Areia nos Dentes

Areia nos Dentes Antônio Xerxenesky




Resenhas - Areia nos Dentes


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Leonardo 11/07/2011

Uma evidente jornada de marinheiro de primeira viagem
Ultimamente tenho procurado conhecer mais os autores brasileiros contemporâneos, e por esse motivo, quando encontrei Areia nos dentes no sebo, não pensei muito e comprei. Já havia lido em algum blog sobre Antonio Xerxenesky e esse seu romance que mistura caubóis e zumbis no México. Como se trata de um pequeno livro, comecei imediatamente a leitura e no mesmo dia terminei.

Senti-me decepcionado, confesso. A proposta do autor era escrever um livro divertido, que brincasse com os gêneros, numa homenagem ao cinema. O que mais me incomodou no livro foi a falta de equilíbrio. Não há uniformidade durante a narrativa, e não há equilíbrio nem nessa falta de uniformidade. Percebe-se a ânsia do autor em mostrar o que sabe sobre maneiras de narrar: especialmente no começo do livro, cada capítulo é narrado com uma técnica diferente, à Joyce, mas sem dúvida com muito menos êxito. Capítulos narrados na terceira pessoa clássica, primeira pessoa, em forma de diálogo de teatro, uma imitação de fluxo de consciência, metalinguagem, metalinguagem dentro da metalinguagem, autoreferência, autoindulgência, e tudo isso, por não ser bem explorado, ao invés de resultar em uma narrativa rica, evidencia apenas a imaturidade do escritor, certamente empolgado com seu primeiro romance.

A trama também deixa a desejar. Todo o tempo o romance faz grandes promessas e parece que haverá grandes acontecimentos, mas me pareceu faltar habilidade ao narrador, e ao final percebe-se que são muitos os blefes. A inimizade entre os Ramírez e os Marlowes, a figura do xerife, a figura do xamã, o assassinato ao início do livro, a quota romântica do romance, o relacionamento entre o velho que escreve as memórias e seu filho, até um McGuffin(!), e, em especial, a promessa de que os mortos retornarão, tudo isso acaba ganhando um desfecho mole, solto, aparentando quase uma improvisação, deixando aquele gosto de “então era só isso?”.

Quando o autor esquece tudo isso e preocupa-se apenas em narrar, percebe-se que sua prosa é simples e bem escrita, e que ele conta bem os fatos. Assim, na minha opinião, esse livro poderia ser considerado um êxito se o autor adotasse uma estrutura narrativa simples, sem muitos floreios, dando uma uniformidade nesse caso desejável à história, eliminasse tantas subtramas (relação metalinguística velho/filho, triângulo amoroso – os dois que há no livro, ambos mal resolvidos, o McGuffin e sua resposta frustrante) e resolvesse melhor o essencial.

No final das contas, não me arrependo de ter lido essa história, apesar das suas falhas. Conheci mais um autor brasileiro com potencial e fiz uma reflexão sobre o que eu não faria se escrevesse meu primeiro romance.
Bruno 10/03/2012minha estante
estava pensando em escrever uma resenha sobre esse livro, mas esta aqui traduz tão bem o que eu senti após a leitura q acabei achando desnecessário..


Leonardo 11/03/2012minha estante
Obrigado pelo comentário, Bruno. Para conferir mais resenhas como essa, visite meu blog: http://catalisecritica.wordpress.com




Tibor Moricz 13/06/2011

Lido e comentado.
Este livro já me causou inquietação logo no título. Como não deixar de se incomodar com a terrível sensação que a areia provoca nos dentes? Quem não os teve estalando na boca, não sabe o que digo.

Iniciei a leitura com as mais elevadas expectativas e não me arrependi.

A trama narra um conflito obscuro, alimentado por segredos de porão, entre duas famílias, os Capuleto e os Monteq… Não, peraí, não são essas famílias, não. Ah, os Marlowe e os Ramirez. Isso (Chega de Tequila, homem!). Quem conta é Juan Ramirez, descendente hipotético e testemunha auricular dos fatos.

Ambas as famílias se odeiam por motivos não revelados e se confrontam, guiados por várias mãos, revelando ser este romance um manifesto ao politeísmo.

Epa, politeísmo? Calma, vou explicar.

Há um trecho onde Deus é imaginado num cartaz de procura-se, vivo ou morto. Na figura do perseguido (inexistente), a imagem de Xerxenesky ficaria bem, que, nesse caso, seria o Deus maior. O leitor também se deparará com camadas narrativas onde se confunde a pessoa do narrador. Ora se trata de Juan Ramirez (Deus menor), o mexicano que conta a história de seus antepassados, ora se trata do próprio Xerxenesky (há um Deus acima dele? creio que sim) que é citado num momento como o autor que cria o autor (e também em diversos momentos narrativos onde fica evidente sua intrusão (ou de Juan Ramirez?), trazendo terminologias e situações futuras que jamais viriam das bocas dos personagens do livro).

Proposital? Claro que sim. Há um primor narrativo que não dá margem para outra dedução. Várias mãos remam esse barco metalingüístico, sem que o ritmo seja quebrado.

Só um detalhe: em determinado momento, no solilóquio interior do xerife Thornton, ele usa a palavra “quilômetro”, quando deveria dizer “milha”.

Areia nos Dentes é um excelente entretenimento e traz, ainda, de brinde, um ataque de zumbis à nem tão pacata cidade de Mavrak. No bom estilo terror classe B, com mortos-vivos se arrastando pelas ruas, mordendo, arrancando pedaços, matando e transformando outros em iguais.

Uma vingança tão desproporcional que, por pouco, quase mais nada resta da cidade senão fragmentos ensangüentados. E os grandes segredos de porão misturados a eles.

Recomendado.
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mura 31/03/2011

Excelente livro que mistura zumbis, histórias de velho oeste e até uma paixão meio Romeu e Julieta. O autor usa várias tipos de linguagens escritas, o que dá ao livro um excelente ritmo. O livro prende o leitor logo nas primeiras páginas mantendo a ação até o última página. Literatura recomendada.
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Tuca. 26/01/2011

O leitor comum
Comento sobre este livro (mais especificamente sobre a segunda edição, da Rocco) no post do link abaixo, complementando minha resenha anterior (feita após a leitura da primeira edição, da Não Editora). Visitem:

http://bit.ly/dSnNtm
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Tuca. 12/11/2010

O leitor comum
Comento sobre este livro no post do link abaixo. Visitem:

http://oleitorcomum.blogspot.com/2010/09/no-animals-were-harmed-or-molested.html
Tuca. 22/11/2010minha estante
Comentaram sobre eu "ter dado zero" pro livro, aqui. Na real, não tinha avaliado, o que é diferente. Vou procurar prestar atenção de dar alguma nota, por mais que não curta, porque aqui na sessão de resenhas, REALMENTE, fica parecendo que dei zero. =P




Tito 26/10/2010

The good, the bad and the ZOMBIES!
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Psychobooks 01/05/2010

Libere o Macho que existe em você!
O livro discorre sobre um homem que escreve a história de seus antepassados, e durante esse processo ele começa a fazer reflexões sobre seu relacionamento com o filho.

Recheado de Homens com "H”maiúsculo, que cospem no chão e são extremamente machistas. Onde os mais velhos são respeitados e os homens que não bebem (hello metrossexuais!!) são motivo de chacota. Há disputas familiares, amores impossíveis e... Zumbis!

Tudo no bom e velho estilo faroeste, regado a bang-bang e muita tequila e uísque. Bom pra se ler num final de tarde ou num fim de semana chuvoso. Um livro curto com a história bem amarrada. Vale a pena! Mais um autor brasileiro recomendado!


Estamos sorteando esse livro no blog! Promo de 01/05 de 2010 até 20/05 de 2010. Acessem:

http://psychobooks.blogspot.com/2010/05/areia-nos-dentes-antonio-xerxenesky.html
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Anica 22/08/2009

Areia nos Dentes (Antônio Xerxenesky)
Faroeste. Com zumbis. Eu sei, eu sei. Eu me vendo fácil para esse negócio de histórias de zumbis, mas no caso de Areia nos Dentes eu fico mais do que feliz por isso. Porque é um daqueles livros que eu colocaria fácil, fácil entre um dos melhores que li esse ano. E ó, nem tem tanto zumbi assim.

A narrativa mostra um sujeito tentando recuperar a história da família ao escrever um livro sobre os tempos em que viviam em um povoado no sul dos Estados Unidos. Aos poucos o narrador vai interrompendo a narrativa, seja por um problema com o computador, seja por embriaguez. E quando você já está afoito pensando: cadê os zumbis, cadê, cadêêê?, Já era. Xerxenesky já prendeu sua atenção e você quer saber dos dois Juans. Você já consegue sentir o calor e a poeira da Mavrak, cidade dos antepassados do narrador.

E o que é mais interessante é como ele vai alinhavando a história, com muita metalinguagem e ótimas referências. Não só isso, mas vários momentos que extrapolam o que esperamos de ‘normal’ em um romance. Por exemplo, a parte de Juan correndo atrás de Samuel com o cavalo é fantástica, por causa da solução do autor para esse momento: duas colunas, uma nomeada Juan, outra Samuel. Em cada uma temos um breve parágrafo mostrando o que cada um está pensando naquele momento. Eu me arrisco a dizer que nunca tinha visto algo igual em literatura, funcionando tão bem.

O mesmo vale para outras inovações, como a chegada dos zumbis, ou mesmo o momento que um vírus ataca o computador do narrador. Daqueles livros de autor-artesão, meio versão faroeste de Budapeste, eu arrisco dizer. O livro é tão bom que você devora e depois fica com aquele arrependimento de quem deveria ter “guardado um pouco para depois”. Os zumbis? Em certo momento o narrador diz:

"Meu filho, Martín. Minha esposa, Maria. Não sei por onde eles andam, se há como reavê-los. Se estão vivos ou se estão mortos. Enquanto fico nessa dúvida, não estão vivos, nem mortos. São mortos-vivos. Andando em passo arrastado pelas ruas arenonas da minha memória."

Acho que isso já deixa bastante claro: Areia nos Dentes não é só um livro de zumbis.
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