Areia nos Dentes

Areia nos Dentes Antônio Xerxenesky




Resenhas - Areia nos Dentes


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Anica 22/08/2009

Areia nos Dentes (Antônio Xerxenesky)
Faroeste. Com zumbis. Eu sei, eu sei. Eu me vendo fácil para esse negócio de histórias de zumbis, mas no caso de Areia nos Dentes eu fico mais do que feliz por isso. Porque é um daqueles livros que eu colocaria fácil, fácil entre um dos melhores que li esse ano. E ó, nem tem tanto zumbi assim.

A narrativa mostra um sujeito tentando recuperar a história da família ao escrever um livro sobre os tempos em que viviam em um povoado no sul dos Estados Unidos. Aos poucos o narrador vai interrompendo a narrativa, seja por um problema com o computador, seja por embriaguez. E quando você já está afoito pensando: cadê os zumbis, cadê, cadêêê?, Já era. Xerxenesky já prendeu sua atenção e você quer saber dos dois Juans. Você já consegue sentir o calor e a poeira da Mavrak, cidade dos antepassados do narrador.

E o que é mais interessante é como ele vai alinhavando a história, com muita metalinguagem e ótimas referências. Não só isso, mas vários momentos que extrapolam o que esperamos de ‘normal’ em um romance. Por exemplo, a parte de Juan correndo atrás de Samuel com o cavalo é fantástica, por causa da solução do autor para esse momento: duas colunas, uma nomeada Juan, outra Samuel. Em cada uma temos um breve parágrafo mostrando o que cada um está pensando naquele momento. Eu me arrisco a dizer que nunca tinha visto algo igual em literatura, funcionando tão bem.

O mesmo vale para outras inovações, como a chegada dos zumbis, ou mesmo o momento que um vírus ataca o computador do narrador. Daqueles livros de autor-artesão, meio versão faroeste de Budapeste, eu arrisco dizer. O livro é tão bom que você devora e depois fica com aquele arrependimento de quem deveria ter “guardado um pouco para depois”. Os zumbis? Em certo momento o narrador diz:

"Meu filho, Martín. Minha esposa, Maria. Não sei por onde eles andam, se há como reavê-los. Se estão vivos ou se estão mortos. Enquanto fico nessa dúvida, não estão vivos, nem mortos. São mortos-vivos. Andando em passo arrastado pelas ruas arenonas da minha memória."

Acho que isso já deixa bastante claro: Areia nos Dentes não é só um livro de zumbis.
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Mateus Braga 09/12/2020

Excelente
Grata surpresa ao confiar em quem me recomendou Areia nos Dentes.
Li o livro sem saber sinopse nem nada, e foi uma ótima experiência.
Não dava muito pelo tamanho do livro, imaginei "deve ser uma história superficial".
Não podia estar mais enganado.
É surpreendente como o Antônio Xerxenesky consegue passar tanta informação numa leitura fluida e num livro tão curto.
Mais que recomendado.
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Leonardo 11/07/2011

Uma evidente jornada de marinheiro de primeira viagem
Ultimamente tenho procurado conhecer mais os autores brasileiros contemporâneos, e por esse motivo, quando encontrei Areia nos dentes no sebo, não pensei muito e comprei. Já havia lido em algum blog sobre Antonio Xerxenesky e esse seu romance que mistura caubóis e zumbis no México. Como se trata de um pequeno livro, comecei imediatamente a leitura e no mesmo dia terminei.

Senti-me decepcionado, confesso. A proposta do autor era escrever um livro divertido, que brincasse com os gêneros, numa homenagem ao cinema. O que mais me incomodou no livro foi a falta de equilíbrio. Não há uniformidade durante a narrativa, e não há equilíbrio nem nessa falta de uniformidade. Percebe-se a ânsia do autor em mostrar o que sabe sobre maneiras de narrar: especialmente no começo do livro, cada capítulo é narrado com uma técnica diferente, à Joyce, mas sem dúvida com muito menos êxito. Capítulos narrados na terceira pessoa clássica, primeira pessoa, em forma de diálogo de teatro, uma imitação de fluxo de consciência, metalinguagem, metalinguagem dentro da metalinguagem, autoreferência, autoindulgência, e tudo isso, por não ser bem explorado, ao invés de resultar em uma narrativa rica, evidencia apenas a imaturidade do escritor, certamente empolgado com seu primeiro romance.

A trama também deixa a desejar. Todo o tempo o romance faz grandes promessas e parece que haverá grandes acontecimentos, mas me pareceu faltar habilidade ao narrador, e ao final percebe-se que são muitos os blefes. A inimizade entre os Ramírez e os Marlowes, a figura do xerife, a figura do xamã, o assassinato ao início do livro, a quota romântica do romance, o relacionamento entre o velho que escreve as memórias e seu filho, até um McGuffin(!), e, em especial, a promessa de que os mortos retornarão, tudo isso acaba ganhando um desfecho mole, solto, aparentando quase uma improvisação, deixando aquele gosto de “então era só isso?”.

Quando o autor esquece tudo isso e preocupa-se apenas em narrar, percebe-se que sua prosa é simples e bem escrita, e que ele conta bem os fatos. Assim, na minha opinião, esse livro poderia ser considerado um êxito se o autor adotasse uma estrutura narrativa simples, sem muitos floreios, dando uma uniformidade nesse caso desejável à história, eliminasse tantas subtramas (relação metalinguística velho/filho, triângulo amoroso – os dois que há no livro, ambos mal resolvidos, o McGuffin e sua resposta frustrante) e resolvesse melhor o essencial.

No final das contas, não me arrependo de ter lido essa história, apesar das suas falhas. Conheci mais um autor brasileiro com potencial e fiz uma reflexão sobre o que eu não faria se escrevesse meu primeiro romance.
Bruno 10/03/2012minha estante
estava pensando em escrever uma resenha sobre esse livro, mas esta aqui traduz tão bem o que eu senti após a leitura q acabei achando desnecessário..


Leonardo 11/03/2012minha estante
Obrigado pelo comentário, Bruno. Para conferir mais resenhas como essa, visite meu blog: http://catalisecritica.wordpress.com




Nat 08/11/2020

^^ Pilha de Leitura ^^
Durante boa parte do livro, a história é apenas um faroeste tradicional, com famílias inimigas e romance impróprio entre elas. Até que você descobre que a história também tem zumbis. Falando assim, parece uma mistura forçada, mas não é – é apenas inusitada. O livro não me encantou, mas também não achei ruim.

site: https://www.youtube.com/c/PilhadeLeituradaNat
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Cinde.Costa 16/09/2021

Diferente e imersivo.
"Areia nos Dentes" é um romance nacional contemporâneo escrito em fluxo contínuo, ou seja, as duas histórias - a do escritor e a que ele escreve - não se sobrepõe, mas avançam juntas. Primeiro temos o escritor, morador do Distrito Federal, em seu apartamento, escrevendo uma história. Em seguida, temos a história de faroeste que ele escreve. Exemplifico: quando o escritor para de escrever e sai, a história do faroeste para até ele voltar para casa e continuar escrevendo; quando vários símbolos estranhos aparecem na história de faroeste é o computador do escritor que deu defeito em função de um vírus, e o escritor fala disso enquanto espera o conserto. Entendem?

Assim, em uma história curta e bem humorada, temos a ironia da metalinguística, o exercício da metaficção e o pastiche das histórias de faroeste como a do filme "Três Homens em Conflito" (1966), em um desfecho bem elaborado cheio de zumbis.

A história que o escritor escreve, sobre a rivalidade ancestral entre duas famílias, em uma cidadezinha arenosa, calorenta e esquecida por Deus, se move em torno de duas perguntas: " O que existe no porão dos Marlowes?" e "Quem matou Martín Ramíres?". Além disso, o desfecho dessa história é cruel, criativo e interessante. A história do próprio escritor é uma incógnita, mas é possível aventar teorias. Entendi, no fim da leitura, que saber as respostas não é imperativo. Entender o impacto que essas perguntas tiveram é mais importante.

"Areia nos dentes" não é sobre a chegada ao desfecho. É sobre o ponto de partida frustrante quando estamos diante das escolhas diárias.

Eu gostei muito da leitura e a RECOMENDO.
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Psychobooks 01/05/2010

Libere o Macho que existe em você!
O livro discorre sobre um homem que escreve a história de seus antepassados, e durante esse processo ele começa a fazer reflexões sobre seu relacionamento com o filho.

Recheado de Homens com "H”maiúsculo, que cospem no chão e são extremamente machistas. Onde os mais velhos são respeitados e os homens que não bebem (hello metrossexuais!!) são motivo de chacota. Há disputas familiares, amores impossíveis e... Zumbis!

Tudo no bom e velho estilo faroeste, regado a bang-bang e muita tequila e uísque. Bom pra se ler num final de tarde ou num fim de semana chuvoso. Um livro curto com a história bem amarrada. Vale a pena! Mais um autor brasileiro recomendado!


Estamos sorteando esse livro no blog! Promo de 01/05 de 2010 até 20/05 de 2010. Acessem:

http://psychobooks.blogspot.com/2010/05/areia-nos-dentes-antonio-xerxenesky.html
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Tito 26/10/2010

The good, the bad and the ZOMBIES!
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Thiago 09/01/2022

Faroeste com zumbis
Livro que traz uma experiência estética bem legal, alternando diferentes modos estilísticos ao longo da estória. A metanarrativa é o que salta mais aos olhos, por ser um recurso pouco utilizado em romances considerados de " entretenimento ". A trama é bem simples, e mesmo contendo os elementos de faroeste e zumbis, acaba sendo uma estória sobre o relacionamento entre pai e filho.
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@tarcisovinicius_ 18/04/2020

Zumbis de Western
Antonio Xerxenesky e seus cowboys zumbis, muito bem escrito!!
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sobota 06/08/2012

Zumbis e ambição estética... Ahn?
Falar em zumbis é correr um risco bastante perceptível: denominá-los fenômeno e produto do mercado norte-americano de games e filmes, um simples produto da indústria cultural, é o caminho mais fácil (falo, claro, de manifestações artísticas, no sentido mais amplo possível, deixando de fora questões religiosas, que pelo que parece são as origens de fato do mito zumbi). Games como Resident Evil e o mais recente Left 4 Dead e filmes aos montes retratam os zumbis como se conhece: mortos-vivos com buracos na face, babando alguma coisa nojenta, malucos para comer um pedaço de carne humana a qualquer custo.

Por outro lado, a coisa mais parecida com zumbis que se produziu na literatura brasileira do século XX, salvo engano, foi a revolta dos mortos no monumental Incidente em Antares, do gaúcho Érico Veríssimo. Em Antares, os mortos insepultos, porém, não são burros e sedentos por carne humana, antes, fazem uma análise sociológica e política de sua época, provocam uma revolução por baixo dos panos, e o resto você confere lendo o livro por aí.

É também de um autor gaúcho a experiência com zumbis tema desta resenha: Antônio Xerxenesky (1984) escreveu e lançou Areia nos Dentes em 2008 pela Não Editora, uma editora independente que criou junto com cinco amigos e que hoje em dia já tem um catálogo respeitável. Relançado pela Rocco em 2010 (com um cuidado gráfico bastante apurado, capa e edição) com uma orelha elogiosa escrita pelo Daniel Galera, o livro também foi finalista do Prêmio Açorianos.

O próprio Galera lembra, na orelha desta edição, que a temática zumbi carrega nas costas uma legião de fãs de histórias que simplesmente deram certo: discutir esteticidade nesse campo pode não ser uma boa ideia, porque além de correr o risco de contrariar muita gente, a discussão pode ser simplesmente deixada de lado. Não há dúvidas, histórias com zumbis tendem a dar certo.

Mas falando em literatura com ambição estética séria, o público é diferente daquele que usualmente curte zumbis...

CONTINUE LENDO!
http://bibliotecavertical.blogspot.com.br/2012/08/areia-nos-dentes-antonio-xerxenesky.html
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Thiago 25/09/2012

Quê? Faroeste? Brasileiro? Com zumbis? Vejamos...
Peguei o livro para ler por pura curiosidade. Afinal, o autor é da minha geração; um ano mais velho que eu, e já está publicado pela Rocco.
Seria uma perda de tempo ler um livro de um autor com 28 anos? Essa era a questão. E ao final do livro posso dizer que não.

É um livro muito bom. Conta a história de um escritor escrevendo a história de seus antepassados da época em que as pendengas eram resolvidas na rua de terra em duelos de pistoleiros na porta de algum Saloon. É faroeste, pra ser mais claro. Uma brincadeira de contar uma história para, na verdade, retratar algum aspecto da vida de quem escreve. Metalinguagem da boa, diga-se de passagem. Não soa forçada e dá liberdade ao autor de pincelar, com certa poesia, sobre assuntos corriqueiros e simples.

Além disso, o autor se utiliza de algumas variações de formato narrativo e da fonte do texto. Um página cheia de símbolos de "conjunto vazio" ou outra com a fonte que vai crescendo gradativamente a cada linha de texto, são frequentes. Coisas que, essas sim, soam meio forçadas mas dão certa dinâmica e humor ao texto. Acabam sendo interessantes.

Aliás, este faroeste tem zumbis, mas eles são meros detalhes. A história é sobre pais e filhos. Todo o resto é mentira, conforme o próprio autor (personagem do livro) diria.

Resumo da obra: depois de lê-lo, vou passar a dar uma olhada mais atenciosa ao que está sendo produzido no Brasil ultimamente, coisas que fugiam ao meu radar até hoje.
Nalí 25/09/2012minha estante
(Mas a capa da Não Editora é mais bonita!)


Thiago 26/09/2012minha estante
Pois é Nalí! Esqueci de mencionar esse detalhe. hehe Também acho a antiga mais bonita. Já leu o livro?




Tuca. 26/01/2011

O leitor comum
Comento sobre este livro (mais especificamente sobre a segunda edição, da Rocco) no post do link abaixo, complementando minha resenha anterior (feita após a leitura da primeira edição, da Não Editora). Visitem:

http://bit.ly/dSnNtm
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mura 31/03/2011

Excelente livro que mistura zumbis, histórias de velho oeste e até uma paixão meio Romeu e Julieta. O autor usa várias tipos de linguagens escritas, o que dá ao livro um excelente ritmo. O livro prende o leitor logo nas primeiras páginas mantendo a ação até o última página. Literatura recomendada.
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Marselle Urman 09/01/2013

Um tiro no meio do deserto, um faroeste pictórico e bem clichê inventado por um escritor mexicano de meia idade, aposentado e em crise na relação com seu filho.

Pais e filhos, o faroeste e os zumbis são boas metáforas.
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