livrodebolso 14/10/2019
As crônicas, por vezes assustadoras, juntas, formam um romance futurista (publicado em 1954, tem seu início em 1999 e encerramento em 2026), porém, podem ser lidas separadamente. Ainda assim, o contexto como um todo garante uma experiência melhor, eu acho.
Desde a primeira expedição ao planeta Marte, completamente frustrada, percebemos que os marcianos são muito mais evoluídos que os homens: eles conseguem se comunicar telepaticamente e usar sua mente de maneira admirável.
Antes do ano de 1999, os homens não haviam feito contato com Marte, e sua chegada repentina foi percebida precocemente e acompanhamos a reação cognitiva de uma marciana, que não resulta em coisa boa.
As expedições seguintes servem para ilustrar toda a capacidade intelectual marciana, muito mais avançada que a humana, e também perecem rapidamente.
Quando a quarta expedição chega ao planeta vermelho, a surpresa é aterradora. E os homens finalmente podem se apossar do que nunca foi seu.
Os fantasmas que sobram assombram os humanos que tentam agir naturalmente, criar um novo senso de patriotismo, recomeçar, enquanto a terra sucumbe em uma grande guerra.
Os (norte) americanos monopolizaram as viagens interplanetárias, e todos conhecemos o seu senso de amor à pátria. Sendo assim, pouco esforço se fez para brecar a ruína subsequente.
E, àquela que era uma civilização completa, com história, tecnologia, e esperança se tornou vítima de um povo ganancioso.
Nós já vimos isso antes, aqui mesmo, na Terra, não é verdade? .
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Dentre as vinte e seis crônicas, algumas longas, outras que não ocupam uma página inteira, todas incomodam de alguma maneira. Bradbury não escreveu uma palavra que não despertasse asco no leitor, que não fosse uma crítica bem colocada, e a junção de todas formam um dos melhores livros que já li (outra vez) na vida.
Eu me lembro, de, na primeira leitura que fiz desta obra, ler na primeira página, uma frase que muito me impactou: "é sempre bom renovar nosso senso de espanto", e tarefa foi concluída com sucesso.