Alex 10/09/2023ImperdívelE o vento levou, aquele livro que eu nunca leria, sequer estava em meu radar e, não, não é por ser um calhamaço de 1600 páginas, mas porque eu imaginava que seria um romance meloso e chato.
Senhoras e senhores, E o vento levou, é tudo, menos chato. Uma epopeia sobre uma mulher obstinada, que enfrenta medos, dificuldades, tristezas, amores e desamores, com a resiliência e persistência só vista em pessoas que passaram fome.
Esse livro, também é, o relato de um tempo, um tempo pré e pós escravidão. Um tempo durante e pós Guerra Civil Americana. Um tempo de transições, rompimentos culturais e mudanças impossíveis de acompanhar.
E o Vento Levou, é, ainda, um retrato de convenções sociais, das hipocrisias humanas, da gentileza falsa e, em contraponto, das almas sinceras, daqueles que não se deixam levar pelo brilho falso, pela bajulação vazia e pelos galanteios interesseiros. É uma ode elogiosa ao comportamento reto, sensato e sincero. Mellanie, uma das personagens, é o expoente nesse sentido, Rhett Buttler, ao contrário, luta para o ser, mas anda sobre uma corda, vez ou outra cai de um ou outro lado.
Ao mesmo tempo, o livro é um retrato, deturpado, deformado e parcial, sobre o "sul" americano, sobre os confederados e sua envergadura moral superior, sobre suas "ótimas relações" com os negros escravos.
Esse é o único ponto negativo da obra, o fato de ser parcial, quase um folhetim em defesa do modo de vida sulista. "Os confederados são superiores", "os ianques são oportunistas", "os negros devem ser tratados como crianças" tratados, inclusive, com o mesmo carinho e cuidado, etc. Essa marca é indelével, porém, não diminui a obra, só necessita de uma visão crítica para o leitor não sair com uma impressão completamente equivocada sobre aquela época.
Ainda assim, com esse parêntese, o Vento Levou é uma obra prima de Margareth Mitchel. Leitura que escorre de tão fácil e envolvente. Os dramas são críveis e bem entrelaçados, os personagens são deveras complexos, a psicologia por trás de cada ato, cada decisão, são fiéis ao enredo como um todo. Não há pontas soltas, não há deus ex machina, não há falhas. E em alguns trechos, o fluxo de pensamentos de Scarlertt encantam ou te enojam, a depender do humor da personagem
Sai dessa leitura completamente envolvido, ganhou meu voto de melhor leitura do ano, entrou para o top 5 melhores livros da vida. E recomendo a leitura.
Obs. Não se baseie pelo filme, assisti depois da leitura e é infinitamente inferior, apesar de todo o frissom sobre ele, há um abismo de distância entre as duas obras, mas não comentarei sobre ele hoje, amanhã eu penso nisso.