Eneida

Eneida Virgílio




Resenhas - Eneida


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Regis 30/09/2023

Uma das mais belas composições da literatura
Publius Virgilius Maro nasceu em 70 a.C. em Andes, perto de Mântua. Desistiu do exercício da advocacia para dedicar-se inteiramente à literatura devido a sua timidez e saúde frágil. Foi convidado para fazer parte do programa de reconstrução empreendido por Otávio (que, desde a sua vitória sobre Antônio, concentrava todo o poder nas suas mãos) compondo um  poema: uma vasta epopeia patriótica destinada a legitimar, pela evocação de suas origens ilustres, as altas aspirações de Roma; evocando indiretamente a grandeza de César Augusto.
Dando consistência a uma lenda, que fazia dos romanos descendentes dos troianos, Virgílio escreve a Eneida que narra os feitos de Enéias, um dos heróis da Ilíada, desde a destruição de Tróia até a chegada ao Lácio e a fundação de uma nova pátria em terras da Itália.

A Eneida é dividido em 12 cantos e possui 10.000 versos onde o autor patenteou a influência da Ilíada e da Odisséia de Homero, uma guerra (como na Ilíada,) e uma viagem (como na Odisséia): tornando a Eneida uma fusão das duas, pois conta as aventuras de Enéias; fugitivo de Tróia, à procura de uma nova pátria e suas lutas com os donos do Lácio onde acaba por desembarcar.
A composição do poema levou dez anos, os últimos da vida de Virgílio que morreu em 19 a.C deixando o poema faltando a revisão final.

Ao ler a obra de Dante Alighieri, "A Divina Comédia", foi impossível não ficar curiosa para conhecer a epopeia do poeta que foi grandemente admirado por Dante a ponto de ser introduzido na Comédia como seu guia pelo inferno e o purgatório.
A Eneida é uma das mais belas composições da literatura e uma leitura extraordinária! Foi o primeiro poema épico, que li, que conseguiu transmitir emoção e dinamismo nas grandes batalhas e ainda por cima é coroado com um romance trágico entre Enéias e a rainha Dido.

Na primeira parte, que consiste dos cantos I a VI, temos Enéias narrando a fuga de Tróia e suas aventuras para a rainha de Cartago; a forma como Virgílio descreve os acontecimentos da grande escapada e a perseguição imposta pela deusa Juno (as divindades estão presentes em toda a epopeia) através dos mares é impressionante a ponto de elevar os batimentos do leitor, que fica ansiando pelo desfecho mesmo sabendo que a fuga foi concluída com sucesso.
A segunda parte, que vai do canto VII ao XII, mostra a incrível guerra, pela posse de Itália, travada pelos latinos instigados por Juno contra o filho de Vénus e seus companheiros teucros. A batalha final é sangrenta e chega ao auge com o enfrentamento de Enéias e Turno e se encerra logo depois disso de forma, um pouco, abrupta.

A maneira melancólica com que Virgílio descreve toda a trajetória de Enéias é o ponto forte da obra; que possui características próprias que vão além da poesia grega, na qual Virgílio se inspira, e mostra a fina erudição e conhecimento técnico da poesia romana.

A Eneida foi uma leitura extraordinária que me deixou exultante com a jornada do grande herói virgiliano e que, com certeza, recomendo para todos.
Cosmonauta 30/09/2023minha estante
Esta edição está na minha pilha. Já a li em outra tradução, é um tesouro da humanidade.


Cosmonauta 01/10/2023minha estante
Também uso esse método de um livro indicar outro, infelizmente não é fácil encontrar todos os autores que foram citados por Dante ... Virgílio além de modelo literário, tinha conhecimento do Inferno, como lemos na Eneida.


Regis 01/10/2023minha estante
Esse realmente é um livro maravilhoso, Cosmonauta. ?


Emerson Meira 01/10/2023minha estante
Linda resenha Régis! ???? Tentarei ler em breve também ?


Regis 01/10/2023minha estante
Obrigada, Emerson. Espero, de verdade, que goste. ??


Léo 01/10/2023minha estante
Resenha maravilhosa, Régis. ?


Regis 01/10/2023minha estante
Obrigada, Léo! ? ?


HenryClerval 05/10/2023minha estante
Resenha perfeita, Régis! ?


Regis 11/10/2023minha estante
Obrigada, Leandro! ?




Fabio Shiva 13/12/2012

a parte 3 da Ilíada e da Odisseia...
Não há como falar desse grande clássico da literatura mundial sem mencionar a “Ilíada” e a “Odisseia” de Homero, que foram sua grande inspiração. Tanto que dos doze capítulos da “Eneida”, os seis primeiros são uma imitação da “Odisseia” e os seis seguintes bebem diretamente da “Ilíada”.

Vamos usar uma analogia cinematográfica: imagine que você assiste um filme maravilhoso (“Ilíada”), e depois vem a continuação, que consegue a proeza de ser ainda melhor que o primeiro filme (“Odisseia”). Tempos depois, surge uma terceira parte da saga, com outro diretor, só uma pequena parte do elenco original... mas mesmo sabendo que não será tão bom quanto os dois primeiros, você está lá na primeira fila, pois quer viver novamente aquelas emoções, mesmo que com menos intensidade...

Esse era o meu desejo ao ler a “Eneida”, o de reviver ao menos um pouco o maravilhamento que experimentei lendo a “Odisseia” principalmente, e em segundo lugar a “Ilíada”. Ninguém discute que o épico de Virgílio é bem inferior aos de Homero. Ainda assim, a “Eneida” é um grande clássico, uma das principais obras literárias da humanidade, que inspirou entre tantas outras “A Divina Comédia” e “Os Lusíadas”!

Ou seja, não há demérito algum para a “Eneida”, e sim um mérito estupendo para as obras de Homero. Mas o que é que torna Virgílio menor? O que há de tão especial na “Odisseia” e na “Ilíada” para que tenham alcançado essa grandeza assim tão alta?

Desde que me tornei consciente dessa questão, ela tornou-se o foco principal de minha leitura.

Uns dizem que Virgílio não possuía vocação épica, tendo escrito a “Eneida” sob encomenda, com o propósito explícito de cantar a glória do Império Romano. E que tinha que se bater contra a dureza do latim, menos apropriado para feitos heróicos que o flexível grego de Homero.

Pode ser, pode até bem ser.

Mas em minha opinião, a “Eneida” é menor principalmente por ser uma história inventada!

Ao passo que (em minha opinião) a “Ilíada” e a “Odisseia” são relatos poéticos de eventos que de fato aconteceram!

Acho assombroso as pessoas travarem contato com a cultura da Grécia antiga, essa que foi a matriz da própria Civilização Ocidental, e descartem como pura mitologia o que está escrito nos livros de Homero. Pouco adiantou a Troia histórica ser descoberta e redescoberta: deuses interagindo com os humanos, só pode ser invencionice!

(aliás é muito significativo que na obra de Virgílio as interações entre os deuses e os homens sejam bem mais discretas que nos textos de Homero... pois mais de mil anos separam as duas narrativas)

Da mesma forma tratamos a antiga cultura do Egito. A era dos faraós é dividida em duas partes, o reinado dos deuses faraós e o reinado dos faraós humanos. Pois então, o que fazemos? Tratamos a segunda parte como história e a primeira como pura mitologia! Que outra atitude esperar de nossa “civilização”, que após o primeiro contato com as relíquias do Egito antigo, na falta de outra ideia para ganhar dinheiro com as múmias, resolveram triturá-las e vendê-las como tinta!!!!! É por isso que até hoje existe a cor “marrom múmia”!

Quanto ao “Mahabharata”, colossal épico da Índia (com mais de 15.000 páginas de sabedoria e beleza inestimáveis), também não passa de mitologia!

As tabuletas da Suméria, as mais antigas de que se tem notícia, também contam a história de uma batalha, assim como o “Mahabharata” e a “Ilíada”. Trata-se de uma guerra nuclear entre os “deuses” que criaram a humanidade, da qual evidências físicas foram encontradas (uma camada de vidro a centenas de metros de profundidade no deserto de Gobi, indicando que há milhares de anos ali ocorreu uma detonação nuclear). Essas tabuletas também trazem uma descrição detalhada de nosso sistema solar, com até a composição e coloração de planetas como Urano, Netuno e Plutão, que só foram “descobertos” por nossa civilização a partir do século XIX! É claro que tratamos isso também como pura mitologia, né?

Fala sério!

Quem diria que eu iria encontrar vestígios dos Anunnaki na “Eneida”!


***

Aproveito para convidar você a conhecer o livro O SINCRONICÍDIO:

Booktrailler:
http://youtu.be/Umq25bFP1HI

Blog:
http://sincronicidio.blogspot.com/

LEIA AGORA (porque não existe outro momento):

http://www.mensageirosdovento.com.br/Manifesto.html

Venha conhecer também a comunidade Resenhas Literárias, um espaço agradável para troca de ideias e experiências sobre livros:
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http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=36063717
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Regente Deo 11/03/2013minha estante
A grandeza do tema impressiona profundamente; o tom elevado e sua apresentação sublimada tornam-se mais salientes graças ao delicado espírito contemplativo do autor, à sua simpatia em relação à humanidade sofredora e à sua sensibilidade diante da natureza. Sem dúvida alguma, é uma belíssima obra. Sua resenha é instigante, meus parabéns pela bela escolha de palavras ao declarar sua paixão por esta obra.


Fabio Shiva 11/03/2013minha estante
Valeu pelo belo comentário!


Antonio.Junior 26/07/2021minha estante
Lá vou eu comentar sobre uma resenha de 9 anos atrás.
Ora, primeiramente Virgílio não deixa nada a desejar de Homero. Não colocaria Homero de nenhuma maneira como superior a Virgílio (mesmo Homero ainda sendo minha preferência), é até injusto esse tipo de comparação visto que os dois autores alçaram diferentes objetivos. Colocaria os dois em um grau de igualdade, já que Virgílio fez na Eneida o que Homero não conseguiu na Iliada e na Odisséia que foi o equilíbrio perfeito entre o épico e o lírico, ainda que Homero seja inegavelmente superior no quesito narrativo. A poesia lírica de Virgílio é sublime (E incomparável até os dias de hoje) por isso esse incrível grau de beleza em sua obra.
De resto, ótima resenha.


Fabio Shiva 28/07/2021minha estante
Olá, Antonio!
Valeu pelo comentário e pelas reflexões!
Grande abraço!




Marcos606 17/09/2023

No ano 31 a.C, quando Virgílio tinha 38 anos, Augusto (ainda conhecido como Otaviano) venceu a batalha final das guerras civis em Actium contra as forças de Antônio e Cleópatra e a partir dessa época data a Era Augusta. Virgílio, como muitos de seus contemporâneos, sentiu uma grande sensação de alívio pelo fato de o conflito civil sem sentido finalmente ter terminado e ficou profundamente grato ao homem que tornou isso possível. Augusto estava ansioso por preservar as tradições da república e as suas formas constitucionais, mas na verdade era o único governante do mundo romano. Ele usou o seu poder para estabelecer um período de paz e estabilidade e esforçou-se por despertar nos romanos um sentimento de orgulho nacional e um novo entusiasmo pela sua religião ancestral e pelos seus valores morais tradicionais, os da bravura, dever, responsabilidade e devoção. Também Virgílio, como compatriota de coração, sentia um profundo apego às virtudes simples e às tradições religiosas do povo italiano. Durante toda a sua vida ele se preparou para escrever um poema épico (considerado então como a forma mais elevada de realização poética), e agora se propôs a encarnar sua Roma ideal na Eneida, a história da fundação do primeiro assentamento na Itália, de onde Roma surgiria, por um príncipe troiano exilado após a destruição de Tróia pelos gregos no século XII a.C. O tema que escolheu deu-lhe duas grandes vantagens: uma foi que a sua data e tema eram muito próximos dos da Ilíada e da Odisseia de Homero, para que pudesse remodelar episódios e personagens do seu grande antecessor grego; e a outra era que ele poderia ser relacionado com o mundo contemporâneo de Augusto, apresentando Enéias como o protótipo do modo de vida romano (o último dos troianos e o primeiro dos romanos). Além disso, através do uso de profecias, visões e artifícios como a descrição das imagens no escudo de Enéias ou das origens dos costumes e instituições contemporâneas, poderia prenunciar os acontecimentos reais da história romana. O poema, então, opera numa dupla escala de tempo; é heroico e ainda assim augustano.

O entusiasmo que Virgílio sentia pela Roma renascida prometida pelo regime de Augusto é frequentemente refletido no poema. A profecia sonora e inspiradora de Júpiter (I. linha 257), dando uma imagem do destino divinamente inspirado de Roma, tem um impacto patriótico comovente: “Para estes não estabeleci limites no espaço ou no tempo - dei-lhes governo sem fim” e novamente, sob Augusto: “Então as gerações duras serão abrandadas e as guerras serão postas de lado”.

O discurso termina com uma imagem memorável que retrata a figura personificada do Frenesi acorrentado, rangendo em vão os dentes ensanguentados. No final do sexto livro, Enéias visita o submundo, e ali passam diante de seus olhos as figuras de heróis da história romana, esperando para nascer. O fantasma de seu pai (Anquises) descreve-os para ele e termina definindo a missão romana como aquela preocupada com o governo e a civilização (em comparação com as conquistas gregas na arte, na literatura e na ciência teórica). “Governe o povo com o seu domínio, poupe os conquistados e guerreie os orgulhosos”: esta é a visão do destino de Roma que o imperador Augusto e o poeta Virgílio tiveram diante deles - que Roma foi divinamente designada a primeira a conquistar o mundo na guerra e depois difundir a civilização e o Estado de direito entre os povos. Como Horácio disse aos romanos em uma de suas odes: “Porque vocês são servos dos deuses, vocês são senhores na terra”.

A visão de Roma que a Eneida expressa é nobre, mas a verdadeira grandeza do poema se deve à consciência de Virgílio dos aspectos privados, bem como dos aspectos públicos da vida humana. A Eneida não é um panegírico; coloca as conquistas e aspirações da gigantesca organização do governo romano em tensão com as esperanças frustradas e os sofrimentos dos indivíduos. A figura mais memorável do poema – e, já foi dito, a única personagem criada por um poeta romano que passou para a literatura mundial – é Dido, rainha de Cartago, oponente do modo de vida romano. Num mero panegírico de Roma, ela poderia ter sido apresentada de tal forma que a rejeição dela por Enéias teria sido uma vitória aplaudida; mas, na verdade, no quarto livro ela conquista tanta simpatia que o leitor se pergunta se Roma deveria ser comprada por esse preço. Mais uma vez, Turnus, que se opõe a Enéias quando este desembarca na Itália, resiste ao invasor que veio roubar sua noiva. É claro que Turnus é um personagem menos civilizado do que Enéias – mas em sua derrota Virgílio lhe permite ganhar muita simpatia. Estes são dois exemplos da tensão contra o otimismo romano; também de muitas outras maneiras, Virgílio ao longo do poema explora os problemas do sofrimento e o pathos da situação humana. No entanto, no final, Enéias persevera e prossegue em direção ao seu objetivo; sua devoção ao dever (pietas) prevalece, e o leitor romano sentiria que assim deveria ser. “Tão grande foi a tarefa de fundar a nação romana” (I.33)

A Eneida ocupou Virgílio durante 11 anos e, à data da sua morte, ainda não tinha recebido a sua revisão final. Em 19 a.C., planeando dedicar mais três anos ao seu poema, partiu para a Grécia — sem dúvida para obter cor local para a revisão das partes da Eneida situadas em águas gregas. Na viagem ele pegou febre e voltou para a Itália, mas morreu logo após chegar a Brundísio. Não se pode adivinhar se a Eneida teria passado por grandes mudanças; conta a história que o último desejo de Virgílio era que seu poema fosse queimado, mas que esse pedido foi revogado por ordem de Augusto. Tal como está, o poema é um importante monumento tanto às conquistas e ideais nacionais da Era Augusta de Roma como à voz sensível e solitária do poeta que conhecia as “lágrimas nas coisas”, bem como a glória.

A poesia de Virgílio tornou-se imediatamente famosa em Roma e foi admirada pelos romanos por duas razões principais: primeiro, porque ele era considerado o seu próprio poeta nacional, porta-voz dos seus ideais e realizações; segundo, porque ele parecia ter atingido o máximo da perfeição em sua arte (sua estrutura, dicção, métrica). Por esta última razão, os seus poemas foram usados ​​como livros escolares, e o crítico e professor romano do século I, Quintiliano, recomendou que o currículo educacional deveria ser baseado nas obras de Virgílio. Alguns anos após sua morte, Virgílio estava sendo imitado e repetido pelo poeta mais jovem, Ovídio, e esse processo continuou durante toda a Idade de Prata do Latim. O estudo de Virgílio nas escolas durou tanto quanto o latim foi estudado. No século IV, um novo motivo de admiração ganhava terreno: o estoque de sabedoria e conhecimento descoberto pelos estudiosos nos poemas de Virgílio – pelo qual ele foi saudado não apenas como poeta, mas como repositório de informações. Este aspecto figura em grande parte nos escritos do escritor e filósofo Macróbio (400 d.C), nos do comentarista de Virgílio, Sérvio, do final do século IV e início do século V, e nos de muitos escritores posteriores. As interpretações alegóricas começaram a ganhar terreno e, sob a influência cristã, tornaram-se especialmente difundidas ao longo da Idade Média. As duas principais bases para a alegorização cristã foram a quarta bucólica, considerada uma profecia do nascimento de Cristo, e os valores quase cristãos expressos na Eneida, especialmente no seu herói, um homem devotado à sua missão divina. O ponto culminante desta visão é o lugar de honra de Virgílio na Divina Comédia de Dante como o guia do poeta através do Inferno e do Purgatório até os portões do Paraíso.
Natalie Lagedo 19/09/2023minha estante
Resenha excelente.


Marcos606 20/09/2023minha estante
Muito obrigado!




Jesner 23/02/2009


Composta por 12 cantos, num total de 9826 versos, a Eneida, a maior obra do poeta Virgílio (Publius Virgilius Maro, 70-19 a.C.) é considerada, simultaneamente, uma obra de tom mitológico e histórico: mitológico porque narra a história do herói Enéias, príncipe troiano, utilizando-se de lendas tradicionais do povo romano; histórico, porque utiliza este argumento para exaltar Roma e Augusto, procurando valorizar tanto os feitos do imperador quanto os feitos mais remotos do seu povo. Desta forma, o poeta conseguiu realizar a tarefa que Augusto lhe incumbira, compondo a epopéia latina por excelência, capaz de equiparar-se à Ilíada e à Odisséia, consagradas epopéias homéricas. Todavia, esta não era a única preocupação da Eneida: Virgílio procurou retratar, também, os valores e virtudes que fundamentavam a sociedade latina, fazendo, assim, uma síntese das correntes de pensamento em difusão em Roma, e as práticas religiosas que prevaleceram de 44 a.C. a 14 d. C. ? época de Augusto, considerado a de maior prosperidade para a religião romana. O argumento da obra é belíssimo e rico em detalhes. O primeiro canto ocupa-se em relatar os eventos que levaram Enéias de Tróia a Cartago. A destruição de Tróia pelos gregos. Partindo da Sicília, os navios do herói são atingidos por uma violenta tempestade provocada por Éolo, a pedido da deusa Juno; a tempestade os desviara para o norte da África e, por intervenção de Vênus, Enéias chega a Cartago, onde conhece a rainha Dido, que se apaixona por ele. No segundo canto, o herói relata todos os acontecimentos que envolveram a guerra de Tróia, desde a prisão de Sinão até à fuga de Tróia e o desaparecimento de sua esposa Creúsa. O relato termina no canto III:Enéias relata as escalas da sua viagem desde Tróia (Trácia, Delos, Estrofades, Creta, Ítaca, Sicília e Epiro) e outros acontecimentos, como o encontro com as harpias e a morte de Anquises. O quarto canto mostra o ápice da paixão de Dido, que se entrega à Enéias, e o envio de Mercúrio como emissário de Júpiter, que recomenda a Enéias que abandone Cartago e cumpra a missão pela qual ele fora destinado. O herói se conscientiza disso e abandona Dido, que o amaldiçoa e se suicida.Enéias, então, parte para a Sicília, onde realiza jogos fúnebres em homenagem ao primeiro aniversário da morte de seu pai Anquises (canto V). Em seguida, chegando em Cumas, Enéias encontra a sacerdotisa de Apolo, e ganha a permissão de entrar no mundo dos mortos. Lá, encontra Anquises, que lhe dá significativas informações sobre o futuro de Roma (canto VI). Em seguida, narra-se a chegada de Enéias à região do Tibre; o herói conhece o rei Latino, que lhe oferece a mão de sua filha, Lavínia; por isso, acaba atraindo a inimizade de Amata (a rainha) e Turno, a quem Lavínia fora prometida: é o estopim da guerra entre latinos e troianos (canto VII). Vulcano, a pedido de Vênus, forja armas para Enéias, enquanto o herói busca fazer aliança com o rei Evandro(canto VIII). Turno ataca os acampamentos dos troianos e Niso e Euríalo, dois jovens guerreiros, são mortos (canto IX). Júpiter procura estabelecer a paz entre as deusas Juno e Vênus, enquanto a guerra prossegue (canto X). Ocorre uma trégua para o sepultamento dos mortos e ambos os lados refletem sobre um possível acordo de paz, o que não acontece: os exércitos se confrontam novamente, numa das mais sangrentas batalhas (canto XI). O batalhão dos latinos esmorece, e Turno se propõe a enfrentar Enéias numa batalha corpo-a-corpo. O troiano vence o fantástico duelo e mata Turno (canto XII). Virgilio conseguiu muito mais do que pretendia com sua epopéia, valorizando os aspectos míticos disseminados em sua pátria (sintetizando, muitas vezes, fábulas gregas e latinas), relatando os principais fatos da história romana e construindo personagens dotadas de uma incrível humanidade.

Douglas 15/09/2020minha estante
Sensacional sua resenha. Espero ler essa obra nas minhas próximas férias.




ciliane.ogg 30/07/2023

Comecei empolgada com o livro e quase desisti do meio para o final .
Se você leu a Ilíada, a Eneida é uma cópia triste dela. É maçante, quando você acha que vai ser surpreendido, nada de novo no front.
Nebbastous 17/01/2024minha estante
Akakkkk




Ogaiht 26/07/2021

Decepcionante
Uma das obras mais importantes da literatura latina, A Eneida foi escrita pelo poeta Virgílio no século I a.C. A obra aborda a trajetória do herói Eneias, sobrevivente da destruição de Tróia e sua jornada até chegar na Itália e cujos descendentes fundariam a cidade de Alba Longa, que séculos mais tarde se tornaria Roma. O interessante da estória é que é justamente aqui onde descobrimos como acabou a guerra de Tróia (aqui sim é narrado a estória do Cavalo de Tróia e não na Ilíada!). Infelizmente, esta edição da Martin Claret que, apesar de ter um acabamento lindo (capa dura, linda ilustração, fitilho, etc) possui uma tradução do século XIX! Com um vocabulário extremante rebuscado e arcaico, a leitura fica extremante arrastada. Apesar de o livro ter várias notas (uma quantidade até excessiva por página) isso nos deixa num dilema: ou lemos e interrompemos a leitura toda hora para consultar as inúmeras notas (o que quebra o ritmo da leitura) ou seguimos a leitura e tentamos entender as coisas pelo contexto. Enfim, esta é, até agora, a leitura mais decepcionante deste ano.
caio.lobo. 27/07/2021minha estante
Acho que eu iria gostar, amo as traduções antigas. Meu problema é com as traduções modernas kkk




Nelson.Lima 18/03/2020

Bom, mas uma tradução desatualizada pode dificultar sua vida
Livros antigos épicos são sempre bons de se ler. A história em si é cativante. É bem interessante saber o que aconteceu com o Herói Enéas após a fuga de Tróia, no entanto, a tradução de Manuel Odorico Mendes de 1854 vai transformar algo que poderia ser prazeroso em um verdadeiro martírio. A gente tem que ter em mente que o texto foi escrito em Latin, logo, ele pode ser traduzido para um português que pode ser compreendido por todos. A edição que eu li estava repleta de palavras que nos obrigavam a consultar, em todas as paginas, as notas de roda pé. Isso dificultou um pouco a compreensão do livro, além de tornar a leitura maçante e por isso, pretendo ler outra edição com uma tradução mais atual e mais prazerosa.
Brilhante Baeta 17/02/2021minha estante
Parece que a Martin Claret não aprende, né? São muitos livros deles com péssima tradução...




Jessé 23/12/2022

Eneida.
Eneida é o segundo poema épico que leio, e até o momento está como o meu favorito. Mas não apenas isso, Eneida é também uma das minhas melhores leituras da vida.

Se você gosta de uma bela aventura, cheia de Deus, seres mitológicos, batalhas, amores, tragédias, e tudo escrito belamente, esse livro é pra você. Eneida é uma leitura essencial, que você deve se presentear pelo menos uma vez na vida.

Não vou ficar falando de minúcias sobre a história, pois deixo isso para os estudiosos de Virgílio. Mas deixo minha forte recomendação pra você se aventurar nessas paginas.

E assim pessoal, sempre vejo pessoas falando que Eneida é uma leitura difícil, ou que não é pra todos. Inclusive já vi pessoas no YouTube fazendo o desserviço de elencar motivos pra não ler Eneida.

Meu conselho; não deem ouvidos a isso, e permitam-se ter o prazer de ler essa obra. Não fiquem vendo resenhas, críticas, ou qualquer opinião alheia por aí. Tenham o prazer de ler um livro e tirarem suas próprias conclusões. Depois de ter lido, até acho válido procurar outras opniões para troca de ideias, mas antes disso, não pessoal!

E não encarem o livro como algo difícil ou ardoroso, mas entre na leitura sem preconceitos, de mente aberta, de braços abertos. Encarem Eneida como um livro, e não como algo impossível.

Eu espero de coração, que todos vocês possam ter uma experiência maravilhosa com esse livro, da mesma maneira que eu tive.
Carolina.Gomes 25/12/2022minha estante
????????




Luciano Luíz 09/08/2014

Se você quer saber como é uma viagem pós guerra, então tem de conhecer a obra original que fez tantos autores produzirem versões similares.

ENEIDA, de VIRGÍLIO, é uma pseudo continuação de A ILÍADA (GUERRA DE TROIA) e A ODISSEIA, de HOMERO.

Mais precisamente, Troia. Pois Eneias era um troiano, que vendo sua cidade destruída, resolve fugir e tentar construir um novo destino.

Isso resulta ainda na cidade de Roma (ou assim dá para deduzir, pois de acordo com registros Históricos, o livro deveria conter mais três capítulos que foram perdidos...).

O livro existe em diversas traduções, e estas podem ser em poesia (mais próximo do texto original) ou prosa (adaptado para uma narrativa mais fluente).

É um texto recomendado para quem tem um bom domínio de mitologia, e principalmente para quem já leu a obra de Homero.

Para quem gosta de fantasia, é uma ótima pedida.

L. L. Santos

site: https://www.facebook.com/pages/L-L-Santos/254579094626804
Rafaela.Araujo 25/01/2017minha estante
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Paula 05/12/2021

Muita aventura
Li Eneida com muita dificuldade com essa tradução, mas consegui entender a história e seus incríveis personagens. Fiquei pensando como não fizeram um filme ou série ainda sobre essa história. Amei esse livro, li com muita atenção, assisti aula de um professor especialista na área para compreender melhor. Valeu a pena insistir nessa leitura, espero que mais pessoas se arrisquem!
Pedro 05/12/2021minha estante
Uma dia eu ainda terei capacidade para ler essa obra, bem como A Ilíada, A Odisséia, A Divina Comédia e Paraíso Perdido.




DTG 29/06/2023

O melhor da edição é a capa!
Decepcionante. É a melhor forma de descrever a edição de 2019 da Martin Claret.

A capa dura e a ilustração do livro prometiam, mas a clássica história ficou perdida em meio a tantos rodapés. A ideia deles era deixar claro o que estava no texto corrido, mas de tantos que são, quebram a leitura a tornando maçante. Leitura arrastada e chata.

Quem tem esta edição precisa decidir se vai neste ritmo tartaruga ou se avança pelo contexto, deixando de absorver tudo que a história tem a passar.

Sugiro procurar outra editora e tradução do livro.
Nebbastous 17/01/2024minha estante
Tá cara, mas a resenha é pra ser sobre a obra, para de falar merda




Monique 25/11/2021

Não tem absolutamente nada de errado com esse livro, mas a leitura não flui. Ele é chato, confuso e enorme. Não foi uma boa experiência. Mas o livro em si é obviamente ok.
Antonio.Junior 24/12/2021minha estante
Recomendo você procurar outra tradução Monique. Além dessa tradução do Odorico Mendes (que convenhamos, é mais fácil ler o original em Latim que esta) temos a tradução do Carlos Alberto Nunes. Não desista dessa, que é pra mim uma das maiores realizações literárias da humanidade, dê-lhe outra chance.




z..... 30/07/2018

Edição publicada pela Nova Cultural, em 2003
Essa é uma leitura que gostaria de estender em adaptações em quadrinho, animação, documentário e filme, algo que ajuda a entender melhor, mas na ausência, fiquei só com o pouco entendimento na leitura do livro e em comentários que consultei em alguns vídeos e textos. Em livros como esse, em paralelo, vou usando desses artifícios para não ficar muito perdido, o que não é difícil se não tivermos um mínimo de conhecimento do contexto da obra. É o que penso e como foi minha leitura.

Algumas coisas são óbvias, como a inspiração nos clássicos de Homero, em que Virgílio enaltece a cultura e história romana nos moldes do que Homero fez com os gregos em Ilíada e Odisseia.
Na Ilíada, em termos gerais, junto com o drama romântico, podemos também concluir a consolidação da hegemonia dos gregos na região, derrotando o que era seu maior adversário no contexto: Tróia. Isso se reflete em Eneida, pois também vemos uma batalha final, em que o troiano Enéas derrota também um adversário, Turno, após várias conquistas desde a fuga de Tróia até chegar na Itália, no Lácio, consolidando a gênese dos romanos. E tal qual Ilíada, em que o estopim teria sido a disputa por uma mulher (será que preciso registrar o nome de Helena?), Lavínia é a disputa da vez entre o troiano e o latino, com consequências de representatividade histórica. O combate entre eles me fez lembrar o de Heitor com Aquiles, em que o segundo ganhou com uma vantagem mitológica quase covarde, pois além de semideus, tinha armadura e armas especiais forjadas por Hefesto. Na batalha na Itália, a semelhança está nas armas de Eneas, que foram entregues pela deusa Vênus (armas especiais também, seu escudo).

Na Odisseia percebemos os gregos também reafirmando sua hegemonia na terra, pois Ulisses é um herói vencedor e conquistador por onde passa, reafirmando seu poderio local. Eita! As duas obras somam quem é que tem o poder "aqui e ali" (o bonzão do pedaço em casa e fora dela, nos limites da terra e além deles nas adjacências), com o perdão do paralelo besta, mas que não poderia deixar de registrar em minha tênue percepção. Tem desse lance de conquista na terra, por onde passa, em relação a Enéas e, por extensão, aos romanos. O troiano se depara com alguns mitos e povos descritos por Homero, descendo o cacete também em todo mundo. Entre os descritos, posso citar o gigante Polifemo (aquele que teve o olho furado, mas não por mexerem com sua gata, né!) e rainhas como Dido.

Taí a inspiração e é lógico que o livro tem sua identidade própria. Entre as aventuras, fiquei com a sensação em um dos cantos (que são doze ao todo) da narrativa da perseguição de uma baleia ao navio de Eneás e isso ilustra porque preciso de apoio durante a leitura, pois posso entender de um jeito, mas a história estaria se referindo a outra coisa? Era uma baleia, um monstro, ou o que mais?

Diferente dos clássicos de Homero, o texto é fluido e mais fácil de entender, pois originalmente não tem rigor na questão de rimas, parecendo uma prosa. Ih, pega uma Ilíada, por exemplo, numa versão clássica enaltecida que tu não vai entender patativas sem várias leituras.... Foi o que tinha feito com uma versão que dizem fodástica (publicada na Martin Claret) e fiquei tonto, precisando depois de uma adaptação em prosa, que é, em termos práticos, uma característica de Eneida.

Em linhas gerais, quando Tróia está em seu apocalipse grego, Enéas foge com seu filho e alguns soldados, aventurando-se no Mediterrâneo até se estabelecer na Itália.

Dos 12 cantos, gostei mais do segundo e do sexto. Talvez os mais famosos pois, respectivamente, é onde se descreve a história do Cavalo de Troia e sobre a descida de Enéas ao inferno para reencontrar Dido.
Quando li a Ilíada fiquei decepcionado, em minha ignorância, por não ter encontrado a história do cavalo, citada brevemente em Odisseia. Ah, mas nesse segundo canto tem os detalhes que mitificaram o cavalo e queria saber. Me pareceu também que Virgílio (romano) dá uma cutucada nos gregos, pois vilaniza Ulisses (o cabra escroto que idealizou a armadilha) e o Aquiles (o cabra da peste que barbarizou vários troianos, incluindo parentes de Enéas). Registre-se que esse troiano era casado com uma das filhas de Príamo e seu pai era parente também do rei.

No capítulo seis, em que Enéas vai no inferno (inferno romano, como lugar dos mortos) tem o contexto de ser inspiração para a Divina Comédia, de Dante, em que o poeta passa pelo inferno também (mas já com mistura à visão cristã) em busca de sua amada. O que chamou minha atenção não foi a importância do contexto, rotineiramente citado ao se falar da obra, mas da relação entre Enéas e Dido. Vou usar essa história, em estudos ou ocasiões favoráveis, para falar da miséria do suicídio. É o que vemos na narrativa, pois Dido suicidou-se num drama romântico por ter sido abandonada pelo troiano. Enéas fica comovido e tenta reencontra-la, nem que seja no além (e é o que faz, ajudado pelas artimanhas da mitologia greco-romana), e reencontra a finada. Mas há algo estranho, ela está catatônica, não liga pra ele e até mesmo foge. É como se estivesse envolta em um pensamento, tipo assim: mas que merda eu fiz! Onde eu estava com a cabeça! (pois é, me desculpem minha interpretação maluca, mas é o que senti na leitura, no paralelo do drama romântico com a consequência). Será que deu para sacar onde vou usar essa história como ilustração?
Ah, já li a Divina Comédia, só que tem um tempão e não lembro do reencontro. Quero relembrar o que Dante escreveu ou não na visão do antigo casal.

Algumas partes achei enfadonhas, pelo fato de me perder na leitura, não entendendo algumas coisas, porém, ao final, vi que a leitura foi produtiva, interessante, reveladora e mais instigante que estressante.

No YouTube tem uns filmes e animações de Eneida, mas em espanhol (passo). Será que a EBAL quadrinizou ou tem alguma outra HQ que no momento não conheço? Venha... Venha até mim... Venha....
z..... 30/07/2018minha estante
Descobri que essa edição não é a melhor, não tendo, por exemplo, um pequeno resumo no início de cada canto ou prefácio dissertativo, mas para leitores pouco exigentes com essa obra (meu caso) serviu muito bem,




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