Beatriz B. 16/02/2014Peculiar, diferente, um toque de bizarrice e confusões diversas.Pois é, essa capa é realmente hipnótica. Tanto que eu mais tinha vontade de olhar para ela do que continuar a ler o livro. Os motivos? Keep reading and find it!
Teresa é uma garota (ainda bem), de quinze anos e imigrante portuguesa em New York. Ela mora com sua mãe, cuja qual nunca se dera muito bem devido ao seu gosto exótico e cuidar dos filhos não faz parte dele, e com seu irmão Pedro, de sete anos, que ainda faz xixi na cama e é à la filho de Hades. (Estou falando, logo menos o titio do submundo o reclama). Se ser uma estrangeira que ainda tem muitas dificuldades do inglês é ruim, ver o pai, a pessoa que mais amava no mundo, em estado grave no hospital só deixa as coisas ainda mais felizes. Para completar a dose de bizarrice em sua vida, Angel/Caetano, seu melhor amigo, é gay e imigrante brasileiro, (no coments).
Whatever, Teresa e Angel possuem um peculiar gosto musical, sendo que Beatles está no topo da lista, (really? Nem suspeitava). Além de comporem haicais, (Hey, Apolo, alguém ainda te ama), fazer planos específicos para o futuro está entre seus hobbies preferidos. (Fazer planos suicídas logo em seguida, but forget it while.)
Como Tereza se encontra na abençoada fase da adolescência, confusão e insegurança a definem. ("A definem", não quer dizer que todos são assim). Com seu misto de defeitos, por exemplo, pensar que só é boa no basquete, achar que nunca fará amigos, não conseguir conversar com a mãe, entre outros que todos tem no próprio pacote, Teresa vai narrando como é estar sob sua pele, envolvida pelos tipos de lembranças, pensamentos e metas que a cercam. Seu maior objetivo agora é ajudar Angel a lutar contra o bullying gerado pela sua homossexualidade. Mas ela recebe a notícia de que seu pai falece no hospital, e Teresa sente que todo seu mundo se caminha para debaixo desta cova.
Com a mãe já com um novo namorado, Angel decidindo se mudar temporariamente, sua expulsão do time de basquete e a queda de suas notas na escola, no momento, pouca coisa importa para Teresa. A não ser querer que seu irmão consiga ter uma vida normal, fora da "ilha" que os cercam, como ela própria gosta de colocar.
Teresa começa a abraçar a ideia do suicídio e chega até a fazer uma "receita da morte", com data marcada para escreverem em sua lápide, mas enquanto está no memorial feito a John Lennon, silenciosamente se despedindo de Angel, um telefonema muda completamente seus planos, e por sorte, chega a estendê-los.
O livro é basicamente isso: uma história sobre o cotidiano nada rotineiro de Teresa. É um livro para ler e viver, enquanto durarem as páginas, a vida de outro alguém. E para mim, uma boa divisão do livro, seria enchê-lo de marcadores com avisos do tipo, "Aqui Teresa está suportável"; "Pode pular essa parte, Teresa está intragável; "Aqui se encontra uma boa citação, vale ler essa página apenas por isso"; "E a chatice volta". Yes, o livro foi uma verdadeira montanha-russa de "Teresa’s e suas variações".
E se vocês estão achando que a resenha está sem rumo, leia o livro e perceba que isso aqui (contorno invisível delimitando todo o post) teria tanto precisão quanto um tiro de flecha dado por Katniss comparando com a coesão inexistente da narrativa do livro. Eu me senti mais perdida que a própria Teresa em sua ilha mental.
O autor não seguiu uma ordem cronológica, sendo que passado, presente e futuro se embrenharam enquanto Teresa parece está apenas sob efeito de alguma coisa (sou culta demais para escrever macoinha, baby) que tira o objetivo de estar compartilhando sua vida conosco. Analisando melhor, não consigo lembrar em momento algum que senti determinação por parte da protagonista, ou almejo por alguma coisa sem ser quando suas ideias suicidas (e ridículas) começam. Eu estava quase encontrando o fio da meada quando simplesmente a existência do livro perdeu sentido. O que era confuso e bizarro perdeu a lógico, junto com o prazer de terminar o livro por querer e não por TOC de não conseguir abandonar um livro.
Sinceramente, não tenho muito que falar do livro. Eu li sem planejamento prévio, bem ao estilo "Seja o que Bacon quiser". A sensação que prevalece em mim agora é de ter lido algo que não me adicionou nada. Não que eu ache que todos os livros têm obrigatoriamente de ter uma lição de moral, mas não precisa ser escolar para que nos acrescente algo.
Talvez o autor quisesse "ressaltar os traços de uma mista confusão características da adolescência em forma de narrativa", mas o resultado poderia ter sido mais amplo e bem aproveitado, assim como os personagens mais bem trabalhados para que eu pudesse acreditar que são reais. Outro detalhes que me irritou foi sempre que Teresa queria justificar seus atos, mencionava um tal de Dr. Rosenberg ou Meritíssimo, como se estivesse um em tribunal ou uma consulta. Sem motivo ou aviso prévio, como se soubesse que estava fazendo a coisa errada e já treinando suas explicações.
Uma nota extra: no livro CHOVE citações de "cultura americana" bem específica, e eu senti falta de notas de rodapés por parte da editora para que consigamos nos situar e entender a intenção do autor.
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http://soleitoressabem.blogspot.com.br/2014/02/livros-entre-linhas-strawberry-fields-forever.html