Nossos ossos

Nossos ossos Marcelino Freire




Resenhas - Nossos Ossos


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Toni 18/04/2024

Nossos ossos [2013]
Marcelino Freire (PE, 1967-)
Record, 2013, 128 p.

“Nossos ossos” é um romance breve, de capítulos curtos e parágrafos marcados por vírgulas que emprestam uma cadência teatral à fala de seu protagonista, não por acaso um dramaturgo que migrou de Recife para São Paulo em busca de seu primeiro amor. Semelhante economia e precisão narrativas revelam um percurso que esconde muito pouco dos sentidos do texto, construído como um cadafalso que esteve o tempo todo presente no palco, mas que só conseguimos enxergar quando seu mecanismo mortal é finalmente acionado.

Na economia da obra, as lembranças de Heleno de Gusmão, o narrador, são acionadas por um crime brutal em seu presente: o assassinato do garoto de programa com quem se relacionava. A essa disrupção (que tem muito de normalidade entre grupos marginalizados), segue-se a necessidade de encontrar os pais do rapaz e levar seu corpo de volta à família no interior de Pernambuco. Heleno cuida dos detalhes burocráticos desde a liberação do corpo no IML ao transporte funerário que atravessará o país e decide acompanhar ele mesmo o cortejo, entrelaçando ao retorno do “boy” seu próprio retorno a diferentes etapas de sua vida afetiva, familiar, sexual e profissional.

A fragmentação narrativa e sua composição não-linear traduzem com sucesso as angústias de um universo de personagens em situação de vulneralibilidade social, bem como suas estratégias para sobreviver à aversão familiar e/ou à hostilidade dos grandes centros urbanos. Por meio da voz de Heleno e de outras personagens que atravessam a narrativa, o romance tenta articular em suas duas partes (chamadas Parte Um e Parte Outro) uma alteridade fadada ao fracasso, mas que continua a ser alimentada por aquela busca incessante do outro dentro de nós e dos pedaços nossos que deixamos (abandonamos, entregamos) para o outro.
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fabictito 31/01/2024

???
Comprei porque um senhor da livraria me recomendou. Pareceu interessante então resolvi dar uma chance pra algo nacional e novo pra mim, que eu não tinha nenhuma dica de como seria. Tem a questão de as falas não serem pontuadas certinhas, o que causa uma estranheza na leitura, mas logo me acostumei. Apesar disso, a leitura foi SUPER fluida e rápida, os capítulos curtinhos ajudam também. Achei muito maneiro e fiquei chocada com o final!!!
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Nicholas Sana 16/09/2023

Ahhh Marcelino
Nesse conto longo ele trava o seu mundo em nossa mente como um cajado de Moisés?.meus ossos encontraram os vossos certamente..:
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Cristian Monteiro 09/08/2023

A experiência do autor com contos influencia muito a concepção dessa obra: Rápido, fluído e envolvente, a experiência, quase como um sopro de vida.

Sem nunca perder o ritmo o autor vai narrando a jornada de um homem lidando com a melancolia, alternando entre o passado como um jovem apaixonado e o presente, onde ele estipula que deve levar o corpo de um garoto de programa para sua terra natal.
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GiuLaganá 28/05/2023

Todos temos nossos ossos
Resolvi ler o livro por conta denúncia clube de leitura da Livraria Cabeceira, que fica na Vila Romana, em SP. Comprei para participar, mas gostei do livro. Gostoso de ler e com muitas partes que me fizeram refletir ainda mais sobre a vinda de nordestinos a SP.
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Tony 28/11/2022

É uma história bem sensível e que conversa com o íntimo do leitor a sua maneira. Acredito que quanto mais experiência acerca de estilos de escrita você tiver, melhor será sua leitura. Para mim foi um pouco confuso já que não possuo essa experiência e me perdi na mistura de uma escrita teatral, poética, não linear e meio saramaguiana. Mas ainda assim pude mergulhar nessa história que evidencia uma realidade dura no amor, na busca de melhoria de vida e nas conexões com suas raízes de Heleno (o protagonista), numa narrativa tão dramática quanta a própria realidade.
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Arthur B. Senra 23/11/2020

Palavras em movimento acompanham um protagonista em deslocamentos.
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Silvio 09/02/2020

Uma excelente leitura, recomendo! A literatura brasileira de qualidade ainda existe e resiste.
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Antonio Maluco 01/12/2019

História
O livro conta a história de uma morte de um homem e seu trajeto até sua cidade de origem do seu corpo morto
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Charlene.Ximenes 09/08/2018

Nossas dores
A obra do Marcelino Freire, autor contemporâneo brasileiro, traz uma prosa poética que bagunça e incomoda o leitor. Já li alguns de seus livros e gosto muito das sensações que seus textos me trazem. Freire é pernambucano (precisamos ler mais autores nordestinos), já ganhou o prêmio Jabuti e o Machado de Assis (da Fundação da Biblioteca Nacional). A obra já foi traduzida para o francês e espanhol.

"Nossos ossos" é a primeira novela de Marcelino, que já havia se consagrado como contista. É importante destacar a arte da capa que é de Lourenço Mutarelli. O tom autobiográfico é evidente ao longo da narrativa, que reflete a trajetória de Heleno, um sertanejo pernambucano que se firma em São Paulo como dramaturgo e acaba entrando em crise ao saber que um dos seus amantes foi assassinado. Uma característica peculiar é que os episódios da narrativa são alternados com relação ao cadáver do amante e às memórias da infância de Heleno até sua chegada em São Paulo.

Angustia, dor, fragilidade, as relações que remetem à vida nas ruas bem como tensões constantes no que toca às relações humanas estão presentes na novela.
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Gladston Mamede 12/11/2017

Literatura brasileira contemporânea, com pontuação muito estranha, difícil de se acostumar, no início, mas um recurso poético que, para ele, pareceu necessário. Algumas partes interessantes, algumas muito interessantes, outras completamente desinteressantes. Mas, no final das contas, valeu a pena ler. Aviso aos homofóbicos: a história constrói-se em universo homoafetivo, o que pode incomodar a alguns. A mim não incomodou. Agora, aviso aos homoafetivos: há algumas passagens pesadas sobre o universo gay. Bem pesadas. Levei um susto grande. Ou é ficção ou é barra, viu? Vale a pena ler.
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Dhiego Morais 20/09/2017

Nossos Ossos
Desenterrei essa resenha, uma das primeiras que escrevi, há três anos. É possível que não esteja tão boa, mas achei útil publicá-la. Enjoy!

Está aí um autor nacional que eu desconhecia; vencedor de um Jabuti em 2006 por Contos Negreiros e que até o meu celular (no corretor automático) conhece! (Que loucura! Onde eu estava para desconhecer isso?!).
Foi durante o programa Viagem Literária (um programa do Estado de São Paulo que visa aproximar os autores do público, levando-os às bibliotecas, em eventos gratuitos) que eu decidi escrever esta resenha, enquanto pensava cá, no meio do bate-papo, a respeito de “Nossos Ossos”, primeiro romance desse autor nascido em Sertânia (PE).
“Nossos Ossos” é um romance que muitas vezes me lembrou da forma de uma crônica. Uma crônica mais longa que o usual. Narrado em primeira pessoa, o livro nos apresenta a figura curiosa de Heleno, um homem que dedicou quase toda a vida à escrita de textos adaptados para o teatro, principalmente.
“O caixa também sabe de mim, olá, como estamos, ele igualmente quer garantir se está tudo em ordem, é uma grande soma em dinheiro, nem eu imaginaria que tivesse esse montante em conta, uma existência dedicada aos palcos, a primeira peça que escrevi faz quase trinta anos.” [página 15-16]
O livro inteiro é narrado desta forma, meio discorrida e com as falas e pensamentos da personagem inseridos bem entre os parágrafos, como uma mãe apressada contando os fatos para o seu filho. Bem característico da oralidade nordestina.
Pois bem, falando em nordestino: a personagem principal, Heleno, é um homem de meia idade, pernambucano, dramaturgo reconhecido por seu trabalho, caçula de uma família de nove filhos (Marcelino também é o caçula entre nove filhos de sua mãe), artista da família, e detentor de uma melancolia interessante, que não irrita, mas permite que o leitor se inteire sobre as sensações dele, enquanto narrador.
Nossos Ossos é uma odisseia brasileira onde a temática do êxodo rural está presente como plano de fundo, e onde as questões sociais e do dia-a-dia (sexo, homossexualidade, prostituição, crime) também atribuem o seu tempero a mais.
Heleno é um recém-chegado à São Paulo: sonhador em busca de sucesso e reconhecimento, junto pelo desejo em encontrar Carlos, é recepcionado pelo abandono do mesmo. É necessário se virar como pode. Desta forma, Heleno de Gusmão prossegue com a vida na metrópole, aproveitando e experimentando de tudo, sem pudor ou remorso, desde o sexo sem compromisso com prostitutos até as mais variadas expressões da vida noturna. Mais tarde acaba conhecendo Cícero – o Boy —, e é aí que a história realmente engrena.
“Eu amei de tudo e vou continuar amando.” (contracapa).
Logo no início do livro somos confrontados, junto a Heleno, com a morte brutal de Cícero. A odisseia começa então, com Heleno buscando a todo custo, sem medir esforços e gastos, encontrar a família do Boy, bem como descobrir mais sobre o assassinato do michê. A tarefa de levar o caixão com o corpo é tida para Heleno como uma de suas maiores tarefas em vida.
Dos inferninhos e casas de prazer em São Paulo, até Poço do Boi, Pernambuco, Heleno nos encaminha melancolicamente pela sua história, quase um teatro encenado em vida,, enquanto Marcelino Freire não poupa de sua estilística incomum ao unir frases e falas-pensamentos, caminhamos pela empreitada do nordestino. Há uma conexão muito forte entre as páginas do livro.
Não há um apelo sexual entre as linhas de seu livro, mas uma naturalidade incrivelmente cômoda nisso em suas personagens. E é este trabalho com as ideias, de modo tão real, coligado aos inúmeros jogos com palavras, que transfere a Marcelino Freire uma astúcia deliciosa ao leitor.
Uma parte interessante do livro se encontra em... bem, todos os capítulos! Sim, não é brincadeira. Refiro-me aos títulos dos capítulos, que citam sempre alguma parte do corpo humano (ligamentos, pés, mãos, músculos, etc.), e que, juntas, montam um esqueleto! Daí vem parte do título do livro ser Nossos Ossos. É claro que, a infância de Heleno, quando ele encontrava fósseis dos mais variados animais (inclusive de humanos!) também possuem um toque cá ou lá.
“Nossos Ossos” é dividido em duas partes: Parte Um e Parte Outro (mais jogos de palavras! Quem curte essa característica pode conferir “EraOdito”, também de Marcelino Freire. É bem interessante!). Enquanto leitor, muitos podem questionar se a obra é autobiográfica. Bom, de acordo com o próprio autor, existem sim passagens que beiram a semelhança com a sua história, mas, entretanto, o romance é praticamente ficcional.
Ouso dizer que, apesar de literatura fantástica não estar entre o leque de Marcelino, “Nossos Ossos” possui uma jogada magistral em seu final (não direi porque será spoiler! Haha) que beira o fantástico.
Por fim, se você procura um livro peculiar, que aborde todas estas questões do cotidiano, presentes entre as sombras da noite das cidades; um livro com uma pitada fantástica no finalzinho; bem, insisto para que você dê uma chance a “Nossos Ossos”, afinal...
“Nossos Ossos encontram os vossos.” (página 127).
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@varaomichel 26/04/2016

Eu não gosto de falar mal de livros, porque parto do pressuposto de que sempre haverá alguém pra gostar de qualquer livro. Mas, a sensação que eu tive lendo Nossos Ossos é que ele "entregava" a história sem desenvolvê-la. É como se eu estivesse lendo um esqueleto (perdoem o trocadilho) de um livro que estava ainda por ser escrito. Li alguns contos do Marcelino e, olha, acho muito melhores do que o Romance. Vale começar por eles o conto "Vestido Longo" é de uma poesia impactante.
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Mari 03/02/2015

Nossos ossos é um livro pra sentir devagar. É breve, mas a leitura, ritmada, rimada, exige alguma paciência pra bem sorver sua cadência. É teatral, tragédia tão brasileira de um nordestino levado pela esperança (e pelo amor) à fera paulicéia, esmigalhado de sonhos, pra urdir seu talento artístico alimentado de faltas e desesperanças. Tecido com esmero, a montagem de uma peça própria nos títulos dos capítulos é uma obra à parte. Para ser lido com vagar, apreciado, descoberto, prêmio para o leitor atento, de coração aberto.
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