Após o anoitecer

Após o anoitecer Haruki Murakami




Resenhas - Após o anoitecer


166 encontrados | exibindo 121 a 136
1 | 2 | 3 | 9 | 10 | 11 | 12


anabeatriiii 27/06/2023

Após o anoitecer
Me tirou de uma ressaca literária de 2 anos. Os personagens são muito bons e é uma leitura rápida, te prende bastante
comentários(0)comente



Carlozandre 01/01/2010

Cidade dos Sonhos, sonhos citadinos
Forma burguesa e europeia por excelência, o romance sempre foi um gênero abrangente o bastante para atrair artistas de outras culturas e ao mesmo tempo incorporar elementos externos que garantiram sua constante renovação. É assim que o romance realista europeu do século 19 vai germinar no maravilhoso latino-americano do boom dos anos 1970, por exemplo. A chegada da forma romanesca a um país de cultura e tradição artística milenares, como o Japão, também produziu seus frutos maravilhosos, como a obra do romancista Haruki Murakami, um dos autores mais traduzidos do país e que tem agora sua obra Após o Anoitecer (Alfaguara/Objetiva, 208 páginas, R$ 49,90) lançada no Brasil. Construída nos limites entre o sonho e a vigília, a narrativa de Após o Anoitecer acompanha duas irmãs ao longo de uma madrugada na Tóquio comparada pelo autor a “um ser vivo gigante; um aglomerado de vidas que se entrelaçam”.

Duas dessas vidas são as das irmãs Mari e Eri Asai - o que as separa não é apenas uma sílaba no prenome. Eri é modelo de destaque, tratada como princesa desde a infância. Mari é a estudante esforçada, de temperamento antissocial e personalidade forte. Ao longo de capítulos que acompanham o passar das horas na noite da cidade, intercala-se a história de Eri, sentada em um restaurante de estação de trem, e sua irmã, dormindo em um quarto, sem saber que algo estranho está acontecendo.

Uma boa dose de estranheza não é algo inesperado na literatura de Murakami,seja na forma seja no desenvolvimento dos temas. Sua singularidade está em aplicar o inusitado não como um elemento fantástico, mas como uma peça a mais do cenário. O que poderia ser um componente de horror ou de fantasia se dilui no quadro maior de uma realidade por si só bizarra. Em Kafka à Beira-Mar, publicado no ano passado pela mesma Alfaguara, o jovem Kafka, protagonista da história, tem o dom de falar com os peixes. Em Minha Querida Sputnik uma jovem tem a traumática experiência de ver a si mesma fazendo sexo com um desconhecido pela janela de seu apartamento. São episódios inusitados, mas não tratados como a manifestação do impossível. Murakami cruza um registro narrativo ágil e realista, vai fundo na investigação psicológica de seus personagens e ainda lembra que na criação de um mundo ficcional não é necessário seguir as simples leis naturais. Quase como se escrevesse um conto de fadas à japonesa.

Em Após o Anoitecer (leia um trecho aqui mesmo no blog), essa estranheza fantástica da obra de Murakami se traduz principalmente na linha narrativa que acompanha a modelo Eri Asai. Quando o leitor é apresentado a ela, a jovem está dormindo em sua cama, em um quarto às escuras, iluminado apenas pela luz que vem de um aparelho de televisão — que se encontra desligado da tomada. A TV não mostra programa algum, e sim a figura sinistra de um homem mascarado sentado em uma cadeira, observando o sono de Eri — ao menos é o que diz o narrador, uma voz sem dono que conduz o leitor em suas movimentações como se o arrastasse pela mão: “Enquanto estamos do lado de cá observando passivamente a cena, aos poucos sentimos que nossa insatisfação aumenta. Queremos verificar, com nossos próprios olhos, o interior desse quarto”.

À medida que a noite avança, coisas estranhas vão se processando com Eri em seu quarto: primeiro o homem desaparece da imagem na TV. Depois ela própria some de seu quarto e vai parar no lugar que era mostrado na tela. Lá, acorda prisioneira de um espaço vazio, preenchido apenas pela cama em que dormia e sem saber como escapar.

Enquanto isso, no mundo desperto, ficamos sabendo que Eri, como uma Bela Adormecida do Oriente, está dormindo há dois meses - deitou-se e simplesmente se recusa a acordar. É algo que o leitor vai descobrindo através das interações entre Mari, a irmã da modelo, e as pessoas que encontra em sua jornada noturna pelas ruas de Tóquio. Sentada no restaurante, ela é interrompida em sua leitura pela aparição súbita de um rapaz chamado Takahashi, músico despachado que se senta à mesa da moça e puxa um papo lembrando que já esteve com ela e a irmã em uma ocasião social anterior.

Mais tarde, ela é procurada por Kaoru, gerente de um motel para encontros clandestinos onde uma jovem prostituta chinesa — ligada à máfia — acabou de ser assaltada e espancada. O espancador é um analista de sistemas que trabalha durante a madrugada em um escritório de computação e que por vezes dá vazões a instintos brutais. Embora aqui a narrativa assuma um tom mais sóbrio, coisas estranhas também invadem por vezes o mundo desperto no qual tais personagens vivem: um deles o fato de que os reflexos permanecem no espelho mais tempo do que as pessoas que se miravam neles, como num pesadelo de David Lynch. Sinais de alerta de que por baixo de uma realidade aparentemente simples, as interações humanas se dão entre indivíduos que ocultam mais do que aparentam; pessoas que disfarçam uma dimensão íntima muitas vezes composta de horror.
Marlo R. R. López 06/01/2010minha estante
"(...) o jovem Kafka, protagonista da história, tem o dom de falar com os peixes."



Opa, cara, acho que você se confundiu... No Kafka à Beira-mar, quem tem dons sobrenaturais é o velho Nakata, que pode conversar com os gatos. O menino Kafka é um sujeito normal, comum, que tem o seu passado obscuro.



É isso. Passei apenas para fazer essa pequena correção. Gostei da sua resenha.

Abraços!


Jow 14/08/2012minha estante
?


Carlozandre 14/08/2012minha estante
Quer perguntar alguma coisa, Jow?




e.duardo 25/10/2010

Fui atrás de Kafka à Beira-Mar, só tinham esse. Levei, ué, só queria ler algo do Murakami mesmo, dar uma olhada em qualquer livro e ver se valia a pena ir atrás do resto.

Apesar de não ter achado um "romance magistral", dá pra saber que sim, vale a pena ir atrás do resto.

A história todo mundo já sabe, então vão só as impressões:

Fiquei um pouco decepcionado com o clima do livro. Achei que por se passar em uma noite só, seria mais rápido, e dinâmico, ou qualquer coisa assim. Coisa de tu ir se sentindo preso e ir passando sem ver tal e tal hora da madrugada.
Às vezes, é um pouco arrastado, ou mesmo desinteressante.

Alguns personagens, não sei se isso é do autor, são lacônicos ao máximo, e não dá pra conhecer nada deles, além do superficial. Por um lado é bom, mas por outro fica uma sensação de estar faltando alguma coisa.
Nada muito marcante, de te fazer lembrar deles depois de muito tempo (tirando Mari e Takahashi).

O enredo sim, com as tramas que vão se tocando, de um jeito ou de outro, sempre de leve, é muito bom: com simplicidade e coisinhas banais, vai desenvolvendo cada situação de pouco em pouco.

Enfim, meu conhecimento da causa (Murakami, essa é a causa) é bem pouco, mas nada que impeça alguém de fazer um textinho marromenos pro skoob.
comentários(0)comente



spoiler visualizar
comentários(0)comente



Machareth 12/09/2016

Após o anoitecer
Ótimo livro. Recomendo. Traz uma linguagem nova e simples, que soa sofisticada pela capacidade do autor.
comentários(0)comente



meandros 25/02/2017

A noite, a observação e a música
Haruki Murakami foi dono de um bar de Jazz em Tóquio. Suponho que três características deste romance provavelmente se devem à sua experiência desta época: como a noite de Tóquio avança, a observação das sutilezas do comportamento e a ambientação musical.

1) A noite de Tóquio: Após o Anoitecer é uma trama que se passa em poucas horas, tal qual outros romances como Ulisses de James Joyce ou Sábado de Ian McEwan. Mas mais importante, são horas (representadas por relógios analógicos que encabeçam os capítulos) que caracterizam o início, o meio e o fim da noite, cada fase desenvolvendo-se a seu modo.

2) A observação: Temos um narrador cinematográfico na primeira pessoa do plural que vai descobrindo a história junto com o leitor. A câmera posiciona-se e observa, sem poder interferir no que ocorre e vê mais do que aparentemente ocorre. Sutil e poderosa, típico de uma observação bem feita.

3) A Música: Este é um romance musical, ambientado por jazz e música pop. A experiência da leitura acompanhada pelas músicas sugerida torna a leitura com um significado ainda maior. O próprio título em inglês (Afer Dark), faz referência à música mais citada na obra, Five Spot After Dark. Fiz uma playlist no Spotify enquanto ia lendo e, a quem interessar possa, ela está aqui com (quase) todas as músicas mencionadas, na ordem em que aparecem:
https://play.spotify.com/user/meandros23/playlist/4IiLagQVqkWyN75glsJQGF

É um livro rápido, bem pensado e muito sensorial. O que eu esperaria de um dono de bar de jazz.
comentários(0)comente



Kari 16/11/2017

Uma noite inteira com Murakami
Terminei ontem de ler Após o anoitecer e digo que não é melhor livro de Haruki Murakami.
O livro começa às 23h 54min e termina às 6h e 52min do dia seguinte. A estória entrelaça acontecimento entre Mari e Eri Asai, Takahashi, Shirakawa Kaoru, Koorogui e Komugui.
Fala de uma Tóquio que não dorme ocorrendo incidentes escusos durante a madrugada, pessoas aparentemente que levam uma vida normal e escondem atividades como envolvimento com prostitutas e com a máfia chinesa.
O livro deixa muitas questões sem respostas o que me deixou no vácuo depois de virar a última página. Diferentemente de "Sono", Após o anoitecer vai passando e as perguntas do último capítulo persistem e se acumulam àquelas no capítulo atual como, por exemplo, por que a irmã dorme tanto?, O que aconteceu com a prostituta? E com Shirakawa que tinha uma vida dupla? Essas dúvidas todas ficam sem respostas.
Por outro lado, é compreensível que essas "dúvidas noturnas" não se resolvam em apenas uma noite, uma vez que o livro conta um trecho curto na vida dos persongens, como se fosse uma continuação de algo que ocorre todas as madrugadas.
Enfim, indico para quem já conhece a escrita de Murakami e não como o primeiro livro.
Nota 0-5:3

site: @leyendo_a_los_que_leen
comentários(0)comente



WillZoka 16/06/2020

A Cidade é um ser Vivo
A cidade é um ser vivo, imenso, complexo, cheio de qualidades e defeitos, com memorias, sonhos, objetivos, arrependimentos, lagrimas e amor. O maior e mais bonito reflexo das pessoas que nela moram e lhe dão, ou ao menos tentam lhes dar significado.
A muitos anos atrás, mais exatamente em 2014 eu tive o meu primeiro contato com o livro “Após o Anoitecer” do autor Japonês Haruki Murakami. Um livro que me foi concebido graças a um evento da escola em que me formei. Nesse mesmo ano eu estava descobrindo o poder, o prazer e o significado que os livros possuem e encarei a leitura aparentemente curta e fácil. Ao chegar no fim dele alguns dias depois com lagrimas nos olhos e momentaneamente perdido não sabia como expressar minhas ideias, o choque que o livro havia me causado era especial.
Passei mais alguns anos mantendo ele comigo, apenas me lembrando de certas cenas que iam e vinham na minha cabeça, mas sem me aprofundar como ele merecia. Demorei seis anos para reabri-lo, e novamente, o choque foi imenso.
São inúmeros os questionamentos que me vem à mente quando me lembro dessa história que, é tão atual, real e cheia de pessoas vivas que a compõem.
Qual o significado que nós buscamos? Onde queremos chegar? Porque somos quem somos? Quem realmente são as pessoas a minha volta? E a pergunta que mais me seguiu, o que acontece na minha cidade, comigo e as pessoas após o anoitecer?
Na obra seguimos a protagonista Mari Asai que abandona a casa dos pais para enfrentar uma noite sozinha em Tóquio, solitária, buscando fugir de si mesma e da situação que precisa encarar em casa. A história será entrelaçada por outros personagens, como Takahashi que é um músico procurando assim como eu, e muitas pessoas um sentido para sua vida, e com Shirakawa, um empregado em uma empresa de tecnologia que vara as noites em seu serviço, porém escondendo uma personalidade brutal, que ao mesmo tempo assusta e nos deixa curioso. Por fim, Kaoru, gerente de um motel que tenta ajudar uma prostituta que foi espancada por um cliente e acaba se envolvendo com a máfia chinesa.


É muito difícil iniciar um pensamento sobre esse livro enquanto e depois de lê-lo, já que pra isso, preciso não só pensar em mim primeiro mas também em toda a cidade a minha volta. Qual significado nós atribuímos a nossas vidas, qual valor, quais signos.
O autor propõe que nós acompanhemos os personagens em alguns momentos como pássaros ou entidades onipresentes, nos sentimos invasores de sua personalidade, tentamos ao mesmo tempo entende-los, o que os move, para onde vão? Ficarão juntos? Como enfrentarão os problemas que os acompanham diariamente e os que surgiram com a madrugada?
Em contra partida somos surpreendidos por momentos sufocadores que vão muito além de uma simples passagem pela mente do personagem, é como se entrássemos dentro de seu corpo, sua mente e visemos o que muitos tentam esconder, por trás das máscaras sociais, momentos surreais que são dignos de lhe faltar oxigênio. O medo, a insegurança, a ansiedade, a melancolia nos acompanham quase que de mão dada nesses momentos.
“- Mari. Vou te dizer uma coisa. O chão que pisamos parece ser bem firme, mas uma coisinha de nada é o suficiente pra fazer ele ceder (...) Uma vez que caímos, não podemos mais voltar (...)”
Esse me livro me fez perceber o grandioso universo que existe dentro de cada ser vivo, sua história pessoal, sua cultura, suas lembranças, sonhos e objetivos que se integram a cidade a fazendo se tornar parte de si. Não somos pessoas vazias em nenhum sentido, buscamos alguma coisa ou alguém. Estar vivo é se completar com os outros e com a natureza, aproveitar cada instante até o fim, porque, o que resta depois que partimos? O que deixamos para trás? Quem somos hoje, o que nos tornamos? Em que escolhi acreditar?
Mas é óbvio que não é tão fácil assim, posso muito bem ter me precipitado em alguma reflexão, mas é ai que as coisas ficam mais belas, a troca de ideias, de leituras, de experiências nos tornam ricos. Como já dito antes, somos grandes universos cheio de pequenas estrelas impossível de se catalogar, diminuir ou reprimir, ninguém é “isso” ou “aquilo”, quando você toma tal consciência as pessoas se tornam maravilhosas, (ou não).


Precisamos sentir que estamos vivos, precisamos de amor, tristeza, magoa, sonhos, precisamos aproveitar a noite que se aproxima e viver seus momentos únicos, porque, ela sempre irá chegar e partir uma hora, tudo passa, nada é eterno, então, após o anoitecer eu espero que você consiga
chegar mais perto de ser você mesmo.
comentários(0)comente



isabelle. 02/04/2021

na medida em que posso usar, as inúmeras lembranças que tenho, sejam elas importantes ou não, são com elas que consigo me manter viva, mesmo sendo essa vida de pesadelos.
comentários(0)comente



Helena749 18/07/2022

um sonho febril.
uma típica obra de Murakami com elementos de fantasia inseridos na realidade. eu acho que a melhor forma de descrever livros como este e todos os outros do autor é que é como estar dentro de um sonho febril. e sinto que os personagens tem tanta vida quanto qualquer pessoa que de fato faz parte da minha vida. te traz mais perguntas do que respostas e sempre sugere que as perguntas importam mais que as respostas.
comentários(0)comente



Carlinha 18/10/2022

Esse livro me lembrou muito durarara histórias paralelas que não parecem ter nada em comum mas que se entrelaçam, nada parece que se conecta ao mesmo tempo que todos os personagens estão tão próximos uns dos outros, são várias tramas que se misturam e fazem a gente perceber o quanto o mundo pode ser uma cidade pequena.
comentários(0)comente



Leonardo Bezerra 19/11/2022

É um livro simples e que traz elementos do realismo mágico do autor de maneira mais tênue. Ele se destaca principalmente pela escrita muito linda de Murakami do que pela história em si, que não deixa a desejar em sua construção e em seus personagens que deixam o leitor desejando que a obra fosse mais longa para que pudéssemos conhecê-los melhor. Entretanto, creio que foi a intenção do autor que não tivéssemos tanto conhecimento sobre eles, visto que o livro se trata de um pedaço de suas vidas e não do conjunto dela.

Leitura muito gostosa de ser feita.
comentários(0)comente



Dani Scheibler 02/01/2023

Sobre os diversos tons de cinza
Após terminar a leitura, precisei de um tempo pra digerir o que eu havia lido.
Assisti um video resenha que me fez enxergar outros pontos de vista, o que me ajudou a compreender melhor o livro, que as vezes parece meio confuso.

Os livros do Murakami tem muitas coisas não ditas, nas entrelinhas, sobre coisas do cotidiano, mas que falam sobre sentimentos bem profundos e íntimos.

A idéia de que não existe somente preto ou branco. Não existe somente dia e noite, bom ou mal, mas existem diversos tons de cinza entre eles. De que as pessoas, são mais do que aparentam ser, e que todos tem seus problemas e traumas, e lidam com eles de formas diferentes.

É o terceiro livro que leio dele, e as histórias sempre me trazem um sentimento de estranheza, porém uma estranheza que me faz querer ler sempre mais.
comentários(0)comente



166 encontrados | exibindo 121 a 136
1 | 2 | 3 | 9 | 10 | 11 | 12