A casa do silêncio

A casa do silêncio Orhan Pamuk




Resenhas - A Casa do Silêncio


25 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Diego Vertu @outro_livro_lido 17/02/2024

Um retrato da Turquia nos anos 80
Numa cidade litorânea turca, em uma grande e velha casa, vive Fatma, uma senhora de 90 anos que é assistida por Recep, um homem com nanismo e filho ilegítimo de seu marido.
Tudo se tumultua com a visita de 3 netos de Fatma. Faruk, um historiador mergulhado no alcoolismo. Nilgün, esquerdista incapaz de medir a gravidade de suas convicções e Metin, um colegial que tem o sonho de morar nos EUA.
Hasan, sobrinho de Recep é um nacionalista de direita e ameaça jogar a família de Fatma num cataclísmo político.

A leitura é dividida em vários capítulos, cada um com um ponto de vista de um dos personagens. Em todos os capítulos há recordações da vida de Fatma e de seu falecido marido Selahattin, um ateu convicto que queria revolucionar o oriente com suas ideias.
Gostei bastante da leitura e como o autor trabalha com ideias totalmente opostas, mostra também um país polarizado retratado nestes personagens. Também pelo próprio nome do livro entendo que o autor discute também a solidão já que os netos não têm muitas conexões com a avó.
Meu ponto negativo é que o autor deixa muitos pontos em aberto mantendo um mistério em toda a história.
comentários(0)comente



Higor 22/01/2024

"LENDO NOBEL": sobre o silêncio ensurdecedor
Até metade de "A casa do silêncio", eu tinha certeza absoluta que este seria meu livro favorito de Orhan Pamuk, desbancando o sensacional "Uma sensação estranha", mas mesmo se perdendo no meio para o final, eu tenho certeza de que vou me lembrar dele com carinho.

Segundo livro, e já premiado, de Pamuk, mas ainda longe de escrever seus sucessos, o bem feito "Neve" e o, por ora, enfadonho e abandonado "Meu nome é Vermelho", este "A casa do silêncio" se torna um livro curioso para quem já conhece a escrita do autor - esta é minha oitava leitura do escritor turco. A impressão que passa é a de que aqui Pamuk está experimentando seu estilo de escrita, mas que, ao mesmo tempo, parece não ter urgência em encontrá-la, e sim se diverte com o que se propõe a fazer.

Através de um fluxo de consciência e monólogo interior poderoso, embora tímido, ante aos conhecidos na literatura, de William Faulkner e James Joyce, de quem o autor bebeu para aplicar em sua conhecida escrita pós-modernista, acompanhamos a vida de Fatma, uma senhora de 90 anos que espera ansiosa a visita de seus três netos: a comunista Nilgun, o alcoólatra Faruk e o frustrado com o Oriente Metin. Longe de ser uma senhorinha fofinha, Fatma guarda muitos rancores e demônios pessoais do passado, principalmente com relação ao falecido marido, ateu convicto e estudioso fanático pela ciência, e ao gentil Recep, que tem nanismo e, como é de se esperar, sofre constantes difamações dentro e fora de casa.

A própria história de Fatma, por si só, daria um ótimo livro, afinal, vários dos temas que Pamuk usa ao longo de toda a sua bibliografia, já se fazem presentes aqui: o contraste entre ciência e religião, ocidente e oriente, islamismo e cristianismo, modernismo e tradicionalismo. Pamuk tece tais assuntos de maneira tão brilhante, que mais parece um alimento a ser apreciado que uma leitura de fato, e sempre renovado a cada livro, mesmo quando poderia se tornar, a cada publicação, repetitivo e enfadonho.

Mas ainda assim, a presença dos netos, assim como a de Recep, o empregado, e seu sobrinho Hasan, agregam tanto a história, são tão fundamentais, e amarram tão bem o roteiro, que eu me pergunto: a) como Pamuk foi tão genial já em seu segundo livro?; b) como ele consegue se perder e escrever coisas tão controversas e desnecessárias como "A mulher ruiva" e cansativas como "O livro negro"?.

Prova de que nada escrito em "A casa do silêncio" é em vão, o que muito me conforta, ante tantos calhamaços por aí que estão apenas enchendo páginas, sem, de fato, agregar a história, é que determinado capítulo foi cansativo para mim, e eu optei por pulá-lo, por achar em um primeiro momento que não faria tanta diferença, mas já na primeira linha do capítulo seguinte, tanta coisa havia acontecido, que mais aparentava que eu pulei umas 100 páginas; obviamente, eu corri para o capítulo e o li, mais fascinado, na íntegra.

Pamuk exige certa paciência, seja pela sua escrita, seja pelas suas divagações, afinal, as dualidades que abraçam Istambul são, de fato, fascinante, logo, o autor quer apresentar ao leitor tal cenário, e mostrar que, apesar de as diferenças serem gritantes, funcionam com perfeição, e o leitor é recompensado com o fluir das páginas.

O ponto negativo do livro, que fez perder o fôlego na parte final, e que é o que mais me incomoda nos livros posteriores de Pamuk: o amor instantâneo e destrutivo, a ponto de os personagens não conseguirem fazer outra coisa, além de pensar no amor de suas vidas. Nos livros em geral do autor, principalmente "A mulher ruiva", mas também em "Neve" e "O livro negro", esse amor é explosivo, melodramático, bem carregado, tal como nas novelas turcas, e aqui esse sentimento arrebatador está presente, embora ainda divida espaço com outros tipos de amores, agora políticos, mais jovens, e que não são tão suicidas.

Confessado pelo próprio autor como um de seus livros favoritos, assim como por seus leitores, "A casa do silêncio" engana por pincelar um enredo genérico, mas abordar, ao invés disso, Istambul em sua completude, desde a beleza da cidade, como a feiura de seus becos e pobreza. Mesmo sendo apenas seu segundo livro, Pamuk já mostrava que não seria por mero acaso o autor mais lido - e premiado - de seu país.

Este livro faz parte do projeto "Lendo Nobel".
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Janaina 20/03/2022

Desafiador
Não posso dizer que foi fácil concluir a leitura desta minha primeira obra de Pamuk. O uso intenso do fluxo de consciência, junto com a abordagem histórico-político da Turquia (que desconheço completamente) tornou o processo lento e difícil.

Mas, com um pouquinho mais de concentração e paciência, a leitura fluiu e valeu à pena!
 
?? O romance polifônico é narrado em 1ª pessoa por cinco personagens, das três gerações familiares, nos dando um panorama geral do contexto histórico-político-social da Turquia da época.
 
?? Os conflitos que envolvem os personagens tratam de questões latentes no país, e decorrentes da guerra fria, como o confronto esquerda X direita radicais; estilo de vida oriental X ocidental; fanatismo religioso X racionalismo científico.
 
??A história se passa na década de 80, numa semana em que os netos órfãos visitam a avó nonagenária e viúva em sua casa decadente em Forte Paraíso, na costa da Turquia.
 
?? Apesar de a visita mexer com a rotina da casa, habitada apenas pela avó e pelo tio ?bastardo? dos visitantes, pouco de vida se agrega ao ambiente com a chegada deles, que seguem compartilhando silêncios, sem o menor desejo de dar vida às suas barulhentas vozes interiores.
 
?? Apesar de ser apenas um quadro na parede do quarto da avó, a presença do avô Selâhattin é das mais fortes naquela casa, seja através das lembranças da esposa, seja na do filho Recep.
 
?? Apenas uma semana se passa durante a história e Faruk potencializa seus dilemas pessoais e profissionais, parecendo reproduzir o ciclo do pai e do avô, Nilgun permanece enigmática com sua convicção esquerdista, atraindo e desestabilizando o extremista de direita Hassan (neto de seus avós) e Metin tenta manter-se firme no intento de deixar tudo para trás e ir buscar uma nova vida nos EUA.

??A casa e o silêncio, para mim, assumem tanta importância quanto os personagens que constituem a história.

??Terminei a leitura sem conseguir definir meu sentimento em relação a alguns personagens.

Mas a achei riquíssima e super instigante. Já quero ler mais obras do autor.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Vivi 16/09/2021

A história que acompanhos aqui começa antes da Primeira Guerra Mundial até por volta de 2013 quando foi escrito.
Acompanhamos três gerações de uma família . A chegada da modernidade na Turquia e o caos que essa chegada levou.
Temos e muiiito um monólogo de uma senhora de 90 anos cheia de lembranças e conflitos íntimos.
Ela e sua casa são muitos por um anão chamado Recep. Algo aconteceu na vida dessa mulher que a tornou uma pessoa amarga e fechada pra vida. Passa a se recordar de seu marido que em vida era cheio de ideais e que foi obrigado a sair de Istambul por causa de sua prática política. Ele também se dedicou a maior parte de sua vida a escrever o que viria a ser uma enciclopédia de 48 volumes , pretendido como uma obra que traria o esclarecimento europeu para a Turquia. Passou a beber e obrigou a mulher se desfazer de seus bens depois que largou a medicina e por ironia do destino com um filho foi o mesmo.
Os três netos dela vieram passar férias. Faruk tb alcoólatra e historiador .Nilgun é uma esquerdista e Metin que quer ganhar a vida na moleza e acha que a avó deve se desfazer da casa e vender para a modernidade.
E temos o Hasan neto de Recep que ama matemática mas luta para entrar num movimento violento de um grupo de direita. Apesar de alguns momentos divertidos, muitos personagens bacanas. Tem todo um desenrolar entre eles.As lembranças da idosa e tudo mais. Achei meio que Pamuk se perdeu na sua proposta. A bastante críticas sociais bem pertinentes. Mas faltou algo mais para se dar um desfecho melhor com tudo que ele foi nos mostrando meio do caminho.
comentários(0)comente



Bookster Pedro Pacifico 23/08/2021

A casa do silêncio, de Orhan Pamuk
Apesar de não ser um dos seus romances mais famosos, “A casa do silêncio” foi o primeiro livro que li do autor turco, Vencedor do Prêmio Nobel de literatura em 2006. Me interessei pelo contexto histórico e social que o livro prometia apresentar: Turquia do início da década de 80, quando o país era governado pelos militares. Mas, ao final da leitura, percebi que a proposta da obra é muito mais íntima e subjetiva, levando o leitor para dentro da cabeça dos personagens.

Em seu casarão antigo situado na costa da Turquia, Fatma recebe a visita de seus três netos, que vivem em Istambul. Cada um vem com seus problemas ou ideias políticos diversos, o que acaba por tumultuar a vida pacata da avó. Junto com Fatma, também vive na mansão Recep, um filho bastardo de seu falecido marido, que acaba desempenhando a função de um empregado doméstico, pronto para atender os pedidos constantes da viúva.

No início, a narrativa pode parecer confusa, já que cada capítulo é contado a partir da perspectiva de um personagem diferente, muitas vezes se valendo da técnica do fluxo de consciência. Mas é ao intercalar as vozes de Fatma, Recep e dos netos que Pamuk consegue nos transmitir as distintas visões de uma família repleta de conflitos e remorsos do passado.

E apesar de tantas vozes, o título realmente se justifica. Na verdade, as vozes que lemos são muito mais internas, os próprios pensamentos dos personagens. É um mergulho introspectivo na dinâmica social da Turquia em um período conturbado de sua história.

Eu gostei bastante da leitura, que vai ganhando um ritmo maior com o decorrer das páginas, mas sei que alguns leitores ficaram com a sensação de leitura arrastada. Por isso, leia com calma e com atenção, para conseguir ir acompanhando a capacidade do autor em nos conectar com o íntimo dos personagens.

Nota 8,5/10

site: http://instagram.com/book.ster
comentários(0)comente



Djúlio 28/07/2021

Meu tipo de livro favorito!
Livros baseados em acontecimentos do cotidiano são os meus favoritos. Me encanta ver a vastidão de significados soltos em um dia-a-dia até então comum. Neste livro, magistralmente, Orhan Pamuk consegue transpor todo um emaranhado de relações sociais tão conflituosas. Para além de um conflito de gerações, há aqui também o contexto político da Turquia dos anos 80 que muito se assemelha ao Brasil atual: sem esperança, repleto de fascismo, mas também de uma esperança latente por dias melhores. Não consigo resumir o enredo da estória, não consigo elencar aqui as tantas coisas que me agradaram neste livro, apenas quero dizer: FASCINANTE! Mereceu e muito o Nobel de Literatura
comentários(0)comente



Marcus.Vinicius 27/06/2021

Primeira experiência com Pamuk
Primeiro contato que tive com uma obra do prêmio Nobel de literatura, o turco Orhan Pamuk. A experiência com o livro não foi das melhores, a história não me prendeu. Todos os acontecimentos acontecem no início da década de 1980, época em que a Turquia era governada pelos militares após um golpe de Estado. Fatma, uma idosa viúva, vive numa grande casa em um pequeno vilarejo de pescadores no interior da Turquia, juntamente com um filho de fora do casamento de seu marido, o anão Recep, que na verdade é um criado. No verão, os netos de Fatma vem de Istambul para visitá-la: Faruk, o mais velho, um historiador alcoólatra; Nilgün, uma jovem solícita e comunista; e Metin, que tem por maior anseio se mudar para os EUA. No meio desses personagens, ainda temos o nacionalista e rebelde Hasan, sobrindo de Recep. E, através da narração de todos esses personagens, o livro se desenvolve, muitas vezes com a técnica do fluxo de consciência, o que demanda bastante atenção do leitor. Lembranças, anseios, medos,frustrações, melancolia. É o que todos os personagens nos trazem, onde podemos ter uma ideia de como o povo turco vivia e se sentia nos anos 80, época de turbulência social e política.
comentários(0)comente



Isabella 31/05/2021

Ufa
Não consegui me conectar com a história em nenhum momento. Só conclui a leitura por que ele foi o escolhido por um clube do livro que resolvi participar. Dificilmente escolherei outra obra do autor.
Taissa 31/05/2021minha estante
Compartilho do mesmo sentimento! Rs




Taissa 16/05/2021

Leitura arrastada
Esse livro foi o escolhido do segundo mês do clube Bookster pelo mundo, cujo país foi a Turquia. Confesso que não curti muito. Cada capítulo é narrado por um personagem diferente e tem muito fluxo de consciência o que deixa a leitura bem arrastada. No final do livro melhora um pouco.
Isabella 31/05/2021minha estante
Menina do céu ... esse foi um parto de responsa ... kkk




Mariana 15/05/2021

Turquia
Segundo romance do autor turco, lançado em 1983, pouco após o terceiro golpe de Estado por qual passou a Turquia. Justamente por isso, Pamuk traz esse contexto político conturbado para seu romance.
É o primeiro livro que leio do autor, prêmio Nobel de literatura (2006), apesar de não ser seu livro mais conhecido. A Casa do Silêncio tem realmente uma leitura mais arrastada, um pouco difícil, sobretudo na primeira metade do livro. Mas a beleza da obra, a meu ver, está muito além da narrativa. Está na capacidade do autor de conseguir nos colocar na cabeça dos personagens, uma vez que ele explora de forma magistral os diálogos internos de personagens com personalidades completamente distintas (Fatma, Faruk, Metin, Recep, Hasan), misturando o fluxo de consciência com o diálogo entre eles.
Interessante também a forte crítica social do autor aos seus próprios conterrâneos, sutilmente presente em toda a narrativa.
Vale a leitura.
comentários(0)comente



Luiza 09/05/2021

Difícil mas valeu a pena!
Leitura mais difícil por se passar no pensamento dos personages e ter múltiplos narradores. No começo achei um pouco arrastada mas depois que comecei a entender os narradores fluiu melhor. Os personagens são ótimos e super complexos. Vale a pena!
comentários(0)comente



Juliana 09/05/2021

Desafiador
Que livro!!!! Foi um livro muito desafiador por entrar na cabeça dos personagens , com suas angústias e aflições, mas valeu a pena insistir!!
comentários(0)comente



Fabi.Filippo 08/05/2021

Cansativo
A casa do silêncio - Livro 22/2021 - Orhan Pamuk

Sinopse : Numa mansão decadente de uma vila de pescadores na costa da Turquia, a viúva Fatma espera pela visita anual de seus netos: Faruk, um historiador disperso; sua irmã sensível e esquerdista, Nilgün; e Metin, um colegial deslumbrado que sonha conquistar o mesmo padrão de consumo de seus colegas abastados e ir morar nos Estados Unidos.
Acamada, Fatma é assistida pelo sempre solícito Recep, um anão - e filho ilegítimo de seu falecido marido. Ambos dividem memórias - e dores - do passado. Mas a chegada do sobrinho de Recep, Hasan, um inveterado nacionalista de direita, ameaça jogar a família no cataclismo político que emerge da longa batalha da Turquia em busca da modernidade.

Sob a técnica de fluxo de consciência o livro é narrado alternadamente por cinco dos seis personagens. Não foi uma leitura fácil, digo que até arrastada e cansativa. O vazio e a decadência daquela casa representam todo o vazio daqueles personagens , infelizes , frustrados e cheios de fantasmas interiores. Talvez reflexo da turbulência vivida pela Turquia naquele período do início da década de 80.
comentários(0)comente



25 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR