Contos de Som e Silêncio

Contos de Som e Silêncio Marcelo Spalding




Resenhas - Contos de Som e Silêncio


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Silva 28/04/2015

Contos
É uma antologia de contos que junta escritores de vários lugares do Brasil, numa combinação da musica com a literatura.

1 - Alexandre Braoios – a novidade (letra de Gilberto Gil)
Trecho da musica
“E a novidade que seria um sonho
O milagre risonho da sereia
Virava um pesadelo tão medonho
Ali naquela praia, ali na areia.”
O conto tem muito a ver com a letra da musica.
Conclusão : A maioria das pessoas quando não entendem o que acontece ou quando encontram coisas que desconhecem (“A criatura abriu a boca para falar, mas o que se ouviu foi um amontoado de palavras irreconheciveis…”), só pensam em fazer o mal (“Ela deve ser uma enviada do mal. Vamos jogá-la nas pedras.”), em vez de darem uma chance às novidades que a vida nos apresenta, aos milagres (pois, por mais que as pessoas não acreditem em milagres, eles existem, se tiverem chance de aparecerem).

2 - Bertolina Maffei – O menino da porteira (um clássico do sertanejo)
Trecho da musica
“Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino
De longe eu avistava a figura de um menino
Que corria abrir a porteira e depois vinha me pedindo
Toque o berrante, seu moço, que é pra eu ficar ouvindo”
Amei este conto, é um dos que foram passados para o papel o mais parecido com a letra da musica escolhida. Era como se estivesse a ouvir a musica. O final é muito triste…vieram as lágrimas aos olhos.

3 - Carolina Utinguassu Flores – medo da chuva (Letra de Raul Seixas e de Paulo Coelho)
“Que ninguém nesse mundo
É feliz tendo amado uma vez.”
Por acaso não estou de acordo com esta frase, mas não deixo de dar razão que uma pessoa para entrar numa relação e ela dar certo, não pode ter duvidas nenhumas no coração de que aquela pessoa é mesmo a que quer para si e para toda a vida, como um dos personagens do conto, tem (“Eu ficava vidrado na janela da casa da minha sogra esperando passar a nova vizinha, Sofia…”). Esta personagem tinha muitas duvidas, foi quase forçado a fazer o que não queria.
A vida a 2 deve ser desejada por ambas as partes. No conto não se passou assim.

4 - Clara Oliveira – Asas (Composição feita por 12 pessoas e traduzida pela autora – Wings)
Achei que este conto podia ter sido mais alargado, não gostei muito de como acabou. Mas, uma das minhas frases preferidas do livro é deste conto “Escuta aqui que parte de ´Sou uma mulher casada´ você não entendeu?”, eu costumo muito usar essa expressão no dia a dia “que parte de … é que não percebeste?”.

5 - Erika Gentile – O meu guri (Composição de Chico Buarque)
Quanto a este conto, achei-o demasiado pequeno, com uma história emocionante e de certeza que se fosse escrito um livro com esse enredo, seria um daqueles livros de nos fazer, aos leitores, chorar e muito.

6 - Evelena Boening – Carmen (ópera em 4 atos, de George Bizet)
Será que o crime compensa? Neste caso, acho que sim. E a grande culpada disso acontecer foi mesmo a ópera “Carmen”, leiam para perceberem porquê.

7 - Fátima de Barros Plein – construção (Composição de Chico Buarque)
Fiquei sem palavras ao ler este conto, gosto da maneira como a autora escreve, e das suas descrições “Misturada à dor no peito, a sinfonia lhe inundava o corpo a ponto de não resistir e dançar.”

8 - Fernanda Carvalho – Encontros e despedidas (Composição de Milton Nascimento e Fernando Brant)
Trecho da musica
“A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida!”
Tudo o que a autora escreveu no seu conto está na letra da musica que ela escolheu e bem (com o coração).

9 - Isi Caruso – Um homem chamado Alfredo (Vinicius de Moraes e Toquinho – 1975)
Trecho da musica
“O meu vizinho do lado
Se matou de solidão
Ligou o gás, o coitado
Último gás do bujão
Porque ninguém o queria
Ninguém lhe dava atenção”
Eu conheço a canção, mas não é das minhas brasileiras preferidas. Já a letra da musica, só digo uma coisa, perfeita. Amo a letra, é muito triste e faz-nos pensar muito na solidão, há pessoas que passam por outras e fingem não as ver, seja em que condições for, “Amai-vos uns aos outros” é um dos mandamentos que muita gente, infelizmente se esquece.
A autora poderia ter falado com mais pormenores da solidão e falta de amor do personagem principal. O conto ficaria maior, mas iria ficar perfeito.

10 - Jussara Maria Nodari Lucena – exemplo (Compositor : Lupicinio Rodrigues)
Trecho da musica
“Esse é o exemplo que damos aos jovens recém namorados
Que é melhor brigar juntos
Do que chorar separados.”
Perfeito, não tenho mais o que dizer deste conto. Deixo-vos com um trecho “Ah, o sorriso do meu mulato! Começa no brilho amoroso dos olhos e se espalha, iluminando todo o resto”.

11 - Marcelo Spalding – lanterna dos afogados (Herbert Viana)
Uma das minhas 2 musicas preferidas que deram vida aos contos deste livro.
Fogo! O conto mais triste de todos…. O autor quer dar ataques de coração aos leitores, só pode.

12 - Marcio Furrier – Ronda (de Paulo Vanzolini)
Para quem estava a pensar qual seria a outra minha favorita, aqui está a resposta.
Gostei muito deste conto e só digo o seguinte: Conversem e tentem investigar tudo antes de reagirem às situações que vão acontecendo na vida, não tirem conclusões precipitadas. Ouçam todas as partes incluídas na situação, antes de fazerem o que quer que seja.

13 - Valesca dos Santos Pederiva – deu pra ti (Kleiton e Kledir Alves Ramil)
Quem começa a ler este conto não adivinha o que se vai passar… termina de uma maneira inesperada.

Para finalizar a resenha, deixo-vos com um trecho, mas sem mencionar o conto a que pertence “Ele tem um sorriso bobo nos lábios, que contrasta com seu olhar perturbador e astuto. Fora por aquele olhar, recapitula Edwiges, que em Garopaba, numa noite de luar, ela se apaixonara.”
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Clayton De La Vie 01/04/2015

Conto, meu pequeno conto
Sempre ouvi dizer que, perante a morte iminente, toda a nossa vida se passa diante dos nossos olhos como um sonho, uma miragem tênue no horizonte. Esqueceram de me contar que não é a morte que traz esse déjà vu, e que essas memórias surgem por algo mais simples, mais corriqueiro: a apreensão.

Quem diria que a tensão dos momentos finais de seu casamento, instantes antes da frase tão memorável, que ressoa na cabeça das mulheres mais apaixonadas, “eu aceito”, traria sentimentos tão nostálgicos, e pior: despertaria dúvidas, um turbilhão de pensamentos negativos sobre o seu futuro?

Em Medo da Chuva, da querida Carolina Utinguassu, presenciamos de perto – por que não dizer de dentro? – toda a aflição de um noivo, José Henrique, prestes a se comprometer pelo laço do matrimônio, e que, após refletir sobre toda a sua vida, desde os tempos de sacerdócio até aquele momento que parecia se prolongar por horas a fio, resolve abrir mão daquilo que muitos julgariam como felicidade. O que muitos não sabem, ou simplesmente ignoram, é que ninguém nesse mundo é feliz tendo amado só uma vez.

O conto, inspirado na música de mesmo nome, do grande Raul Seixas, se desenvolve deliciosamente bem. Com parágrafos milimétricamente calculados, podemos sentir e viver toda a angústia e alegria do protagonista. E também podemos notar o quanto a sociedade está enclausurada por seus dogmas e conceitos, e, principalmente, como a perplexidade se mostra aparente quando, finalmente, nos desprendemos dessas estimas e resolvemos mudar; o quanto a mudança se faz necessária, e tudo que estamos perdendo quando ela surge, mesmo que por um buraco apenas, e a deixamos passar.

Por se tratar de contos, não posso entrar em detalhes para não perder tanto o impacto da obra, mas... com uma proposta inteiramente nova - ao menos eu nunca havia visto antes- o livro Contos de Som e Silêncio apresenta diversas histórias inspiradas em músicas de grandes nomes. Outro conto que me chamou bastante a atenção e que, de certa forma, me marcou foi A Novidade, de Alexandre Braoios.

Ele retrata claramente o que ainda vivenciamos: o espanto diante de tudo o que é novo, a assombração por trás de qualquer inovação.

Duas pessoas de personalidades diferentes se veem em uma mesma situação. A situação, entretanto, fora apresentada de maneiras opostas para ambas, mas as duas deveriam dar o mesmo fim para o problema – ou solução que se apresentaria. Quando deparados com uma criatura surreal, começa um conflito gritante por moralidade, talvez.

Assim como na época atual, o novo impressiona e cativa uns, mas, na maioria dos casos, incute um terror animalesco – quando, apesar de todo o nosso medo, tiramos forças para enfrentar o perigo e seguirmos em frente.

Em uma breve reflexão, o conto mostra o perigo de se admirar ou não aceitar a novidade que surge. A mensagem apresentada no texto é justamente para que acolhamos a tudo e todos, e que o diferente também é bom.

site: http://desenhandoemletras.weebly.com/blog/analisando-contos-de-som-e-silencio
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