Telma 26/07/2015Jeff Guinn é PERFEITO!Queridos surtados,
É com prazer que apresento e proclamo em voz alta que essa é simplesmente A MELHOR BIOGRAFIA QUE LI NOS ÚLTIMOS TEMPOS!
Antes de iniciar meus pensamentos a respeito da bio, quero deixar claro que, na maioria das vezes quando leio uma biografia o faço por ser fã do "retratado", mas esse não é o caso.
Não sou fã de Manson mas, entender um pouco mais, ter acesso a um pouco mais de material que me permita inserir pequenas peças desse grande quebra-cabeças que é a mente humana, é algo para o qual sempre sou atraída.
Examinar os dois lados da moeda nunca foi o suficiente pra mim... eu sempre quis dissecar a moeda... saber de que material ela é feita, para chegar a conclusões mais aproximadas da verdade possível, uma vez que a verdade em si está bem além de qualquer entendimento humano.
Já li todas (creio eu) as biografias disponíveis de Charles Manson (e outros assassinos seriais) no mercado, mas essa, é de longe a melhor biografia que li nos últimos tempos e, com relação a Manson, é a melhor biografia que já li.
Jeff Guinn é um pesquisador cuidadoso e sua preocupação em ser neutro, em montar o quebra cabeças, desprovido de pre conceitos (apesar de tudo o que já foi dito, lido e visto) é incrível! Eu o aplaudo de pé!
Em se tratando se psicopata, serial killer, tratamos de apontar o dedo e gritar "culpado" com uma rapidez impressionante (eu faço isso também), mas o que leva um monstro a ser monstro?
Jeff Guinn nos conta desde antes do nascimento de Manson, a vida de seus avós, sua mãe, o nascimento e, é curioso fazer a relação entre tudo isso e a monstruosidade futura.
A mãe de Manson, Kathleen, é um exemplo de fracasso:
"Não há registro de Kathleen, mas, mesmo assim, ela saía e ativamente procurava outro marido. No dia 2 de Outubro de 1938, o Charleston Gazette noticiou que Ada Kathleen Maddox (...) estava noiva de James Lewis Robey. a destreza de Kathleen em escolher o homem errado permanecia intacta: Robey (o noivo) possuía antecedentes por pequenos roubos e transporte ilegal de bebida." p.35
A primeira vez que Charles usou uma faca, foi para ferir sua prima, aos 5 anos de idade, com quem morava (e que tem medo dele até hoje)...
A violência sempre fez parte de sua vida, assim como sua capacidade de manipular. De fazer com que outros pagassem por um erro que ele houvera cometido. Os que tiveram contato com Manson no dia a dia, são unânimes em descrever sua capacidade de seduzir, de sofismar...
Manson passou a maior parte da sua vida dentro de Instituições Carcerárias. E casa uma das "acomodações" ensinou-o coisas que ele somava à sua personalidade. Numa de suas estadias, um avaliador o descreveu-o parcialmente da seguinte maneira:
"(...) Ele esconde sua solidão, ressentimento e hostilidade, atrás de uma fachada superficial de bajulação. (...) Ele havia comentado que as instituições haviam se tornado seu estilo de vida e que ele recebe segurança em instituições, segurança não está disponível no mundo lá fora".Para Manson, a prisão significava não apenas segurança, mas escola. p.82
Manson tentou se ajustar à sociedade e ser "normal". Casou-se e tentou alguns empregos... mas a necessidade de reconhecimento sempre falava mais alto.
Um resumo de tudo é que, o que mais Manson queria na vida, era ser famoso. Ele queria ser um POP Star... Ele queria cantar e fazer sucesso. Ser ovacionado e adorado pelas pessoas, mas apesar de todos os esforços (e foram muitos), nunca conseguiu.
Quando "I Wanna Hold Your Hand" tornou-se o primeiro lugar nas paradas de sucesso e a "beatlemania" foi ao auge, Charles Manson prestou atenção a toda a bajulação que os Beatles recebiam, e isso tornou-se seu alvo maior.
O livro não se restringe à história de Manson, mas, a toda a História do período de 1930 em diante, inclusive faz menção da introdução do LSD no mercado psiquiátrico pelo laboratório Sandoz e seus efeitos nas pessoas, arte e a posição de alguns que defendiam seu uso deliberado para fins criativos, e não apenas medicinais.
Daí em diante, o livro narra as conquistas de Charles Manson. Sua sagacidade ao escolher seus seguidores (todos pessoas que tinham problemas em casa e uma mente nada questionadora), pregava o amor aqueles que precisavam de amor e os alcançava. Depois disso, os dominava psicologicamente em sua totalidade.
O final da Bio é impressionante, passando pelos homicídios de Sharon Tate e outros (Manson nunca fez nada pessoalmente, ele "apenas" mandava fazer) e pelo julgamento de todos os envolvidos. Nessa parte me deu vontade de copiar aqui o livro todo, porque a parte do julgamento é um imenso quote e é nessa parte que o brilhantismo de Jeff Guinn se destaca ainda mais.
O acabamento dado pela Dark Side é um capítulo a parte: livro em capa dura com Manson na capa no dia em que deveria ser o dia mais feliz de sua vida: seu casamento. Dentro, fotos de vários momentos da vida de Manson e seus envolvidos.
Na página da Editora, sobre a biografia de Manson (clique aqui), há sugestões de visitas a outras páginas e vídeos que tenham relação com Manson, dentre eles, o relato de "Patricia Krenwinkel, uma das seguidoras de Charles Manson, condenada por sete assassinatos, fala sobre a luta para reconciliar dois momentos de sua vida: a menina de 21 anos que cometeu crimes para ganhar a aprovação do homem que amava; e a mulher de 66 anos que vive todos os dias assombrada pelo sofrimento sem fim que causou."
O relato está em Inglês e é muito comovente. Um convite à reflexão. Se quiser vê-lo, clique aqui.
Por fim, um convite a assistir ao depoimento do autor da biografia, Jeff Guinn, de quem agora sou fã! clique aqui
Deixo um vídeo legendado onde Charles fala um pouquinho, para você vê-lo e adicionar seus pensamentos a tudo o que já foi aqui descrito.
Convido-o, veementemente a adquirir essa biografia, se esse assunto o interessa, porque não vi trabalho melhor até o momento!
beijos, surtados, queridos.
PS.: Possíveis erros gramaticais e ortográficos podem estar na resenha e serão corrigidos assim que possível. ;)
Se quiser ver imagens e vídeos, vá ao link abaixo.
site:
http://surtosliterarios.blogspot.com.br/2015/07/resenha-manson.html