Carla.Parreira 07/04/2024
Uma breve historia do tempo (Stephen Hawking). Melhores trechos: "...Portanto, tudo o que sabemos é que o Universo está a expandir-se à razão de 5 a 10% em cada milhar de milhões de anos. No entanto, a nossa incerteza quanto à densidade média atual do Universo ainda é maior. Se acrescentarmos as massas de todas as Estrêlas que podemos ver na nossa galáxia e noutras galáxias, o total é inferior a um centésimo da quantidade necessária para fazer parar a expansão do Universo, mesmo para o cálculo mais baixo da taxa de expansão. A nossa e as outras galáxias devem, porém, conter uma grande quantidade de 'matéria escura' que não podemos ver diretamente, mas que sabemos que deve existir, por causa da influência da sua atração gravitacional nas órbitas das Estrêlas nas galáxias... Por que haverá mais quarks que antiquarks? Por que não há um número igual de cada? É certamente uma sorte para nós os números não serem iguais porque, se fossem, quase todos os quarks e antiquarks se teriam aniquilado mutuamente no princípio do Universo, deixando-o cheio de radiação mas com muito pouca matéria. Não teria então havido galáxias, Estrêlas ou planêtas onde a vida humana se viesse a desenvolver. Felizmente, as teorias da grande unificacão podem dar uma explicação do motivo pelo qual o Universo deve conter agora mais quarks do que antiquarks, mesmo que tenha começado com um número igual de ambos... A idéia de que o espaço e o tempo podem formar uma superfície fechada sem fronteira tem também profundas implicações no papel de Deus na criação do Universo. Com o êxito das teorias científicas na descrição de acontecimentos, a maioria das pessoas acabou por acreditar que Deus permite que o Universo evolua segundo um conjunto de leis e não intervém nele para quebrar essas leis. Contudo, as leis não nos dizem qual era o aspecto do Universo primitivo. O ato de dar corda ao relógio e escolher como pô-lo a trabalhar continuaria a ser com Deus. Desde que o Universo tenha tido um princípio, podemos supor que teve um Criador. Mas, se o Universo for na realidade completamente independente, sem qualquer fronteira ou limite, não terá princípio nem fim: existirá apenas. Qual seria então o papel do Criador?... Quando se tentou unificar a gravidade com a mecânica quântica, foi preciso introduzir a noção de tempo 'imaginário'. O tempo imaginário não se distingue das direções no espaço. Se se pode ir para o norte pode-se voltar para trás e ir para o sul; do mesmo modo, se se pode avançar no tempo imaginário também se deve poder voltar para trás. Isto quer dizer que não pode haver uma diferença importante entre os sentidos para diante e para trás no tempo imaginário. Por outro lado, quando se olha para o tempo 'real', há uma diferença enorme entre os sentidos para diante e para trás, como todos sabemos. De onde vem esta diferença entre o passado e o futuro? Por que nos lembramos do passado mas não do futuro?... Se uma criatura bidimensional comesse qualquer coisa que não conseguisse digerir completamente, teria de vomitar os restos da mesma maneira que os engolira, porque, se houvesse uma passagem através do seu corpo, esta dividiria a criatura em duas; o ser bidimensional desfazer-se-ia. Da mesma maneira, é difícil ver como poderia haver circulação sanguínea numa criatura bidimensional... Pode perfeitamente haver outras regiões do Universo, ou outros universos (seja o que for que isso significa), em que todas as dimensões estão enroscadinhas ou em que mais de quatro dimensões são quase planas, mas onde não haveria seres inteligentes para observarem o número diferente de dimensões efetivas... Mas pode realmente haver uma teoria unificada? Ou será que andamos a correr atrás de uma miragem? Parece haver três possibilidades: 1) Há realmente uma teoria unificada completa, que um dia descobriremos, se formos suficientemente espertos. 2) Não há nenhuma teoria fundamental do Universo, mas apenas uma sucessão infinita de teorias que descrevem o Universo com precisão cada vez maior. 3) Não há qualquer teoria do Universo; os acontecimentos só podem ser previstos em certa medida, além da qual ocorrem aleatória e arbitrariamente..."