Esdras 05/09/2017" Palavras de que um homem talvez se esqueça ao crescer, mas que o menino dentro dele nunca esquece.”Os pais de Laddy Merridew estão em processo de separação e ele tem que ficar uns dias na casa de sua avó, numa cidadezinha de Gales.
Assim que chega lá, já conhece o mendigo Ianto Jekins.
Todos nessa cidade conhecem esse mendigo, que mora na varanda da capela.
Ele dedica quase todo o seu tempo a contar histórias sobre as próprias pessoas que vivem ali.
Laddy e Ianto desenvolvem uma bonita amizade e através dela vão, aos poucos, mostrar um ao outro os sentimentos que pesam em seus corações.
O conto do covarde é uma história muito interessante.
E é profunda.
Como raízes de uma árvore que não param de se espalhar.
Várias das pessoas da cidade apresentam certas manias ou vivem de maneira estranha. E Ianto conta o passado da família de cada uma delas e tudo que (provavelmente) aconteceu para que eles chegassem a ser dessa maneira nos dias de hoje.
(Todos os personagens são muito bem construídos!)
As pessoas que ouvem as histórias nem sempre dão crédito a Iante. E, no início, nós mesmos duvidamos dele e nos perguntamos como ele poderia saber de tudo aquilo. Mas aí cada acontecimento se encaixam perfeitamente, todos os meios parecem justificar os fins, e tudo passa a ser fascinante, deixando as dúvidas para trás.
O passado dos personagens acaba tendo muito em comum numa comparação sentimental e traumática.
Todas as famílias tiveram que lidar, de várias maneiras, com a perda de alguém. E quase tudo está relacionado a um certo acontecimento que houve na cidade, nas minas de Gentil Clara.
Todas as histórias despertam curiosidade e, por fim, arrematam pela tristeza.
Mais triste ainda é o Ianto Passchendaele Jekins - o mendigo - que está ali sempre a proporcionar um “entretenimento” para as pessoas na porta do cinema, que acabaram por abrir mão das sessões para ouvir histórias dúbias de um rapaz que adora balas de caramelo e café com dois torrões de açúcar.
E que nunca contou para ninguém a sua própria história.
Segredos que o fazem carregar um peso na consciência e uma enorme culpa.
E, ainda, que o fizeram clasificar a si mesmo como ‘covarde’.
Recheada de personagens interessantes e contos delicados e detalhistas, a narrativa fluiu muito bem para mim.
A autora escreve de um jeito encantador e real, que me fazia fechar os olhos e me imaginar, facilmente, naquele lugar presenciando tudo.
Muito emocionante!
Laddy Merridew é muito inocente.
Jekins é grandioso e nunca vou esquecê-lo.
As últimas páginas foram um choque.
Não esperava!
Fiquei muito sentido.
Foi repentino.
Mas o "oferecido" foi tudo muito digno!
Enfim...Adorei esse livro!