stsluciano 24/03/2014
Boa sequência
Sonhos foi minha primeira experiência lendo Alyson Nöel, e gostei bastante: ela nos entregava uma protagonista simpática, Daire, uma adolescente pertencente a uma linhagem muito antiga de Soul Seekers, os buscadores, pessoas com um dom especial de se conectar com a natureza e, assim, poder manter seu equilíbrio; uma mitologia predominantemente latina, uma paisagem árida e um clima de desolação que casou com a temática do livro: xamãs, espíritos guias, mundos paralelos, e, claro, um mal em particular para ser derrotado.
O que me chamou a atenção também foi o fato de que, como deixado claro por Paloma, uma respeitada anciã da cidade de “Encantamento” e, não por acaso, avó de Daire e responsável por lhe ensinar tudo o que sabe, o mal não poderia ser derrotado utilizando-se de suas armas: se o agente do mal fere, o do bem tem de tomar um caminho diferente, ou serão equivalentes. Faz sentido, mas torna tudo muito, mas muito difícil.
Só um aviso: essa resenha não contém spoilers, mas alguém criativo o suficiente pode ir tirando algumas conclusões com aquilo que vai ler....
Em “Eco”, que aguardei com certa ansiedade, reencontramos Daire treinando suas habilidades e se aventurando pelo Mundo Inferior a fim de anular as desordens que uma escolha feita por ela trouxe ao lugar – e como nos é dito, os mundos, inferior, mediano e superior, são interligados, assim, se um é corrompido, os outros não demoram a demonstrar sinal disso também.
Outro ponto interessante no livro é que foi melhor trabalhada as diferenças entre a figura do gêmeo bom e gêmeo mal: Dace é bom, gentil, verdadeiro, e o meloso namorado de Daire; enquanto Cade é mal, vingativo, mentiroso e todos os outros adjetivos nada elogiosos que puderem encontrar. Aqui ficamos sabendo mais detalhes sobre o nascimento dos irmãos, e o quanto de predestinação entre um ser bom e o outro ser mau existe, apesar de que, intimamente, ainda tenha lá minhas desconfianças e acredito que Dace pode ouvir o chamado de Darth Vader muito em breve.....
E, claro, há também algo que me trás um bem vindo incômodo em livros do tipo: enquanto o mal pode usar de armas bastante efetivas em uma guerra tradicional – morte, fogo, destruição – o bem tem que ser.....benevolente! Eu não entendo como isso pode vencer uma guerra, até entendo a beleza da analogia entre uma rosa e um rifle, mas não funciona!, e, para minha surpresa e deleite, os anciãos, após muito relutarem, também decidem que, frente ao que os espera – um inimigo jamais visto, ardiloso, sagaz, e sem nenhum remorso – também têm de mudar de estratégia. Bingo! Ponto pra dona Alyson.
E, falando nela, a narrativa continua muito bem estruturada, rápida ao mesmo tempo em que não deixa o leitor de fora dos acontecimentos. Em uma palavra: experiência. Além de trazer aspectos bastante interessantes, como o fato de os irmãos estarem mais ligados do que imaginam e que o amor entre Daire e Dace fortalece Cade – vai entender, e o que fazer em um caso como esse, já que ninguém pode, simplesmente, deixar de amar – além das sessões de treinamento entre Daire e sua avó, Paloma, que estão ainda mais interessantes e enriquecem o livro ao falar dos elementos e da forma como podem ser utilizados.
O livro tem personagens interessantes, como a sempre amiga Xotichl, uma garota cega com uma sensibilidade única, e que eu fico temendo que, em algum momento da narrativa se mostre na verdade alguém ruim, porque daí vai ser demais pra mim; e a gente se apega a eles de uma forma muito bem vinda para a vida útil da série.
Falar sobre segundo volume de série é complicado, então é melhor parar antes de entregar algo ainda mais importante para a narrativa. No geral eu continuo gostando, continuo animado, o final nos deixa preso em um grande suspiro. Que venha o próximo volume.
site: http://www.pontolivro.com/2014/02/eco-soul-seekers-livro-02-de-alyson.html