Liz 31/10/2016#lido As Aventuras de Huckleberry Finn [Mark Twain]Ai, gente! Como sou louca! Aqui estou eu falando sobre minha experiência de leitura com As Aventuras de Huckleberry Finn sem ter lido As Aventuras de Tom Saywer. Por favor, me perdoem. haha Na verdade, o fato de não ter lido o livro escrito anteriormente sobre as aventuras do HF não influenciou muito. Ao que me parece, são duas histórias que apesar de se completarem em algum momento, não tem uma conexão tão forte a ponto de não compreendermos algum capítulo.
Demorei muito para terminar de lê-lo - devo ter começado em março - e confesso que até pensei em abandoná-lo, pois os primeiros capítulos estavam bem enfadonhos. Lá para o meio do livro é que a aventura realmente começa e acabei de empolgando. A narrativa é muito divertida e muito à frente de seu tempo. Muitos acreditam que este livros seja preconceituoso e racista, mas discordo. Aquela não é a visão de Mark Twain e nem do narrador- personagem: é um panorama do que acontecia na época em que se passa a história do livro.
Acredito que deve ter sido bem complicado traduzir o texto, pois os personagens falam de maneira coloquial, com o que chamamos hoje em dia de variedade linguística. Muito interessante!
Huck foge e passa a viver às margens do Mississipi com Jim, um escravo fugitivo. Ele se recusa a viver uma vida enclausurada e cheia de regras como a vida de outros meninos de sua idade. Ele se questiona o tempo todo sobre sua amizade com um negro e como ele, sendo assim, pode ser tão inteligente e perspicaz. Muitas vezes, ele chega a dizer que Jim teria uma alma branca ou seria um "bom branco".
"Huck inventa e encena suas mentiras com engenho e arte, e fica até muito sem graça quando um personagem o acusa de não saber mentir. No fundo, as mentiras são sua forma de lidar com o mundo dos adultos mantendo-se fiel ao seu coração, que deseja escapar de quem procura 'civilizá-lo'". (Nota da tradutora, p. 7)
Logo nos primeiros capítulos do livro, vemos algumas expressões engraçadas de Huck e algumas falas que acabam por diminuir Jim apenas pela cor de sua pele:
- Então! Macacos me morde, por que ele num fala como um hômi? Me responde isso.
Vi que não adiantava gastar palavras... não dá pra ensinar um negro a argumentar. Então, desisti.
Em alguns momentos, diálogos sobre a monarquia com uma crítica bem direta:
- Mas, Huck, esses nossos rei são uns patife, é o que são, uns patife.
- Bem, é o que tô dizendo, os reis são quase todos uns patifes, é a minha conclusão.
Uma das partes que mais gosto do livro é quando o Huck percebe que ele não pode deixar de ser quem ele é. Ele faz uma reflexão singela, mas nem um pouco infantil apesar de sua pouca idade:
"Me deu um arrepio. Eu quase decidi rezar, para ver se eu não podia deixar de ser o tipo de menino que eu era e melhorar. Aí ajoelhei. Mas as palavras não vinham. Por que não vinham?Não adiantava tentar esconder isso d'Ele. Nem de mim tampouco. Eu sabia muito bem porque elas não vinham. Era porque meu coração não tava direito; era porque eu não era certinho; era porque eu tava enganando os outros.Eu tava fingindo desistir do pecado, mas bem lá dentro de mim eu tava agarrado ao maior de todos os pecados. [...] Não dá pra rezar uma mentira - foi o que eu descobri."
A Disney fez uma adaptação do livro, mas ainda não assisti. Acredito que a trama esteja voltada para o público infantil, ao contrário do livro que nada tem de infantil, mas é certo de que a mente de um garoto como o Huck nos ajuda a refletir sobre nossa ações como adultos.
site:
http://www.umpoucotrivial.com/2016/10/lido-as-aventuras-de-huckleberry-finn.html