Marcos Pinto 28/03/2014Vampiros e Bruxas como você nunca viuO livro começa narrado por Carmem, uma menina muito esperta e curiosa. Ela, em seus momentos livres, adorava ouvir as conversas e devaneios de sua avó Francesca, que falava sempre sobre suas lembranças e passado. Porém, Carmem, inteligente como era, percebeu que a história estava incompleta e sempre parava no mesmo ponto. Insistente, pressionava a avó para terminar. Contudo, recorrentemente, havia uma desculpa para que a história não prosseguisse.
“A guerra levou o seu avô embora. E ela nunca devolve aqueles que leva, e se devolver, eles já não serão mais do que trapos, farrapos humanos que não servem para nada, além de dar mais trabalho e despesas” (p.5).
Depois de muitas tentativas, em uma noite, Francesca acabou cedendo e começou a contar a sua história completa. Nesse ponto, o foco narrativo passa de Carmem para a sua avó, mas a narração continua em primeira pessoa.
Francesca começa a divagar sobre o período difícil que passou durante a guerra: a fome e a morte eram companheiras constantes. Grávida novamente, sabia que a única alternativa era fugir. Com medo, acabou refugiada no Brasil. Contudo, o futuro de Francesca foi diferente de todos os imigrantes.
Francesca, ao chegar às terras brasileiras, foi resgatada por Miguel. Porém, ao invés de colocá-la para trabalhar, ela a banha em luxo e conforto. Alguns dias após, ele a faz uma proposta: tudo que ele tinha tornar-se-ia dela, desde que ela lhe desse um filho. A proposta foi aceita e o destino de Francesca foi traçado.
“Sou eu quem os alimenta, quem banha seus corpos cansados a cada noite, sou eu quem os coloca na cama e conta histórias até que peguem no sono. Sou eu quem está com eles, e não você” (p.125).
Com o transcorrer das páginas, Francesca descobre que é descendente de poderosas bruxas e herdou esse precioso sangue. Além disso, descobre que Miguel não é um homem comum, mas o último vampiro existente na terra. E, para que a espécie dele seja perpetuada, ela terá que conceber um filho com o demônio.
“Eu estava ferida, não só do corpo, mas ferida na alma, e esta era uma dor que jamais me deixaria, que eu não poderia esquecer e para a qual não havia remédio” (p.148).
Como vocês devem ter percebido, a história realmente foge do comum. Esqueça essa história de clichê: Raquel cria um enredo totalmente inovador. Os vampiros e bruxas são retratados de forma nunca antes vista, o que torna o livro tão especial.
“Mostrei-me como o demônio que eles queriam ver, mostrei a minha ira e a minha sede de sangue. Mostrei a minha força quando rompi uma das correntes que me prendiam. Vi as pessoas fugindo desesperadas, temendo que a besta se lançasse sobre elas” (p.110).
No livro, conhecemos a história de três gerações da família das bruxas e sua relação com Miguel, o imortal e não tão malévolo vampiro. Sem contar que, pelo livro ser narrado em primeira pessoa pelas personagens, entendemos perfeitamente as angústias e sofrimentos das protagonistas.
O livro é indicado para quem gosta de romances sobrenaturais e fantasia. Quem aprecia enredos vampirescos também deve ler essa obra, já que é demonstrada uma faceta totalmente nova dessa espécie. Fiquem tranquilos, eu juro que eles não brilham no sol. Sem dúvidas, essa é uma daqueles livros que cairá no gosto de muita gente.
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