Danii 27/06/2017
"Quando coisas importantes acontecem com você, elas não deveriam ficar estampadas no seu rosto?"
Tem livros que lemos por causa da capa. Tem livros que lemos por causa da sinopse. Tem livros que lemos porque alguém indicou (ou nos obrigou a ler). Tem livros que lemos por gostar do autor... Mas eu não li "Minha Vida Mora ao Lado" por nenhum desses motivos. Eu o li por causa de uma única citação dele que vi em algum lugar, nem lembro onde, porque faz tempo. Em 2015 eu vi uma citação que me deixou curiosa para saber o contexto do livro a que ela pertencia e, bom, depois disso eu quis porque quis ler esse livro e, obviamente, eu o li assim que pude em um único dia.
Pode parecer estranho alguém ler um livro por uma única citação, mas eu faço muito isso, já quebrei muito a cara assim, é claro, achando que um livro seria maravilhoso por causa de algo de menos de cinco linhas, mas, às vezes, o oposto de quebrar a cara acontece e você se surpreende e se apaixona pelo livro, pelo enredo, pelo personagens... E foi isso que senti lendo "Minha Vida Mora ao Lado", fui totalmente recompensada pela minha curiosidade (a próxima citação foi a que me fez ler o livro).
"Não é o dilema moral do século (...). Você não está decidindo se vai criar a bomba atômica. Só tem que escolher entre fazer uma coisa boa ou continuar fazendo merda. Então, escolhe. Mas para de choramingar."
"Minha Vida Mora ao Lado" é um livro Young Adult, que se passa no verão (romances de verão normalmente são fofos, então pode ter certeza que esse livro é super fofo e amorzinho), da autora Huntley Fitzpatrick, publicado aqui no Brasil pela Editora Valentina. Ele é narrado em primeira pessoa pela jovem de 17 anos Samantha Reed, que é rica, filha de uma deputada e mora com a mãe, Grace, e a irmã Tracy. A mãe dela é super perfeccionista e praticamente nada carinhosa, dá o melhor para as suas filhas, mas também espera o melhor, a perfeição delas. Sendo assim, a Sam até deixa de fazer algumas coisas que quer para deixar a mãe feliz, tendo uma vida relativamente normal sendo uma jovem praticamente perfeita, uma aluna exemplar com notas altas, bons empregos de verão para ajudarem nas inscrições para as faculdades, organização praticamente impecável... Apesar disso ela faz uma coisa que a mãe reprovaria totalmente: ela observa os seus vizinhos, a família Garret.
"Os Garrett eram proibidos desde o início. Mas não era por isso que eram importantes."
Há dez anos a família Garret se mudou para a casa vizinha à casa da Sam, e desde esse dia ela ouviu inúmeras críticas de sua mãe sobre essa família, que lembra a família do pai da Samantha que as abandonou. A família Garret é uma família desorganizada, afetuosa, barulhenta e, bom, enorme, que originalmente contava com cinco filhos e com o passar dos anos aumentou para oito. Essa família é o oposto da família Reed e por isso ela a fascina, fazendo a Sam observa-la sempre que pode e imaginar o que está acontecendo na casa ao lado, ao mesmo tempo em que imagina como seria viver com uma família assim.
"Os Garret já eram a história que me ninava, muito antes de eu imaginar que podia fazer parte dela."
A Sam nem cogitava se envolver com algum Garret, já que isso seria totalmente reprovado por mãe, que envolvida com as eleições para se reeleger tenta ainda mais manter uma imagem de família perfeita e tal. E para a nossa protagonista apenas observar essa família de longe já estava bom. Maaaaaas isso muda quando ela conhece um dos filhos mais velhos da família vizinha, que também tem dezessete anos, o apaixonante até depois de dizer chega Jase Garret. Aí já viu, eles se aproximam, se apaixonam... Porém, o envolvimento da Sam com essa família acaba indo muito além disso, ela acaba se apaixonando pela família inteira, principalmente depois de se tornar a Sailor Moon e conhecer o Voldemort, ou melhor, depois que começa a trabalhar como babá para os Garret. E claro, ela faz tudo isso sem que a mãe dela saiba.
A vida deles vai seguindo, os personagens vão enfrentando dilemas normalmente encontrados em YAs (ou talvez não) seja com a Sam e o Jase, ou com a família deles, ou com os amigos... Até que... Booooom!!! Na última parte do livro a autora joga uma bomba na nossa cara e na cara da Sam que vê tudo desmoronar após certo acontecimento que exigirá que ela tome uma decisão. Decisão essa que a coloca entre a família dela e a família Garret e ela precisará escolher o caminho que acha melhor sabendo que seja qual for o caminho escolhido haverá consequências.
"Você está andando por um caminho, impressionado com a perfeição dele, com o fato de você se sentir incrível e, algumas esquinas depois, se perde num lugar pior do que qualquer coisa que poderia ter imaginado."
Eu amei a escrita da Huntley Fitzpatrick, ela flui super bem e nos envolve (o que explica eu ter lido o livro em um dia nas duas vezes que o li). A autora conseguiu escrever um livro cheio de personagens sem fazer o livro parecer uma novela e ainda fez cada um ter características próprias, únicas, tanto os principais como os secundários.
A Sam mesmo sendo rica e filha de uma deputada não é uma jovem chata, mimada, irritante e esnobe, sabe? Ela é uma pessoa boa, honesta, busca fazer o certo. Ela vai amadurecendo e encontrando uma certa independência durante a obra, enquanto toma decisões nada fáceis. E ela ainda é inteligente, sabe entrar na onda da situação. E mesmo assim não deixa totalmente de ser emotiva. Ela é uma boa mistura de cérebro e coração. Gostei muito dela.
O Jase é um guri apaixonante, suspirante, perfeito, maravilhoso... Ele parece ser bem mais maduro do que os seus meros dezessete anos. Ele trabalha com o pai, conserta praticamente tudo, ama carros e animais (como não amar um cara que batiza uma cobra de Voldemort?), ajuda a cuidar dos irmãos menores, estuda, se esforça muito para ter uma chance de ir para a faculdade. Ele é um bom garoto, o oposto de bad boy. Ele seria o genro dos sonhos do meu pai (caso fosse mais velho ou a pessoa aqui fosse mais nova). Ele é tão especial, maravilhoso (insira mais adjetivos positivos aqui) que conquista o coração não apenas da Sam, mas o nosso também.
E não apenas ele conquista o nosso coração, mas toda a família Garret, que rouba a cena do livro com cada membro tão peculiar, tanto os pais (amo o jeito que a Sra. Garret lida com as críticas) quanto os filhos. E falando em filhos preciso destacar o George, o segundo mais novo. Sério, dá vontade de entrar no livro e roubar ele de tão fofo que é, sendo tão inteligente e assustado, ele é quase uma enciclopédia sobre riscos. Ah! Outro personagem eu amei (que não é um Garret) é o Tim, irmão da "melhor amiga" da Sam, no começo do livro é um baita garoto problema, mas vai amadurecendo e se torna super querido e necessário para o desenvolvimento do livro (na minha opinião).
"Nunca sabemos com certeza se, quando as coisas desmoronarem, vamos pensar na nossa segurança primeiro ou se isso vai ser a última coisa que vai passar pela nossa cabeça."
Se eu tivesse resenhado esse livro em 2015 eu teria escrito que ele é totalmente perfeito, daria nota máxima e talvez até favoritasse, mas agora o relendo após quase dois anos não penso mais assim. É claro que ainda acho que ele muito amorzinho e um YA maravilhoso. O fato é que eu sinto que queria mais. Algumas coisas poderiam ser melhor abordadas e concluídas no final do livro. A trama principal foi concluída e tudo, mas eu senti falta de mais detalhes das histórias paralelas, sabe? Se eu fosse mais crítica, acabaria dizendo que poderia ter um maior aprofundamento e mais detalhes na trama principal também, mas não sou muito crítica. E esses detalhes que sinto que faltaram nem são sobre o futuro muito distante nem nada, porque é um romance de verão, então o livro se passa no verão. Nem adianta querer saber o que acontece no outono, inverno ou primavera. E eu entendo isso. Mas as resoluções que eu queria poderiam ocorrer no verão sem problemas. Porém essa é só a minha opinião e não é como se ela valesse muito para alguém sem ser, bem, eu.
"É bom ficar de olho nessas pessoas que acham que sabem o jeito certo de se viver (...). Elas podem atropelar você se estiver no caminho."
"Minha Vida Mora ao Lado" é um livro que fala sobre descoberta sobre amor, sobre a vida, sobre amadurecimento. Mostra um amor juvenil lindo, puro, desenvolvido com calma, na medida certa. E mesmo assim não é apenas um YA fofinho e bobinho, ele trata de assuntos sérios, mas de uma forma leve e não cansativa, nos ensinando algo para a vida como todo bom YA pode fazer (e nem todos conseguem). E o que eu mais gostei foi que não foca apenas no romance, foca em família, nos problemas familiares que a convivência (ou a falta dela) traz, como também mostra o quanto a nossa família pode nos acolher, nos apoiar, nos amar. E, além disso, é um livro que nos ensina a enfrentar as nossas decisões e as consequências delas, sejam boas ou ruins. Enfim, "Minha Vida Mora ao Lado" é um livro sobre família, amor, lealdade, sobre a importância da verdade e sobre escolhas. Então escolha bem e leia esse livro. Até!
"Dá para saber em quem você pode confiar. As pessoas conseguem sentir isso, que nem os animais. Nem sempre confiamos nos instintos tanto quanto eles, mas isso ainda está na gente. Aquela sensação estranha de que alguma coisa está errada. A calma que vem quando tudo está certo."
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