Paraíso perdido

Paraíso perdido John Milton
John Milton




Resenhas - Paraíso Perdido


102 encontrados | exibindo 91 a 102
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7


Júlio 15/08/2016

Sobre o Livro: Desde Ilíada que uma obra poética (pré século XIX) não havia prendido tanto a minha atenção, e desde a Divina Comédia que eu não me deparava com uma taxa tão alta de passagens memoráveis por capítulo/livro. A obra é dividida em 12 livros, que tratam desde a queda de Lúcifer dos céu até a consumação do primeiro pecado por Adão e Eva e a punição aos homens.

Nessa obra Milton faz um trabalho genial em caracterizar Satã (que pode ser considerado o personagem principal), suas motivações, ações, personalidade, tudo tratado de forma fantástica para ilustrar aquele que representa o mal. Gostei da forma em que o autor quase chega a humanizar a justificar as motivações de Lúcifer, só para depois expor os erros e falhas em sua forma de agir, de forma que o leitor não chega a se identificar com o personagem, mas consegue ter uma imagem nítida de quem e o quê ele é e representa.

Cada livro é cheio de passagens memoráveis e vale a pena ilustrar ao menos uma, que talvez ajude a passar uma vaga idéia do que a obra tem a oferecer. Uma das minhas passagens favoritas é o diálogo entre Gabriel e Satã ao final do Livro IV:

Satã, sei teu poder, sabes o meu,
Não nosso, porém dado. Que loucura
Armarmo-nos, pois tu não podes mais
Do que permite o Céu, nem eu, embora
Duplicado p'ra lama te calcar.

Em que a ação em resposta foi:

Viu o céu o diabo
E o peso que subiu: cede, mas foge
Queixoso, e com ele as sombras da noite.

Passagens como essa permeiam toda a obra, e que na minha opinião são de extrema valia para qualquer leitor, independente do credo, pois Milton consegue utilizar a estética cristã de forma genial. Episódios como a reunião no inferno, os diálogos de Satã com os anjos, as conversas de Rafael com Adão, a tentação de Eva, são apresentados aqui de forma espetacular devido à poética única do autor, e não faltam momentos memoráveis como Miguel mostrando o futuro dos homens para Adão, a batalha entre anjos e demônios e a convergência das cobras no trono do inferno após a vitória de Lúcifer em conseguir tentar Eva.

Vale ressaltar que a leitura, ainda que tremendamente recomendada, não é a da mais fáceis. Não é tão complexo quanto Fausto II, mas ainda sim tive que recorrer ao dicionário diversas vezes, e à internet para uma ou outra citação. Ainda bem que as notas de rodapé existem para ajudar a elucidar boa parte das referências feitas, pois Milton usa como alegoria, além de passagens bíblicas, várias histórias da mitologia, principalmente da grega e romana. Assim como Fausto II, esse livro é quase um compêndio de todo o conhecimento do autor sobre diversas áreas, e como Milton era uma pessoa com uma erudição muito além da média não espere encontrar um texto trivial e mastigado, mas tenha a certeza que a recompensa é maior que o esforço necessário, como costuma acontecer com grande parte dos livros que realmente mereçam a sua atenção.

Sobre a Edição: A Editora 34 está de parabéns, é um caso em que a edição ajuda muito na compreensão e no aproveitamento da obra. As notas de rodapé realmente fazem a diferença e por ser bilíngue dá para ler e fazer uma comparação com o original quando necessário. Além disso a edição conta com as ilustrações do Doré e introdução do Harold Bloom, que ajudam a instigar ainda mais a curiosidade do leitor sobre a obra.

Eu já li outras livros da editora, no caso Divina Comédia do Dante e Fausto I e II do Goethe (todos na versão pocket), e minha experiência é extremamente positiva, tanto com a qualidade das edições quanto das traduções utilizadas. Recomendo para qualquer um que tenha curiosidade sobre literatura clássica, principalmente poemas clássicos.
comentários(0)comente



IvaldoRocha 01/03/2016

Uma obra épica publicada no século XVII e encanta ainda hoje.
Sempre tive curiosidade de ler o Paraíso Perdido, principalmente pela frequência como ele era citado em outros livros.
Quando o encontrei em formato digital, por um preço, praticamente de graça, achei que era a hora de criar coragem e encarar os doze capítulos, contando desde a queda dos anjos rebelados, a criação do mundo, de Adão e Eva e a expulsão do paraíso.
Ler em um leitor digital acredito que facilitou bastante, uma vez que o vocabulário utilizado está longe de ser o usual, além de várias referências mitológicas e nesta hora a consulta a Wikipédia e ao dicionário no leitor digital, realmente faz a diferença.
O livro encanta e não tem como não ficar imaginando o trabalho que Milton teve para escrever algo tão grandioso, com tanto rebuscamento, tantas citações e lembrar que ele escrevia sobre uma história bíblica em uma época que, caso cometesse algum deslize que desagradasse a igreja poderia trazer consequências desagradáveis.
Fascinante, talvez não seja uma leitura fácil, para qualquer hora, qualquer leitor, talvez como algumas coisas na nossa vida ela tenha o seu tempo certo. Mas com certeza faz valer a pena esperar.
comentários(0)comente



Apolo 14/05/2013

Tradução péssima
Quero apenas comunicar que a tradução da Martin Claret é PÉSSIMA, simplesmente tiraram toda a beleza do texto e introduziram palavras a mais de forma desnecessária e sem nenhum fundamento, ou leiam em inglês quem puder ou procurem outra tradução.
comentários(0)comente



Wilton 03/03/2013

Ótimo livro. Conta poeticamente a história da expulsão de Adão e Eva do Paraíso. John Milton foi muito inspirado. Antônio José Lima Leitão traduziu a obra com muita sensibilidade. Falo isso, porque a Martin Claret vê muitas vezes questionadas as suas traduções. Não foi ocaso, agora.
comentários(0)comente



Carla Reverbel 08/01/2013

:(
Sou louca por épicos.
Comprei como um tesouro.
Mas, apesar de gostar de anjos, aliás, amá-los, especialmente os malvados e caídos e desterrados...
Larguei.
Não sei, não consegui curtir.
Talvez tenha a ver com a minha decisão de me dedicar a livros contemporâneos por um tempo...pois senti a necessidade de atualizar o meu texto.
Vou tentar noutra oportunidade.
comentários(0)comente



Coruja 21/01/2012

A primeira vez que li O Paraíso Perdido, lembro-me de ter avançado quase aos trambolhões, nada acostumada ao estilo épico de Milton. Era novinha – devia ter uns dezesseis para dezessete anos – mas ainda guardo a lembrança dessa primeira leitura, de “alumbração”, de fascínio.

Mais tarde, ao conhecer um pouco da biografia do autor, ficou a sensação ainda mais forte de espanto e admiração – Milton não escreveu propriamente o poema, mas o ditou, uma vez que estava cego à altura em que compôs sua obra-prima. Burgess, o autor de Laranja Mecânica- e que era também professor de literatura – resume admiravelmente as impressões que temos ao somar esse dado ao todo:

"Em 1632, ele perdera a visão, e de agora em diante seu mundo se torna um mundo escuro de imagens relembradas, de sons sem cor, um mundo pessoal altamente autocentrado, o mundo do Paraíso Perdido. Esta grande epopéia registra o maior acontecimento conhecido dos povos hebraico-cristãos: a Queda de Satã e a conseqüente Queda do Homem. O mundo sem visão de Milton o torna capaz de pintar a vastidão obscura do inferno de modo mais eloqüente do que o poeta italiano Dante com sua nitidez de visão."

E já que estamos falando de Dante, Milton e visões do Inferno, gostaria de observar que entre estes dois monstros literários, só mesmo alguém como Gustave Doré para ilustrá-los. Minha edição de Milton não tem as ilustrações originais, mas não é difícil encontra-las na internet – e acho que é difícil superar o imaginário que Doré criou em cima desses dois épicos.

Voltando à história... Lúcifer caído, agora Satã, lançado ao Inferno após fazer guerra nos céus, decide se vingar fazendo com que o homem, a mais perfeita criação divina, caia como ele. E é exatamente isso que ele faz – mesmo, por momentos, contra sua própria vontade, incapaz de escapar à admiração daquela nova criatura que Deus criara a sua imagem e semelhança.

E essa segunda queda é algo ainda mais doloroso e absurdo que a primeira, uma vez que Adão e Eva não foram pegos desprevenidos e inocentes. No momento em que Satã se infiltrou no Éden, Deus lhes deu conhecimento de quem era ele e o que planejava.

Agora, se formos pensar em termos simplistas, o tema da Queda é na verdade uma grande piada meio doentia de Deus. Sendo onipotente, onisciente e onipresente, Ele sabia o resultado que viria de colocar a Árvore do Conhecimento no meio de Éden – sabia que o homem não conseguiria resistir.

O que Milton nos diz, porém, é que a despeito d’Ele saber o que aconteceria, era necessário permitir ao Homem que tivesse o livre-arbítrio, que ele pudesse escolher. Não pode haver virtude e pecado sem que haja um Fruto Proibido – o teste é o que dá significado à virtude e sem esta, o homem não pode viver sua plenitude como imagem e semelhança do ser divino.

Pode parecer um pouco complicado de acompanhar, mas faz sentido. O maior dom que Deus teria dado ao Homem seria o poder de fazer suas escolhas por si – e para que isso pudesse ser utilizado, era necessário que existissem escolhas. Pensando dessa forma, a própria queda de Lúcifer poderia ser vista como parte do Plano Divino – é necessário que exista o caminho do Céu e o caminho do Inferno para que o homem possa tomar uma decisão.

Se tudo isso já não fosse suficientemente polêmico, Milton criou um dos vilões – se é que podemos chamá-lo assim – mais interessantes, mais surpreendentemente nobres de toda a literatura. Lúcifer conserva na queda a majestade que o fazia ser o primeiro entre os anjos e por boa parte de O Paraíso Perdido não podemos deixar de nos sentir tão seduzidos por ele quanto Eva foi.

Ele é um gigante que ainda conserva suas asas, seu porte, seu carisma e sua liderança. Passo a passo, contudo, ele se despe de suas vestes divinas até rastejar como serpente e, da nobreza que ainda nos ofusca a princípio, resta apenas um discurso melífluo e o sentimento de mesquinhez, inveja e orgulho que, ao final das contas, foi responsável por sua queda.

Eis porque concluiu o poeta William Blake que “Milton era do partido do diabo sem sabê-lo.”. Por boa parte de O Paraíso Perdido, é o magnetismo de Satã – muito mais que a inocência de Adão e Eva – que nos prende e fascina.

Creio que nenhum outro elogio possa ser maior que esse ao gênio de John Milton.

(resenha originalmente publicada em www.owlsroof.blogspot.com)
Rafael 07/09/2012minha estante
Curiosidade sobre o autor:
http://super.abril.com.br/blogs/superlistas/6-escritores-consagrados-que-nao-enxergavam-direito/?utm_source=redesabril_jovem&utm_medium=facebook&utm_campaign=redesabril_super




Marcelo 06/12/2011

Paraíso e inferno na visão do poeta
Em primeiro lugar, devo dizer que não estou acostumado a ler poesia, menos ainda a de forma épica. Em parte por isso, em parte pela própria essência do livro, considerei a leitura bastante exigente; alguns trechos eram bastante longos, testando a capacidade de concentração. Por outro lado, é bom que haja livros assim, desafiadores. Eles devem ser enfrentados de tempos em tempos, para que a leitura não deixe de ser prazer e torne-se autoflagelo, mas devem ser enfrentados, sem dúvida.

Sobre o conteúdo, há que se ressaltar a elegância da escrita de Milton, como ele faz referências certeiras, comparações evocativas que ajudam a desenvolver a ideia de algo que, em essência, não poderemos nunca ver em vida, mesmo os que creem que existe (me refiro, obviamente, ao Paraíso). Não sei dizer o quanto do descrito por Milton fazia parte da cultura da época, mas ele expande o descrito na Bíblia agregando conceitos e personagens que, até hoje, fazem parte do imaginário popular.

Portanto, trata-se de uma obra que combina estilo narrativo com conteúdo forte. O tipo de livro cuja importância e influência estão destinadas a perdurar.
comentários(0)comente



joedson 18/12/2010

PARAÍSO PERDIDO

sedutora com mais garbo
que a de homens anjos e deus
a linda língua do diabo
comentários(0)comente



Robson 03/12/2010

John Milton é excelente!!!
Paraíso Perdido está dividido em 12 cantos e conta a história da danação do homem, que perde o direito ao paraíso depois de provar o fruto proibido. Um dos personagens principais é Satã, anjo decaído que planeja vingar-se de Deus corrompendo sua principal criação: o homem. Ainda que com os esforços do anjo Gabriel, que frustra a primeira tentativa do demônio para seduzir Eva, e das advertências do anjo Rafael a Adão, o casal adota às sugestões de Satã, transmutado em serpente, e acaba comendo o fruto da árvore da ciência.


Ao cair em desgraça, cumpre a previsão que Deus fez a seu filho de que o livre-arbítrio permitiria que o homem estivesse suscetível aos assédios do demônio. O Anjo Miguel desce ao Éden e diz a Adão que ele e Eva precisariam partir para o mundo, que mostra do alto de uma colina. Adão vê os eventos que serão presenciados pela história. Miguel lhe revela ainda a intercessão do Filho de Deus, que se oferece para expiar o pecado da humanidade.


O grande mérito do texto de Milton está tanto na força visual com que ele descreve as cenas como na perfeita caracterização dos personagens: tanto Adão e Eva, caracterizados como personagens falhos, como Satã, em sua maquinação ardilosa, são críveis e cheios de reverberação humana. Penso que a concepção que temos hoje do Demônio seria bem diferente não fosse por Milton.


O que faz com que o Paraíso Perdido seja único é a sua surpreendente mistura de tragédia de Shakespeare, épica de Virgílio e profecia bíblica, representando assim uma das mais belas e perturbadoras representações literárias sobre a gênese do homem e sua trágica perdição.
comentários(0)comente



Jesner 23/02/2009

Um dos temas que mais aparecem nas narrativas religiosas e mitológicas da humanidade é o da perda do paraíso. Da Babilônia ao Império Asteca, várias tem sido as narrativas a respeito das histórias ligadas à vida do homem à Terra e à perda de seu contato direto com Deus Eterno. Na literatura ocidental, uma das mais belas narrativas a respeito deste fato é o livro Paraíso Perdido, escrito em 1677 por John Milton. Nesta épopéia temos o confronto entre Lúcifer e Deus, no qual um terço dos anjos do céu são expulsos e tramam no inferno sua vingança. Como não poderiam atacar diretamente o céu devido ao poder de Deus, do Filho de Deus (O Cristo) e das Hostes Celestiais (já que haviam sido expulsos ao perderem a batalha contra estes invencíveis adversários), os anjos caídos arquitetam um plano para desgraçar a criação insígne de Deus, feita à sua imagem e semelhança: o homem. Neste plano, Lúcifer viria à Terra incorporado em uma serpente e seduziria Eva para que juntamente com Adão comessem o fruto proibido, a Árvore da Ciência, e tentassem se igualar a Deus. Isto ocorre, e Adão e Eva são expulsos do Paraíso por terem dado ouvidos ao maligno.
Quando pensamos porém que a vingança funesta se consumou e nada mais pode ser feito, eis que Deus descobrindo a perfídia pune novamente os anjos caídos, transformando os em serpentes que ficariam presas por mil anos no inferno (sendo Lúcifer a maior e mais feroz destas) a passarem fome, sede e calor em tal região.
A epopéia Paraíso Perdido é belíssima por seu enredo, pelo tema escolhido e pela forma como John Milton a apresenta, utilizando-se da poesia para narrar os eventos. Igualmente belas são as descrições do Céu, do Inferno, do Paraíso e da Terra, nas quais o autor se utiliza de seu vasto conhecimento da mitologia greco-romana e das mitologias e religiões da antiguidade para caracterizar seus personagens e locais em que se passa a trama.
Todos os que gostam de boa literatura e desejam ler obras em que aparece a relação entre arte e religião devem ter em sua biblioteca Paraíso Perdido.

Jesner 23/02/2014minha estante
O que li tinha gravuras fantásticas de Gustave Doré. Emprestei e nunca mais vi...


Hellen.Perazzolo 07/03/2020minha estante
Ah onze anos... qto tempo




102 encontrados | exibindo 91 a 102
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7