spoiler visualizaraelinella 11/03/2024
A tv é uma velha trambolhuda de tubo de imagem.
O Drible é um livro incrível que utiliza do futebol para explicar a vida, e não o oposto, pois o próprio Murilo Filho disse que a recíproca não é verdadeira. O futebol explica a vida. São tantos momentos de calmaria, seguidos de tensão, correria, gritos, medo, alegria e prazer, mesclados com manobras, correrias, faltas e, claro, dribles.
Ao passo que eu ia lendo eu sempre achava que saberia o que iria acontecer, óbvio, o livro te leva a creer que as coisas vão se resolver. Mas a cada página era uma descoberta, uma traição, um trauma, tudo tão novo e ao mesmo tempo tão antigo. Filhos repetindo erros de seus pais; pais que cresceram com ódio dos filhos.
Sérgio Rodrigues traz reflexões sobre a vida ao mesmo tempo que conta histórias de futebol,expõe as verdades de como era viver na ditadura e fala sobre racismo, preconceito religioso, machismo, e opressão no Brasil dos anos 60. Um livro muito necessário.
Agora, deixando a seriedade de lado: NUNCA eu tinha imaginado aquele final, NUNCA!!! Saber que o Murilo passou 40 e tantos anos com ÓDIO de um filho que não tinha culpa de nada, saber que o Neto era filho do homem que deveria ter superado Pelé e só não o fez porque se envolveu com o homem errado. A traição de Murilo foi de um nível espiritual, quase metafísico: traiu Peralvo de um jeito tão intimo, e levou o amigo a ser morto pela ditadura em um efeito borboleta absurdo que começou porque ele foi um péssimo amigo e porque Elvira se apaixonou por Peralvo.
Além disso o planejamento de Murilo foi psicopata, incriminar seu filho adotivo pelo seu assassinato (que na verdade foi suicídio) só para tirar a herança dele. Foi um drible, realmente, nunca parei para sequer inaginar algo como isso.
O livro é muito bom mesmo, me arrependi de ter demorado tanto tempo para terminar.