Lucy 14/04/2021
"- A culpa foi minha, na verdade - disse ela, soando cansada e triste. - Coloquei-o num pedestal. Sempre foi tão bondoso durante todos esses anos... Acho que eu o imaginava incapaz de agir de outra forma."
Colin sempre foi meu favorito, e há muito tempo eu ansiava pela sua história com Penelope. Desde O Duque e Eu, estava mais do que óbvio que esses dois formariam um par, e ambos mereciam uma história incrível. Mas, por enquanto, esse é meu livro menos favorito da série. O que é uma enorme decepção. Principalmente após o livro desastroso sobre o Nº Dois.
Colin é conhecido como o alegre e jovial da família Bridgerton. Sempre com um sorriso charmoso e uma resposta zombeteira e sensata na ponta da língua, não foi difícil me apaixonar pelo terceiro filho dessa enorme família. Penelope sempre foi a mais renegada entre as irmãs e a sociedade como um todo, mas muito querida pela família de Colin. Eles se conhecem desde a adolescência. Penelope é apaixonada por ele desde os 16 anos. Já Colin a vê apenas como amiga. Histórias de friends-to-lovers geralmente rendem tramas muito divertidas e românticas, mas esse livro me entregou muito pouco tanto de humor quanto de romance.
Desde o livro anterior, senti uma queda drástica no humor. Colin poderia ser o up que precisávamos, mas se mostrou o extremo oposto do que foi nos mostrado antes. Por diversas vezes ele vocifera, é ríspido, raivoso, rude, egoísta, narcisista. Sempre dando respostas muito grosseiras com qualquer pessoa que seja. Pode ser por sua frustração na vida ou pela idade, que lhe trouxe mais questionamentos e inquietações, porém foi uma mudança muito estranha, ao ponto de ser notada tanto por Penelope quanto por sua irmã, que lhe compara a Anthony. Mas nem Anthony pareceu tão rabugento quanto ele. Quando se trata de Penelope, ele não se esforça em apoiá-la ou compreendê-la. Só discute, chamando-a de burra, e negando-se a ouvi-la.
O romance é muito abrupto. Colin nunca viu Penelope como alguém desejável, mas apenas como amiga de sua irmã, tratando-a como irmã também. Do nada, ele a olha e pensa em beijá-la. Do nada, ele vê que ela é uma mulher bonita e que (olha só!) não é sua irmã. Do nada, ele quer se casar com ela. Não tem qualquer desenvolvimento disso. Ele se questiona em determinado momento quando isso começou, porém diz que não importa. Claro que importa. Eu quero uma relação bem desenvolvida, não essa trama "miojo". As coisas não melhoram após o casamento, já que a autora resolve simplesmente dizer que tudo está perfeito e dane-se. Não vemos mais nenhuma cena mais romântica, nem mais quente. Não os vemos usufruindo da vida de casados. O romance, que já era muito tedioso e insosso, é deixado completamente de lado para focar em outra trama.
O grande dilema de Colin é bobo do mesmo modo. Ele é adulto, rico e muito querido. Entretanto, se sente descontente por não saber o que fazer da vida. Seus outros irmãos têm um legado para deixar, menos ele. Assim como Penelope disse, sua solução era óbvia e objetiva. Nesse livro também descobrimos quem é a infame Lady Whistledown. Outra trama que fez mais drama do que o necessário e acabou sendo igualmente frustrante.
Penelope tinha chamado minha atenção logo de início. Ela é tímida, porém sarcástica e inteligente. Queria ter visto mais disso. Mas o que encontramos é uma Penelope apagada e servil. Só faltava ela beijar os pés de Colin por finalmente desejá-la. Quando compartilha seus segredos com Colin, ele sente inveja e ódio. Quando fala de seus sonhos, ele não dá atenção. Quando ele lhe mostra seu segredo e lhe pede opinião, ela o exalta e acaricia seu ego. Ele não faz o mesmo por ela. Ela deixa de lado suas conquistas para auxiliá-lo a realizar seus sonhos. Ele se torna um homem feliz e bem-sucedido. E ela volta a ser apenas a Penelope. Simples, pacata, sem graça e excluída. Colin foi o seu maior sonho durante doze anos, e tê-lo era sua única razão para ser feliz.
Dormi incontáveis vezes enquanto tentava acompanhar esse livro. O romance é tratado completamente como coadjuvante, enquanto a trama sobre Lady W. ganha o enfoque principal. O casal não tem qualquer química, não se vende de maneira crível e não funciona bem junto. O final é tão chato quanto o resto. Passamos pelo menos metade do livro com a discussão entre Colin e Penelope, que afinal não teve qualquer consequência. E o pequeno percalço próximo do fim é tolo, tanto que foi resolvido facilmente, e nem teria sido um real problema se Penelope fosse mais inteligente. Tem muito drama, brigas desnecessárias e pouquíssimo humor. Lady Danbury é a única coisa boa desse livro.