um tanto quanto exagerada. O autor Mario Vargas Llosa em sua obra A civilização do espetáculo, nos convida por meios ensaísticos a refletir sobre pontos importantes relacionados propriamente ao ser humano em sua formação cultural e política e que ao decorrer do tempo cronológico e histórico, esses pontos passaram a ser banalizados, tomando um caráter um tanto quanto sensacionalista.
O dramaturgo peruano Mario Vargas Llosa é grande referência do mundo literário, sendo ganhador do Prêmio Cervantes de 19941 e do Nobel de Literatura de 2010 pelo conjunto de sua obra. Também escritor da ilustre obra A civilização do espetáculo, o autor traz consigo características críticas da atualidade e levanta alguns assuntos importantes como as manifestações israelenses, a massificação da sociedade e os resultados e principais consequências da transformação da cultura. Não é à toa que ao ler o título da obra nos deparamos com uma primeira noção de tema de “apresentação artística” com o termo “espetáculo” que o autor irá metaforizar com o conceito de civilização, que irá ser trabalhado como uma radiografia do tempo e da cultura, que desvela conceitos sobre a frivolidade da realidade em seu texto ensaístico.
Este texto é dividido em seis capítulos que são compostos por uma reflexão inicial sobre o tema acompanhado de um de seus ensaios deixando assim uma sensação de completude, e também uma sensação de leitura leve. Os temas têm um ponto principal que se referem à banalização das “coisas” do mundo atual, principalmente à cultura. Como um “denominador comum” a cultura está presente na vida dos seres humanos desde a sua existência e teria uma função de captar características de uma determinada população, assim valorizando alguns costumes que vem se aprofundando a cada década que passa. Porém, o que Mario Vargas Llosa coloca como problema, é o fato de que essas mudanças estão em uma esfera de retrocesso ao invés de progredirem. Afinal, aumentaram-se os meio de comunicação e tudo está ao nosso alcance mais fácil. Mas ao decorrer da
leitura, percebemos que na civilização do espetáculo as coisas não ocorrem de maneira positiva.
O autor coloca que atualmente a palavra vem perdendo seu sentido juntamente com seu
profundo significado. Por exemplo, quando falamos em arte. Há um tempo, a arte estava
relacionada a prazeres cultos, como ouvir música clássica, ou ler grandes obras literárias que faziam
o indivíduo refletir sobre o mundo que estava vivendo. A grande chave era essa: refletir sobre o que estava sendo vivenciado naquela época. Hoje em dia, com os meios de comunicação em massa, tudo foi facilitado, e muitas vezes tendo as informações manipuladas pela mídia, tudo virou motivo para piada. Aliás, a civilização do espetáculo se trata exatamente disso: de arrumar meios de entretenimento para livrar-se das obrigações diárias que ocupam o tempo e causam o tédio.
Ou seja, como tudo está de fácil acesso, as pessoas não se esforçam mais para ir à procura de algo que tenha um conteúdo significativo. Tudo agora está em nossas mãos, o grande, porém é que
muitas vezes as informações chegam de forma distorcida devido ao caráter sensacionalista que a publicidade tomou. As pessoas não estão mais preocupadas com a essência da sociedade. Nem da sociedade e nem dos seres humanos.
Mario Vargas Llosa coloca que até mesmo em relação ao sexo, que é algo que tem muito a
dizer sobre o ser humano, a civilização também está deixando a desejar. Pois, como tudo está em fase de banalização, com o sexo também não poderia ser diferente, ainda mais sendo algo que é tão relacionado ao cotidiano, à maneira de vida, ao contexto que se está vivendo. Houve um tempo em que o sexo tinha função apenas de procriação, mas logo esse caráter foi substituído pelo erotismo. O termo Eros, que vem da palavra amor, dá origem a tudo aquilo que há de mais belo no ser humano, uma mistura de paixão, originalidade, fantasias e mistério, e que faz do sexo uma arte.
Esse caráter perdurou por um tempo, mas novamente devido a essa massificação de tudo e à exposição pela mídia por algo tão intimo pode-se dizer que perdeu um pouco seu sentido, como se as pessoas estivessem mais interessadas em assistir e reproduzir o que vêem, do que buscar a essência do que é o sexo e que vai de encontro ao amor.
Além disso, ao mesmo tempo em que há um excesso pelas visualizações de curtas ou longas metragens que exibam imagens pornográficas, há pouco interesse em relação ao que acontece no restante do mundo. Com todas as diferenças políticas, religiosas, com culturas opressoras e o preconceito que rodeia pelo mundo todo, as pessoas preferem se entreter com assuntos frívolos, deixando o silêncio pairar no ar. Um silêncio que sem dúvidas diz muito sobre tudo isso. Até porque nesse caso é muito melhor tapar os olhos e ouvidos para as situações que exigem uma consciência mais crítica e continuar vivendo de forma hiperativa com as bobagens a mídia expõe.
O interessante de viver em sociedade é ter uma mínima compreensão do passado,apreciar o presente e procurar fazer um futuro melhor. Mas na civilização do espetáculo, Mario Vargas Llosa deixa bem claro que isso será difícil de acontecer, e que é o oposto disso que acontece. As pessoas não se importam com o passado, às vezes pegando apenas alguns fatos e distorcendo-os sem ir à procura da raiz do problema. Assim ficamos nas questões apenas de forma superficial, o que mostra o porquê nossa sociedade virou um alvo de palhaçada. Isso explica o porquê as pessoas ignoram as atrocidades que acontecem na cultura islâmica, o porquê deixam o sexo de lado, ou porque estão se contentando com tão pouco quando se trata assuntos que possuam um conteúdo relevante para uma
formação mais humana, e vários outros fatores que dão origem a essa civilização metamorfoseada que o autor coloca em seu livro. Uma obra sem dúvidas libertadora e fundamental para entendermos o mundo de hoje.
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Max 09/03/2016

Grande livro!
Retrato cru da sociedade em que se transformou em entretenimento e show.
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Carol 09/02/2016

A opinião do pessimista
"A civilização do espetáculo", de Mario Vargas Llosa, foi a escolha do meu clube do livro para o mês de janeiro e, por já ter lido o texto "A sociedade do espetáculo", de Guy Debord na graduação, logo me interessei bastante pela leitura.

Realmente a introdução e o primeiro capítulo do livro fazem essa ponte com a obra de Debord, uma crítica a perda de valores da sociedade, sendo tudo reduzido ao entretenimento. O jornalismo perde seu caráter crítico e investigativo e aumenta o número de reportagens sensacionalistas e cobertura da frivolidade. A literatura também foge do convite a reflexão (seja ela sobre o comportamento humano em um romance ou sobre questões sociais de nossa época). As obras literárias de nosso século são sempre lights, com o intuito de distrair o leitor em sua viagem de metrô ou na fila do banco.

Capa A civilizacao do espetaculo.inddAs artes plásticas (e desse assunto eu entendo pouco) almejam chocar, criar uma vanguarda de um movimento sem estética ou propósito. Sobre a música acho que o autor nem cita exemplos, acredito por ser de senso comum que a música contemporânea seja essencialmente comercial. Em resumo, retoma a ideia de que a cultura se transformou em bem de consumo: uma ida ao museu para render fotos no instagram, a compra de um quadro como investimento financeiro e a leitura de um livro para se passar de cult numa mesa de bar.

Os capítulos seguintes abordam temas como política, religião e liberdade sexual.
Posso parecer pedante, petulante, polêmica ou tanto faz, mas não gostei do livro. A temática é ótima e a redação também, mas algumas coisas me incomodaram bastante ao longo do texto e consegui separá-las em três categorias:

1- Mais do mesmo
Muitas vezes notei que o texto apenas descrevia o cotidiano, sem opinião ou reflexão, apenas apontava o óbvio. Sei que isso tem o seu valor na áreas de humanidades, mas alguns trechos me lembravam minhas encheções de linguiça em provas de teoria da comunicação.

2- Crítica dura a meus heróis
Ok, chamar Roland Barthes de herói é um exagero de minha parte, mas ver uma dura crítica a Foucault, Lipovetsky, Baudrillard e tantos outros autores estudados por mim por diversos anos foi difícil de digerir. Além de soar como derrotista e ressentido ao criticar esses teóricos com pouquíssimo embasamento, Llosa ainda usa o termo "cultura " como a séculos não se usa mais. Faz a distinção de alta (de elite) e baixa cultura (popular), retoma a discussão de que algumas culturas (agora no sentido de hábitos sociais) são superiores a outras, que a cultura de alguns países europeus é melhor do que de algumas tribos africanas, por exemplo.
Esse julgamento de valor me deixou bem irritada, mas não vou me aprofundar pois já citei meus 'heróis' da sociologia e quem os conhece sabe o porque deste choque.

3- Generalização e opinião pessoal mascarada
Uma passagem sobre a liberdade sexual e o fim do erotismo chega a ser cômica. Llosa, que diversas vezes critica os sofistas, nos apresenta o seguinte raciocínio sofista-enganador :
Todos os jovens se interessam pelo o que lhes é proibido. A liberdade sexual acaba com o mistério e o pudor do sexo. Logo, os jovens vão atrás de outras coisas proibidas, como as drogas.
OU SEJA, se você conversar abertamente com seu filho adolescente sobre masturbação (que era o assunto em debate no capítulo) ele perderá o interesse em sexo e começará a usar drogas. Jura? Mas você jura mesmo que você disse isso Llosa? Que raciocínio é esse que eu não entendi até agora?
Essa dinâmica de lógica sofista se dá em outros trechos do livro e, a meu ver, só servem para mascarar uma opinião pessoal do autor por pesquisa social fundamentada.



No geral, acho que Llosa conseguiu cumprir um papel importante com seu livro: gerou reflexão e discussão e não foi objetificado com o intuito de entreter os leitores, no caso, as leitoras, já que meu Clube do Livro é composto por mulheres.



Nota: 2/ 5


site: www.sanduichedepapel.com
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Edson 23/10/2015

Crítico, argumentativo, enriquecedor.
Trata-se de uma dura crítica aos valores cultivados pela sociedade contemporânea, denominada como “sociedade do espetáculo”. Com seu olhar extremamente crítico e inconformado, à medida que tomamos conhecimento dos argumentos de Llosa, nos deparamos com sua riquíssima bagagem cultural. O autor cita importante obras literárias e expõe seu conhecimento em inúmeras áreas, como artes, literatura, filosofia, antropologia. (Tomei nota de obras importantes no âmbito da literatura e filosofia)
Ao final de cada capítulo, Llosa apresenta artigos publicados no jornal espanhol El País, em Madri, referente ao tema respectivo. O escritor expõe sua opinião sobre determinado acontecimento, a exemplo da polêmica sobre o uso do véu em escolas francesas, presente no capítulo “É proibido proibir”; do “sexo frio”, abordado na parte dedicada ao “desaparecimento do erotismo”, dentre outros.
No início do livro, Llosa discute outros cincos ensaios publicados nas últimas décadas que convergem para a ideia de crise profunda na cultura contemporânea e apontam causas diversas para a formação da “civilização do espetáculo”, assim definida por Llosa, e denominada pelos outros ensaístas como “pós-cultura”, “sociedade do espetáculo”, “cultura-mundo” e “cultura do entretenimento”. À medida que expõe a argumentação dessas obras, Llosa faz comentários e se posiciona sobre as possíveis causas das frivolidades culturais da era pós-moderna.
Define “A Civilização do Espetáculo” como “a civilização de um mundo onde o primeiro lugar na tabela de valores vigente é ocupado pelo entretenimento, onde divertir-se, escapar do tédio, é a paixão universal”. E aponta como consequência desse comportamento a “banalização da cultura, generalização da frivolidade e, no campo da informação, a proliferação do jornalismo irresponsável da bisbilhotice e do escândalo”.
Segundo Llosa, o crescimento vertiginoso das economias nas sociedades democráticas da Europa e da América do Norte após a Segunda Guerra Mundial possibilitou o fortalecimento da classe média, época também em que houve abertura de parâmetros morais, antes refreados pela igreja. Assim, argumenta que o bem-estar, a liberdade de costumes e o espaço crescente ocupado pelo ócio no mundo desenvolvido, naquela época foi um grande estímulo para a indústrias de diversão. Outra causa apontada por Llosa para a formação da “civilização do espetáculo” foi a ideia de “democratização da cultura”, que acabou por banalizar e superficializar seu conteúdo para atingir a maioria. A consequência disso seria o desaparecimento da alta cultura e a massificação da própria ideia de cultura, que por sua vez leva falsamente à ideia de ser entendida SOMENTE como uma maneira agradável de passar o tempo. Isso explicaria o sucesso da literatura light - que não exige esforço intelectual e tem a função somente de entreter e combater o tédio - e o consequente desinteresse pela crítica, quase desaparecida dos meios de comunicação e substituída pela publicidade.
Segundo Llosa, a função antes desempenhada por sistemas filosóficos, crenças religiosas, ideologias e doutrinas hoje é exercida pelos diretores de criação das agências publicitárias, “período trágico em que o preço passou a se confundir com o valor de uma obra de arte”. Nesse sentido, Llosa aborda a música e o esporte, e apresenta o fenômeno da massificação associada ao uso de drogas, hoje não restrito às elites e consumidas por todas as classes sociais.
O autor aponta o crescimento do laicismo sobre as religiões na civilização do espetáculo, e alerta sobre o terreno perdido por religiões tradicionais, hoje ocupado por toda espécie de seitas e cultos, pela razão da grande maioria dos seres humanos necessitarem transcender suas inquietações e questionamentos existenciais, como o perecimento e a ideia de extinção. Para Llosa, somente uma minoria é capaz de se emancipar da religião e preencher esse vazio existencial através da alta cultura, única capaz de enfrentar tais questionamentos através da filosofia, da ciência, da literatura e das artes.
Segundo Llosa, a figura do intelectual é esquecida pela sociedade do espetáculo e ausente dos debates públicos sobre a economia, as instituições e a cultura, hoje decididos pelo poder político e administrativo. Como exemplo, cita o comportamento dos políticos, que, no passado, queriam aparecer ao lado de intelectuais e hoje buscam associar sua imagem a de esportistas, cantores de rock ou astros de cinema. “Consequência direta do ínfimo valor que o pensamento tem na civilização do espetáculo”, que hoje vive a primazia das imagens sobre as ideias, razão pela qual os livros foram deixados para trás pela televisão, cinema e internet.
Llosa expõe a banalização pela qual passou a política, bem como o cinema, literatura e artes plásticas, cujos espaços, antes reservados às razões, ideias e doutrinas, foram cedidos à publicidade, através de seus “slogans, lugares-comuns, modas e manias”.
No âmbito do sexo afirma que o mundo ocidental passou por uma grande transformação, que culminou com a queda de tabus e a liberdade sexual, antes reprimida por preconceitos de caráter religioso. Em contrapartida, segundo Llosa, a banalização do ato sexual, denominado “sexo light”, incentivou o sexo puramente instintivo e animal, “desprovido de amor e imaginação”, que “em vez de livrar o homem e a mulher da solidão, passado o ato urgente e fugaz do amor físico, devolve-os à solidão com uma sensação de fracasso e frustração”. A consequência disso seria o desaparecimento do Erotismo, tema a que reservou um capítulo dessa obra.
Também discorre sobre a influência do jornalismo na “civilização do espetáculo”. Segundo o escritor, “as notícias passam a ser importantes ou secundárias sobretudo, e às vezes exclusivamente, não tanto por sua significação econômica, política, cultural e social, quanto por seu caráter novidadeiro, surpreendente, insólito, escandaloso e espetacular. Sem que isso tenha sido proposto, o jornalismo de nossos dias, acompanhando o preceito imperante, procura entreter e divertir informando”.

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Tatiane495 04/02/2015

Sociedade em conflito
Vargas Llosa traça neste livro o perfil de uma cultura em crise em seus vários âmbitos. O sexo, a política, as artes, a religião a mídia e a literatura estão em uma crescente decadência que imbeciliza; estes por sua vez têm se tornado apenas artifícios produzidos para o consumo imediato da sociedade do espetáculo.

O autor ainda ressalta a importância da liberdade para salvar-nos do totalitarismo dos grandes regimes através da literatura. Uma solução dada talvez de maneira um pouco utópica e idealista. Com relatos de experiências vividas no passado, Vargas Llosa exemplifica, em cada aspecto analisado, como a cultura se transforma e se torna mediocrizada, efêmera e descartável.

Excelente leitura!
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Cristiano @imagensdocris 22/01/2015

Baita Leitura!
Após a leitura deste livro, só tenho a dizer uma coisa: Obrigado, Mario Vargas Llosa, por existir!
Um bálsamo para a ridícula cultura do espetáculo na qual nos afirmamos.
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jefftavaresjuni 05/01/2015

Mario Vargas Llosa faz jus à sua condição de cidadão do mundo e do seu tempo alertando sobre a degeneração da cultura na pós-modernidade. Nesta época, a criação artística, o jornalismo e a informação se prestam ao papel quase exclusivo de entreter para satisfazer o apetite das massas ávidas por fugir da realidade. As consequências desta frivolidade seriam o empobrecimento intelectual da sociedade, a supervalorização do que vende mais em detrimento do que possui maior valor artístico, atentados contra a privacidade e confidencialidade de indivíduos e governos, descrença em relação à política, banalização do sexo.

A análise mais contundente se refere à literatura, que tem perdido seu caráter crítico da realidade, capaz de inspirar reflexões e influenciar mudanças na sociedade, e se tornado mero divertimento desprovido de profundidade e conteúdo. Na civilização do espetáculo, pouco esforço intelectual é exigido para que o leitor/espectador/ouvinte possa entender ou apreciar uma obra; tudo deve vir mastigado, nivelando por baixo a produção artística.

O livro louva as sociedades abertas e democráticas, registrando o papel que a filosofia, a religião, a ciência e a cultura em geral exerceram para conduzir o Ocidente a um ambiente onde a liberdade, a tolerância e o pluralismo são valores a serem perseguidos, fato nunca vivenciado anteriormente na história da humanidade. Obviamente o autor não fecha os olhos para as imperfeições das democracias e as contradições do capitalismo, mas reconhece que a democracia foi a melhor forma de governo encontrada até hoje e é o ambiente mais propício para o florescimento da cultura.
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Aline 14/12/2014

Em uma série de ensaios - muitos dos quais publicados no jornal espanhol El País - Mario Vargas Llosa faz uma radiografia da civilização ocidental contemporânea, abordando temas que vão desde a pornografia e erotismo até a cultura digital dos ebooks. Sua visão é um tanto pessimista, mas mesmo assim, bastante instigante e provocadora, e a prosa fácil faz com que a reflexão sobre temas abordados se desenrole de maneira natural.
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none 03/09/2014

Leitura recomendada
O que me incomoda neste livro é a louvação repetitiva e excessiva a Karl Popper (sem explicação plausível, na minha modesta opinião). Em muitos de seus artigos o autor peruano faz louvações ainda mais polêmicas, digamos assim: à ex-primeira ministra do RU, Margaret Hilda Thatcher, Baronesa Thatcher! Mas esse fato não diminui a importância do livro, do seu legado à literatura e à liberdade. Passam a ser meros detalhes o incômodo elogio repetitivo à Popper e as contradições apresentadas no início e no final do livro referentes à disseminação cultural, pois felizmente Llosa muda de opinião.
"A liberdade é tolerante, mas não pode sê-lo para aqueles que, com sua conduta a neguem, escarneçam dela e afinal de contas, queiram destruí-la." Mario Vargas Llosa
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spoiler visualizar
Marta Skoober 29/11/2016minha estante
Aline, tem vídeo resenha?




Karla Lima 11/10/2013

Surpreendente
Melhor do que o desgastado tema faz sugerir. Nao eh uma obra imparcial, no sentido de que o autor escolhe a dedo os pensadores que vai citar e usar para o proprio endosso, deixando pouco ou nenhum espaco ao pensamentodivergente. Ainda assim, o livro eh rico, claro, abrangente e muito, muito bem escrito.
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