Sal

Sal Letícia Wierzchowski




Resenhas - Sal


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Moonlight Books 20/08/2013

Leia esta e outras resenhas no blog Moonlight Books, www.moonlightbooks.net
Há alguns anos atrás conheci a história de A Casa das Sete Mulheres de Leticia Wierzchowski, foi uma das mais belas sagas de uma família que acompanhei, gosto destas tramas onde podemos ver o que aconteceu através dos anos, não só o final feliz do casal, mas como foi depois, com os filhos, netos e tudo mais, onde nem sempre prevalece o "felizes para sempre". Quando vi que a Editora Intrínseca iria lançar este livro fiquei muito feliz, a vontade de conferir outra obra da autora era enorme, então vamos ver o que achei.

SAL é a história dos Godoy, uma família que vive na distante e isolada La Duiva, cuidando de um farol. Embora seja um local longe de tudo, não soa como solitário, e sim como um paraíso sobre a Terra. Na verdade, lá passaram muitas pessoas, com seus barcos e suas histórias, contribuindo assim para o cotidiano dos Godoy. Eles são uma família grande, e o que começou apenas com um casal e seu filho Ivan e a esposa Cecília, cresceu com os netos, Julieta, Orfeu, Flora, Eva, Lucas e Tiberius.

A história começa com Cecília tomando a decisão de deixar os cuidados do farol para outros, pois sua família, um dia tão grande, se foi e hoje, morando sozinha naquele local, não tem mais força para cuidar de tudo, inclusive, a perda do marido deixou-a sem chão. Assim, nós leitores, mergulhamos na vida dos Godoy, para saber como sua ligação com aquele farol chegou ao fim.

SAL é um livro diferente, que viaja pela vida de várias pessoas, mostrando suas aventuras e desventuras, sempre guiadas pela luz de um farol, a mesma luz que iluminava o caminho dos navios e cede sua claridade para que nós possamos espiar esta família.

Sua narrativa não é linear, na verdade os capítulos curtos, narrados por diferentes personagens, viajam pelo passado e presente. Certas horas estamos com Cecília nos dias de hoje, em outras com seus sogros no início de tudo e em outras com os filhos espalhados pelo mundo, saudosos da casa que deixaram para trás. Desta forma, não fiquem surpresos quando um dos capítulos for narrado por alguém que já partiu. Foi uma forma gostosa de acompanhar a trama, pois podemos saber como cada acontecimento foi visto e atingiu cada membro da família. Como eles sentiram-se e até mesmo, como previram o resultado de tudo. Há muita emoção presente, pois ao contar sobre suas vidas, abrem inteiramente seus corações.




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danilo_barbosa 20/08/2013

O tempero da vida
Cores, sensações, vidas que se entrelaçam. Como é possível a um autor escrever sobre a vida de uma família em uma ilha, tendo como testemunha a vigilância de um farol que parece inabalável.
Desde a frieza de Alba até a clarividência de Tiberius, como é possível dosar de quanto tempero é movida a carne da vida? Isto é o que Leticia Wierzchowski nos mostra em Sal, seu primeiro livro lançada pela Editora Intrínseca.

Em suas poucas páginas (que desejava do meu mais profundo ser que fossem muito mais) vi se desenrolarem uma miríade de personagens novelescos, profundos e apaixonantes, em um texto repleto de paixão, com toques de realismo fantástico que penetram em seu cerne de forma tão profunda como a muito não via. O que poderia ser um tema monótono e entediante, nas mãos experientes de Letícia tomam a proporção de uma epopeia, expondo o mais poético e dolorido do coração humano.

Cecília Godoy, a matriarca, a última sobrevivente da família na ilha de La Duiva, começa a nos contar essa história, enquanto tece seus tapetes. Junto a eles, cruza, entrecruza e mescla as entrelinhas desta trama, apresentando-nos os outros entes queridos e permitindo que as palavras lhe deem um sopro de vida. Assim conhecemos a sogra dela, a fria Alba e seu rancor infindo, capaz de levar os seus desejos além da morte. O marido de Cecília, Ivan, e sua paixão por aquele lugar. Lucas, aquele que é destinado a ser a réplica do pai. Julieta, a menina marcada pela enfermidade e ligação tênue entre o mundo dos vivos e o além. Tibérius e seus talentos misteriosos capazes de mostrar vislumbres do futuro, como Cassandra diante do desastre de Troia.

Mas assim como o Sal que dá nome a obra acentua os gostos, o excesso do mesmo pode amargar a vida. Afinal, o que seria das grandes histórias sem os seus momentos trágicos? Momentos esses que podem abalar tudo, destruir ou construir novas etapas de formas intrínsecas e incomparáveis. Atos que Tibérius vê, sente, mas não é creditado. Tudo devido a outros dois irmãos, que para mim foram um grande presente: Flora e Orfeu.

Flora é a autora, é você, sou eu... É a nossa capacidade de transformar em arte as nossas histórias mais profundas. A personagem cria O Livro, um texto baseado nas histórias de seu povo que dá ares de grandiosidade e pureza, enche de fantástico os nossos dias. Mais do que Cecília, suas palavras dão sentimento aos outros personagens, que se tornam cor, aura, singeleza e força na mesma medida. É através de seus escritos que conhecemos mais intimamente a trama, sorvendo suas palavras de tal forma que acreditamos no que foi escrito, perdida entre as horas no seu quarto, sentindo a brisa do mar, suave testemunha dos fatos até que se torne personagem da história. Até que seu manuscrito atravesse os mares em destino a Europa e alcance Julius Templeton. O homem que virá conhecê-la e fará o seu coração bater mais forte. Trazendo a paixão e a destruição para a família Godoy.

Orfeu é aquilo que desejamos ser. Poesia e luz. Tinta e carne. Paixão e loucura. Pintando os corpos dos pescadores que chegam ao cais, seu corpo lânguido neles se deleita e incendeia. Mais que um ser humano, um elfo incandescente que busca a terra do verão eterno, onde seu corpo possa ser aquecido e amado. Enquanto Flora é o motivo da história acontecer, Orfeu é a paixão, a consequência, o ato concluído, o prazer saciado. Orfeu é a luxúria e o pecado que muitas condenam, mas todos anseiam. Ao contrário de Eva, que é a escura da gêmea Flora, o fogo-fátuo que engana, esquiva-se e some, Orfeu é o farol que atrai a todos como borboletas diante da chama.

Através desses dois irmãos tão opostos, mas tão unidos, que a verdade tomara forma diante do leitor, emocionando, alegrando, acelerar o coração, encher nossa mente com um texto maduro e de qualidade transformando essa obra para mim em um clássico nacional. Se um dia encontrar Letícia, gostaria de fitar os seus olhos e perguntar de onde, entre a rotina maçante e sensata da vida, consegue tirar cenas e descrições tão arrebatadoras? Será que a sua capacidade de sonhar é tão ampla e grandiosa que consegue retratar os nossos sonhos e anseios? Gostaria de andar por La Duiva, sentar-me ao lado da silenciosa Cecilia e relembrar os belos dias que visitaram aquela ilha sobre o ranger incessante do mar sobre o farol. Desejoso de ali ficar, até a noite escura chegar, guiado apenas pela luz, impassiva e incessante, do farol além-mar.
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Literatura 20/08/2013

As cores da vida
Cores, sensações, vidas que se entrelaçam. Como é possível a um autor escrever sobre a vida de uma família em uma ilha, tendo como testemunha a vigilância de um farol que parece inabalável.
Desde a frieza de Alba até a clarividência de Tiberius, como é possível dosar de quanto tempero é movida a carne da vida? Isto é o que Leticia Wierzchowski nos mostra em Sal, seu primeiro livro lançada pela Editora Intrínseca.

Em suas poucas páginas (que desejava do meu mais profundo ser que fossem muito mais) vi se desenrolarem uma miríade de personagens novelescos, profundos e apaixonantes, em um texto repleto de paixão, com toques de realismo fantástico que penetram em seu cerne de forma tão profunda como a muito não via. O que poderia ser um tema monótono e entediante, nas mãos experientes de Letícia tomam a proporção de uma epopeia, expondo o mais poético e dolorido do coração humano.

Cecília Godoy, a matriarca, a última sobrevivente da família na ilha de La Duiva, começa a nos contar essa história, enquanto tece seus tapetes. Junto a eles, cruza, entrecruza e mescla as entrelinhas desta trama, apresentando-nos os outros entes queridos e permitindo que as palavras lhe deem um sopro de vida. Assim conhecemos a sogra dela, a fria Alba e seu rancor infindo, capaz de levar os seus desejos além da morte. O marido de Cecília, Ivan, e sua paixão por aquele lugar. Lucas, aquele que é destinado a ser a réplica do pai. Julieta, a menina marcada pela enfermidade e ligação tênue entre o mundo dos vivos e o além. Tibérius e seus talentos misteriosos capazes de mostrar vislumbres do futuro, como Cassandra diante do desastre de Troia.

Veja resenha completa no site:

site: http://www.literaturadecabeca.com.br/2013/08/resenha-sal-as-cores-da-vida.html
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Bianca 19/08/2013

O FAROL ENLOQUECEU
O farol, meu personagem favorito, enlouqueceu. Atingido pela tragédia ocorrida na família Godoy, que o adotou desde que as antigas gerações de navegadores espanhóis desembarcaram em La Duiva e por lá se estabeleceram, o farol está de luto. Agora seu pulso desorientado afeta as embarcações, trazendo destroços de catástrofe para as areias brancas daquele belo paraíso onde o azul do céu se funde ao azul do mar.

Ao decorrer das páginas, conhecemos intimamente os personagens que nos encantam com suas personalidades distintas, cativando amor e ódio – muitas vezes, ao mesmo tempo. Conviveremos com eles durante as principais décadas da geração que, então, é responsável pelos cuidados com o farol. Os personagens se alternam em opiniões e personalidades, tantas vezes opostas, nos encantando pouco a pouco.

Resenha completa + conversa com Letícia no Be Style (link).


site: http://bestyle.com.br/cult/2013/8/sal-de-leticia-wierzchowsk
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Ju Oliveira 14/08/2013

Intenso e marcante
Como começar a resenha de um livro tão fantástico e marcante. Sempre sofro nesses casos, mas vou tentar passar o máximo do meus sentimentos ao ler esse livro.

SAL conta a história da família Godoy. Eles vivem na fria e isolada ilha de La Duiva. O casal Ivan e Cecília e seus seis filhos, Lucas, Orfeu, Tiberius, Julieta e as gêmeas Eva e Flora. À várias gerações a família Godoy vive em função do Farol que existe na ilha.

O Farol em si é um personagem” pois tudo se dá ao seu redor. Os amores, desilusões, tristezas e alegrias da família Godoy. Na história conhecemos um pouquinho de cada um dos personagens citados acima e também de alguns que vieram antes deles, como o Ernest, ajudante do pai de Ivan, quando este era apenas um menino e também a mãe de Ivan, a velha amarga e vil Donã.

A história é dividida em três partes com a perspectiva de cada um dos personagens narrando sua própria trajetória ou a do outro. Em certa altura, um personagem começava a narrar sua vida mas o desfecho era narrado por outro. Assim, temos a chance de conhecer cada um dos integrantes da família não somente por seu ponto de vista, mas como cada um deles vê o outro.

Flora é a intelectual da família, sempre com um livro embaixo do braço, herança deixada pelo fiel amigo de seu pai Ernest. Ela está escrevendo um livro,chamado “O Livro“, onde conta a história de sua própria família. Não exatamente como eles são, mas como ela gostaria que cada um fosse.

Palavras. Eu colecionava palavras. Varanda, faiança, ametista, ventríloquo, rubéola, amapola, cripta , madeixa, cintilância, amêndoa. Eu as saboreava como se elas tivessem gosto, e o sumo das palavras preferidas escorria pela minha boca.

“Ás vezes, entre uma página e outra, eu levantava os olhos para a vida ao meu redor.”

Quando o livro de Flora é terminado, o original chega às mãos de um professor universitário de Londres, Julius Templeman. Fascinado pelo livro e pela história da família que vive em uma ilha isolada, ele abandona sua vida em Londres e parte para La Duiva. O que ninguém imagina é que com a chegada desse estrangeiro à ilha, a vida de cada um deles será mudada permanentemente. Vários sentimentos serão despertados; paixão, ódio, rancor e amargura…

… ele amara a sua ficção, e amara mais ainda toda a realidade que estava por trás da ficção: aquela praia, o farol branco e vermelho que se elevava para o céu azul, o silêncio dourado das tardes e o silêncio palidescente das noites, a liberdade, as estrelas e os personagens reais que se erguiam por detrás daqueles outros, codificados, pelos quais ele chorara e torcera durante aquelas longínquas noites londrinas.

Saudosismo, amargura e nostalgia povoam a ilha de La Duiva. O modo como a autora escreve é tão real, que nos faz praticamente sentir o vento frio, sentir o cheiro de sal do mar e também a dor e a alegria de cada personagem. Um dos assuntos mais marcantes pra mim, foi o homossexualismo que foi abordado de uma forma tão poética e arrebatadora.

A autora Letícia Wierzchowski com seu jeito tão peculiar e poético de escrever, me conquistou. Não li “A Casa das Sete Mulheres”, ainda, mas com certeza entrou para minha lista de futuras leituras. SAL é uma leitura intensa, carregada de sentimentos que certamente irá tocar os corações assim como me tocou. As lágrimas no final foram inevitáveis. Uma história marcante, com personagens densos, reais, que tem tudo para se tornar o novo clássico da literatura brasileira. Leitura super recomendada. Eu amei!!!

site: http://juoliveira.com/cantinho/sal-resenha-sorteio/
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Raffafust 14/08/2013

Quando li anos atrás o livro " A casa das sete mulheres" eu me encantei tanto com a escrita de Leticia que esperava muito outro livro dela que me emocionasse de tal forma.
Fico feliz de ver que esse livro chegou em minhas mãos essa semana e já o devorei como alguém devora um delicioso chocolate que por mais que você saiba que o certo é comer aos poucos, a vontade é maior e quando vê você só para quando chegou ao fim.
"SAL" conta a história da família Godoy, do casal Cecilia e Ivan que vivem na isolada ilha de La Duvia, o trabalho de Ivan é cuidar do farol, e a vida deles gira em torno dos acontecimentos e pessoas que por lá passaram.
Li o Prólogo e achei fantástico a editora e a autora o lançarem, porque o livro tem muitos personagens, ricos de detalhes , que geram no leitor a curiosidade de saber mais sobre cada um,já que nem sempre o que acontece com eles é narrado pelo próprio mas sim por uma outra pessoa que pode ter uma visão diferente da do personagem.
Mãe de 6 filhos, Cecilia é na verdade uma guerreira, descrita por todos os filhos como alguém que abdicou de muita coisa para se dedicar a família. Lucas, Orfeu, Julieta, Flora, Eva e Tiberius são muito diferentes um do outro, nem mesmo as gêmeas Eva e Flora tem algo a ver com a outra, chegando a travar uma batalha de egos dentro da própria casa que vivem. Talvez um dos motivos mais interessantes seja descobrirmos como cada um formou sua personalidade e teve sua história marcada pela criação dos pais em um local isolado.
Conhecemos a história do casal Ivan e Cecilia desde os tempos de namoro, quando a sogra Dõna implicava com ela o tempo inteiro e chegamos a festejar quando ela se vai. Nos encantamos com Ernest, o empregado inteligente que ama ler e passa seus ensinamentos para quem quiser.
Há também no livro um outro livro, sim, Flora, a filha que devora palavras e ama escrever cria uma história baseada na sua e na de seus irmãos e conforme ela vai criando alguns fatos se tornam reais, não chegando tanto as previsões de Tiberius, mas ainda assim uma história tão interessante que faz o estrangeiro Julius Templeman , professor de Cambridge vir ao Brasil para saber mais sobre o livro escrito por ela.
Julieta, a filha que nasceu com problemas , Orfeu o rapaz que se revela com a vida de Julius, Flora, a sonhadora que ama escrever, todos fazem parte de uma família que poderia existir em qualquer lugar do mundo mas nas palavras de Leticia viram uma linda história entre como o que vivemos e somos pode influenciar nosso futuro.
Com o tempo o personagem de Orfeu ganha tanto destaque que terminei o livro gostando mais dele que dos demais, pois vi fraqueza em Flora e me afeiçoei pela força de Orfeu. Por mais que soubesse que com o nome que lhe deram seus pais estava fadado a um final triste, ele vai atrás do que quer e é no final a história que mais me emocionou.
Entre versos que compõem seus personagens, histórias que se entrelaçam entrem membros de uma família que nem sempre terão o felizes para sempre, autora não cai no marasmo do conto de fadas.
Por esse motivo, " Sal" tem tudo que eu esperava, é um livro lindo, na medida certa, assim como a vida, onde temos dias de altos e baixos.
Raffafust 15/08/2013minha estante
Daniel,
Ele relata tudo que gerações de uma família vivem em torno do farol, desde o nascimento dos filhos do casal principal as descobertas longe do local aonde foram criados.
Os personagens me encantaram muito principalmente aqueles que ousaram correr atrás do que queriam, fora da zona de conforto.
Vale a pena a leitura.




Leonardo 13/08/2013

Sem Sal...
Esta será uma resenha – ou comentário, ou crítica – com um gosto bem pessoal e amargo, mas falarei disso daqui a pouco. Por ora, devo dizer que nunca havia ouvido falar de Leticia Wierzchowski, mas, claro, já havia ouvido sobre A casa das sete mulheres, apesar de não ter visto a série nem ter lido o livro.
Sal, seu mais novo romance, conta a história de uma família que vive há mais de sessenta anos numa pequena ilha, onde tomam conta de um farol. Ivan é o terceiro representante da família Godoy que assume o comando do farol. Ele casou com Cecília e juntos tiveram seis filhos: Lucas, Julieta, Orfeu, Eva, Flora e Tiberius. O livro acompanha a história desses e de outros personagens, recorrendo a diversas vozes e diversas perspectivas que se entrelaçam, sempre girando em torno do mar (e do vento, e da areia, e do farol) e da literatura.
Antecipo meu descontentamento: ler Sal foi uma das minhas experiências mais frustrantes como leitor. Procuro ser bastante criterioso com os livros que leio, e o motivo que me levou a escolher esse foi a propaganda da Intrínseca: o primeiro livro de ficção nacional publicado pela editora. Ora, se é o primeiro de muitos, o que todos esperamos, a editora deve ter sido bastante criteriosa, e o livro deve mesmo valer a pena.
O que encontrei? A preocupação mais evidente da autora é com os personagens. Eles são a alma do livro. Mais do que uma história de fatos, é uma história de personagens. Só que eles não convencem! A autora apoia-se em clichês para descrever cada um, a começar pelos irmãos: Flora é a leitora voraz, que passa dias e noites mergulhadas nos livros; Orfeu é aquele com alma de artista, e que tem um fogo que o consome por dentro; Eva é a devoradora de homens, a Lilith; Tiberius é o menino que ama as estrelas e tem estranhas premonições; Lucas é o mais velho, aquele que em (quase) tudo lembra o pai, Ivan; Julieta, por conta de uma doença, não fala e tem suas noites assombradas pelo fantasma da avó paterna. É como se essas informações fossem suficientes para determinar o futuro, as ações, os pensamentos de cada um!
Cada um dos filhos – e mesmo o pai e a mãe – têm direito a voz, narram alguns capítulos intercalados do livro, cada um representado por uma cor. Vemos a autora descrever fisicamente cada um, dizer do que eles gostam, dizer o que eles fazem, dizer o que eles pensam, mas eles mesmos não fazem nada. Não sei fui claro. Os personagens não ganham vida, é isso. O tempo todo você parece estar lendo o livro diretamente da tela do notebook, sobre o ombro da autora, enquanto ela digita. Em nenhum momento eu me desliguei, eu mergulhei na ficção. Sal não me convenceu, não me conquistou.
Por que isso não aconteceu? Má vontade minha? Não, sinceramente.
Começou com os personagens, como já falei. Mas não é só isso. O livro é narrado a partir de diversos pontos de vista, algo como Crônica da Casa Assassinada, de Lúcio Cardoso, ou Enquanto Agonizo, de Faulkner. As semelhanças com esses dois livros não param na forma. A queda de uma família, as revelações sobre as pequenas e grandes intrigas, os segredos revelados. Em Crônica da Casa Assassinada, a narrativa compreende anos e anos. Em Enquanto Agonizo, a narrativa compreende a viagem para enterrar a mãe morta. Em ambos, entretanto, os personagens são reais e os fatos são convincentes. Há vida, dor, emoção. Em Sal, muito se promete e pouco se cumpre. Ou, quando se cumpre, a autora entrega no momento errado, revelando uma falta de timing comprometedora.
Explico: o livro é dividido em três partes. A primeira ocupa mais de metade do livro, e é nela que os retalhos de história são mais evidentes. Flora, a leitora compulsiva, escreveu um livro sobre sua família e, por algum motivo fantástico e inexplicável, o que ela escreveu se tornou real (ela antecipa isso no primeiro capítulo, não estou entregando nenhum spoiler aqui). Essa é uma grande promessa desde o início da narrativa. A autora provoca a curiosidade do leitor o tempo todo, colocando na boca dos diversos personagens referências ao momento em que o que Flora escreveu se torna real, para tragédia da família Godoy. Esperamos, e esperamos, e esperamos. Enquanto esperamos, vamos lendo os retalhos, capítulos curtos, nos quais Ivan, o pai, se apresenta, e diz como ele é e um pouco do que pensa. Depois é a vez de Cecília, depois Tiberius, depois Eva, volta a Flora, depois Orfeu, e assim, cada personagem pensa, reflete, descreve-se. A ação acontece devagar, quase parando, e por conta da escolha multivoz da autora, há muita, muita repetição. A impressão que tive até perto do final da primeira parte (ou seja, até metade do livro) é que eu estava assistindo ao primeiro capítulo de uma novela, um capítulo especial, mais longo, em que todos os personagens são apresentados, em que há uma tentativa de apresentar alguns fatos básicos que comporão o background de cada um, fatos que explicarão como eles agirão e reagirão no futuro, ao longo dos outros duzentos capítulos da novela. Aí você chega ao final da primeira parte e a novela acaba! O clímax aconteceu em algum ponto no final da primeira parte. Digo algum ponto, porque ele foi dissolvido no multidiscurso, nas multivozes. Aí começa a segunda parte e parece que a autora esqueceu que havia prometido muito em relação ao milagre do livro que se torna vida. É como se a segunda parte tivesse sido escrita depois, a continuação desnecessária da novela. Se na primeira parte, faltavam fatos, na segunda e terceira partes, eles abundam. Atropelam-se. Parece que havia um limite de páginas, ou que a autora já não tinha paciência e queria terminar o livro o quanto antes. Há momentos em que se narravam as viagens de dois personagens. Um dia aqui, outro acolá, como notícias de um jornal. Volto mais uma vez: a autora atribuía ações àqueles personagens literários. Não era algo que eles tivessem feito, mas algo que ela disse que eles fizeram.
Ainda sobre a narração multivoz: a autora tenta dar uma voz distinta a cada personagem, o que leva a situações constrangedoras, de tão artificiais. O momento mais embaraçoso é certamente quando ela resolve entregar um capítulo a Julieta, a moça com uma espécie de paralisia cerebral. Impossível não lembrar de Faulkner e não corar.
Eu não queria usar o trocadilho infame, mas concordem comigo: é inevitável.
Sal deve ser o livro mais sem sal que eu já li na vida.
Com isso eu preferiria encerrar esta resenha, mas afirmei algo no início e preciso abordar este assunto. Disse que este seria um texto com um gosto amargo e pessoal.
Aspiro a ser escritor. E quando digo ser escritor, não digo ter um livro publicado, mas escrever bem, bem mesmo.
Há um ano, mais ou menos, terminei o que poderia chamar de minha primeira novela, ou meu primeiro livro, ou meu primeiro romance. Entreguei a algumas pessoas em cuja independência e bom gosto literário eu confiava (a primeira pessoa que leu foi minha mãe, que não se enquadra em nenhuma dessas características e, portanto, gostou do que escrevi). As críticas que recebi foram duríssimas, e, por isso mesmo, muito bem vindas. Um amigo em especial, me disse, entre outras coisas, que meu livro padecera de esquizofrenia idiomática, que minha personagem principal era insossa, e que ninguém se importaria com ela, que a escolha narrativa, também multivoz, havia sido completamente equivocada, que eu me perdera numa estilização excessiva e numa tremenda autoindulgência e que, enfim, meu livro não tinha vida.
A palavra que mais ficou foi autoindulgência. Só depois de receber as críticas percebi como meu livro era ruim. Logo eu, que me julgo portador de um senso estético até razoável e que tenho cansado de apontar o que gostei e o que não gostei nos mais diversos livros. Às vezes a autoindulgência nos cega mesmo.
Enquanto lia Sal, meu “livro” não me saía da memória. Eu ia lendo e achando o livro ruim, ao mesmo tempo em que notava como havia semelhanças com a minha fracassada empreitada literária.
- Narração multivoz equivocada;
- Personagens sem vida, em especial a personagem principal;
- Excesso de preocupação com o estilo, em detrimento do ritmo da história;
- Prosa pobre – frases previsíveis, como substantivos quase sempre acompanhados por dois adjetivos, ou metáforas e comparações óbvias;
- O grande mistério da história não prende o leitor, ou pior, frustra-o.
Esses defeitos, que tão facilmente aponto em Sal, eu não havia percebido na minha própria narrativa, até que meu amigo Wesley – vamos dar nome aos bois –, os apontou com generosidade e sinceridade.
Da leitura de Sal ficou a repetição de uma triste e valiosa lição que eu pensava já ter aprendido: não escrevo bem.
Isso não significa que eu esteja me comparando com a autora, que eu esteja dizendo que ela escreve tão mal quanto eu.
Sal é um livro ruim, apenas isso, e este é um dado objetivo, considerando tudo que já apontei até agora.
Se você quiser se aventurar, vá em frente, apenas peço que me conte depois o que achou, e se concorda comigo ou não.


site: http://catalisecritica.wordpress.com/
Luciana 07/11/2013minha estante
Gosto é algo muito particular. Algumas vezes o que eu acho ruim, você pode achar maravilhoso e vice e versa...comecei a ler este livro ontem, não sei dizer ainda se é bom ou ruim pra mim!


Leonardo 07/11/2013minha estante
Isso mesmo, luetuca. Nem pretendo que a minha resenha seja a avaliação definitiva do livro. Como fiz questão de ressaltar, houve muitos motivos bastante pessoais que influenciaram a minha apreciação de Sal. Obrigado pelo comentário!


Luciana 22/11/2013minha estante
Oi Leonardo. Estou quase acabando de ler Sal. Não está entre os melhores e nem entre os piores, digamos que é meio temperadinho, nem muito puxado pro salgado, nem tanto pro sem sal...não discriminando, confesso que não esperava um romance gay. Acho que a narrativa a princípio era rica em detalhes, mas não me prendi na leitura, sinto que é meio superficial!


Léia Viana 26/12/2013minha estante
Eu comecei a leitura e estou achando bem sem sal mesmo, até agora n~~ao me convenceu.


5rafha5 11/01/2015minha estante
Bem próximo do que penso. Bem se ve pela sua resenha, que um bom leitor voce é. Diferente da rasgação de seda que o povo faz nas resenhas aqui postadas. Não se trata de opinião pessoal, exclusivamente, pois o livro peca do início ao fim.


ritita 02/11/2016minha estante
Então sou uma leitora normal. Muito bem feita sua crítica. Estou aguardando até agora a "amarração" da história.


Del 18/12/2016minha estante
Penso da mesma forma, me peguei várias me perguntando se até a autora odiava aquela história, porque essa é a impressão que fica. Na metade do livro quando o Tiberius narrava as viagens do irmãos tão cheias de detalhes pessoais eu tentava me lembrar de que não era em terceira pessoa seletiva, quanta abobrinha! Escolha errada de narração, escolha errada de tudo. No fim foi isso, prometeu demais e não entregou nem 1%, acabou mesmo foi roubando o meu tempo e paciência.


Suh 24/02/2017minha estante
Eu concordo com você! achei esse livro muito ruim, eu ganhei da minha irmã.A sinopse chamou minha atenção mas não superou minha expectativa! Demorei mais do que esperava para terminar de ler, achei a historia muito arrastada e não me prendeu em momento algum.


Aurimar 17/08/2017minha estante
Concordo com você, eu estava pensando que o problema era comigo que não tinha entendido a proposta do livro.
Realmente é bem fraco e me pareceu o rascunho de uma história para criar um livro. Como já disseram, tudo está solto na história talvez eu que não sou escritor pudesse fazer exatamente o que ela fez.


Sol 07/09/2017minha estante
Concordo em tudo!
Acabei a leitura hoje e, pasme, iniciei em abril. Abril! Cinco meses pra conseguir terminar uma leitura tediosa, rasa... ruim. Não me despertou curiosidade em saber o que viria na página seguinte. Trama insossa. Mas como não abandono livro, fiz o sacrifício. Ufa!
Achei que o problema fosse comigo. O livro é ruim mesmo.


Fabíola 11/03/2018minha estante
Não concordo. Terminei nesse instante a leitura e no geral gostei muito da obra.
O final realmente foi um pouco pobre, faltou algo...como se a escritora precisasse terminar...mas ao mesmo tempo fiquei refletindo... Cecília nunca foi uma alma revolucionária, logo o fato de não se suicidar e de acreditar em uma nova chance através de seu neto , mostra o poder da família e do amor.
Adorei a ideia de diversos personagens como narradores. Lembrei do Navio de Teseu que adorei esse tipo de recurso.
A escritora possui uma linguagem poética bela sem ser erudita e acredito que isso alcance um público maior. Li por exemplo As cidades de Ítalo Calvino, e confesso que diversas vezes a erudição sufocava.
Para mim foi uma boa leitura. Fiquei curiosa com os livros que vc citou com certeza irei ler.




29/07/2013

Instigante
Leticia Wierzchowski é uma das minhas autoras preferidas. Desde que li o livro " Casa das Sete Mulheres" , livro que leio e releio trezentas mil vezes sou apaixonada pela forma que ela desenvolve sua narrativa. Há paixão, há vontade, dolorosamente bem escrita, seus livros ricos em detalhes. Com certeza, ela é pra mim um Érico Veríssimo em versão mulher.
Estava em São Borja retornando a Porto Alegre quando me dei conta de que eu já havia devorado um livro no final de semana e tinha ficado sem nenhum exemplar para a viagem. Há pouco tempo, comprei um tablet e entrei na loja do Google pra ver se tinha algum livro que me conquistasse. Eu era totalmente contra os e-books, apartidária dessa tecnologia que não nos dá a mesma sensação de saborear um livro impresso, com seus cheiro de páginas novas, de resenhar no final da página ou poder sublinhar as passagens mais emocionantes e envolventes de um livro. Certo, eu tive que ceder a todos esses meus pensamentos retrógrados pois me apaixonei totalmente pelos e-books.
Bem, me apaixonei pela sinopse do livro. Me apaixonei já na primeira página e continuei totalmente colapsada até a sua última folha.
Uma leitura sangrenta, dolorosamente difícil intuitiva,introspectiva. Não tive nem pena, nem dó de nenhum personagem apenas fui aceitando seus destinos, suas desventuras, aventuras.
O livro é dividido em três partes. A primeira Flora é a narradora, conta sua visão da família dos acontecimentos, de como tudo aquilo se sucedeu. A segunda parte é contada pelo irmão caçula dos seis filhos de Cecília, Tiberius, sua busca incessante pelo irmão Orfeu, crescimento, amadurecimento, tristezas e desilusões. A última parte chama-se Eles por Eles, onde cada integrante fala de um personagem sob sua perspectiva. E digo, é a melhor e mais instigante.
Eu tenho medo de contar um pouco da história. Medo de antecipar fatos que os leitores devem descobrir por si só. Uma viagem instigante sobre a alma.
Ivan, Cecília, Lucas, Julieta, Eva, Flora, Tiberius, Orfeu. Todos esses personagens à mercê de um visitante: Julius Templeman. Foi a La Duiva conhecer Flora, a escritora que o cativou com seu manuscrito chamado "O Livro". Amaram-se, por pouco tempo.
Julius, um tipico inglês, professor graduado inicia a trajetória de todo o desarranjo familiar.
Cecília, a matriarca, vê todos os fatos de desenrolarem enquanto tece seu tricô com todas as cores de lã. Cada cor, um personagem, uma personalidade, uma tristeza.
Porque depois que Julius chegou a La Duiva não houvera mais alegria, o Farol enlouqueceu e a família se desgarrou.

O destino foi traçado pelas letras rabuscadas de Flora e tudo se transformou em lágrimas e inverno.

Eu só posso garantir que o livro é sensacional!!! Vale a pena ler, conhecer e se perder entre as tristezas que podem ser tão verdadeiras fora das páginas.

Pra quem ficou interessado, a autora disponibilizou um Prólogo que pode ser lido gratuitamente. Deixo o site para que vocês possam ler, aprovarem ou não a leitura.



site: http://www.intrinseca.com.br/site/2013/07/sal-um-prologo/
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Emanuelle Najjar 20/07/2013

Bom, eis que finalmente o livro foi lançado! Eu o li em duas madrugadas graças a praticidade do santo e-reader. E agora posso falar do que tanto esperei.

Li atentamente e me deixei levar pelo sabor das palavras. A Letícia é minha escritora preferida (nacional e internacional)mesmo não tendo lido tudo. Adoro o modo como ela escreve e não me decepcionei com a narrativa. Por vezes me confundi, mas foi tanto a pressa em devorar o que eu podia quanto o fato de estar lendo em ebook. Um impresso com um projeto gráfico definido poderia ser melhor.

Por vezes acontece de ser maçante, por vezes você vai se confundir e julgar que há personagens em excesso e certas situações poderiam ser resolvidas de uma outra maneira, ou talvez descritas em uma linguagem mais direta. Algo normal, nada que tire o brilho do livro e sua escrita em si.

Eu me permiti ser levada pelos personagens, acolhendo especialmente Orfeu, Julius e Cecília e quase querendo chutar outros, como Eva e também o próprio Julius (amor e ódio total). Não me decepcionei com o que encontrei, achei a história linda.

Não acho que seja o seu melhor romance, (ainda tenho "A casa das sete mulheres" e "Um farol no pampa" como meus preferidos e dificilmente os tirarei do topo da lista) mas "Sal" certamente vai ter um lugarzinho especial no coração e na estante. Vale muito a pena.

site: http://garotadabiblioteca.blogspot.com.br/
Bianca 02/08/2013minha estante
Então existe outro com um farol??? Eu comprei, amei e me envolvi por causa do farol. Meu personagem preferido. Senti-me como você, ademais. Só fiquei meio confusa com algumas conclusões...

;)




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