fernandaugusta
29/11/2022O Sangue dos Elfos - @sabe.aquele.livroLivro 3 da saga do bruxo Geralt de Rívia, este é o primeiro que apresenta uma narrativa linear (os dois primeiros são uma miscelânea de contos).
Começamos com Jaskier, o bardo, sendo torturado por um misterioso feiticeiro renegado chamado Rience, tudo para saber por onde andam Geralt e a Criança Surpresa - supondo-se ser verdade o que há por trás das baladas do poeta. Nos últimos minutos antes de entregar tudo, Jaskier é socorrido por Yennefer, que coloca Rience para correr. E daí passamos para o paradeiro do bruxo e de Ciri após ele encontrá-la com camponeses, fugida de Cintra, que foi arrasada por Nilfgaard.
Geralt levou Ciri para a fortaleza dos bruxos no Norte, Khair Morhen. Lá, a menina está treinando como se fosse prestar a prova das ervas. Porém Geralt, Vesemir e os outros logo percebem que um imenso poder desconhecido pode tomar conta de Ciri, e que precisam de ajuda. Para isso chamam a feiticeira Triss Merigold, que foi dada como morta, mas sobreviveu ao massacre da batalha de Sodden.
Enquanto a menina era mantida no Norte, a política entre reinos está a mil, pois o avanço do império nilfgaardiano foi contido, só não se sabe por quanto tempo. Além disso, fortalecem as batalhas e guerrilhas de questões raciais - os elfos se organizam em comandos em mais uma tentativa de sobreviver aos humanos. No meio desta confusão, Geralt, sem poder mais segurar Ciri sob sua proteção, a transporta em segredo para o Templo de Melitele, onde ela depois ficará protegida e tutelada pela poderosa Yennefer de Vengerberg - que a ensinará a exercer e controlar parte de seus poderes.
Ciri e o bruxo, entretanto, estão sendo procurados por todos os reinos - já que ela é a personificação de uma força imensa profetizada a muito tempo, e uma arma política de imenso valor, por ser herdeira da Coroa de Cintra. A vida de ambos corre imenso perigo nos conflitos que estão por vir.
E é por todos estes acontecimentos que o terceiro livro caminha. Nas muralhas de Kaer Morhen, nas câmaras reais, nas ruelas de Oxenfurt acompanhamos o bruxo, as feiticeiras, os reis e Ciri, sempre Ciri. A escrita de Sapkowski é, como sempre, simples e direta, fluida e cativante, com toques de humor afiados. Única coisa que me cansou, em alguns momentos, foram os extensos detalhes do treinamento de Ciri na esgrima e das lutas de Geralt - socos, esquivas, golpes de espada narrados em sequência e precisão, na minha opinião desnecessários. A política também é minuciosamente explorada neste livro, já que os Reinos do Norte ainda estão com Nilfgaard em seu calcanhar.
Apesar do excesso de detalhes, gosto de ver o autor revelar aos poucos o arcabouço geográfico, político e seus ricos personagens e suas relações, especialmente o romance nada romântico de Geralt e Yennefer, que neste livro ganha a companhia de Triss (talarica) Merigold. Neste livro toma forma a história que seguirá até o sétimo volume, e a releitura foi ótima, me atentei bem mais nas tramas paralelas do que na primeira vez que li (estava focada no bruxo).
Para quem gosta de fantasia, estes são livros ótimos para encarar um universo cheio de intrigas, magia e luta cerrada pelo poder. Nem preciso dizer que recomendo também os jogos e a série da Netflix adaptações bem interessantes desta saga tão instigante.