*Janne* 15/09/2010Porque o monstro muitas vezes está além das aparências...Achei esse livro de uma doçura incalculável.
Ele é simplesmente maravilhoso, charmoso e... delicado.
Essa nova roupagem para o sucesso infantil A Bela e a Fera me deixou com lágrimas nos olhos por várias páginas. Afinal, a ideia da narrativa ser em primeira pessoa e essa pessoa ser, digamos assim, a "Fera", tornou tudo mais amplo e detalhado.
Achei incrível como a transformação foi abordada. Como o Kyle sofreu penamente a rejeição do pai, dos amigos, do mundo, mas principalmente, como ele sentiu a sua própria rejeição, de não conseguir se olhar no espelho, de se odiar tanto e não somente pela sua aparência. Essa foi a melhor lição do livro, o que fica de fora no clássico infantil.
A parte feminina da história no entanto, deu uma maior ênfase a essa lição, já que a Lindy não é descrita como altamente linda fisicamente. Ela faz parte da escória da sociedade, precisa suportar humilhações e maus-tratos para conseguir sobreviver, mas ainda assim, não perde a esperança. Isso a faz "bela". Isso a faz ser admirada por Kyle, porque ela é tudo que ele jamais seria.
Outra coisa que me chamou bastante atenção foi a abordagem que foi feita de vários títulos famosos como O Corcunda de Notre-Dame e Dorian Gray, sendo utilizados para ensinar ao Kyle lições primorosas. Foi muito interessante ver como em certo ponto, ele se vê refletido nos personagens dos livros e aquilo o frustra muito, já que ele estava acostumado a ter uma visão deturpada de si mesmo: o garoto lindo, rico e desejável que podia fazer absolutamente tudo.
Iniciei o livro com uma perspectiva fraca: de que era uma repetição de uma bobagenzinha infantil, mas admito que me enganei. Alex Flinn mostrou de uma forma muito engenhosa como as pessoas se vêem e como na verdade, elas são vistas. Ninguém é mosntro o suficiente que não possa mudar, ninguém é lindo o bastante para que não seja um monstro. E foi dessa forma que Kyle descobriu que a sua vida era uma verdadeira mentira, e foi muito emocionante vê-lo se aceitar como uma "besta".
Amei o livro. Tá recomendadíssimo!