Patty Santos - PS Livros 17/04/2016Empolgante..."Todos me conhecem pelo número de minutos em que estive morta. Eles pesam que isso define quem sou. Pensam que podem me controlar. Eles estão muito engados."
Rebelde é a continuação de Reboot livro de estreia da autora Amy Tintera. Li Reboot ano passado e tive que amargar a espera de um ano para poder ler a continuação dessa distopia que me surpreendeu não somente pela boa história e por seus personagens, mas por ter uma narrativa empolgante, rápida e envolvente.
Boa parte da população do Texas foi dizimada por um vírus mortal, e a população sobrevivente entrou em choque quando seus mortos começaram a voltar à vida. Não somente quem era vitimado pelo vírus, mas quem era morto e já tinha contraído o vírus, voltava à vida, só que não como um humano normal. Eles voltavam mais fortes, mais rápidos, com a capacidade de regeneração quase que instantânea. Eram praticamente invencíveis. E quanto mais tempo eles permaneciam mortos menos humanidade lhe restavam. A essa "nova espécie" deram o nome de Reboot.
Cada Reboot era conhecido pelo número de minutos que permaneceu morto. Eles eram marcados, e levavam no pulso o número capaz de gerar pânico quanto maior fosse. Os Reboots eram controlados pela CRAH, Corporação de Repovoamento e Avanço Humano, ou pelo menos a CRAH acreditava poder controla-los.
Wren é uma 178, que foi morta aos 12 anos com três tiros no peito. Ela sempre fora a menina dos olhos da CRAH, obedecendo cegamente às ordens da Corporação. Isso até conhecer Callum, um 22, que é considerado praticamente um humano. Juntos desafiaram a CRAH após descobrirem as experiências que a organização estava fazendo com os Reboots, uma dessas experiências quase transformou Callum em um "comedor de carne humana" e vitimou a única amiga de Wren.
Wren invadiu uma instalação da CRAH em busca do antídoto para Callum e libertou mais de 100 Reboots das garras da organização. Agora eles estão à busca de uma Reserva de Reboots, um lugar onde humano não é bem vindo. Um lugar onde eles acreditam poder viver em paz com a sua espécie e longe da CRAH. Mas nem tudo são flores, logo eles percebem que o inimigo pode estar em qualquer lugar e não necessariamente são humanos.
É justamente nessa parte que começa Rebelde, Wren e Callum, mais cerca de cem Reboots desembarcam na Reserva que é administrada por Micah, um Reboot que possui ideias bem particulares em relação a raça humana, ou o que sobrou dela. Há tempos Micah vem preparando um exército Reboot, para atacar as cidades. As práticas de Micah para conseguir novos Reboots são bem questionáveis e vão contra tudo aquilo que Callum acredita.
Nesse segundo livro a autora deixa claro que apesar de um Reboot com um número alto imponha medo; respeito e liderança não tem nada haver com um número, é questão de carácter, tem haver com aquilo que você acredita, e pelo que acha certo lutar. Callum nos mostrou que apesar de ser um 22 ele possui uma força de carácter e um espirito de liderança nato, que nem ele mesmo sabia que existia.
Callum não consegue entender o ponto de vista de Micah em relação aos humanos, e seus sentimentos em relação à Wren sofre certo abalo, quando Wren releva que ela entende a lógica de Micah. Desde o surgimento dos Reboots eles são tratados como uma aberração e desprezados pelos humanos. Para Micah a única saída é transformar todos os humanos em Reboots, só assim eles alcançariam a paz.
Wren e Callum agora possuem dois inimigos, eles terão que lutar contra a CRAH que ainda possuem Reboots sob sua custódia e contra Micah e seus planos de exterminar a raça humana. Apesar de muitas vezes questionar se vale a pena lutar pelos humanos, Wren nos mostra ter muito mais sentimentos do que aparenta. Callum com toda certeza é uma grande influência para ela.
A história de Rebelde gira em torno dos conflitos contra a CRAH e o Reboot Micah e seus simpatizantes. Apesar de termos o romance entre Wren e Callum ele é algo sutil, não é o principal desse livro, o sentimento que existe entre os dois é o que aproxima Wren da humanidade, é o que faz com que ela pense antes de matar alguém, é o que a mantém firme em seus propósitos.
A narrativa do livro é em primeira pessoa e intercalada, ora temos o ponto de vista de Wren, ora temos o de Callum. A autora conseguiu me deixar sem respirar durante alguns segundos durante um capítulo quase no final do livro, isso sinceramente não se faz, pura maldade.
A história é bem fechadinha, é claro que como uma boa distopia alguns personagens carismáticos morrem, eu já estou tão acostumada que nem sofro mais (#SQN). Callum já tinha me conquistado no primeiro livro, nesse ele me arrebatou, é um personagem carismático, que sempre acredita no melhor das pessoas.
Amy conseguiu em meio a um cenário caótico, criar um romance improvável, que foi o estopim para as mudanças no comportamento de Wren, e que foi também a salvação para ambas as espécies. Com uma narrativa empolgante e cheia de ação, mesmo a premissa não sendo muito inovadora e final sendo bem previsível, o livro me ganhou, conseguiu me prender do começo ao final e não me desapontou. Se você como eu ama distopias, tem que dar uma chance para Reboot e Rebelde de Amy Tintera.
"Eu não me importava.
Eu não me importava.
Eu não me importava.
E deixei escapar um grito de frustração ao soltar seu pescoço, curvando-me ligeiramente para trás... Passei uma das mãos pelos olhos e percebi que estavam úmidos... Pensei em matá-lo, mas desisti novamente, sendo vítima da mesma sensação nojenta. Eu poderia matar alguém simplesmente por ser mais forte? Eu era esse tipo de pessoa?
Não. Eu não era esse tipo de pessoa."