Bruna 01/09/2014 Legado de sangue é um sobrenatural dividido em duas partes. A primeira, é narrada por Francesca, que conta sua história para as netas Carmen e Ana. E a segunda parte é narrada por Carmen.
De uma forma geral, o livro retrata a tentativa de Miguel, o último vampiro do mundo, de evitar o fim da sua espécie. As únicas mulheres capazes de se reproduzirem com um vampiro eram as bruxas, ou descendentes de bruxas, e Miguel passou anos atrás destas mulheres, até que encontra uma dessas jovens na Europa. E isso acabou por marcar a vida de três gerações de suas descendentes.
Francesca é filha da bruxa encontrada por Miguel, anos antes, e não sabe nada de suas origens místicas. Ela vem para o Brasil com a filha pequena, Teresa, e ainda grávida de Marco, fugindo do caos da segunda guerra mundial, e aqui é "resgatada" por Miguel. Este, muito sedutor e misterioso, lhe propõe a salvação de seus filhos, que estavam quase morrendo de subnutrição, e uma vida próspera, em troca de um filho.
E é assim que começa o tormento de Francesca, pois Miguel logo se revela uma pessoa não muito confiável e sincera, e ele mantem a jovem aprisionada por vários anos. A personagem realmente sofreu muito, e tinha hora que eu ficava muito indignada com tudo que acontecia com ela, e a reação (ou a falta dela) de outros personagens a isso.
Após Francesca narrar toda sua vida sofrida e miserável nas mãos de Miguel, voltamos ao presente do livro (por volta da década de 70 ou 80), com a narração de Carmem,. A jovem se mostra cada vez mais fascinada pela mansão abandonada da cidade, mansão essa que ela acredita ser a antiga casa de Miguel, da história de sua avó. E aí temos o início de uma repetição da história, dessa vez com Carmem como figura feminina central.
Miguel é retratado como um ser extremamente sedutor, misterioso e persuasivo, mas logo vemos que ele também é egoísta, violento e mentiroso. Gostei da construção do personagem, que foi o perfeito antagonista da história. Se a intensão da autora era fazer o leitor se encantar, à princípio, e depois odiar o personagem, ela conseguiu. Em vários momentos tive vontade de entrar no livro e estrangular o Miguel!
Porém, as mulheres do livro me irritaram muito. Tudo bem que os vampiros são extremamente atraentes para as mulheres que carregam sangue bruxo, e que essa atração é imediata e intensa, mas a impressão que tive é que todas, TODAS, ficavam cegas, surdas e burras diante de Miguel! Tipo, elas simplesmente ignoravam tudo de ruim que ele fazia, que elas viam ou sabiam, e ainda tentavam justificar os atos dele. E a que mais me irritou foi Carmem, principalmente por uma decisão que a personagem toma, que foi pra lá de egoísta e imprudente.
O livro tem uma premissa interessante, com uma pegada mais sombria e pesada, por tanto, não leiam esperando romance, porque não tem! Eu esperava, :(. Gostei da história assim, porém achei a narrativa muito cansativa e arrastada. Eram páginas e mais páginas de divagações nas mentes das narradoras, sem diálogos ou desenvolvimento da história, e isso comprometeu a fluidez da leitura. E como a segunda parte é basicamente uma repetição de algo que já havia acontecido, essa sensação de lentidão na leitura ficou ainda mais acentuada.
Além disso, outra coisa que me incomodou foi a falta de explicação sobre o que significa ter sangue bruxo, e se isso está vinculado a algum poder. Em vários momentos Miguel comentava que o sangue de Francesca e dos filhos era muito poderoso, mas hora nenhuma vi qualquer poder sobrenatural ou magia vindo deles.
Recomendo o livro para quem curte um sobrenatural mais dark, não romantizado, porque isso não é algo encontrado em Legado de Sangue.
site:
http://meumundinhoficticio.blogspot.com.br/2014/08/resenha-legado-de-sangue-raquel-pagno.html