Desde o momento que vi o livro entre os lançamentos da Record tentei adivinhar sobre o que era a trama. Assassinato envolvendo um universo online? Jonathan Holt com toda certeza uniu um tema atual ao assassinato e como não havia lido a sinopse de modo muito aprofundado não imaginei que a trama traria surpresas tão chocantes para o centro das atenções. Com um cenário diferente e um desenvolvimento rico e cuidadoso o autor trabalha um assunto forte, mas esquecido pela maioria. Uma história que surpreende e irrita pela realidade que passa.
A história começa com a descoberta do corpo de uma mulher vestida com uma batina. A capitã Kat e o detetive-coronel Piola estão à frente da investigação. Por causa da roupa que a vítima estava vestindo o caso chama atenção de todos. Considerado uma abominação uma mulher que se diz sacerdotisa da igreja católica, a dupla de investigadores tenta identificar a vítima quando chegam ao hotel onde ela alugava um quarto. Lá encontram mais caos. A vítima, Jelena, uma servo-croata, estava hospedada com outra mulher, que pela situação do quarto também foi assassinada. Barbara Holton, uma americana. No quarto encontram uma mecha de cabelo ensacada e diversos anúncios de prostitutas riscadas. À medida que Kat e Piola investigam o caso tudo aponta para o tráfico de produtos falsificados, de drogas e garotas. Mas os dois estão tendo dificuldade, alguém quer que a investigação pare e seja lá o que as duas mulheres estavam investigando é algo grande o suficiente para tentar matar o detetive Piola. Quando uma pista leva Kat ao exército americano baseada em Camp Erdele e a Daniele Barbo, o criador do Carnivia, que vinha sendo julgado por acusações fantasiosas, a detetive descobre que Jelena e Holton estavam investigando crimes da guerra da Bósnia. Daniele sabe que quem está por trás da perseguição ao Carnivia está tentando esconder algo muito maior. Dentro do site todos podem falar com privacidade, sem a menor possibilidade de governos ou agentes ficarem sabendo. Barbo sabe que a perseguição tem a ver com o caso que Kat investiga. Quando Holly Boland, uma segunda-tenente do Camp Erdele começa a procurar documentos relativos a operação do governo americano na guerra em busca de atender a uma solicitação de transparência ela se vê envolvida em um caso macabro com homens poderosos que ela jamais pensou ver envolvida em algo tão sujo. Juntos, Holly, Kat e Daniele tentarão desvendar o segredo por trás dos assassinatos e o que descobrirão poderá custar-lhes a vida.
É a partir dessa premissa que a história se desenvolve e devo dizer que o autor intercalou três camadas de tramas de forma muito inteligente e perspicaz, deixando pelo caminho pistas do que estava por vir. Porém ainda assim quando a verdade por trás de tudo veio a superfície fiquei chocada. Sempre soube de situações parecidas nas guerras que varreram a Europa depois da queda da União Soviética, mas jamais imaginei que haviam campos dedicados apenas a isso. É doentio e absurdo que quase ninguém foi julgado por tamanha barbárie. Quem entende de História provavelmente vai matar a charada rápido só de ler esse parágrafo, mas se você não sabe de todos os detalhes vai ficar chocado com a engenhosidade da trama apresentada pelo autor Jonathan Holt e pela coragem de criar uma trama ainda que parcialmente fictícia com tais acontecimentos no centro de tudo.
A narrativa é dividida entre os pontos de vista de Holly, Kat e Daniele, e a cada pista, a cada acontecimento importante a trama se tornava ainda mais instigante. O ritmo é rápido, mas cadenciado o suficiente para não ser corrido demais e o tom do autor é bastante forte, seus personagens são bem construídos, com personalidades que pouco a pouco se mostram, dando força a trama e não soando apenas o velho clichê mocinhos bonzinhos contra o mundo. A ambientação é fantástica, acho Veneza uma cidade fascinante, mas conhecer o outro lado dela, o lado feio e sombrio como toda cidade tem foi uma experiência ótima, ainda mais que o autor foi extremamente cuidadoso ao transportar a cidade para as páginas.
Os capítulos finais da trama foram tensos e em vários momentos fiquei com asco da história, e mais ainda ao saber que pelo mundo está cheio de pessoas exatamente como as que Holt descreveu em sua história, pessoas ainda piores e talvez nas mesmas agências e organizações. Um fim que promete uma continuação ainda mais tensa do que esse primeiro livro. A edição da (...)
Termine o último parágrafo em: