Cláudia - @diariodeduasleitoras 31/08/2022
Depois de Auschwitz
?Daqui a trinta anos provavelmente todos os sobreviventes do Holocausto já terão morrido, e por isso este livro é a minha carta para o futuro.?
Olá, leitores..
Para quem sempre pede uma indicação do tema ?Holocausto?, esse post é para você. A história real e emocionante da meia-irmã de Anne Frank que sobreviveu aos horrores da segunda guerra mundial.
Felizmente, houveram sobreviventes corajosos que decidiram expor toda a barbárie praticada pelos alemães. Foi o caso de Eva Scholls em ?Depois de Auschwitz?. Não tenho como dizer qual parte do relato de Eva é mais triste. A maldade humana parece nunca ter fim quando lemos relatos dos judeus sobre o que os nazistas eram capazes!
Além de falar da dura rotina vivida sob domínio nazista, Eva também destaca sua vida pós-libertação e os traumas gerados por aquele horrendo período de confinamento. O cerne da obra está na reconstrução da vida pós Auschwitz. Eva terá de conviver com a perda do pai e do irmão, lidar com inúmeros questionamentos sobre a alma humana. Por outro lado, ela une forças a sua mãe e Otto Frank, que acabam se casando, para manter viva o legado de Anne Frank ? uma das vítimas do holocausto.
Vou destacar um trecho em específico que me comoveu demais. Afinal, ela era apenas uma menina de 15 anos:
?Auschwitz era um mundo de sujeira, fome, depravação ? e gestos de solidariedade. Paapy certa vez me disse para nunca me sentar no vaso sanitário por causa dos germes, mas agora eu tinha de me agachar sobre um esgoto imundo com outras trinta mulheres. Nunca tinha feito planos para nada mais complicado do que um simples jogo de bolinhas de gude, mas eu aprendia a lutar por uma porção de comida racionada ? e se, necessário, a passar fome ao trocar meu pão por outras coisas das quais eu precisava mais. Logo, percebi que o conceito de ?civilização? é um véu fino fácil de ser arrancado, e me dei conta das verdadeiras necessidades da vida ? como ter sua própria caneca para comer e beber, para garantir que você sempre tenha sua porção. Quando recebi minha caneca, amarrei-a às minhas roupas surradas e nunca a deixei fora da minha vista.?
Toda vez que leio livros assim só consigo pensar nas palavras de Emilia Viotti da Costa, historiadora e professora, que diz: ?um povo sem memória é um povo sem história. E um povo sem história está fadado a cometer, no presente e no futuro, os mesmos erros do passado.? E é com base nisso que temos que propagar essas leituras.
Já leu essa obra? Ficou curiosa(o)?