Brina.nm 14/09/2016Resenha pelo blog Gordinha AssumidaSabe aquele livro que você não dá nada pra ele, mas acaba se tornando uma leitura que você quer indicar pra todos na rua, e principalmente para pessoas preconceituosas? Então, esse é o livro.
Antes de começar a resenha, eu gostaria de ‘contar’ que eu sou uma pessoa de cabeça muito aberta com a questão da homossexualidade, e passo dias com raiva quando escuto um discurso preconceituoso com relação a isso, ainda mais vivendo em uma família de evangélicos, e trabalhando para uma pessoa evangélica. Toda discriminação, todos os discursos sem base de conhecimento nenhum, de como se ‘ser gay, ser lésbica’ fosse uma forma de se rebelar, que se ela entrar na igreja Deus vai curar ela, de como Deus criou homem e mulher e blá blá blá, me irrita em um ponto que prefiro sair de perto da pessoa pra não sair em um bate boca, como já sai várias vezes com minha mãe e não adiantou em nada.
Mas em fim, agora com vocês sabendo como me sinto com esse assunto, devem ter uma ideia de como esse livro mexeu comigo, e que eu queria mesmo, de verdade, que todos que tem seus discursos homofóbicos pudessem ler esse livro para entender um pouco o que se passa na cabeça de um homossexual, e ver como é triste viver se escondendo e tentando se encaixar no modelo padrão da sociedade.
Imperfeito foi uma leitura que escolhi sem saber do que se tratava do tema, mas quando fui adicionar depois ao Skoob, pude perceber que foi uma ótima escolha, daquelas que abre mais sua mente e te coloca no lugar do personagem, fazendo com que você sinta todas as suas dores e dúvidas.
Daniel é um exemplo pra família, é um jogador de futebol, um garoto estudioso e que adora ler, mas nunca sentiu uma forte atração por mulheres, mesmo já tendo namorado muitas. Quando ele beija Andy, seu amigo, ela acaba percebendo que gosta mesmo de homens, e que isso pode ser um verdadeiro problema. Ainda mais quando ele vê um garoto na rua apanhando por isso.
Um dia ele está andando pela cidade, e encontra um rapaz lindo, Bernardo, que lhe diz que não há problema nenhum em ser gay, que ele será mais feliz se aceitar isso, mas será que vai ser mesmo?
O garoto cogita várias vezes contar para seus pais, para poder parar com essa farsa que criou, essa confusão que está sua vida, onde ele fuma, bebe e se machuca todos os dias, para aliviar essa pressão que lhe estão impondo, mas ao ouvir sua mãe conversando com uma amiga, seu coração se despedaça mais, e ele percebe que nunca será aceito do jeito que é.
"-Sabe Tereza, - minha mãe faz uma pausa. – Eu preferia ter um filho bandido, do que ter um filho gay. Isso é uma vergonha!"
Todo o medo, todas as situações que ele se mete só para poder se esconder, tentar ser aquele garoto ‘normal’ que gosta de meninas, é de cortar o coração, pois vemos todo seu sofrimento, toda a mudança de personalidade, de um garoto jovem e alegre para um estressado e distante, onde tudo é motivo para que ele exploda.
O ‘final’ do livro é triste, emocionante, e um pouco ‘esperado’, pois vemos o resultado de se assumir, e que era realmente do jeito que ele imaginava: nada fácil. Toda dor que ele passa, violência, humilhação, confesso que fiquei com muita raiva, pois fiquei com aquele sentimento: como as pessoas podem ser tão cegas, tão preconceituosas e tão violentas até com quem elas conhecem? Tudo é tão surreal, é uma escolha que não tem nada a ver com você, que não vai mudar em nada a sua vida, somente a daquela que é homossexual, mas ainda assim as pessoas tendem a se comportar como se fossem uma aberração ter uma ‘coisa’ dessas por perto.
Em fim, eu recomendo muito essa leitura, pois ela nos abre mais os olhos ainda para o quanto é difícil se assumir em um país em que o preconceito é passado tão livremente em todos os canais de televisão, onde as pessoas simplesmente pregam a violência ao invés de o amor.
Agora é esperar o segundo livro, o qual não vejo a hora de ler para ver como Daniel irá viver após ter contato a todos a sua opção, e ter passado pelo que passou.
"Sei que isso pode ser difícil e estranho, - continuo, a voz calma e direta. – Mas eu preciso que vocês saibam. Eu sou gay. E eu peço desculpa por isso."
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