A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo

A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo Max Weber




Resenhas - A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo


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William 25/10/2013

O asceticismo religioso e o Geist do Capitalismo
Max Weber introduz sua obra citando os vários desdobramentos científicos da história que tem sua relação com o Ocidente. Diz ele que as outras culturas também tinham o direito, a matemática, a música, a ciência, a astronomia, contudo é no ocidente que eles receberam a sua sistematização. A partir disso, toda lógica racional do conhecimento sistematizado brota no Ocidente, embora os conhecimentos empíricos já existissem em todas as civilizações antigas conforme as suas próprias culturas. Da mesma forma acontece com o capitalismo. As relações de compra, troca e lucro também já existiam desde a antiguidade, mas é o Ocidente quem dará caráter sistemático a estas relações. As empresas precisam fazer suas previsões iniciais de lucro e em determinado momento também os balanços finais para que se verifique o cumprimento ou não da previsão. Este sistema necessita da matemática, pois ela fundamenta o cálculo. A matemática já era usada pelos povos da Índia Antiga, porém, usa-se no balanço aquela sistematizada na Grécia Antiga. Embora o capitalismo existisse em todas as culturas e épocas, é no Ocidente que ele é racionalizado a partir do trabalho livre dos operários. Este capitalismo racional determina que deva existir o operário e o patrão. Eles em toda a história e em todos os lugares possuíam lutas, mas é no capitalismo ocidental que haverá a luta de classes entre ambos.
Tendo estas constatações, Weber pergunta: todo este conhecimento foi sistematizado no ocidente pelo fato do oriente não conter capacidades racionais? Na verdade, ambas as faces do planeta possuem racionalidade, a diferença reside nas suas peculiaridades socioculturais. Uma dessas peculiaridades é a religião. Capta-se, portanto, a proposta de Weber: estudar a cultura capitalista ocidental a partir da religião protestante europeia; um estudo sistematizado do que ele chamou de sociologia da religião.
Weber constata: os maiores líderes do mundo dos negócios do seu tempo são os protestantes. Isto, para ele, se deve a fatores históricos da religião protestante. Um desses fatores é a aderência do protestantismo especialmente pelos imperadores das regiões mais evoluídas economicamente. Toda esta riqueza se torna herança para as novas gerações. Outro fator é o domínio que a Igreja Católica exercia sobre os indivíduos de forma aos mesmos não possuírem espaço para crescerem economicamente. Existe um arquétipo cultural que define a diferença econômica entre católicos e protestantes. Os católicos são mais adeptos a arte do artesanato enquanto os protestantes aderem às fabricas tanto como administradores quanto como empregados. Os protestantes recebem na educação domiciliar a sua predestinação a este ou aquele serviço, inclusive continuando o negócio, a empresa ou a profissão que a família tinha até então. Por isso, Weber afirma os protestantes como àqueles que estão dirigindo ou sendo dirigidos nas empresas. A partir disso, eles desenvolvem a sua racionalidade econômica na vivência econômica industrial. O catolicismo, contudo, por ser ascético, cria a cultura que despreza os bens do mundo. Este ascetismo é criticado pelo protestantismo ao passo que os católicos contrapõem a crítica afirmando o materialismo moderno enquanto fruto da secularização do protestantismo. O católico é um ser tranquilo e despreocupado com a vida enquanto o protestante deseja saciar-se dos bens.
O movimento protestante que especificamente promoveu tal comércio foi o calvinismo. Por isso, não se deve aplicar os conceitos capitalistas a todo o protestantismo indiscriminadamente, pois o “progresso” nem sempre pode ser entendido como uma “alegria de viver”. Weber também acrescenta que o antigo protestantismo de Lutero, Calvino e outros não tem nada de comum com o conceito de progresso da modernidade ao passo em que se deve ver, no lugar da “alegria de viver”, a religião protestante em seu próprio. Com isso, Weber procura enxergar as peculiaridades daquilo que se está pesquisando como fenômeno histórico sem esquecer os limites impostos pela própria investigação.
Max Weber define “espírito” como uma individualidade histórica. Espírito, para ele, é a cultura desta individualidade, pois toda cultura em toda época possui o seu Geist. O capitalismo também possui um espírito, o espírito do capitalismo. Weber cita frases de Benjamin Franklin. Todas estas frases apontam para o tal “espírito do capitalismo”. Franklin diz: “tempo é dinheiro”, logo, todo indivíduo que não aproveita bem o seu tempo está jogando dinheiro no lixo. Com todas estas citações, Weber constata o que acontece no espírito do capitalismo: os valores são reduzidos a meros meios de obter crédito. Afirma ele que a honestidade, por exemplo, se torna apenas um caminho para credibilidade financeira, pois quem é honesto tende a receber mais crédito. A honestidade não é um valor humano em si, mas é um valor útil para a obtenção de crédito. Honestidade não é mais valor da ética humana, mas é ética para o consumo.
Com tal visão, Weber constata que houve capitalismo em muitos lugares, mas em nenhum com esta ética em particular: ética utilitarista. Diz ele que toda ética, toda atitude moral de Franklin não são mais do que utilitaristas onde a honestidade é rebaixada a um simples sistema de causa e efeito: seja honesto e você terá crédito,
Esta ética do espírito do capitalismo faz as coisas perderem a sua essência. O que importa é a aparência de algo, não precisando ser algo realmente. Ou seja, pode-se mostrar uma imagem de honestidade com um fim, mas não é necessário ser honesto realmente. Este docetismo ético faz com que as virtudes sejam importantes apenas quando elas são úteis ao ser humano. O homem que é dominado pelo dinheiro vive, portanto, uma ética utilitarista de aparência. A vocação do homem é reduzida a ganhar dinheiro, bem como seus valores.
As empresas são obrigadas a entrar neste sistema. Weber afirma que na modernidade as pessoas praticamente nascem dentro das empresas, crescendo e se desenvolvendo nelas em sua vida. Este ser deve se conformar com o sistema da qual está inserido se quiser sobreviver. Os aptos e fortes sobrevivem ocupando o lugar dos considerados fracos.
Os trabalhadores, em sua vez, são pagos pelas empresas conforme as tarefas que prestam. Com isso os empregadores garantem os trabalhadores em suas empresas. O patrão é quem decide quanto o empregado deve receber por executar um serviço. A pergunta não era o quanto se ganhava trabalhando tanto quanto possível, mas quanto se deve trabalhar para ganhar, no final do dia, tal salário que acabe por manter a família. O esquema por trás da segunda pergunta é chamado de “tradicionalismo”. Este não trabalha a fim de ganhar muito e cada vez mais, porém quer apenas o necessário para sobreviver. É um sistema, assim sendo, que vai totalmente à contra mão do capitalismo.
Weber argumenta que o trabalho (Beruf) não deve jamais ser executado como um fim em si mesmo, como meio capitalístico de obter mais dinheiro, porém deve ser feito com um fim absoluto por si mesmo, em síntese: como uma vocação (Berufung).
Em observação, Weber constata que as moças geralmente deixam o trabalho herdado procurando serviços eficientes que tenham novos métodos, porém, parece, para ele, que as moças da tradição pietista não seguem este costume. Para Weber, isto se dá na boa educação econômica que os pietistas possuem.
Quanto ao capitalismo, Weber diz que onde o capitalismo moderno aparecer ele se desenvolve, produz seu suprimento financeiro para obter seu fim: o capital. O capitalismo, por conseguinte, rompe com a visão tradicionalista assim como o Iluminismo. O homem dos negócios é o que elimina o tradicionalismo, pois a chave do sucesso é o capitalismo, “para o futuro dos filhos e dos netos”. Weber acredita que todo homem que pensa desta forma é infeliz e irracional, pois neste pensamento o homem vive em função do seu negócio somente e não o negócio em função do homem. Fato é que em todo este sistema, todo aquele que negar participar é eliminado pelos que ascendem. O tradicional não possui a mínima chance de sobrevivência se não romper com o seu tradicionalismo a se tornar capitalista.
Nas questões éticas, Weber afirma que na Idade Média a ética era determinada pela Igreja Católica. Ela fazia isso por crer que a boa ética, a boa obra, conduzia à salvação. Portanto, já neste período da história a ética era utilitarista. O capitalismo é apenas parte do desenvolvimento racional humano na qual o protestantismo é apenas um estágio anterior, por isso, a tarefa agora é perscrutar o pai intelectual do pensamento racional que desenvolveu a ideia de vocação, pois a vocação está esquecida no capitalismo embora haja resquícios de sua presença.
Partindo para a concepção de vocação de Lutero, Weber fala da beruf (vocação) no contexto religioso. Weber constata que na história o termo nem sempre teve o significado presente na atualidade de Lutero. Aquilo que hoje é conhecido como vocação no sentido de plano de vida e área de trabalho não havia nem na antiguidade clássica e muito menos no catolicismo romano.
Para Lutero, a vocação é o cumprimento do dever no mundo secular. Por isso não é nos monastérios, na exclusão total do mundo que o cristão irá agradar a Deus. Ele irá agradar a Deus no cumprimento das tarefas de seu século, ou seja, no trabalho secular. O cristão possui um lugar no mundo e este lugar deve servir a Deus por meio do próximo: esta é a sua verdadeira vocação. O homem deve trabalhar no mundo e não ir ao monastério onde é afastado do século. Nesta concepção o trabalho na vocação passa a ser a expressão do amor ao próximo, pois o serviço é realizado vocacionalmente ao mundo.
Em todo este sentido vocacional, Lutero desprezaria totalmente os pensamentos de Franklin, embora o conceito de vocação de Lutero fosse possível de hermenêuticas bem diversas quanto ao trabalho secular. Neste sentido, por crer na autoridade da Bíblia, a concepção de Lutero de vocação teve abertura para uma interpretação tradicionalista. Lutero, portanto, era tradicionalista, pois cada ser humano cristão deve se preocupar apenas com o seu sustento deixando apenas os ateus correrem sozinhos atrás do lucro.
Lutero conhece muito bem a expressão o pão nosso de cada dia. Este versículo recusa totalmente ao mundo da prosperidade ao afirmar o necessário de todo dia. Especialmente em Paulo se nota certo tradicionalismo. Como em sua época se esperava pela vinda do Senhor, as pessoas não tinham por que ter muitas coisas, visto que logo já não estariam mais aqui. É indiferente qual serviço secular os cristãos deveriam ou não deveriam ter nas comunidades primitivas pelo fato de crerem permanecer pouco tempo ainda sobre a terra. Lutero, como bom interprete de Paulo, em seu processo reformatório, se tornou de 1517 até 1530 cada vez mais tradicionalista.
Deus concede todas as coisas conforme o necessário graciosamente no pensamento de Lutero. Isto significa que aquele que tem muitas coisas não crê na graça verdadeiramente, pois acumula para si na incerteza do amanhã. O ser humano não trabalha na sociedade para enriquecer, mas unicamente pelo dom recebido de Deus que serve ao próximo. Desta forma, o crente não precisa temer o amanhã, mas deve crer na providência divina.
Em tais colocações, Weber acredita que o tradicionalismo econômico teve a sua origem já em Paulo, e vocação, para Weber, seria uma ordem divina a qual todo ser humano deveria se adaptar para cumprir. Em síntese, Weber percebe que muitos dos resultados culturais pós-reforma foram efeitos imprevistos e por serem imprevistos também não desejados. Logo, muito aconteceu totalmente ao contrário daquilo que Lutero e outros reformadores “sonharam”. De outro lado, contudo, é preciso aceitar que o espírito do capitalismo não é, de forma alguma, consequência direta da reforma, mas indireta a partir das influências que teve. O capitalismo já existia muito antes da reforma. O que se deseja constatar é em que medida as influências das religiões deram moldes ao espírito do capitalismo, ver em que medida os fenômenos culturais da atualidade de Weber tiveram sua origem nas religiões e até onde podem ser relacionadas a elas. Busca-se, portanto, entender como o ascetismo se desenvolveu no calvinismo, pietismo, metodismo e nas seitas batistas. Considerando o contexto de cada uma, Weber destaca que em algum momento histórico, ambas já estavam entrelaçadas independendo-se posteriormente umas das outras. O metodismo, a exemplo, fazia parte da Igreja Estatal da Inglaterra procurando reformar a mesma. Os metodistas não queriam, assim como Lutero, uma nova Igreja, mas simplesmente uma reforma. O pietismo tem suas raízes no Calvinismo, sendo mais tarde adotado pelos Luteranos como parte desta igreja em um movimento. Os Calvinistas e os Batistas também já eram unidos, mas por decorrência de divergências, acabaram por se separarem.
Ao estudar o fenômeno calvinista, Weber constata que os países capilatisticamente desenvolvidos como a França e a Inglaterra dele surgiram. O calvinismo tem o dogma da predestinação. Isto significa, aos calvinistas, que o homem não pode fazer o bem, por isso não tem como colaborar à sua salvação. No entanto, Deus é quem age ativamente-salvificamente sobre o ser humano a conceder a salvação para quem quiser. Neste sistema, Deus já escolheu desde a pré-existência os salvos e os condenados: uma dupla predestinação. Logo, a vocação do cristão está na sua predestinação, pois o predestinado sabe que é predestinado no cumprimento de sua vocação conforme a vontade de Deus. Salvação é obra de Deus ao ser humano e não o contrário. A graça é objetiva, pois é objetivada por Deus ao homem.
Neste sistema impera o pensamento lógico-sistemático. O homem é objeto do agir de Deus. Deus não existe por causa do homem, mas o homem existe por causa de Deus. Apenas Deus possui livre-arbítrio. Deus não está submetido à lei alguma. O condenado não pode, de forma alguma, reclamar do seu destino, pois isto seria o mesmo que os animais reclamarem por não terem sido criados humanos.
Weber percebe neste sistema a falta de um Deus humano e compreensivo que sente completa alegria quando um perdido se arrepende. Na predestinação calvinista, Cristo morreu somente, apenas pelos anteriormente eleitos por Deus.
O predestinado, por sua vez, existe para glorificar a Deus. Ele está no mundo apenas para isso, bem como, para cumprir os mandamentos de Deus o máximo que conseguir, sendo, portanto, um predestinado ser ético. Deus quer do predestinado obras sociais, pois deseja que a sociedade humana seja organizada conforme os seus mandamentos. Por isso o cristão predestinado deve cumprir todas as suas tarefas diárias para a glorificação de Deus. O cristão não deve viver perguntando a si mesmo se é ou não é eleito, pois isso permanece em segundo plano. Pelo contrário, deve procurar, ao máximo, com todas as suas forças, viver a vida ética mais ética que conseguir para a glorificação de Deus.
A vocação é exatamente isso: obra humana não à salvação, mas à glorificação de Deus. O cristão possui o dever de alcançar a certeza de sua própria dedicação e justificação cotidiana na sua luta diária pela vida. Weber define, destarte, os predestinados como santos autoconfiantes. Na luta diária pela vida está a vocação, pois a atuação profissional é recomendada para se obtiver esta certeza da predestinação. A luta pela vida é a profissão que é a vocação. A profissão afasta do cristão a pergunta pela sua predestinação concedendo a ele a certeza da graça. Logo, o predestinado presta serviços sociais ao século e no trabalho se convence de sua predestinação. Esta comunidade de eleitos com Deus apenas poderia realmente existir naquilo que o próprio Deus operasse neles de forma que se tornem conscientes de sua predestinação. A atividade do trabalho humano na sociedade é gerada pela fé que é causada pela graça de Deus. A fé eficaz tem somente o eleito, pois este somente pode glorificar a Deus com as suas obras verdadeiras.
Em paralelo a isso, Weber afirma que os católicos creem na salvação por obras. Os católicos não levam tão aprofundadamente o raciocínio da salvação, pois a absolvição que a igreja concedia era a própria compensação da imperfeição humana. O sacerdote católico tinha o poder, recebido de Deus, de transformar os elementos da ceia no próprio Cristo, portando em sua mão a chave da vida eterna. A pessoa simplesmente deve se voltar a ele em arrependimento e penitência. Já o “Deus dos calvinistas” quer de seus fiéis não boas obras somente isoladas, mas a santificação através das boas obras, ou seja, a santificação por meio da ética, tudo isso em um único sistema religioso. Santificação é um processo da vida que poderia tomar o caráter de uma empresa comercial, pois é uma troca: boas obras por santificação.
O pietismo, Weber afirma que ele está historicamente anexado a doutrina da predestinação que é também ponto de partida do ascetismo pietista. Contudo, este aspecto é destacado no pietismo desenvolto na Igreja Reformada.
O movimento de piedade cristã intensificou o ascetismo reformado na sua ideia de prática da piedade. A eleição dos salvos não pode ser consentida pelo saber teológico. Por isso, o pietismo duvida da Igreja dos teólogos a qual pertencia no ofício. Logo, os adeptos da prática piedosa começam a se reunir em conventículos separados do mundo. A piedade tem por objetivo, conforme Weber, tornar visível no mundo a Igreja Invisível. A igreja são os convertidos verdadeiramente. Esta igreja queria através do ascetismo intensificado ter a alegria de uma comunidade com Deus na vida aqui, ter comunhão com os outros eleitos neste mundo e somente eles. Em síntese: separar o eleito do mundo, criando uma sociedade de tão-somente “santos”.
Na medida em que o pietismo da Igreja Reformada se engajava em garantir a salvação nas atividades seculares, o efeito prático de seus princípios foi um controle ainda mais ascético da vocação que deu base religiosa para a ética de conduta na vocação, concedendo fundamento religioso para a ética vocacional muito além de apenas ter respeito mútuo entre os cristãos reformados que se autoconsideravam puros na sua cristandade. Esta conduta passa a ser metodicamente controlada e supervisionada. Trata-se de uma sistematização da conduta cristã.
Max Weber define pietismo em dois pontos: santificação e perfeição. Santificação é o progresso trilhado pelo cristão até chegar à perfeição dependendo totalmente da providência de Deus.
Weber considera Augusto Germano Francke um ascético por excelência em vista daquilo que, na piedade cristã, realizara no âmbito da educação secular.
Tal pietismo cria na bênção de Deus aos seus escolhidos com o seu sucesso no trabalho. O cristão é abençoado na sua vocação. Logo, o cristão predestinado se sabe predestinado por ter no seu trabalho o sucesso.
Mas há distinções dentro do próprio pietismo. O conde Zinzendorf é disso um exemplo. O próprio designou a si mesmo como da linha “paulino-luterana” oposta a “pietista-jacobiana” para a lei. Enquanto a primeira é essencialmente luterana, a segunda é extremamente legalista.
Zinzendorf discordava dos conventículos. Crê ele que o homem já agora é capaz de sentir a sua salvação não necessitando se convencer da salvação pela via racional. A modo grosso, o pietismo de Francke, Spenner e Zinzendorf teve ênfase na emocionalidade. Weber afirma ainda que embora sua abordagem seja breve, é necessária para verificar as influências que o movimento pietista causou no tema proposto pelo livro.
O metodismo, para Weber, é a combinação de um emocionalismo ascético religioso que é indiferente às bases dogmáticas do ascetismo calvinista, inclusive tendo certo repúdio às doutrinas. O nome “metodismo” provém, entretanto, da própria sistemática: método. Tal sistemática é no metodismo aplicada à conduta (ética) do ser humano. Neste sentido, o metodismo possui forte tendência emocional, especialmente na América, incluindo exaltações emocionais em reuniões públicas.
O forte representante desse movimento foi John Wesley. Para ele a santificação é onde o remido pode, em virtude da graça divina, ter já nesta vida uma segunda transformação espiritual. Esta segunda transformação geralmente é separada da santificação. Este ser passa a ter consciência da perfeição por estar liberto do pecado. Embora o ser humano seja sempre pecador, a perfeição continua sendo o objetivo principal do cristão, objetivo a ser buscado, pois tal procura garante a salvação. As obras, neste sentido, são condições da graça, pois aquele que não as pratica não pode jamais ser um verdadeiro crente. O cristão passa, portanto, por constante regeneração. Weber destaca que por estes pontos de vista a ética metodista como semelhante ao pietismo por ter certa base de incerteza, por isso a constante busca pela perfeição.
Conversão, para os metodistas, é algo emocionalmente provocado no ser humano. Uma veze despertada a emoção, esta se dirige na luta racional do indivíduo pela perfeição. A regeneração do metodismo criou apenas um complemento no seu dogma de obras, ou seja, base religiosa para o comportamento (ética) ascética depois do abandono da ética da predestinação. Os sinais que a conduta promove, demonstrando a verdadeira conversão, são, desejando ou não, as mesmas do calvinismo. Weber destaca que seu apanhado sobre o metodismo foi breve pelo fato de não haver novidade sobre a vocação.
Sobre as chamadas “seitas” batistas, Weber diz que estas se encontram ao lado do calvinismo. Esta seita é uma segunda fonte independente do ascetismo protestante no movimento dos batistas e nas seitas que nos séculos XVI e XVII que do calvinismo se derivaram. Esta classe religiosa se divide entre os menonitas, batistas e quakers. Logo, ressalta-se novamente que Weber não as considera religiões ou igrejas, mas seitas.
A justificação nesta fé é para os batizados muito diferente da ideia de trabalho no mundo a serviço de Cristo, assim como determina o dogma ortodoxo do velho protestantismo. Justificação é ter posse espiritual de um dom à salvação. Isto ocorre por meio da revelação subjetiva: através da ação do Espírito de Deus no ser individual somente. Basta esperar pelo Espírito e nunca resistir a sua vinda pelo pecado do apego ao mundo.
Esta seita crê na alienação do mundo, coisa que nunca despareceu completamente enquanto permaneceu vivo o velho espírito batista. Eles repudiam todo tipo de deificação da carne, pois o ser não pode viver para si mesmo no prazer, mas para Deus apenas.
Deus continua se revelando até hoje. Para os Quakers, era importante o testemunho interior do Espírito na razão e na consciência. O espírito humano racional é que revela o Espírito Divino.
Esta linha de pensamento desprezou, também, todos os sacramentos como meios para a salvação provocando aquilo que chamaram de “desmistificação” do mundo. Somente a luz interna do ser continua a revelação e somente ela podia habilitar uma pessoa a compreender na totalidade até mesmo a revelação bíblica de Deus.
Também mantiveram a proposição de que fora da Igreja não há salvação, mas isto somente no âmbito da Igreja invisível dos dominados pelo Espírito. Na ausência da luz interna o ser humano natural, mesmo o guiado pela razão natural, estaria sempre sendo criatura de carne, cuja impiedade os batistas condenavam quase mais que os calvinistas. A redenção é causada pelo Espírito que leva o ser humano a um estado total de domínio sobre o pecado onde o ser humano crente é quase impossibilitado de cair. Neste sentido as igrejas são consideradas puras. A verdadeira redenção está no repúdio total do mundo com seus interesses para a submissão a Deus somente. O homem natural, desta forma, é sempre superado pelo homem espiritual.
A justificação está na consciência subjetiva, pois ela ocorre individualmente. Esta consciência subjetiva é a moral ascética da vida profissional do batista. Ele recusa ter funções públicas, pois tal função é mundana. A forma específica assumida pela ascese secular dos batistas, muito mais dos Quakers, já se revelara na prova prática dessa importante lei da ética capitalista: a honestidade é a melhor política. Este é o ascetismo laico, ou seja, o valor aplicado de forma secular.
Weber afirma que no momento apenas se tem de acompanhar o pensamento puritano de vocação na sua ação na vida profissional. Da conduta batista provém um incentivo para que a pessoa metodicamente supervisionasse seu próprio estado de graça, em sua própria conduta, e assim introduzisse o ascetismo. Isto significa um planejamento racional do indivíduo de acordo com a vontade Deus. Todo aquele que tem certeza da salvação requer ascetismo.
O ascetismo cristão batista fugia, portanto, do mundo à solidão. Mas este pensamento não fora novo, existia, porém, desde os mosteiros antigos. Porém, isso não muda o fato de que o cristão não vive no mundo e nem para ele embora esteja dentro do mundo.
No último capítulo de sua esplêndida obra, Weber fará as ligações entre os fundamentos da ética protestante e do espírito do capitalismo. Afirma ele que para o estabelecimento das relações religioso-ascéticas com a ética capitalista é necessário procurar escritos teológicos da prática sacerdotal, pois o sacerdote da Igreja influencia na cura de almas, conhece a disciplina eclesiástica e também prega no púlpito exercendo as mais diversas influências sobre as pessoas no seu caráter racional.
Para tal compreensão, Weber faz uso do autor Richard Baxter que enfatiza a discussão sobre a riqueza e sua aquisição nos elementos dos pobres na proclamação do Novo Testamento.
A riqueza, do ponto de vista religioso do protestantismo ascético apresentado, apresenta um grande perigo ao cristão, pois suas tentações nunca cessam. Alguns exemplos de condenação em função da procura por bens podem ser frequentemente encontrados nos escritos puritanos. Aquele que descansa nas suas próprias posses e se alegra na sua riqueza tende a desistir da procura pela santificação. Ao contrário, o crente deve trabalhar todo o dia e o dia todo em favor do que lhe foi destinado. Não é a desocupação e o prazer, mas servir para a glorificação de Deus, conforme a inequívoca manifestação da sua vontade. Perder tempo, neste pensamento, é pecado. Este pecado, entretanto, não é no mesmo ponto de vista de Franklin, mas se aplica no sentido religioso onde cada momento perdido do trabalho representa perda de trabalho à glorificação de Deus. O trabalho previne o cristão das tentações, pois mantém o cristão ocupado glorificando a Deus. Deve-se trabalhar fortemente conforme a vocação a fim de a tentação ser evitada. Como se diz atualmente, “mente vazia é oficina do diabo”.¹ Aquele, porém, que não sente vontade de trabalhar está com sintoma da ausência do estado da graça. Nem mesmo o rico pode comer sem trabalhar, pois todos recebem vocação através da providência de Deus, vocação que não deve permanecer atrofiada, mas que deve ser exercida. A vocação é o mandamento de Deus para todos a fim de que trabalhem na sua glorificação.
O puritanismo crê na providência da divisão dos trabalhos. O crente sabe se trabalha na sua verdadeira vocação a partir dos resultados que seu trabalho lhe concede. Este crente deve, por isso, buscar continuamente a especialização para melhorar suas habilidades, tendo progresso e maior produção gerando o bem comum. Neste sistema, observa-se fortemente um utilitarismo da vocação, pois ela é levada ao simples cálculo de causa e efeito.
Os puritanos creem que àquele trabalhador irregular falta o caráter sistemático e metódico que é requerido pelo ascetismo secular. Na visão puritana de vocação, a ênfase está sempre neste caráter metódico da ascese vocacional, não como Lutero acreditava: aceitação do destino irremediavelmente assinado por Deus, mas a vocação deve ser procurada para que assim se agrade mais a Deus.
O puritano preza pelo lucro individual do empreendimento humano, pois se Deus aponta um serviço legalmente aprovado onde se tem mais lucro que o outro, aquele que recusar este serviço recusa a sua vocação, recusando ser servo de Deus, mas aquele que aceitar estará trabalhando para ser rico para Deus e não para a sua própria carne, livrando-se do pecado. Quando a vocação pessoal incorpora este sistema, a mesma é permitida e recomendada. O cristão não deve querer ser pobre, pois isto é o mesmo que ser doente não glorificando a Deus.
Weber lembra o leitor da compreensão de vocação de Lutero que usa o termo beruf na sua tradução do apócrifo Jesus Sirach. Os puritanos rejeitavam os apócrifos por acreditarem que tais livros não foram inspirados por Deus. Criam, porém no exemplo de Jó que recebeu, mais tarde, a bênção material. Puritanismo é visto como sendo o mesmo que legalismo. Baseava a sua ética da organização racional do capital e do trabalho adotando a ética judaica para este propósito.
Este puritanismo ascético é igualmente contra o rei, pois o rei dava ao povo oportunidades de divertimento como esportes, teatros, jogos, bailes, etc. Possuíam feroz ódio contra absolutamente tudo que cheirasse superstição não acreditando nem no natal, nem na felicidade, nem na arte. Porém, nisto mesmo o puritanismo em certos pontos se contradiz.
O ser humano, no puritanismo, é apenas guardador dos bens que lhe foram emprestados pela graça divina. O servo da Bíblia deve prestar conta até o último centavo para que não gaste o dinheiro na sua própria satisfação. Quanto maiores foram as posses, maior também a responsabilidade para a manifestação da glória a Deus. Tal glória pode ainda ser aumentada com o muito e infatigável trabalho.
Há contrariedade na visão tradicionalista, pois a sede de lucro é da vontade de Deus. A luta do crente contra as tentações da carne fora uma campanha contra o uso irracional da riqueza. Tal ascese condena, portanto, tanto a desonestidade quanto a ganancia instintivamente carnal-humana.
Weber afirma que a avaliação religiosa do infatigável, constante e sistemático labor vocacional secular, como alta ferramenta da ascese, e, simultaneamente, maior meio seguro de preservação da redenção da fé e do homem, deve ter sido a mais poderosa alavanca da expressão dessa concepção de vida apontada como “espírito do capitalismo”.
Ao combinar essa restituição do consumo com a liberação da procura de riqueza, obviamente, o resultado é a acumulação capitalista na compulsão ascética e na poupança. As restrições colocadas ao uso da riqueza adquirida poderia somente dar no seu uso produtivo como investimento de capital. Um exemplo disso é a Holanda.
Na medida em que se compreende a influência da ideia de vida puritana, favorece-se o desenvolvimento de uma economia para a vida, sendo ela racional e burguesa. O próprio Wesley afirmou, conforme Weber, que é inevitável a diminuição da religião na mesma medida em que a riqueza aumenta. A religião deve produzir tanto a indústria com o próprio senso de economia que acabará gerando riqueza. Porém, quando tal riqueza aumenta, ao mesmo tempo cresce o orgulho e o amor ao mundo.
Wesley afirma ainda que se deve exortar todos os cristãos a ganharem o máximo que conseguirem ganhar e a economizarem o máximo que conseguirem economizar. Weber interpreta isso dizendo que aqueles que ganham tudo o que conseguem e guardam o quanto conseguirem devem, da mesma maneira, dar também tudo o que podem de forma a terem crescimento na graça de Deus adquirindo tesouro no céu. Este pensamento, ao ser secularizado, torna-se uma ética secularizada-utilitarista. A distribuição desigual da riqueza no mundo é obra especial da provisão divina.
Calvino, ressalta Weber, tivera a opinião de que somente quando a massa de operários e artesãos fossem mantidos pobres é que se conservaria a verdadeira obediência a Deus. Certamente que a literatura ascética na sua totalidade, de quase todas as religiões, está carregada do pensamento de que o trabalho consciente, mesmo em salários baixos, para aqueles a quem a vida não oferece outras oportunidades, é algo agradável a Deus.
Weber afirma que o moderno capitalismo não passa de uma conduta racional baseada na ideia da vocação que surgiu na ascese cristã. O puritanismo, neste pensamento, queria se tornar um profissional de forma que todos os seguissem. Já o ascetismo secular na vida profissional fez com que a ascese cristã contribuísse para a formação econômica moderna e para a técnica ligada à produção em série por meio das máquinas.
Desde que tal ascetismo inicia a moldar o mundo em sua perspectiva e nele se desenvolve, todos os bens materiais assumem crescente e implacável força sobre os homens como nunca acontecera na história. Nos EUA, por exemplo, o processo da riqueza desprovida da sua roupa ético-religiosa tendeu cada vez mais a se associar com as paixões mundana-hedonistas.
Ao fim de sua obra, Weber destaca que ninguém sabe a quem caberá no futuro viver essa prisão da sinuca capitalista. Da mesma forma, lança a pergunta se surgirão novos profetas para anunciar tais desenvolvimentos análogos entre religião e economia.
______________
¹ Acréscimo meu.

site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ascetismo_(filosofia); http://teoligado.blogspot.com.br/2013/10/resenha-descritiva-weber-max-etica.html
Traudy 12/07/2015minha estante
Nossa, quantas resenhas!


William 14/07/2015minha estante
Se prepara... Vem mais =D


Traudy 20/07/2015minha estante
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk


Wagner.Wagner 03/05/2016minha estante
ola boa noite , gostaria de saber quais os 3 parágrafos mais importante dessa obra? Estou fazendo uma pesquisa para faculdade, porem achei inúmeros parágrafos importantes. se puder me ajudar eu agradeço.


William 29/05/2016minha estante
Olá Wagner.Wagner. Somente agora vi seu comentário. Respondo da seguinte maneira:para mim, o melhor capítulo da obra é "A Concepção de Vocação de Lutero; Tarefa da Investigação." Recomendo pelo menos a leitura deste capítulo no livro. É a chave para entender toda a obra. Sem entender Lutero, não tem como entender o capitalismo Ocidental e seus desdobramentos na sociologia de Weber. Qualquer coisa, posso dar uma ajuda, é só me chamar no facebook: facebook.com/wfzacarias . Abraço.




Elen Ximenes @quemleganhamais 07/05/2023

Você concorda com Marx ou Weber?
O Calvinismo é uma corrente do protestantismo que acredita na doutrina da predestinação. Segundo esta visão teológica, Deus já determinou quem será salvo e quem está perdido. Diferente de Lutero que denfendia não ser possível distinguir salvos de perdidos, Calvino acreditava que havia evidências visíveis da salvação. E uma dessas evidências era uma ética de vida racional baseada no trabalho, na prosperidade econômica, no abondono dos prazeres carnais. O Racionalismo, segundo Weber é uma herança do Calvinismo.

É muito interessante como essas ideias contribuíram para a expansão e fortalecimento do capitalismo. Palavras comuns na linguagem do mercado têm origem na religião: missão, valores, visão, negócio (em latim: negar o ócio).

Mais interessante ainda é a diferença de pensamento entre Marx e Weber. Para Marx o que sustenta o capitalismo são as relações de exploração, para Weber é a ética protestante que coloca o trabalho como dever moral, vocação, forma de glorificar a Deus. Se você comparar países de origem protestante com países católicos, vai perceber que as ideias de Weber fazem sentido.

Esta é uma forma ultra simplificada de falar sobre o conteúdo deste livro, que exigiu muita concentração de mim! Nunca havia lido nada da Sociologia, agora as portas se abriram ?.
denis.caldas 08/05/2023minha estante
Uma vez li sobre uma teoria que fala sobre a diferença de prosperidade material de países colonizados por católicos e por protestantes, por exemplo, Brasil e EUA. Talvez a ideia veio daí, né Elen?


Elen Ximenes @quemleganhamais 08/05/2023minha estante
Faz sentido!!!


Barbara.Schirato 08/05/2023minha estante
Pior que eu não tenho muito cacife pra discutir isso. Eu tendo a concordar com o Marx que é sim pautado na exploração, mas eu acredito que tem países em que o capitalismo é menos selvagem, só que isso entre os cidadãos desses países, agora vai saber se pra eles terem IDH alto países de terceiro mundo não estão sendo explorados? É bem complexo e eu não tenho conhecimento de área pra poder bater o martelo




Eduars 17/07/2009

A ética protestante e o espírito do capitalismo
Tese fundamental na área de ciências socias, embora, infelizmente, muitos lêem a tese de Weber sem antes entender o contexto da teologia calvinista, o ambiente político da renascença e, principalmente, as quebras de paradigmas teológicos.



Primeiro devemos compreender que mudanças lentas, mas graduais começam na Idade Média: o intelectual escolástico começa a ceder lugar para o moralista humanista, as Artes Liberais e Artes Mecânicas começam a se entrelaçar, por exemplo: temos Mchelangelo se ocupando das duas artes ou, ainda, Da Vinci. Por isso o trabalho manual aos poucos vai deixando de ser considerado depreciativo, relegado aos servos - vale lembrar que a etimologia da palavra "trabalho" é "tripalium" correspondente a um instrumento de tortura. Para uma maior compreensão sobre tudo isso a leitura de medievalistas, tais como: Marc Bloch e Jacques Le Goff é indispensável.



A Reforma Protestante de Lutero contribuirá significativamente para que o trabalho manual seja visto como dom de Deus, ou seja, o trabalho digno, seja qual for, deve ser feito para a honra e glória de Deus.



No entanto, nessa época ainda não podemos associar a ética protestante do trabalho com o "espírito capitalista". Calvino com sua Obra "As Institutas da Fé Cristã" irá dar significativa contribuição, todavia, sua teologia da predestinação não menciona os sinais externos dessa eleição, ou seja, para Calvino na eleição divina não existe sinal aparente, tudo é um mistério e os amadurecidos espiritualmente cogitam até mesmo a possibilidade de não serem escolhidos.



Portanto, onde começa a nitida associação entre ética trabalhista e capitalismo? Começa com o Catecismo de Westminter no século XVII. Nesse Catecismo fica evidente que o sinal externo para os eleitos é a prosperidade financeira, logo, o trabalho deixa de ser apenas um meio para o louvor e a glória de Deus, mas também uma tábua de salvação para que se adquira dinheiro, lucro etc., e que isso culmine com a certeza, por parte do fiel, da salvação.



Portanto, julgo que a tese de Weber deve ser lida acompanhada de todos os recursos históricos e teológicos e não somente pelo campo das ciências sociais.
LuckazTavares 21/08/2022minha estante
Muito boa leitura, mas eu acho que, o fator religiosidade, presente na grande massa mundial, dificulta o entendimento de, não só Weber, mas todas as factualidades sociológicas que norteiam o poderio da Igreja diante do capital. As igrejas manipulam todos, para que, tudo que for à esquerda, ou que abnega a fé cristã e não concorda com todos os moldes, sejam descartados. Consequentemente, transformam os fiéis em seres acríticos, que não se refletem diante da manipulação ferrenha que sofrem. Acho que o principal a ser combatido são os falsos profetas e alternar a consciência coletiva dos ditos conservadores, que, na verdade, são retardados falsos intelectuais. Muito boa resenha, tamo juntooo. Ah, eu sou cristão, só desacredito de tudo da Igreja, e que, para mim, é somente um lobo em pele de cordeiro, move todo o capital e usurpa os fiéis, enquanto distribui comidas e faz trabalhos sociais para que esqueçam da própria maldade. Tamo juntoooo.




Denise 04/10/2009

Habitualmente, tenho grande facilidade de leitura, entretanto achei um livro dificil de ler. Tive dificuldade de seguir seu raciocínio, talvez por discordar.
A quantidade de notas é imensa, no final do livro. A leitura se transforma num grande vai e vem, cansativo.
Primeiro livro de Max Weber que li, tinha alguma expectativa por sua fama. resultado um tanto decepcionante.
Ou não entendi nada da leitura ou dentro da minha visão a articulação entre protestantismo e espírito do capitalismo é fraca.
Durante toda a leitura, contrapontos ao texto me vinham à lembranças. Outras religiões podem ter igual favorecimento ao capitalismo, como o judaísmo, ou outros fatores culturais e econômicos podem ser tão ou mais importantes e determinantes. Enfim, não me convenceu.
O tempo todo pensava sobre as origens do trabalho, tentava lembrar o que li sobre a antiguidade, na qual penso o "trabalho" tal como o vemos hoje, era visto pejorativamente, como algumas supostas elites intelectuais brasileiras ainda veem.... Eu queria articular com contextos mais amplos, em função do que penso hoje e não consegui. Embora seja área que não domine, me faltam conhecimentos, acho que não foi só falha minha. Sinto faltar algo no livro. A estreita relação proposta não me convenceu.
Bruninha Silva 04/05/2011minha estante
A proposta do Weber é essa mesmo: pegar uma "pequena amostra" pra fazer uma análise, já que ele achava improvável que alguém pudesse explicar a sociedade em toda a sua infinita complexidade, apenas aspectos dela, como ele explica a ética do trabalho no capitalismo.




Daniel432 27/05/2010

Notas, notas e mais ... notas
Vou começar esta resenha com alguns números:

- número de páginas no livro = 118
- número de páginas de notas = 108
- nota com maior número de páginas = nota 3 do capítulo terceiro
(três páginas e meia)
- número de idiomas utilizados nas notas = três (português, inglês e alemão)

Não bastasse o tema tratado no livro já ser bastante complexo que exige muita atenção na leitura, o autor recheia o texto com muitas e longas notas e nestas notas muitas frases em inglês (sem a traduçao do editor).

Tal situação faz com que a leitura fique lenta e muito difícil pois a toda hora tem que se interromper a leitura e ir ao final do livro para ler as notas.

Em resumo, não posso afirmar que consegui assimilar todo o conhecimento sobre o assunto pois a leitura ficou muito, muito difícil.
Vinicius 20/11/2010minha estante
Caro,
é um jeito weberiano de escrever. Ser objetivo no texto e mais explicativo nas notas. Este livro realemente está recheado delas, sendo quase metade do texto apresentado.
Aqui no Brasil, Sergio Buarque (também weberiano), em Raízes do Brasil, usou do mesmo estilo.




doceluzz 04/09/2011

O nascimento do capitalismo
Foi o primeiro livro de Weber que li, e foi paixão a primeira leitura.
Weber aborda de maneira clara e objetiva a "real" influência das religiões no nascimento do capitalismo. Ele destaca o metodista, calvinista, católico e protestante. e como cada um exerceu um papel nesse sistema social econômico.
Ele dá enfâse principal ao nascimento do protestantismo, considerando o ascetismo e a linha econômica fechada do protestante como primeiros vestígios de acúmulo de capital.

Católicos "comprariam" a penitência aos pecados e sua salvação doando dinheiro a igreja(burguesia).
Protestantes/calvinistas tinham metodos de certificar-se se eram pre-destinados(ESCOLHIDOS) a ter uma comunhao direta com Deus, medindo pequenos sinais, entre eles o de prosperidade. Guardavam dinheiro e exibiam esse dinheiro, não como forma atual de consumo, mas como modo de dizer em símbolos que era pré destinado(escolhido) a terem a benção de Deus, usavam isso como forma de destaque social e exibição da graça de Deus(engrandecendo o nome de Deus).
Ou seja, catolicos poderiam"comprar" sua fé,"comprar" a escolha de Deus por si e pagar seus pecados "literalmente", (logo católicos seriam de costumes e moral duvidosa).
Protestantes não compravam nada, poupavam suas moedas para mostrar o quanto Deus era bondoso e generoso com os seus, e media através de pequenos sinais diários o quão abençoado é, se era ou não escolhido.

De acordo com Weber, católicos poderiam comprar financeiramente e bem aceito moralmente a fé,perdão de seus pecados, caridade física, e a escolha de Deus por ele. o dinheiro compraria "tudo" religiosamente.

Para protestantes, o dinheiro era frutos do esforço(ascetismo) e benção de Deus. Logo eles poupavam e nasceu daí uma grande geração de capital.
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tadeu vinicius 09/08/2011

ganhei num sorteio
ganhei num sorteio qndo fiz a matéria Sociologia I (Miriam Cristina Rabelo / Rosana Silva)
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Henrique 19/08/2012

Análise técnica e imparcial de um Zeitgeist e suas implicações. Na obra, Weber define o que é o pensamento e a ética capitalista, apresenta sua visão de uma fórmula geral sobre o funcionamento e a estruturação social (a relação ética-meio-indivíduo-ética como um ciclo infinito) e, principalmente, daquilo que ele chama de "relações de causalidade" (decorrentes daquela fórmula), noção essa que é trabalhada ao longo do livro. Por meio de exemplos teóricos e práticos, o sociólogo demonstra a influência do comércio, da razão econômica e do meio de produção sobre as relações humanas, o modo de pensamento, modo de vida e as relações políticas, partindo, mais adiante, para uma explicação histórica da formalização, ampliação e dominação da ética social pela ética capitalista, cujo momento chave se deu a partir dos discursos e estudos de João Calvino (o "padre do capitalismo") e de Benjamin Franklin. Consiste em uma tese repleta de estudos e reflexões sobre muitas coisas que reproduzimos em nossa vida cotidiana e nem mesmo percebemos. A obra seria, portanto, um retrato de nosso pensamento e nossas atitudes após a grande crise da popularidade católica e ascenção das igrejas protestantes (segundo o autor, o Calvinismo e o Presbiterianismo em geral são as principais), além de uma tese sobre como um pensamento que sempre existiu, o capitalista, se transformou em educação social/coletiva depois do fenômeno.
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Rafael Paz 19/12/2012

A religião molda a História
Considerado um dos livros mais importantes do século XX no quesito sociologia, "A Ética protestante e o espírito do capitalismo" revela de forma soberba como as influências religiosas são capazes de moldar sociedades e culturas de forma revolucionária. Mais especificamente, como alguns conceitos propagados pelo protestantismo no século XVI e XVII conseguiram transformar o comportamento do homem com relação ao trabalho, ao dinheiro, à família e as relações destes itens para com Deus. (...)

Para continuar lendo, acesse:
http://www.heroisemitos.com.br/2012/07/etica-protestante-e-o-espirito-do.html
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Castor 09/02/2013

Contribuição para o método sociológico
O Livro elucida alguns questionamentos a cerca da "afinidade eletiva" entre a ética protestante e o espirito do capitalismo "moderno" (Introdução Weber indica que há vários tipos de capitalismo), salientando a intrínseca relação dos moldes comportamentais do protestantismo com a racionalização dentro do desenvolvimento capitalístico.

A "ethos" protestante desprende-se de uma conduta religiosa, para uma moral laica, influenciando diferentes aspectos da sociedade, para expor este espírito Weber cita Benjamin Franklin, " Lembra-te que tempo é dinheiro, Lembra-te que crédito é dinheiro". A ideia do dever individual torna-se a necessidade de aumento de capital, tornando fim em si mesmo.

No terceiro capítulo, um dos mais ricos de todo o livro, Weber mostra a concepção de vocação em Lutero, que atribui ao trabalho uma perspectiva sagrada, diferente da concepção encontrada em toda história. O trabalho é considerado portanto a forma material de expor o amor ao próximo e o caminho para satisfazer a Deus.

Enquanto ao método observa-se analiticamente as motivações dos agentes sociais, para compreensão dos fenômenos sociais.
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Samantha 18/04/2013

Complicado você hein!
Basicamente, o livro trata sobre a influência da religião protestante na formação (ou transformação) do sistema capitalista. Para pessoas "não iniciadas" em filosofia como eu, é um livro "pesado" e que exige certo conhecimento prévio sobre história da religião e surgimento do capitalismo (que eu não tenho haha), mesmo assim, a forma como o autor correlaciona princípios éticos/religiosos e a conduta no trabalho é tão clara e interessante que a ideia central passa a ser compreensível.
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Fábio 20/04/2013

Um ponto de vista esclarecedor!
O Capitalismo geralmente e erroneamente é descrito como um sistema violento e que busca o lucro acima de tudo.É fácil ter essa concepção quando se olha para o lado "visível" da coisa, mas como tudo na vida tem dois lados, com o capitalismo não seria diferente. A obra de Weber não trata de uma defesa ou exaltação desse sistema, apenas revela sobe um olhar pessoal e com argumentos plausíveis, características inerentes que aproximam o capitalismo ao protestantismo. O mais interessante do livro é que ele difundi como o capitalismo se tornou inarredável à America e isso se deve, na opinião do autor, ao espirito de predestinação que ocupava as crenças protestantes. Dentre tantas reformas e pensamentos podemos destacar o Calvinismo como o mais significativo, pois o mesmo considera a vocação como um meio para a glorificação de Deus.O trabalho e o ascetismo juntos seriam uma forma do cristão mostrar em sua vida a própria imagem dos planos Divino. A vocação para se fazer o que Deus já predestinou, criou nos puritanos, que começavam a habitar a algumas regiões da América do Norte, um espírito capitalista onde quanto mais bem sucedido você fosse, mais ficava provado que Deus estava abençoando sua vida.Com considerações solenes e aberto para outros pontos de vista, Weber ostentou suas ideias e criou uma obra de intensa importância para entendermos como uma continente que foi colonizado ,quase, ao mesmo tempo que o nosso, se tornou uma grande potência mundial.
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Emanoel Mannô 10/06/2014

"A Ética Protestante e o "Espírito" do Capitalismo" é para a sociologia o que "A Origem das Espécies", de Darwin, é para a biologia, ou "A Interpretação dos Sonhos", de Freud, para a psicanálise: um livro inaugural, um marco ao qual sempre convém retornar. Publicado pela primeira vez em 1904-05 e ampliado pouco antes da morte do autor, em 1920, este ensaio instaurou uma nova maneira de compreender o capitalismo - com cultura. Num texto breve e de escrita límpida, Max Weber identificou a gênese da cultura capitalista moderna nos fundamentos da moral puritana. O método exemplar e o rigor da análise que se vêem no livro fizeram de Weber um dos três grandes pilares da sociologia moderna, ao lado de Émile Durkheim e Karl Marx. Um grande clássico das ciências humanas
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Wilton 26/03/2015

Capitalismo e Religião
Em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo’, Weber discorre sobre a relevância da reforma protestante para a formação do capitalismo moderno, de modo que relaciona as doutrinas religiosas de crença protestante, para demonstrar o surgimento de um modus operandi de relações sociais, que favorece e caracteriza a produção de excedentes, gerando o acúmulo de capital.
Há de se dizer, então, que o mundo outrora dominado pela religião católica, era também concebido a partir da cultura por ela promulgada. Isso quer dizer que o modo de vida pregado no catolicismo, era propagado para além dos limites da Igreja, perpassando a vida dos sujeitos. Entretanto, o catolicismo condenava a usura, e pregava a salvação das almas através da confissão, das indulgências e da presença aos cultos. Desta forma, o católico enxergava o trabalho como modo de sustentar-se, mas não via prescrição em também divertir-se, buscando modos de lazer nos quais empenhava seu dinheiro, e produzindo apenas para seu usufruto. Menos temerário ao pecado que o protestante, e impregnado pela proibição da usura, o católico pensava que pedir perdão a seu Deus seria suficiente para elevar-se ao “reino dos céus”. Assim, seguindo esta cultura religiosa, a acumulação de bens não encontrou caminhos amplos, e permaneceu adormecida.
Contudo, com o advento do protestantismo, a doutrina – e portanto, a cultura – católica modificou-se, e a salvação passou a ser para alguns, não mais passível de ser conquistada, mas sim uma providência divina, onde o trabalho era meio crucial para glorificar-se. Para o protestante, o trabalho enobrece o homem, o dignifica diante de Deus, pois é parte de uma rotina que dá às costas ao pecado. Durante o período em que trabalha, o indivíduo não encontra tempo de contrariar as regras divinas: não pratica excessos, não cede à luxúria, não se dá a preguiça: não há como fugir das finalidades celestiais. E, complementando toda a doutrina protestante, ainda é crucial pontuar que nesta religião não há espaço para sociabilidade mundana, pois todo o prazer que se põe a parte da subserviência a Deus, fora considerado errado e abominável. Assim, restava a quem acreditava nestas premissas, o trabalho e a acumulação, já que as horas estendidas na produção excediam as necessidades destes religiosos, gerando o lucro.
Portanto, quando se fala em uma concepção tradicional de trabalho, trata-se da concepção católica, que não acumulava e pensava o trabalho como meio de garantir subsistência. Já a concepção que vê o trabalho como fim absoluto, é a protestante, que enxerga no emprego de esforços produtivos a finalidade da própria existência humana, interligada com os propósitos providenciais de Deus.
Esta mudança no comportamento social, além do choque de culturas exposto nos parágrafos acima, suscita uma abrupta mudança no cenário econômico. Isso decorre do seguinte ciclo: O católico trabalha para viver, o protestante vive para trabalhar. O protestante gera excedente, e o acumula, investindo-o em cadernetas de poupança, gerando lucro. A finalidade protestante é salvar-se, e se o trabalho é salvador, empregar outros auxilia na salvação alheia. Logo, o protestante é dono dos meios de produção, detém os funcionários e acumula cada dia mais excedentes, gerando mais capital. E assim, a gênese do capitalismo moderno é concebida.
Conclui-se, portanto, que a cultura – segundo Weber um modo de ser que detém as práticas – ao ser modificada, gera novos costumes, um comportamento inusitado, que embora não tivesse como objetivo estabelecer uma nova ordem econômica, e sim moral, passa a sustentar a essência do sistema.
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