Retipatia 24/10/2018
Temos o nosso mundo e, então, tem-se o Outro Mundo...
Um mundo dentro do outro, criaturas que povoam o imaginário dos humanos saem das sombras e se revelam. Os humanos não são os únicos seres a caminhar sobre a Terra, vampiros, bruxos e fadas estão por todo canto e, desde que se revelaram, o mundo mudou...
Kelene está em busca de alguém para dividir seu apartamento em Belo Horizonte depois dos eventos complicados que levaram à morte da sua colega. É claro que isso pode estar atrapalhando um pouco em que surjam interessados a ocupar a vaga e, por isso mesmo, ela resolveu que deixaria um aviso bem aberto, indicando que aceitaria pessoas do Outro Mundo também.
E, por pessoas do Outro Mundo, leia-se, bruxos, seres místicos e vampiros. Criaturas que agora convivem com humanos às claras, desde a Revelação.
É assim que o vampiro Lucio entra em contato com Kelene, disposto a dividir o apartamento com ela. Depois de uma rápida entrevista, os dois passam a dividir o teto e, tudo que a protagonista deseja é manter seus segredos guardados para si, enquanto mantém sua rotina de estudos na UFMG.
O único detalhe é que nenhum dos dois imaginava que teriam um inimigo em comum e, muito mais do que isso, um passado que se encontrou há muito e tantos segredos que poderiam bordar infinitas colchas de retalhos para cada um.
Planos que envolvem a própria Morte "em pessoa", um ser chamado Inominável e as vidas dos mocinhos. O destino de todo o Mundo, o outro e o outro também, serão desvendados durante a leitura, mantendo a história cheia de revelações e reviravoltas, capazes de fazer o leitor criar das mais variadas teorias conspiratórias!
Sem dúvidas a escrita da Thais me prendeu, comecei a leitura muito empolgada com o fato da fantasia se passar no Brasil e, especialmente aqui na minha cidade querida, com aquela familiaridade dos lugares que são descritos ao longo da história, que dá apenas umas rápidas escapulidas através dos caminhos da morte, para terras estrangeiras.
Além disso, os dois personagens principais, Kelene e Lucio, que narram o livro quase que sempre de maneira intercalada, com alguns capítulos interessantes contados pela própria dona Morte, mantém-se fiéis às suas apresentações, objetivos e desenvolvimento ao longo da história.
Os personagens secundários também possuem seu charme, humanos, vampiros e a própria Morte, todos desempenhando papéis importantes para combater o principal mal que ameaça o Mundo: o Inominável, criatura interessante e que, sem dúvidas, eu gostaria de conhecer um pouco mais. E, falando de secundários, como não falar da vampira que merecia um livro inteiro só para ela: a linda, poderosa e sexy Semele, que tem dos melhores acordos com a dona Morte e precisa urgente nos contar como foi que conseguiu. Sim, a Morte adora fazer acordos e eles são um dos principais motores da trama (cabe uma #adoro aqui... rsrsrs).
A história também tem bom andamento, seguimos em trilhas de fragmentos de memórias, conversas e alguns acontecimentos que fazem as peças se encaixarem e milhares de suposições serem criadas, uma, inclusive que me fez viajar bastante e que não se fez verdadeira no final, sem dúvidas a autora deve ter rido bastante internamente da minha loucura... ahahah Apenas alguns fatos que ficaram um pouco enevoados e, com o bom e velho auxílio à lista, digo, contato direto com a autora, foram logo esclarecidos.
Um dos pontos que senti falta foi um pouco mais de diálogo e de acompanhar os acontecimentos mais ou menos no desenvolvimento do livro, já que a narrativa gosta de seguir os pensamentos dos personagens e boa parte das coisas são conhecidas e desvendados exatamente assim, pelo raciocínio de Kelene e Lucio. Mas não foi algo que impactou a fluidez da leitura.
Um detalhe super importante é que o livro, apesar de ser o primeiro de uma série, tem o arco completo, então, mesmo terminando com várias possibilidades (e que final que eu amei), o arco que se passa no Ciclo da Morte tem começo, meio e fim. Ninguém terminará com uma frase pela metade ou caso não resolvido, precisando do próximo livro pra conseguir completar o raciocínio, juro, isso não faz bem para a sanidade ahahah... Mas, é claro que a Thais fez seu trabalho e deixou o leitor bem curioso para os próximos livros da trilogia.
O Ciclo da Morte brinca muito com a realidade, com destino, escolhas, vida e morte. Tudo visto como um ciclo, o ciclo da própria Morte que faz gerir e manter o equilíbrio da vida, como pesos que mantém a balança em níveis estáveis dos dois lados. É esse um dos pontos mais legais também, já que, tanto o Outro Mundo e outro também, humanos e criaturas não humanas, são todos ligados por compartilharem o mesmo espaço, a mesma terra, e a coexistência balanceada, é o ponto mais importante para que o caos não impere.
Ciclo da Morte é uma fantasia que une elementos dos já conhecidos seres sobrenaturais à uma história cativante e que, com certeza, é um bom antídoto para qualquer ressaca literária.
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