Resenhas - Mrs Dolloway

rafinha 23/09/2021

Que livro perfeito!
Virginia woolf compreende a mente delicada e poderosa dos seres humanos, personagens que se mostram complexos mesmo sendo acompanhados por apenas um dia! Escrita moderna e ousada para a época, mostrando a forma pioneira que a mesma escrevia

Paloma 23/01/2019

encontros e desencontros
Depois que você realmente entende tudo o que acontece nessas páginas, acaba reconhecendo também que explicar essa narrativa para outra pessoa é uma tarefa quase impossível.
Essa história vai nos levar através de encontros e desencontros de personagens únicas criadas por Woolf durante apenas um dia. Temos histórias paralelas, histórias cruzadas e a própria essência da autora em muitos aspectos ali.
Essa não é uma leitura fácil porque envolve sentimentos, reflexões e claro, muita atenção! A narrativa de Virginia segue um fluxo de pensamento e para que tudo seja entendido é necessário o máximo envolvimento do leitor. Esse foi o principal motivo pelo qual eu não amei essa história, o fato de que eu mesma li em um momento não muito propício da minha rotina, mas esse também é aquele livro que eu sei, eu sei, que vou amar em uma releitura.
A edição da Autêntica está maravilhosa pois ainda temos várias notas, glossários e mais, e garanto que a leitura desses 'extras' foi o que me fez ver o quanto essa história tem o potencial para me conquistar. De qualquer maneira, recomendo esse livro à você que quer uma experiência nova em leitura, à você que quer se surpreender com a reflexão humana.

EduardoCDias 07/07/2020

Acho que preciso de outra leitura
Virginia Woolf inovou na escrita de romances usando a técnica de fluxo de consciência. Diferente dos romancistas do séc. XIX que tinham um estilo rebuscado, detalhista e uma narração linear, Virginia conta a história invadindo a mente dos personagens, sem muita preocupação linear. Isso torna a leitura muito difícil (ao menos até você se acostumar com isso) e por vezes, quase abandonei o livro, coisa que nunca fiz na vida. Mas, ao acostumar com esse método diferente, acabei evoluindo. O dia de uma aristocrata fútil e esnobe, preparando uma festa para a alta sociedade e revendo velhos amigos. Esse é, contado de maneira simples, o resumo da história.

BIASI 08/07/2020

Ótimo
Leitura diferente uma vez que todo livro se passa em um só dia

@fernandajfguimaraes 29/07/2020

"Exibir a inteligência era uma coisa boba. Devíamos simplesmente dizer o que sentíamos... o que sabemos a respeito até mesmo das pessoas com quem vivemos todos os dias?"

Virgínia Woolf surpreendia a todos com seus novos recursos estéticos que lhe permitiam expressar uma nova realidade: a modernidade, a crescente urbanização, a industrialização, o conflito de classes, as Guerras. Preocupava-se em captar os recônditos da mente, os labirintos da memória, as contradições, o tempo psicológico. Nesse ínterim, também elaborou uma trama na qual pudesse fazer experiências sensoriais, associações, jogos temporais e abusar da sua técnica mais famosa, o fluxo da consciência, inspirada nas obras de James Joyce e Proust. Além disso, vemos críticas ferrenhas entranhadas na história de Mrs Dalloway ao Império, ao colonialismo, ao patriarcado, também reflexões sobre sanidade e insanidade, vida e morte e a representação do feminino.

Eu simplesmente me encantei com Mrs Dalloway e posso dizer que considero um dos meu livros favoritos.

Gabriel 12/10/2020

Surreal
Difícil de acompanhar no começo mas logo a história te cativa de uma forma surreal.

Fluxo de pensamento ao extremo. Escrita primorosa. Bom demais

Manu 23/01/2021

Mrs. Dalloway é um clássico que apresenta uma boa crítica aos costumes da elite. A história se passa inteira em um dia, com voltas ao passado através das memórias dos personagens. A autora os nós dá personagens muito bem construídos e os explora de forma bem característica.
A uma interessante comparação entre pessoas da elite e classe trabalhadora, em relação aos infortúnios da vida. Ao mesmo tempo uma comparação entre os interesses femininos e masculinos da época, trazendo-nos a reflexão sobre essas relações sociais.
A contrução da narrativa é bem fora do comum. Além da forma que a autora constuiu os personagem (e como os usa), a história não é linear, a narrativa não é limpa (sempre há algo para se dizer no meio de algo) e os pensamentos dos personagens se confundem com a narração do eu lírico.
Para quem não é acostumado com leituras assim, recomendo a releitura ou uma leitura muito atenta, mas quando se entende a forma de construção da história, a leitura é excelente.

Camille.Pezzino 27/03/2021

RESENHA #162: O MUNDO ESTÁ MUDANDO
Quando experienciamos uma história, muita das vezes, ficamos preocupados com spoilers, certo? Isso se deve, sobretudo, ao fato de que essas tramas possuem o intuito de contar uma sucessão de acontecimentos que farão sentido e surpreenderão – ou assim se pressupõem – o leitor. Esses fatos são o centro da narrativa, o que buscamos ao ler esses textos.

Mas se o que importa não são os fatos, mas o que está por detrás deles? Mais ainda, o que está na mente dos personagens? O que eles pensam, quem eles são e o que aconteceu para serem assim ou pensar dessa maneira?

Woolf, como Joyce, possui o talento primoroso e cinematográfico de nos levar além do mero enredo, transforma-nos em espectadores de consciências. Assim, através de uma narrativa de fluxo de consciência em terceira pessoa, o narrador nos encaminha por um dia de junho de 1923.

Esse é um livro bipartido, em que o enredo é ordinário, simples e comum. Dessa forma, os acontecimentos – pequenos momentos da vida cotidiana – não têm de fato importância. No entanto, os dois núcleos da narrativa, representados por Clarissa Dalloway e Septimus Warren-Smith, possuem um aprofundamento psicológico estrondoso.

É através dessa divisão de potencialidades e decadências que a trama de Woolf vai ganhando as suas camadas e críticas, as quais permeiam os dois personagens principais e todo o elenco que está por detrás deles. Cada um deles, em algum momento, terá seu espaço, terá sua voz no decorrer das páginas, o que mostra a genialidade de Woolf: todos possuem pensamentos próprios, complexidades e inseguranças.

SAIBA MAIS EM: https://gctinteiro.com.br/resenha-162-o-mundo-esta-mudando/

site: https://gctinteiro.com.br/resenha-162-o-mundo-esta-mudando/

Edu 16/12/2021

Não foi para mim
A técnica do livro é excelente. Virgínia Woolf faz um escrutínio dos pensamentos de alguns personagens ao decorrer da história.

Apesar disso, a história não me cativou, não me instigou e nem ficará na memória por muito tempo.

Entendo o motivo por ser o livro favorito de muitas pessoas, mas definitivamente não foi o meu, mesmo adorando o estilo da narrativa.

Beth 17/01/2022

Virgínia Woolf foi alguém que defitivamente revolucionou a literatura e o texto em prosa com sua estética literária diferente do que era publicado em sua época. Em Mrs Dalloway somos levados pelo fluxo de pensamento, em que predominam as opiniões, sentimentos, lembranças e julgamentos dos personagens diante de suas ações. Porém, infelizmente, não funcionou pra mim. Me peguei muitas vezes perdida e confusa enquanto lia o texto, ficava muito cansada depois que lia, e me peguei querendo só acabar logo porque não estava conseguindo tirar prazer dessa leitura. Apesar de jamais poder ignorar a importância de tal obra, não posso também dizer que entrou pros meus favoritos. De qualquer forma, valeu pela experiência e também para que eu pudesse ter uma opinião sobre VW, já que eu não havia tido um contato assim com sua obra antes.

gabrielle 14/06/2022

O romance todo se passa em um dia. O cenário é Londres dos anos 1923. Clarissa Dalloway sai para comprar flores para um jantar que oferecerá em sua casa naquela noite. Enquanto ela faz o trajeto e, mais tarde, na festa em sua casa, outras histórias paralelas são contadas, incluindo a de um ex-namorado e a de uma amiga (ex paixão). Aparecem sua filha Elizabeth, seu esposo Richard e outros personagens do círculo social do casal Dalloway. Uma das histórias é a de um homem chamado Septimus e sua esposa Lucrezia. Clarissa passa pelo casal, mas não o conhece e não interage com os dois. Septimus é deprimido e pensa em se matar, e a esposa busca ajuda para ele junto a especialistas.

Virginia Woolf tem uma escrita intimista e profunda. É durante apenas um dia que toda a trama se desenrola, se é que podemos chamá-la de trama, os eventos do cotidiano de Clarissa Dalloway e a sociedade ao seu redor enriquecem-se no mundo interno, buscando significado na percepção particular, dando uma profusão de pensamentos e sensações descoordenados e diversos, construindo o universo etéreo que de fato reveste a realidade, tingindo-a de cores diferentes de acordo com os olhos que a veem. É nessa confusão caracterizada pelo fluxo de consciência que brotam os mais profundos assuntos. E entendemos que construímos a densidade do resto a partir da nossa, como Peter Walsh seguindo uma estranha e atribuindo-lhe um pretexto imaginário na rua; como Clarissa promovendo a sua própria expressão no esmero de suas festas; como Septimus escutando ao canto profético dos pássaros.

Woolf empreende uma espantosa viagem psicológica ao nos apresentar Septimus (veterano de guerra condecorado), cujos sofrimentos da guerra ainda perturbam sua sanidade, fazendo toda a configuração habitual de sua vida, o casamento com Rezia, os versos de Shakespeare e um mero passeio no parque desabarem diante da dormência que lhe envolve. Septimus e sua criadora têm muito em comum, tendo Virginia tido diversas crises durante a vida, e sendo diagnosticada, comumente, como vítima de distúrbio bipolar. Antes de se matar afogada aos 59 anos, Virginia já havia tentado se jogar da janela (maneira pela qual Septimus se suicida). É provável que eles também dividissem o ódio pelos tratamentos psiquiátricos da época, ou Virginia não o teria criado. A crítica à figura do psiquiatra, profissão ainda tão iniciante na época, é bastante óbvia quando a própria Rezia compara seu vulto ao de um demônio. Mas mais curiosa é a afirmação da própria Woolf a respeito da obra: numa primeira versão, quem se matava era Clarissa, e não havia Septimus; Septimus era um duplo de Clarissa, como um pedaço dela completamente dissociado, tanto que os dois personagens jamais se conhecem. É inevitável imaginar que a soma dos dois correspondessem em parte à natureza da própria autora, o otimismo saudoso de Clarissa e o delírio inspirado de Septimus, como a inspiração artística, densa e visceral que tanto constrói e tanto destrói do escritor, não por acaso profissão mais ligada a distúrbios mentais.

Mas em todos os personagens há a marca inegável do tempo; em todas as mentes há esse quê meio inventado, meio esquecido de memória, de saudade e decadência. Sally Seton, melhor amiga de Clarissa durante a sua juventude, é uma recordação idealizada de uma paixão juvenil pela independência e pela transgressão. Anos depois, no entanto, no clímax do livro, a festa que a protagonista passou o dia organizando, ela ressurge como uma desconhecida trivial que casou, teve cinco filhos e não é minimamente romanceada pela nova Clarissa. Peter Walsh é o amor desprezado, a paixão que nunca daria certo, agora um potencial desperdiçado que coleciona confusões amorosas. Hugh Whitbread é uma caricatura de aspirante à nobreza que parece cada vez mais gordo, cada vez mais bajulador. A própria Clarissa perdeu seus impulsos transgressores da meninice e seu brilho majestoso. A velhice começa a alcança-la, e por vezes é esnobe, e por vezes insensível. A passagem do tempo é inevitável e transformadora, mas as maiores metamorfoses são aquelas que ocorrem na percepção dos personagens, pois a existência, no mundo de Woolf, é tecida pelos fios complexos do mundo interno.

Numa sociedade em que a literatura virou negócio e a profundidade já não interessa tanto assim, a leitura de Mrs Dalloway, portanto, é um refresco abissal: derruba-nos para dentro de nós mesmos, inebriando-nos com a permanência do próprio eu, recordando-nos da importância da sensibilidade que não é física, livrando-nos do tédio da simplicidade.

Resumindo, eu simplesmente amei essa obra, e pretendo rele-la no futuro.

Ana Santos 11/01/2023

Virgínia acertou em cheio em um romance que conta narrativas diferentes, porém ligadas em determinados lugares ao decorrer da história. Problemas sociais, pós guerra, a volta de um amor antigo. É necessário gravar o nome dos personagens, se não, você se perde completamente kkkkk

Kanandavn 12/02/2023

Sobre o tempo...
A narrativa de Virgínia sempre permeia as coisas tidas como insignificantes do nosso dia a dia, que passa despercebidas, dando uma importância extraordinária a esses intervalos que compõe isso que chamamos de vida.
É também um atento ao tempo, as infinitas coisas que partilhamos durante o mesmo segundo. A peculiaridade que está presente em cada mente e, claro, os impactos que nossa materialidade causa em nosso íntimo.
Há em Virgínia uma sensibilidade que ultrapassa o real. A construção da consciência de seus personagens nos toca de maneira amena e ao mesmo tempo dilacerante. As reflexões que cada diálogo e fluxo de consciência nos propõe, modifica nossa visão sobre o mundo para sempre.
O toque do relógio a cada hora não nos deixa esquecer que o tempo é marca latente nessa narrativa. O tempo passa e coisas novas acontecem a cada novo segundo e milhares de coisas ao mesmo tempo. E nossa vida aos pouco se esvai. E nesse exato momento o que realmente importa?
Virgínia é grandiosa.

Eslen.Silva 08/09/2023

Fica melhor toda a vez que eu penso mais sobre, é extremamente melancólico e nostálgico, um comentário sobre a desilusão de envelhecer, da perda do brilho da juventude, de ser devorada pela máquina, os comentários sobre saúde mental e sobre o contexto da época, são excelentes.