dani 14/06/2014http://vintecincodevaneios.blogspot.com.br/2014/06/livro-tigana-voz-da-vinganca-guy.htmlAh, nem sei direito como descrever tudo o que senti lendo Tigana, fazia muito tempo que não me sentia tão marcada por um livro, a história me envolveu, os personagens me encantaram e o ambiente me conquistou. Poderia dizer que no fim da leitura me senti em Tigana, lutando pelos mesmos ideais, lutando pela liberdade, pela identidade. Mas, como Dianora, também há um espaço em meu coração para Brandin, sim, sei que não deveria, mas ele me ganhou. E, como todos, criei uma raiva de Alberico.
Antes de começar a fazer a resenha tenho que dizer que ele não é um livro novo, sua publicação foi em 1990 e originalmente Tigana foi lançado em um volume único, a divisão foi feita na edição portuguesa e mantida na edição brasileira, então Tigana – A Voz da Vingança na verdade não é um novo livro, mas sim a continuação exata do anterior. Com isso, a história tem partida exatamente no ponto em que se encerra em A Lâmina na Alma, e com o recurso de narrativa característico do autor (ele narra um fato “por cima”, após alguns acontecimentos ele retoma aquela situação, mas aprofundando os eventos e explorando outros pontos de vista) a impressão passada é que a história está se repetindo, mas não. E se você, como eu, leu o livro com um tempo entre eles esse tipo de narrativa ajuda a retomar o ritmo e o clima da leitura anterior.
No primeiro momento da história (ou no primeiro livro) vemos todas as artimanhas e estratégias de Alessan e os que estão a sua volta para ir aos poucos criando dúvidas e abrindo espaço no governo dos dois imperadores feiticeiros (Alberico e Brandin) e agora neste segundo momento é o ponto de ação, quando tudo o que foi tão cuidadosamente planejada está para acontecer e isso acaba por montar um cenário tão possível quanto imprevisível. Eu quis poupar a leitura para poder “degustar”, mas chega um momento que o melhor a fazer “é se lambuzar”, é se envolver tanto que 100 páginas são consumidas apenas no café da manhã.
A narrativa de Guy Gavriel Kay cotinua empolgante, ele narra os fatos e os retoma esmiuçando todas as suas consequências e detalhes e com isso ele liga todos aos acontecimentos. Um dos elementos que eu já tinha percebido antes, mas que agora ficou bem mais nítido é que o autor “não dá ponto sem nó”, não há um elemento inserido no livro que não tenho um sentido, um porquê. Até o elemento que eu não tinha dado tanta atenção tem um papel importante na história. Tudo é muito bem amarrado e trabalhado.
O enredo continua sendo o mesmo, a busca de identidade ,de liberdade e a vingança, mas uma das coisas que mais me encantou foi que em certo ponto fica difícil chamar alguém de vilão já que todos têm um motivo, uma busca e um propósito. As lutas pessoais se desencontram e se entrelaçam e na hora derradeira você está torcendo para algo impossível acontecer, você está pedindo para que todos acabem bem em uma festa e dividindo vinho.
Os personagens são o tesouro desse livro; a história é boa, o plot é perfeito, a narrativa é envolvente mas tudo só ganha sua excelência pois está trabalhada em cima de personagens complexos, profundos, humanos , reais ao mesmo tempo que são inspiradores, e nesse segundo livro isso fica bem mais evidente. Guy Gavriel não vai apenas aprofundar e humanizar os personagens, mas fazer com que eles lidem com o “outro”, com o talvez, com a dúvida sobre o quão seu antagonista é ruim, isso faz com que o leitor se veja e entenda todos os lados.
O primeiro parágrafo dessa resenha é o que eu espero que um livro faça comigo, que ele se torne parte de minha realidade, sei que nem todos os livros são excelentes, nem todos ficarão guardados em nossa memória, mas é um momento muito especial quando um deles chega a esse patamar e ganha um espaço especial em sua vida e em seu coração.
Veja a resenha do primeiro livro aqui
Só para finalizar uma adaptação de um poema começado pela Jéssica e finalizado por mim rs:
Vou me embora pra Tigana
Lá sou amiga de Alessan
Lá tenho o sonho que quero
Na canção que escolherei
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