spoiler visualizarIvens 18/03/2022
A beleza importa?
Essa é uma pergunta que pode reverberar nas mentes como um monólogo fugaz ou trivial, não obstante, a pós-modernidade nos incutiu um julgamento da beleza sob uma visão dessacralizada ou uma percepção que procura enxergá-la como acessório opcional no repertório das produções culturais, uma vez que máxima dos descomprometidos, "isto é gosto pessoal", se interpõe à realidade. E essa realidade, se manifesta ao enxergar a beleza como valor estético, e também, como reflexo direto dos anseios humanos. Anseios em sentido racional, à parte do niilismo, do vício ou da "disneyficação".
A antropologia tem a muito tempo refletido sobre a cosmovisão religiosa humana, em suas diversas sociedades, mas como um dos traços comuns está a sacralidade do que é divino, que é elevado, daquilo que pode estar no mundo, para que seja preservado e adorado, mas que não é mundano, para que não venha a ser profanado. É daí que nasce a ideia do "belo", e se perpetua como herança de valores nas culturas. Se valores importam, a beleza também importa! Em tempos de subversão doentia ou relativização exacerbada, Roger Scruton permite ao leitor julgar seriamente a si próprio e o ambiente no qual está imbuído, além de instigar ao comprometimento individual pela busca e admiração da beleza, não como um conceito teórico, mas como necessidade humana.
Esta leitura, e este escritor, não prometem nos tomar pela mão e inculcar a sua própria definição de beleza, mas de reconhecê-la com propriedade e de a preservarmos, porquanto é necessidade intrínseca de cada alma.