Água Viva

Água Viva Clarice Lispector




Resenhas - Água Viva


1488 encontrados | exibindo 196 a 211
14 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19 | 20 |


Fernanda311 04/03/2024

Água Viva, Clarice Lispector
Dedico esse livro: a mim.

é difícil ler Clarice, ela não tem aquela ordem e clareza de ideias que os livros geralmente têm pra que vc visualize o enredo e tudo mais... talvez os outros livros até tenham um pouco disso, mesmo que eu duvide muito (ainda não li todos.
mas esse livro em particular é insano.
tem tanta coisa que essa mulher diz que é impossível colocar aqui porque a sensação é que tudo mexe com você. ela trabalha com o "instante-já" revolucionando minha forma de pensar, perceber e sentir o agora presente.
e o final me surpreendeu bastante, quando é feita uma breve análise do livro e vc entende o significado do título "água viva" (é mt lindo)

Clarice sempre me encantou. sempre me surpreende, me encara com aquele mistério de palavras dela e eu preciso reler umas cinco vezes e todas as cinco eu vou perceber algo novo. ela é esse mistério, eu sou esse mistério.
eu me vejo na escrita dela é isso que me encanta!
comentários(0)comente



Gabys17 03/03/2024

Achei q quando eu lesse Clarice pela primeira vez eu ñ ia entender nada ou até desistir.

Mas eu entendi. Entendi q ñ se lê Clarice Lispector, se absorve, e no fim vc ñ consegue explicar.
comentários(0)comente



Dida 02/03/2024

Vi um vídeo de Maria Bethânia falando sobre Clarice e Fernando pessoa que descreve muito bem o que sinto toda vez que leio algo de Clarice: "eu os leio e acho assim que eles tavam dentro de mim... eles escreveram o que eu sinto, escreveram o que eu penso, da maneira que eu penso, pelo lado que eu penso".
Não tem outra forma de definir, é isto: às vezes leio os textos dela e fico besta em como pode uma pessoa tão distante de mim no tempo e espaço poder falar exatamente o que se encontra em minha mente?
Água viva não tem enredo, é um fluxo de pensamento constante, sobre o agora, sobre o momento de agora que nunca conseguimos viver plenamente, ou definir, mas também é sobre tudo, sobre ser, sobre não ser, sobre viver, sobre a beleza que existe em tudo? é difícil falar sobre algo que a própria Clarice não soube descrever: Não sei sobre o que estou escrevendo; sou obscura para mim mesma.
Esse livro não serve para quem procura algo organizado, linear, cada coisa ?no seu lugar?. O lugar das coisas e acima de tudo, dos sentimentos e pensamentos é mutável, não pode ser fixado num lugar só, não se organiza, não tem limite. ?Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido.?
Esse livro é um não-livro: ?Este não é um livro porque não é assim que se escreve.? São pensamentos e sentimentos tentando assumir a forma escrita. E isso nem sempre é possível, nem sempre se torna algo ?lível? para todo mundo. Porque vc não pode só lê-lo, você precisa entender, viver aquilo. ?O que estou te escrevendo não é para se ler - é para se ser.?
Ele não vai fazer sentido para todos porque não pode ser explicado, ele não segue a ordem que as pessoas exigem que um livro tenha.
?Que mal porém tem eu me afastar da lógica? Estou lidando com a matéria-prima?.
comentários(0)comente



Annah12 02/03/2024

"O imprevisto improvisado e fatal me fascina."
Clarice Lispector criou por meio de Água Viva, um diálogo comovente e extasiante, pôs segredos a tona na leitura como se estivesse escrevendo em um diário, anotando seus pensamentos e fazendo deles, histórias de tempos presentes-futuros como num caleidoscópio.
O que a autora buscou transparecer, foi a materialidade por meio da abstração, onde a partir da criação de uma obra, surgissem inúmeras perguntas incapazes de serem respondidas apenas por palavras. Ela olhou além do que seus olhos eram capazes de ver, por isso, os diálogos são enraizados na realização de algo um tanto quanto inusitado e sensorial.

"Aliás, não quero morrer. Recuso-me contra "Deus". Vamos não morrer como desafio?"
"Não vou morrer, ouviu, Deus? Não tenho coragem, ouviu? Não me mate, ouviu? Porque é uma infâmia nascer para morrer não se sabe quando nem onde. Vou ficar muito alegre, ouviu? Como resposta, como insulto. Uma coisa eu garanto: nós não somos culpados."

Estamos diante de uma espontaneidade planejada, onde o acaso não controla a criação e sim participa dela, onde frases, fragmentos de memórias e temáticas metafóricas são postas como temas livres involuntariamente ao longo do livro.
O texto explicita tudo o que soa secreto, e Clarice, brilhantemente, criou algo como um expressionismo abstrato por meio de seus pensamentos noturnos.

"Entende-me: escrevo-te uma onomatopeia, convulsão da linguagem. Transmito-te não uma história mas apenas palavras que vivem do som."

A inteligência e o dom de Clarice Lispector para escrever, não pode ser descrito em palavras, ela passa do horizonte e torna inimaginável o simples fator da escrita.
Seu método de pensar e descrevê-lo, é inatingível, e você nem mesmo o precisa entender, ele foi feito para ser sentido.
Onde há um mundo totalmente abalado de caráter pessimista, há também pessoas como Clarice, que apesar de tudo, tornam acontecimentos normais, algo à margem da beatitude.

"Água Viva é um lindo poema em prosa, no qual se comemora a vida de tudo o que, intensamente, é. Sem receitas para decodificar o mundo enfeitiçado da incitante narrativa, o leitor toma consciência de que já não dispõe de modelos para ler, nem para entender Clarice Lispector."
comentários(0)comente



Eduarda 29/02/2024

Impossível não dar 5 estrelas para Clarice
Você inicia o livro não entendendo NADA e quando termina, continua entendendo nada.
Mas Clarice não se entende, se sente, e Água Viva reflete isso muito bem; eu não consigo descrever o que eu li, mas eu senti e senti muito, todas as suas palavras e emoções tocaram meu coração e eu espero que toque o de vocês.
comentários(0)comente



Luísa Anjos 29/02/2024

O melhor está nas entrelinhas
Gosto de reler Clarice. Já havia relido ?A Hora da Estrela? e foi uma experiência maravilhosa. Mas ?Água Viva? foi o primeiro monólogo dela que li, aos meus catorze anos, ansiosa para descobrir se tudo que falavam da escrita dela era verdade. E é.

As releituras nos permitem um retorno mais atento e esperto de um texto que já conhecemos; e minhas lembranças desse livro eram bem rupestres. Agora, aos vinte e dois e com algumas experiências rastejantes na vida, essas páginas me caem como uma luva. São como aquele momento, no meio da rotina, em que percebemos que estamos vivos. Clarice nos oferece essa epifania página após página, incessantemente e sem medo dos efeitos que podem surgir. Acredito que seja por isso que sempre volto às suas palavras, buscando algo para além do onírico e tão dentro de mim que é difícil de encontrar sem sua ajuda.
comentários(0)comente



Nath 29/02/2024

Expansão do ser
Esse livro é a pura expansão do que é ser, é como se estivesse tendo uma reflexão com uma amiga íntima. Clarice simplesmente faz você refletir e te convida para seu interior e sensorial. Eu apenas fui marcando as frases que mais me tocavam e quase marquei o livro inteiro. É incrível.

Vou deixar algumas frases aqui:

[?] Desde já é futuro, e qualquer hora é hora marcada. [?]

[?] Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero é uma verdade inventada. [?]

[?] O horrível dever é o de ir até o fim. E sem contar com ninguém. Viver-se a si mesma. E para sofrer menos embotar-me um pouco. Porque não posso mais carregar as dores do mundo. Que fazer quando sinto totalmente o que outras pessoas são e sentem? Vivo-as mas não tenho mais força. Não quero contar nem a mim mesma certas coisas. [?]

[?] Para onde vou? e a resposta é: vou. [?]

[?] Agora é um instante.
Já é outro agora.
E outro. Meu esforço: trazer agora o futuro para já. [?]

[?] Sobrevivo para ser. [?]

[?] Há muita coisa a dizer que não sei como dizer. Faltam as palavras. Mas recuso-me a inventar novas. [?]
comentários(0)comente



Izabella.BaldoAno 29/02/2024

Uma água-viva pode ser tão bela quanto perigosa. seus tentáculos são fluidos e atraentes; representam, talvez, antes de saber-se da dor causada por eles, a beleza do prazer desconhecido. a própria fluidez e imensidão da água, organismo vivo, é de causar um deslumbramento sem precedentes - também o desconhecido ali se faz beleza, prazer e dor.

a Água Viva de Clarice Lispector também se emaranha pelos caminhos da fluidez. aqui não se pode com muita certeza definir, por exemplo, um gênero literário já dado.

ao acompanhar essa narrativa que, em primeira pessoa, se dirige a uma segunda pessoa, não consigo presumir com muita segurança se a narradora se dirige a nós ou a outrem. não consigo dizer se a narradora é uma personagem ou a própria Clarice, despida de pudores, arriscando tecer uma trama de confissões tal qual se pinta uma dela abstrata e experimental.

Água Viva é um livro confuso e fantástico. cheio de reflexões marcantes, de saltos por temas que impressionantemente se conectam, de frases pra guardar pra vida. no posfácio de Eucanaã Ferraz, ele ousa afirmar que "em Água Viva, estamos próximos do que seria, na escrita, um expressionismo abstrato".

a própria narradora (ou a própria autora), aqui, nega qualquer tentativa de definição ou significação precisa, ela mesma demonstrando confusão sobre as formas de sua escrita: "na verdade ainda não estou vendo bem o fio da meada do que estou te escrevendo. acho que nunca verei - mas admito o escuro onde fulgem os dois olhos da pantera macia. a escuridão é meu caldo de cultura. a escuridão feérica. vou te falando e me arriscando à desconexão: sou subterraneamente inatingível pelo meu conhecimento.
escrevo-te porque não me entendo".

Água Viva tem essa beleza escancarada de algo que ousa adentrar na fluidez do que é desconhecido e do que recusa a precisão das formas pré-estabelecidas.
comentários(0)comente



Lucas990 28/02/2024

No começo eu estava detestando cada segundo e sem entender nada. No final eu estava amando tudo mas ainda sem entender nada.
Aqui entraremos na intimidade e confusão da mente de uma artista que diz, contradiz e torna a dizer. Até agora não sei se ela estava escrevendo a um amor ou um desamor. Não sei dizer se ela está feliz ou perdida. E tá tudo bem!
Vi em algum lugar que esse não é um livro para entender, é um livro para sentir. A partir do momento que você se entrega a isso, a leitura só não fica mais fluida pois vc vai ter que parar umas 700 vezes para grifar textos que são como um quentinho no coração ou um soco no estômago.
comentários(0)comente



Lailinha 28/02/2024

Simplesmente Clarice.
?Então respondo com a pureza de uma alegria indomável. Recuso-me a ficar triste. Sejamos alegres. Quem não tiver medo de ficar alegre e experimentar uma vez sequer a alegria doida e profunda terá o melhor de nossa verdade.?
comentários(0)comente



Vini 28/02/2024

Pretendo ler pra entender melhor em outro momento...
"E quero a desarticulação, só assim sou eu no mundo. Só assim me sinto bem.

Sinta-se bem. Eu na minha solidão quase vou explodir. Morrer deve ser uma muda explosão interna. O corpo não aguenta mais ser corpo. E se morrer tiver o gosto de comida quando se está com muita fome? E se morrer for um prazer, egoísta prazer?"
comentários(0)comente



naoeumaresenha 27/02/2024

Não existe livro mais clarice do que esse livro. esse é o verdadeiro encontro com a personagem e com a escritora, se aprofundar na potencia de clarice de narrar e de descrever os sentimentos.
comentários(0)comente



Carla.Parreira 27/02/2024

Água Viva (Clarice Lispector)...
Melhores trechos: "...Mas o instante-já é um pirilampo que acende e apaga. O presente é o instante em que a roda do automóvel em alta velocidade toca minimamente no chão. E a parte da roda que ainda não tocou, tocará em um imediato que absorve o instante presente e torna-o passado. Eu, viva e tremeluzente como os instantes, acendo-me e me apago, acendo e apago, acendo e apago. Só que aquilo que capto em mim tem, quando está sendo agora transposto em escrita, o desespero das palavras ocuparem mais instantes que um relance de olhar. Mais que um instante, quero seu fluxo... Ganhei dama-da-noite que fica no meu terraço. Vou começar a fabricar o meu próprio perfume: compro álcool apropriado e a essência do que já vem macerado e sobretudo o fixador que tem que ser de origem puramente animal. Almíscar pesado... Não me sinto bem. Não sei o que é que há. Mas alguma coisa está errada e dá mal-estar. No entanto estou sendo franca e meu jogo é limpo. Abro o jogo. Só não conto os fatos de minha vida: sou secreta por natureza... Arrepio-me toda ao entrar em contato físico com bichos ou com a simples visão deles. Os bichos me fantasticam. Eles são o tempo que não se conta. Pareço ter certo horror daquela criatura viva que não é humana e que tem meus próprios instintos embora livres e indomáveis. Animal nunca substitui uma coisa por outra... Rosa é a flor feminina que se dá toda e tanto que para ela só resta a alegria de se ter dado. Seu perfume é mistério doido, quando profundamente aspirada toca no fundo íntimo do coração e deixa o interior do corpo inteiro perfumado... Já o cravo tem uma agressividade que vem de certa irritação. São ásperas e arrebitadas as pontas de suas pétalas. O perfume do cravo é de algum modo mortal. Os cravos vermelhos berram em violenta beleza. Os brancos lembram o pequeno caixão de criança defunta: o cheiro então se torna pungente e a gente desvia a cabeça para o lado com horror... O girassol é o grande filho do sol. Tanto que sabe virar sua enorme corola para o lado de quem o criou. Não importa se é pai ou mãe. Não sei. Será o girassol flor feminina ou masculina? Acho que masculina. A violeta é introvertida e sua introspecção é profunda. Dizem que se esconde por modéstia. Não é. Esconde-se para poder captar o próprio segredo. Seu quase-não-perfume é glória abafada mas exige da gente que o busque. Não grita nunca o seu perfume. Violeta diz levezas que não se pode dizer. A sempre-viva é sempre morta. Sua secura tende à eternidade. O nome em grego quer dizer: sol de ouro. A margarida é florzinha alegre. É simples e à tona da pele. Só tem uma camada de pétalas. O centro é uma brincadeira infantil. A formosa orquídea é exquise e antipática. Não é espontânea. Requer redoma. Mas é mulher esplendorosa e isto não se pode negar. Também não se pode negar que é nobre porque é epífita. Epífitas nascem sobre outras plantas sem contudo tirar delas a nutrição. Estava mentindo quando disse que era antipática. Adoro orquídeas. Já nascem artificiais, já nascem arte. Tulipa só é tulipa na Holanda. Uma única tulipa simplesmente não é. Precisa de campo aberto para ser. Flor dos trigais só dá no meio do trigo. Na sua humildade tem a ousadia de aparecer em diversas formas e cores. A flor do trigal é bíblica. Nos presépios da Espanha não se separa dos ramos de trigo. É um pequeno coração batendo. Mas angélica é perigosa. Tem perfume de capela. Traz êxtase. Lembra a hóstia. Muitos têm vontade de comê-la e encher a boca com o intenso cheiro sagrado. O jasmim é dos namorados. Dá vontade de pôr reticências agora. Eles andam de mãos dadas, balançando os braços e se dão beijos ao quase som odorante do jasmim... Estrelícia é masculina por excelência. Tem uma agressividade de amor e de sadio orgulho. Parece ter crista de galo e o seu canto. Só que não espera pela aurora. A violência de tua beleza. Dama-da-noite tem perfume de lua cheia. É fantasmagórica e um pouco assustadora e é para quem ama o perigo. Só sai de noite com seu cheiro tonteador. Dama-da-noite é silente. E também da esquina deserta e em trevas e dos jardins de casas de luzes apagadas e janelas fechadas. É perigosíssima: é um assobio no escuro, o que ninguém aguenta. Mas eu aguento porque amo o perigo. Quanto à suculenta flor de cactus, é grande e cheirosa e de cor brilhante. É a vingança sumarenta que faz a planta desértica. É o esplendor nascendo da esterilidade despótica. Estou com preguiça de falar da edelvais. É que se encontra à altura de três mil e quatrocentos metros de altitude. É branca e lanosa. Raramente alcançável: é a aspiração. Gerânio é flor de canteiro de janela. Encontra-se em São Paulo, no bairro de Grajaú e na Suíça. Vitória-régia está no Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Enorme e até quase dois metros de diâmetro. Aquáticas, é de se morrer delas. Elas são o amazônico: o dinossauro das flores. Espalham grande tranquilidade. A um tempo majestosas e simples. E apesar de viverem no nível das águas elas dão sombras. Isto que estou te escrevendo é em latim: de natura florum. Depois te mostrarei meu estudo já transformado em desenho linear. O crisântemo é de alegria profunda. Fala através da cor e do despenteado. É a flor que descabeladamente controla a própria selvageria... O futuro é meu — enquanto eu viver... Ah viver é tão desconfortável. Tudo aperta: o corpo exige, o espírito não pára, viver parece ter sono e não poder dormir — viver é incômodo. Não se pode andar nu nem de corpo nem de espírito..."
comentários(0)comente



Vanêssa 25/02/2024

Poético
Com uma prosa lírica e fragmentada, Clarice nos apresenta reflexões sobre a vida, a arte e a própria existência.

"E não tenho medo do fracasso. Que o fracasso me aniquile, quero a glória de cair."
comentários(0)comente



Giulia29 25/02/2024

?????-????
Livro muito bom. Gostei demais da forma que a Clarice aborda os assuntos, as comparações, principalmente com as ostras, são MUITO bem elaboradas. Grifei quase o livro inteiro, porque tem muitas frases incríveis que nunca tinha lido em nenhum outro lugar. É muito lindo, perfeito. Deveria ser maior. ??????????
comentários(0)comente



1488 encontrados | exibindo 196 a 211
14 | 15 | 16 | 17 | 18 | 19 | 20 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR