Leonardo1316
21/05/2023Fiz uma péssima escolha de começar ler a obra ficcional de Salman Rushdie por esse livro. Deixei me levar pelas expectativas e por todas as polêmicas que envolvem "Os versos satânicos" e acabei não gostando totalmente da leitura. Esse romance é complexo, denso e atravessar essas páginas não foi uma tarefa fácil. Penso que "Os versos satânicos", sintetiza com extrema perfeição o conceito de bastardia literária desenvolvido pela professora Telma Borges da Silva, que pensa esse conceito como um estratégia utilizada pelo autor
"para promover o trânsito sem fronteiras, ou mesmo para diluí-las e favorecer relações
impertinentes entre a literatura, a cultura e as histórias do Oriente e do Ocidente. Por
ser uma espécie de museu da história colonial, a Europa deve ser pilhada. Só assim
será possível retirar dos espaços sagrados, como museus e galerias, uma história que
precisa ser recontada. Antes, essas relíquias precisam ser somadas a outras que,
“insignificantes”, foram relegadas ao esquecimento, mas não apagadas". Rushdie age de "age de forma bastarda, num gesto que pode ser comparado ao de um bibliotecário infiel, que embaralha códigos e impede que os usuários de sua biblioteca tenham acesso a uma verdade presumida" (BORGES DA SILVA, 2006, p.18-19).