A civilização do espetáculo

A civilização do espetáculo Mario Vargas Llosa




Resenhas - A Civilização do Espetáculo


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Bookster Pedro Pacifico 26/02/2020

A civilização do espetáculo, de Mario Vargas Llosa – Nota 8,5/10
Gosto bastante da escrita de Llosa (com destaque para “A festa do bode” e “Travessuras da menina má”), mas ainda não havia tido contato com algum trabalho de não ficção.

Nesse ensaio publicado em 2012, o vencedor do Prêmio Nobel traz ao leitor a sua visão sobre a transformação que o conceito de cultura vem sofrendo nas últimas décadas. Para o autor, o senso de cultura que existia no começo de século XX, em que a ideia e o conteúdo eram a força motriz da vida cultural, foi esvaziado por um movimento de banalização das artes e veículos de informação. Nos dias atuais, denominados por Llosa como “civilização do espetáculo”, a cultura passou a servir como simples ferramenta de entretenimento. É a geração da informação pronta e rápida, em que o esforço intelectual é evitado e os meios audiovisuais (como cinema e internet) foram adquirindo um espaço cada vez maior. Na “civilização do espetáculo”, a preocupação em se mostrar como alguém culto é muito maior do que realmente absorver e conseguir apreciar um conteúdo artístico.

Mas é importante saber que não se trata de um ensaio teórico sobre os conceitos da cultura ao longo da história. Llosa deixou claro que esse não é o seu objetivo. O que o autor faz nessa obra é compartilhar sua opinião – muitas vezes em tom crítico, bem crítico! – sobre diversos temas englobados no universo da cultura. São análises sobre comportamento humano, religião, mídia, erotismo, democracia, literatura e temas polêmicos dos mais variados.

É um ensaio inteligente, gostoso de ler e que me fez refletir bastante, seja porque me identifiquei com alguns pensamentos, seja porque, apesar de não concordar com algumas posições do autor, fui apresentado a um ponto de vista diferente sobre temas de inegável relevância. A escrita é simples e fluida, mas recheada de referências a obras e autores, que só contribuíram para aumentar ainda mais a minha lista de livros a serem lidos. “Porque ninguém será culto se todos acreditarem que o são ou se o conteúdo do que chamamos de cultura tiver sido degradado de tal modo que todos possam justificadamente acreditar que são cultos.”

site: https://www.instagram.com/book.ster/
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César 25/02/2020

É interessante estarmos imersos em uma situação e não notarmos quão profundamente somos afetados por ela. Este livro detém o mérito por apontar a debilidade e as nefastas consequências de uma cultura light, frívola e amena, que se exonera do propósito de dar sentido e substância às nossas vidas, ocupando-se do entretenimento e da safistação imediata, sedando os nossos sentidos em meio a civilização do espetáculo.
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Patty 17/02/2020

Maravilhoso!
Alguns livros deveriam ser categorizados de ?utilidade pública? como forma de alerta para identificar aquelas obras que analisam o funcionamento e as engrenagens no mundo. Com certeza esse é um deles!
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Letuza 08/11/2019

Para pensar diferente
Um livro que faz a gente pensar e analisar as coisas por ângulos diferentes. Mario Vargas Llosa, escritor e jornalista peruano, Nobel de literatura em 2010, é intenso, firme e até duro em suas críticas e análises sobre a banalização da cultura em nosso tempo. Porém, ele não impõe sua opinião, e sim nos traz pontos de vista, dados e fatos para pensarmos diferente. Apesar de não concordar com tudo que ele pensa, o livro me fez pensar diferente e analisar alguns temas com a mente mais aberta. E essa é a função da literatura.
O livro aborda a frivolidade de nosso tempo, a banalização da cultura e como isso traz consequências negativas na política, na educação, nas relações humanas e até na religião. Llosa defende a importância vital da literatura, das artes, da cultura, como formadoras e não como distração, entretenimento. Um livro, segundo ele (e aqui concordo plenamente), deve causar preocupação, reflexão, deve exercitar a mente, e não apenas distraí-la. Hoje, as pessoas não querem se preocupar, querem apenas se distrair, se divertir, e com isso as questões fundamentais da humanidade vão ficando esquecidas e relegadas a quem não tem interesse em resolvê-las. Não queremos nos envolver de verdade em política, não queremos discutir temas difíceis como violência, fome, desemprego, não queremos encarar a realidade de ódio e intolerância que vivemos. Mas queremos saber de todos os detalhes inúteis e sórdidos da vida alheia. Passamos horas lendo comentários de ódio em perfis nas redes sociais e não temos tempo de ler um bom livro. Reclamamos da desonestidade dos políticos, mas nunca pensamos em nos candidatar a um cargo e nem mesmo vamos votar. Essa é a civilização do espetáculo analisada por Llosa nesse livro. São ensaios incríveis que nos tiram da zona de conforto e da nossa posição de espectadores manipuláveis.
É uma leitura incrível, gostosa e imprescindível.
#acivilizacaodoespetaculo #mariovargasllosa #livros #leitura #vamosler #amoler #pensarfazbem
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Kaio 13/10/2019

Em A Civilização do Espetáculo, Llosa faz um crítica dura (as vezes elitista) às manifestações culturais contemporânea ou à derrocada da cultura tradicional ante aos novos meios de comunicação.

O livro é um punhado de ensaios e crônicas, alguns bastante contundentes e outros difíceis de concordar, numa mescla de defesa dos valores democráticos e da liberdade e de um conservadorismo subjetivo, além de um apego a valores passados e repulsa à religiosidade.

"Os homens se emprenham em crer em Deus porque não confiam em si mesmos".

Quem conhece um pouco da vida do autor talvez perceba que tais controvérsias não são nadas estranhas a ele. A arte, o sexo, as massas, a religiosidade e a liberdade são alvos de suas críticas ácidas, embora cômicas em alguns momentos, e lê-las é prontificar-se a receber certas duras verdades na cara haha.
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Bolota 16/06/2019

Uma visão atual do mundo
"A Civilização do Espetáculo" é uma ótima reflexão sobre o mundo atual em que vivemos. O livro fala sobre cultura, aspectos culturais, mídia etc.

Mostra que muitos problemas que acreditamos ser locais, muitas vezes são globais. Apesar de discordar de alguns pontos levantados pelo autor, o livro me trouxe algumas bagagens que levarei para debates sobre a contemporaneidade de nosso tempo.

Se você busca entender melhor esse momento hype conectado pelo qual vivemos, "A Civilização do Espetáculo" é uma excelente reflexão.
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matlima 15/06/2019

Extremamente atual
A obra reúne uma série de textos escritos por Vargas Llosa ao longo de mais de uma década. Há uma boa concatenação entre as ideias e a leitura é bastante prazerosa.
O livro se aproxima da tese de Debord sobre "Eros e civilização na sociedade do espetáculo", mas o esforço de Llosa está concentrado na esfera cultural.
Ele distingue cultura da educação, afirmando que aquela vem se deteriorando nos últimos tempos. Assim como T. S. Eliot, defende uma visão restritiva (qualitativa e não quantitativa) da cultura. Esta seria apenas aquilo ?que faz da vida algo digno de ser vivido?
Assevera que o fenômeno de depreciação da cultura está ligado ao monoteísmo e ao tédio pós-guerra. O que antes era feito para engrandecer e durar, hoje é feito apenas para ser vendido, destinando-se ao rápido consumo. Neste cenário, a densidade dá lugar à superficialidade.
As críticas do autor são bem construídas, mas deixam evidenciado o seu elitismo e até pedantismo.
Ele cita também a globalização, que pulveriza as tradições e culturas locais em detrimento de um modelo único: o mainstream, isto é, o denominador comum que há entre as culturas dos cinco continentes.
No aspecto político, defende a liberdade e a democracia, fazendo críticas ácidas a toda forma de totalitarismo, de um lado, e aos pós-modernistas (como Focault), de outro lado. Salienta que a democratização "teve o indesejado efeito de trivializar e mediocrizar a vida cultural, em que certa facilitação formal e superficialidade de conteúdo dos produtos culturais se justificavam em razão do propósito cívico de chegar à maioria. A quantidade em detrimento da qualidade".
De um modo geral, Llosa demonstra um posicionamento político próximo do que se convencionou chamar de direita: Liberal na economia e conservador em termos culturais. Isso fica bem evidente quando ele critica o movimento de 1968, aduzindo que se tratou de um "carnaval" incapaz de afetar o poder propriamente dito, limitando-se a descredenciar a legitimidade das autoridades e instituições. Juízes, legisladores, professores e cia, todos passaram a ser questionados e o resultado foi a queda da educação e o desrespeito às leis.
Em seguida, o livro passa a tratar da revolução audiovisual, da internet e como tudo isso repercutiu na literatura, cinema e até política.
Cuida-se de uma obra imperdível.

Citações do livro:
- O cristianismo, segundo Steiner, com seus santos, o mistério da Trindade e o culto mariano, sempre foi ?uma mistura híbrida de ideais monoteístas e práticas politeístas
- Não se deve confundir cultura com conhecimento. Cultura não é apenas a soma de diversas atividades, mas um estilo de vida
- O conhecimento tem a ver com a evolução da técnica e das ciências; a cultura é algo anterior ao conhecimento, uma propensão do espírito, uma sensibilidade e um cultivo da forma, que dá sentido e orientação aos conhecimentos.
- A aquisição obsessiva de produtos manufaturados, que mantenham ativa e crescente a fabricação de mercadorias, produz o fenômeno da "reificação" ou "coisificação" do indivíduo, entregue ao consumo sistemático de objetos (citando Debord)
- A cultura-mundo, em vez de promover o indivíduo, imbeciliza-o, privando-o de lucidez e livre-arbítrio, fazendo-o reagir à cultura dominante de maneira condicionada
- A distinção entre preço e valor se apagou, ambos agora são um só, tendo o primeiro absorvido e anulado o segundo. É bom o que tem sucesso e é vendido; mau o que fracassa e não conquista o público. O único valor é o comercial.
- Em nossos dias o consumo maciço de maconha, cocaína, ecstasy, crack, heroína etc. corresponde a um ambiente cultural que impele homens e mulheres a buscar prazeres fáceis e rápidos..
- O político de nossos dias, se quiser conservar a popularidade, será obrigado a dar atenção primordial ao gesto e à forma, que importam mais que valores, convicções e princípios.
- não existe forma mais eficaz de entreter e divertir do que alimentar as paixões baixas do comum dos mortais
- uma coisa é acreditar que todas as culturas merecem consideração, visto que em todas há contribuições positivas para a civilização humana, e outra, muito diferente, é acreditar que todas elas se equivalem, pelo simples fato de existirem. E foi isso que, assombrosamente, chegou a ocorrer em razão de um preconceito monumental suscitado pelo desejo de abolir para sempre todos os preconceitos em matéria de cultura.
- Uma das perversas consequências do triunfo das ideias "das diatribes e fantasias" de maio de 68 foi que, como resultado disso, se acentuou brutalmente a divisão de classes a partir das salas de aula. A civilização pós-moderna desarmou moral e politicamente a cultura de nosso tempo, e isso explica em boa parte por que alguns dos "monstros" que acreditávamos extintos para sempre depois da Segunda Guerra Mundial, como o nacionalismo mais extremista e o racismo, ressuscitaram...
- Os filósofos libertários como Michel Foucault e seus inconscientes discípulos atuaram com muito acerto para que, graças à grande revolução educacional que propiciaram, os pobres continuassem pobres, os ricos continuassem ricos, e os inveterados donos do poder, com o chicote nas mãos.
- Quando a religião e o Estado se confundem, desaparece irremediavelmente a liberdade; ao contrário, quando se mantêm separados, a religião tende, gradual e inevitavelmente, a democratizar-se, ou seja, cada igreja aprende a coexistir com outras igrejas e com outras maneiras de crer, bem como a tolerar os agnósticos e ateus
- Todos os grandes pensadores liberais, de John Stuart Mill a Karl Popper, passando por Adam Smith, Ludwig von Mises, Friedrich Hayek, Isaiah Berlin e Milton Friedman, ressaltaram que a liberdade econômica e política só cumpre cabalmente sua função civilizadora, criadora de riqueza e de empregos, defensora do indivíduo soberano, da vigência da lei e do respeito aos direitos humanos, quando a vida espiritual da sociedade é intensa, mantém viva e ins?inspira uma hierarquia de valores respeitada e acatada pelo corpo social. Segundo eles, esse é o melhor modo de fazer desaparecer ou pelo menos atenuar a ruptura entre preço e valor.
- Vivemos num tempo de fraudes, em que o delito, se for divertido e entretiver o grande número, será perdoado.
- A liberdade é tolerante, mas não pode sê-lo para aqueles que, com sua conduta, a neguem, escarneçam dela e, afinal de contas, queiram destruí-la.
- Nenhuma Igreja é democrática. Todas elas postulam uma verdade, que tem o avassalador álibi da transcendência e o apadrinhamento espetacular de um ser divino, contra os quais se estilhaçam e pulverizam todos os argumentos da razão (...) A natureza dogmática e intransigente da religião se evidencia no caso do islamismo porque as sociedades onde ele deitou raízes não passaram pelo processo de secularização que, no Ocidente, separou a religião do Estado e a privatizou, transformando-a num direito individual, em vez de um dever público
- Minha impressão é de que literatura, filosofia, história, crítica de arte, sem falar da poesia, em suma, todas as manifestações da cultura escritas para a rede serão sem dúvida cada vez mais de entretenimento, ou seja, mais superficiais e passageiras, como tudo o que se torna dependente da atualidade.
- Os meios não são nunca meros veículos de um conteúdo, que eles exercem uma influência subliminar sobre este, e que, no longo prazo, modificam nossa maneira de pensar e agir.

site: https://twitter.com/matlima
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Emerson 09/05/2019

Nesse momento de superficialidades é bom ler.
Livro ótimo que mostra momentos na civilização e compara com os dias atuais. Como cada um tem sua forma de enchergar os fatos este livro chega a incomodar. Lembra do que está posto já houve. Gostei muito e fiquei confuso também por não conhecer algumas citações.
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Fabio Shiva 12/03/2019

Fascinante e aterrador
Se eu fosse escrever tudo o que esse livro me fez pensar, acabaria com um outro livro quase do mesmo tamanho, composto por três quintos de entusiásticas louvações ao pensamento de Vargas Llosa, um quinto de veemente discordância às ideias do autor e mais um quinto de tenebrosas lamentações pelo triste estado da cultura e da arte nos dias de hoje, objeto das reflexões e denúncias desta incrível e marcante obra que é “A Civilização do Espetáculo”.

Schopenhauer aconselha a nunca ler um livro sem ter antes refletido sobre o assunto que é tratado por ele. Ao menos dessa vez cumpri esse sábio conselho, pois venho pensando sobre esse tema há um bom tempo: a decadência das artes e o esvaziamento do conceito de “cultura”. Ao observar pela primeira vez esse fenômeno, eu timidamente o chamei de “revolução da simplificação”. Tempos depois, já convencido por A mais B de que de fato isso estava acontecendo, chamei de “ditadura da mediocridade” (em uma entrevista para a FM Cultura de Porto Alegre com o querido amigo escritor Luis Dill, confira no link: https://www.facebook.com/sincronicidio/videos/1141766595933585/).

Pois bem, essa percepção que vinha me atazanando há tempos foi definida com muito mais elegância e precisão por Mario Vargas Llosa: “a civilização do espetáculo”, onde o entretenimento é o fim e a meta de toda e qualquer produção artística, de toda cultura, de toda política, de toda religião. Nada melhor que deixar o próprio autor explicar do que se trata:

https://youtu.be/yWDgjPjp1S8

A questão é muito complexa e suscita inúmeros questionamentos. Será que a função da arte como transcendência e libertação para o homem só pode ser acessada por uma pequena elite cultural? Será que as massas estarão sempre condenadas a “ralar no chão”, como são comandadas a fazer pelos atuais sucessos da música baiana (e brasileira e mundial, pois a mensagem de emburrecimento e alienação é sempre a mesma, só muda o sotaque)?

Lendo esse livro compreendi melhor muitos fenômenos bizarros de nossa atualidade, como por exemplo e principalmente a “estupidez arrogante”. Fomos levados a crer que tudo é a mesma coisa, em matéria de cultura e arte. Por exemplo: Anitta e Pablo Vittar são “a mesma coisa” que Chico, Caetano e Gil. Nora Roberts e E. L. James são “a mesma coisa” que Aldous Huxley ou Jorge Amado. Por extensão, tornou-se mera questão de “opinião” se a Terra é plana ou não, se houve ditadura militar no Brasil ou não e assim por diante. A opinião de um historiador ou cientista vale tanto quanto a de qualquer youtuber bombado, e talvez até menos: pois na civilização do espetáculo, não importa se algo é verdadeiro ou Fake News, mas apenas quantas curtidas e compartilhamentos recebeu.

Preciso registrar que discordei de duas posições do autor, no tocante às relações da cultura com a política e com a religião. No primeiro caso, ele condena a exposição exagerada dos podres dos políticos, que ao seu ver leva a uma descrença geral com a política e com a classe dos políticos. Eu acho que antes de mais nada não adianta muito discordar disso, pois não irá alterar as forças em curso. E sobretudo acredito que essa desmoralização total e absoluta dos políticos serve para a superação desse paradigma para lá de obsoleto: o futuro dirá.

Com relação à religião, Llosa comente o erro de todo ateu, ao confundir religião com espiritualidade. Todo ateu que conheci se coloca contrário a algum sistema religioso (geralmente a Igreja Católica), mas a espiritualidade é muito mais abrangente que qualquer religião. Afirmar que Deus não existe é tão anticientífico quanto afirmar que Ele existe, mas a maioria dos cientistas (não todos, felizmente) alegremente adere ao dogma de que Deus não existe, e é por isso que temos uma ciência desconectada da espiritualidade, que serve à ganância humana (ajudando a destruir o planeta) e não à meta da verdadeira sabedoria, que só poderia conduzir à felicidade de todos.

(coloco entre parênteses uma ironia: fiquei espantado com o vigor de Llosa ao discordar de pensadores como Foucault e Baudrillard, e no entanto eis-me aqui, discordando de Llosa!)

A conclusão que cheguei, ao término dessa leitura, é a de que estamos testemunhando “fim do mundo como o conhecemos”. Independente de toda a devastação que o homem está promovendo na natureza (que já está cobrando o seu preço), uma sociedade com a arte e a cultura decadentes certamente está com os dias contados. Só quero viver para ver o Novo chegando!

https://comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/2019/03/a-civilizacao-do-espetaculo-mario.html



site: https://www.facebook.com/sincronicidio
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vicareno 21/09/2018

Loas à democracia e à cultura
Leitura imperdível pra quem se interessa sobre cultura, comportamento e Política.
Vargas Llosa é um defensor intransigente da democracia liberal, esta que tornou o mundo Ocidental um "paraíso" fartura e liberdade. Mas ele faz essa defesa sem descurar de seus efeitos colaterais, os quais pesaram mais sobre a cultura, palavra cujo sentido parece ter se esvaziado por completo em nossa sociedade (pós?) moderna. Outro reflexo parece ter sido o desapreço à democracia: e aí estão os movimentos de extrema-direita numa nova guinada...efeito da civilização do espetáculo com suas relativizações sem critério e sem memória.
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Higor 02/09/2018

Sobre a ausência de cultura que nos move
Desde a leitura de ‘Elogio da madrasta’, eu senti que precisava ler ao menos um livro de não ficção de Mario Vargas Llosa. A maneira como ele conduziu a história, mesclando ficção com explicações aprofundadas de obras de arte, faz com que o leitor pense se tratar mais de um ensaio sobre o erotismo, que uma ficção propriamente dita. Logo, um autêntico ensaio não seria menos que magnífico.

‘A civilização do espetáculo’ é, então, um ensaio gigante (em conteúdo), poderoso, em que o autor conversa bem francamente sobre a decadência mundial da cultura. Conversa porque, desde o prólogo, o autor ressalta que sua intenção não é ser mais um dos tantos livros sobre o assunto, usado à exaustão em salas de aula e debates, mas apenas um diálogo/opinião simples de um autor que entende o suficiente do assunto para explaná-lo, sem fazer com que o livro seja referenciado didático.

Em diversas vezes com um grau de complexidade, afinal, o autor faz referência a tantos autores e obras não lidas (ainda!) por mim, devo me abster ao tema do texto no geral, que é o de que estamos nos afastando cada vez mais da reflexão, do pensar antes de simplesmente aceitar. Nós estamos aceitando toda e qualquer definição ou conceito formado, qualquer entretenimento barato, sem o menor ou mais simples questionamento.

Para fortalecer a afirmação, o autor usa livros de filósofos, sociólogos, além de pesquisas e fatos históricos, para chegar ao já esperado: as pessoas querem coisas fáceis e instantâneas, já mastigadas, que não exijam o menor esforço intelectual. Permeando por sexo, filosofia, literatura, religião e política, dentre outros, Llosa mostra que a população está preguiçosa para pensar, analisar várias opções, preferindo a mais prática, ou convincente, ou até mesmo que proporcione alguma rentabilidade.

Tal afirmação cai feito bomba em nosso colo, obviamente, e nós, leitores, encaramos assustados o que sempre soubemos, por estar escancarado a quem tiver o menor tipo de reflexão, mas que nunca paramos para pensar. As pessoas lêem cada vez menos, por exemplo, e a literatura consumida é de conteúdo cada vez mais fútil. Basta vez os mais vendidos da semana, para se deparar com uma inutilidade de assuntos, que não acrescentam nada ao leitor. E isso sem comentar em outros temas mais densos que Llosa expõe.

Por se tratar de um ensaio, Llosa mostra sem rodeios tanto a sua opinião, como também apresenta algumas soluções possíveis, embora meio pessimistas e com execução utópica, mas ler este tipo de livro é bom justamente por ser uma espécie de carta aberta em que o leitor para, pensa, vê se concorda, ou idealiza a sua própria solução. Maturidade para não concordar a aproveitar ao máximo a leitura.

Uma obra fundamental, independente de ser um Nobel ou de um autor cuja ficção que algum leitor possivelmente não tenha gostado muito, A civilização do espetáculo é o tipo de livro que deve ser lido por todos, como um alerta, um pedido de socorro, de urgência, para dias – ainda mais – tenebrosos que podem vir.

Este livro faz parte do projeto 'Lendo Nobel'. Mais em:

site: leiturasedesafios.blogspot.com
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Hérica 09/04/2018

No livro A civilização do espetáculo inicia com a argumentação do autor fazendo a diferenciação entre o tempo atual e quando era jovem para trazer ao interesse do autor os capítulos que seguiram, analisando cada capítulo de forma imparcial.
Os subcapítulos do livro têm nomes criativos como Cocô de elefante. Em cada capítulo é feita uma analise do contexto cultural com argumentos relevantes sobre a cultura, o autor aborda o pensamento de que a cultura hoje é movida por espetáculos cita a banalização da cultura atual.
Aborda ainda a gigantesca quantidade de trabalhos sobre cultura, contrastando com o exagero das produçõese sem conteúdo disseminadas hoje pelo mundo, perdendo todo o sentido do termo cultura.
Aponta ainda que a ideia da disseminação da cultura ou “alta cultura ” através da educação apesar de bonita acaba se tornando prejudicial, uma vez que faz com que a “alta cultura ” seja destruída, trazendo para as pessoas uma falsa satisfação, e enganando as pessoa com esse acesso fácil a cultura de baixo nível.
Lossa expõe ainda que a cultura é transmitida atravésda família e para ele quando existe uma destruturação familiar criasse também uma “deterioração da cultura”. Menciona ainda que a religião seria outro pilar da cultura e nesse capítulo contrapõe com o fato de Stanlin ter proibido a religião, e que apesar de necessária em alguns momentos ela causarilusãoé necessária para o desenvolvimento cultural por caminhar sempre com a história.
Na obraé explanado que atualmente hoje existe uma cultura do entretenimento que acaba por substituir a antiga cultura. E ainda que não existe mais diferenciação entre valor e preço, onde “O único valor é comercial” extinguindo o “velho conceito de valor”.
Assim, a obra critica duramente os valores culturais cultivados pela sociedade, critica também a ideia da liberdade sexual e dizendo que com isso os jovens vão atrás de outras coisas proibidas.
A obra nos faz pensar ao expor que a figura do intelectual é esquecida pela sociedade, cita o exemplo dos políticos que no passado queriam aparecer ao lado dos intelectuais e hoje buscam aparecer ao lado de artistas famosos.
Explana também que a sociedade busca entretenimentos passageiros que não as façam pensar, por este motivo o grande número de livros e filmes instantâneos.
Assim como solução diz que também é cultural que a sociedade pode ser salva através da literatura.
O livro foi feito para pensar sobre a atual situação da sociedade.
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Josué Brito 25/02/2018

“Tudo é cultura e nada é cultura”
Na Civilização do Espetáculo, Vargas Llosa faz uma investigação importante sobre os conceitos de cultura e como a deterioração desses conceitos, que hoje se reduziu a todas as atividades de um povo, anda em simultaneidade com a degradação social em seus vários aspectos, resultando em uma queda da política e da religião, como fatores de aprimoramento humano.
A Civilização do Espetáculo é o mundo real em que os prazeres e a felicidade são os únicos objetivos do ser humano. A frivolidade se tornou um marco da literatura, da arte, da política e das relações humanas, como as sexuais. Tudo foi feito para durar um instante. As grandes ciências perderam a sua complexidade, tornando-se um pensamento raso e voltado exclusivamente ao entretenimento. Esse processo de mudança adveio juntamente com as novas tecnologias de exposição e a banalização da informação. “A imagem venceu a palavra”.
Vargas Llosa faz uma defesa da liberdade e do conceito do Estado de Direito, ao mesmo que constrói um tratado sobre a Alta Cultura. Ele demonstra a necessidade do ativismo pelo direito e da defesa da cultura, ao mesmo em que o instituto do intelectual foi se esvaindo e perdendo sua simbologia social, sendo os pensadores preteridos do processo democrático, sendo substituídos pelas celebridades.
Qualquer pessoa que não tenha medo das suas verdades individuais e de admitir a própria mediocridade tem nesse livro um convite para reflexões sérias que vão de alguma forma influenciar o futuro pessoal e social. Esse livro é uma análise intimista, porém universal, e séria sobre o mundo em que vivemos e o local que habitamos na história de uma civilização que mostra sua mais vil degradação. Somos todos, a seu modo, filhos do próprio tempo.

Josué Brito

site: https://ad-substantiam.blogspot.com.br
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claudio.louzd 26/08/2017

Espetacular e Obrigatório
Llosa tem uma lucidez rara de encontrar atualmente. Não é marxista, fato raro entre os escritores de renome. Tampouco se bandeia para um oposto conservadorismo irracional. Encontra a virtude no meio. Se a humidade lesse e acreditasse em suas palavras, teríamos um mundo quase perfeito.
Leitura leve, que faz pensar e que acrescenta. Muito. Obrigatória.
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João Victor 21/07/2017

O título é a melhor parte do livro. Quase todo o restante foi uma decepção, exceto o último capítulo que destoa dos demais. Não fosse por ele, teria dado uma única estrela. Quando resolveu se ater a sua área, conseguiu acertar e trazer boas reflexões.

Feita essa ressalva, de resto são tantos argumentos sem profundidade, contraditórios e difusos no restante do livro que chega-se a conclusão de se tratar de um caso de metalinguagem. O autor critica os falsos intelectuais pós 68, faz você acreditar que é um e acaba atirando contra o próprio pé. O saudosismo reacionário e o pessimismo é uma constante.

Alguns trechos do livro:
"Não acredito que a cultura da Europa sobrevivesse ao desaparecimento da fé cristã."
Evidentemente que a realidade seria totalmente distinta, mas além da ideia não ter sido desenvolvida, ficou aquele ranço de elitismo na frase.

"O assunto em questão dividiu de maneira transversal o meio político, de modo que, entre partidários e adversários de proibir o véu islâmico nos colégios, mesclam-se intelectuais e políticos da esquerda e da direita, mais uma prova da crescente inanidade daquelas rígidas categorias para entender as opções ideológicas no século XXI."
Simplesmente confunde direita x esquerda com autoritarismo x libertarianismo.
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