Resenhas - Contos Fantásticos

Luiz 29/11/2009

Clássico
“Eu quase cheguei a acreditar”. Eis a afirmação que resume muito bem os contos fantásticos tradicionais, produzidos no século XIX, dos quais o francês Guy de Maupassant é um dos maiores expoentes. Nesta coletânea Contos Fantásticos – O Horla e outras histórias (L&PM Pocket, vol. 24) podemos ler alguns dos melhores exemplares deste estilo de narrativa, escritos por um mestre das palavras que foi discípulo de outro grande mestre: Gustave Flaubert.

Assim como vários outros escritores de histórias góticas e sobrenaturais da época, Maupassant teve uma existência breve e atribulada. Toda sua obra — de mais de trezentos contos, alguns romances e peças de teatro — foi produzida em apenas dez anos, e ele teve uma morte prematura, aos 43, internado em um manicômio.

Hoje ele é tido como um dos maiores contistas de todos os tempos, e não escreveu apenas histórias fantásticas. Tanto que um de seus maiores sucessos é o conto Bola de Sebo, que eu tenho certeza que inspirou Chico Buarque a escrever a canção Geni e o Zepelin. Ok, mas hoje estamos aqui para falar de histórias de terror, e mais especificamente as deste livro de bolso, facilmente encontrado nas lojas.

Conforme o título destaca, a obra inclui O Horla, um dos textos mais celebrados da literatura fantástica mundial. E aqui constam as duas versões escritas por Maupassant: a primeira, linear, em que o caso é narrado posteriormente; e a segunda (e superior), em que acompanhamos o diário do protagonista e nos mantemos muito mais próximos dos fatos — o que aumenta o tom de urgência da trama, mostrando de perto a descida rumo à insanidade de um homem que se acredita vampirizado por uma criatura invisível que teria chegado a bordo de um navio brasileiro.

Além de toda a sofisticação da linguagem de Maupassant, este conto é um clássico porque, exatamente 10 anos antes do lançamento de Drácula, apresentou um monstro terrível, que tem a assustadora vantagem de nunca se mostrar para a vítima. Imagine ter sua casa invadida por uma entidade maléfica que não é um espírito, mas algo tangível, e que te atormenta de modo que você vai enlouquecendo e não consegue ter certeza se aquilo é real ou alucinação. Pelas minhas pesquisas, descobri que o conto é citado como inspiração para O Chamado de Cthulhu, de H.P. Lovecraft.

Mas nem só de horlas vivem os contos fantásticos de Maupassant. Na coletânea há ainda muita coisa boa, e quase tudo gira em torno dessa atmosfera de dúvida que ronda os personagens e o leitor: afinal, aquilo aconteceu ou foi tudo um mal entendido? Por exemplo, em histórias como O Lobo e Aparição, os relatos tanto podem ser interpretados como de fatos sobrenaturais, como de uma espécie de alucinação momentânea causada pelo medo.

A Mãe dos Monstros já é uma história com aquele terror real, sobre uma mulher que vive de deformar os filhos no próprio ventre, para criar aberrações e vendê-las a circos. Esta talvez seja uma das mais interessante do livro, que também traz, ainda que apenas sugestivamente, mortos saindo das covas (A Morta) e extraterrestres (O Homem de Marte).

Os contos fantásticos de Guy de Maupassant obviamente não contêm cenas sangrentas de demônios arrancando as vísceras das vítimas e coisas do tipo. Trata-se de literatura de classe, de alta qualidade, que pode até não ter nada de sobrenatural conforme a interpretação do leitor, mas que fará até mesmo o mais cético ficar em dúvida e (por que não?), sentir calafrios pela espinha.

L.F. Riesemberg

Luciano Luíz 01/12/2016

CONTOS FANTÁSTICOS, só esse título já chama muita atenção dos leitores e leitoras que querem ir em busca de textos que mexem com a realidade física e mental. GUY DE MAUPASSANT é considerado um dos grandes contistas na arte de desenrolar a fantasia com a maestria que conquista... mas, eu não vi nada disso. Achei os contos simples demais, pobres, fracos, e até risíveis. Um deles vem em duas versões e é considerado como o mais importante de sua obra. Mais uma vez, não encontrei o que ali pudesse me cativar. Nem em narrativa nem em enredo. Pra mim foi uma leitura que infelizmente não me levou ao mundo (ou mundos) que eu tanto criei expectativa pelo título. Achei tosco. Mas há quem adore.

L. L. Santos

site: https://www.facebook.com/LLSantosTextos/

Douglas Brilhante 07/07/2023

Em contos fantásticos e outras histórias, Guy de Maupassant reúne onze contos de terror/fantasia suave. Não aquela fantasia hiperfantástica do mundo das fadas, mas a que se manifesta na penumbra da nossa alma, quando a percepção do mundo real que nos rodeia fica embaçada.

Se somos o que os nossos sentidos permitem e eles se demonstram tão crassamente limitados, como podemos perceber ou imaginar o além (das nossas percepções)?

Um livro muito bom. Contos rápidos, com uma leitura fluida e com muitas reflexões válidas.

No conto ?Medo?, por exemplo, vi a precisa definição do que MEDO significa, não simplesmente um verbete de dicionário parafraseado e diluído.

Em ?o Homem de Marte? e ?o Horla?, reflexões lúcidas de dois ?loucos?, se por assim podemos chamar aqueles que transcederam um pouco mais os limites dos nossos limites.

Vale a pena! :)

Leila P. Torres 15/02/2009

Adoro contos, esse livro é uma boa pedida para quem gosta de contos terrivelmete assustadores...muito bem escritos

Ana C. 19/03/2009

Tenso
Contos do livro: O Lobo, Magnetismo, O Medo, Aparição, A Mãe dos Monstros, Carta de um Louco, Um Caso de Divórcio, O Horla (primeira versão), O Horla (segunda versão), A Morta, O Homem de Marte.

Histórias tensas e sombrias, às vezes depressivas, como no conto "A Morta". Mas são rápidas e de fácil leitura. O "O Horla" é muito tenso. Não é qualquer um que gosta, emprestei para uma amiga e ela não gostou nenhum pouco. De qualquer forma, recomendo.

Ramon 15/02/2010

O Horla-resenha do conto título
Sinopse:
Cidadão de classe média passa a sentir em sua casa
a presença de uma entidade invisível que se alimenta
de água e leite. Fatigado físico e mentalmente pela su-
posta criatura, viaja para fora e após presenciar uma
poderosa sugestão hipnótica em que ele nota uma estra-
nha conexão com suas experiências, retorna a sua casa.
Batizado de Horla, sua presença se faz gradativamente
mais dominadora e aos poucos a vítima sucumbe a cria-
tura.

Crítica:
The Horla é um conto de loucura e paranóia como nenhum
outro. A descida gradual a loucura do protagonista é narrada
com uma intensidade e realismo psicológico digno dos melhores
contos do Edgar Allan Poe; notável também é a maneira como
o Maupassant estrutura o conto (mini capítulos divididos em
mês e data) permitindo que o leitor acompanhe "de perto" e
passo a passo o drama do protagonista (existe uma primeira
versão deste conto estruturado de maneira tradicional porém
menos impactante). Apesar do leitor atento sacar logo de cara
que a criatura invisível não passa do produto de uma mente
pertubada, o modo como o Maupassant sugere sua existência
e a maneira como ela afeta o protagonista é um primor de
artesanato. As constantes alusões a uma nova raça de seres,
ao seu poder de influência sobre os humanos e o parágrafo
final, são de gelar o sangue e vender os tabletes como picolé de
morango no maracanã em dia de Fla-Flu.
The Horla é considerado a obra prima do Maupassant e a meu ver
justifica toda a fama que têm.

Cotação: ***** de *****

Gleice 02/07/2010

A fragilidade humana

Os contos escritos pelo autor francês Guy de Maupassant, reunidos na coletânea intitulada "Contos Fantásticos O Horla e outras histórias" da editora L&PM Pocket, revelam de forma bem construída uma visão do Fantástico, que não o privilegia completamente, mas o coloca o tempo todo em confronto com a "realidade", com a "razão" concebida pelo homem.
Os personagens o tempo todo se vêem em um estado de pertubação ante os fenômenos sobrenaturais que se apresentam diante deles, mas nunca deixando de lado as tentativas de uma explicação racional diante desses acontecimentos. Esse confronto constante entre real e sobrenatural revela de modo instigante a fragilidade humana, no que diz respeito a sua própria identidade como ser racional, pensante, dono de si mesmo, cuja própria realidade não passa de uma construção moldada não pelo concreto, contudo por elementos de pura abstração, e, que não a fazem dessa forma, algo plenamente confiável.
Contos Fantásticos é uma obra espetacular, que nos faz refletir muito sobre a nossa condição de detentores de um saber tão inconstante como a nossa própria realidade.

haroeira 05/08/2010

Interessante
O mistério norteia os contos fantásticos de Guy de Maupassant, sejam histórias de ET, de espíritos, do esquisito, do imponderável. Essas coisas loucas você encontra em Guy de Maupassant. Como curiosidade, O Horla, o seu mais famoso conto tem referências do Brasil.

Apenas_Sara 18/03/2020

Contos curtinhos e muito bons. Cada história tem um pouco sobre reencarnação, assombrações e um pouco de alucinações.

Lydia.Fernnanda 04/06/2020

Gostei bastante!
Esse livro tem histórias que envolvem assombrações ou fantasmas ou seres de outros mundos e tem ums contos que são só bizarros rsrs. Eu particularmente amei apesar de não achar que todos eles são necessariamente "fantásticos".

Os contos que mais gostei foram:
O lobo
A mãe dos monstros
Aparição
O Horla _ segunda versão

A história "O lobo" me lembrou o filme "The wind" de 2018

Anselmo 01/09/2020

Onde começou o extraordinário?
Essa coletânea de contos, que pode se dizer seminal. Pois tem temas até então não abordados ou se abordados , desconhecidos de todos. Mas aqui, Guy de Maupassant que teve Flaubert como orientador. Nos brindam com contos fáceis de se ler, mesmo sendo escritos nos anos de 1800, ele têm uma escrita bem popular, ágil, fluída e muito cativante. Com poucas palavras ele consegue montar um cenário exuberante, coisa de um bom contista. Ele te dá todas as peças para o leitor formar todo o cenário, situação, característica em questão de minutos. Um escritor genial. Tem contos aqui, que poderiam ser o começo dos contos de Lobisomen, além de contos fantasmagórico que na época nunca tinha se lido. Gostei muito de 5 contos: O Horla que tem duas versões, ambas muito boa. Mas prefiro a primeira versão apesar da segunda ser mais bem descrita, mas senti que ele exagerou do meio pro final. A primeira versao mais enxuta deu mais tensão por ir direto aos fatos. Que aborda a vida paralela de seres não visíveis, ao seu redor e suas consequências. A Aparição fala sobre pessoas que morreram mais não abandonaram o mundo material. O Lobo, meu preferido, é uma crítica já naquela época, sobre a caça. Onde o ser humano se torna tão irracional quanto os animais selvagens, quando seu orgulho é ferido. O Medo, que fala sobre aonde sua imaginação pode te lavar, quando seu sangue gela e sua mente nao consegue assimilar o desconhecido e suas consequências. A Morta, também é incrível, uma crítica além túmulo aos que os vivos, que nem mesmo na hora da mortalia deixa de ser hipócrita e consequentemente mentiroso.

Lily 07/01/2021

Contos Fantásticos
Contos de terror do escritor Francês Guy de Maupassant, trazendo um pouco de acontecimentos extraordinários e estranhos em cenários exóticos e fantasiosos.

Sara @desanuvie 31/01/2021

Havia em mim um pré-conceito quanto à literatura francesa, tinha a ideia de que seria sempre algo cheio de pompa e verbetes floreados que não enchem muito meus olhos numa leitura. Maupassant me surpreendeu desde o primeiro conto.
Sua linguagem é fluida, envolvente e verossímil. Tudo que aqui consta é de uma probabilidade tão real que saí dele crendo em todas as possibilidades.
Sinto que não li um livro, e sim que conversei com um amigo cheio de histórias boas para compartilhar.

Josimar_Cruz72 15/03/2021

O Terror Existencial de um Louco
Acredito que o título descreva bastante toda a obra de Guy de Maupassant, ainda mais neste livro, em que se divide entre momentos de reflexão e de calafrios de uma forma tão única que vale a pena se ler.
A escrita me pareceu fluida e simples além dos contos serem bem curtos, mas não tira a densidade das emoções que você irá sentir ao lê-lo.

Catarine Heiter 21/03/2021

Escolhi fazer esta leitura, sem grandes expectativas, apenas para me aproximar da escrita do autor; cujas outras obras estão previstas em um projeto de leitura que sigo (1001 livros para ler antes de morrer). Imaginei que, pela época da publicação, iria encontrar uma linguagem rebuscada ou um texto mais árido e julguei que a leitura de contos poderia facilitar o processo. Fiquei positivamente surpresa quando encontrei um livro de leitura simples, cheinho de histórias que mais parecem ‘causos’ contados por um amigo em uma pausa para um café! Particularmente, eu adoro uma história sobrenatural e aqui, encontramos o limite entre o crível e o incrível; numa perspectiva que provoca no leitor reflexões diversas (e algum medinho!). No livro encontramos 10 contos, sendo que o mais famoso deles (O horla) se repete em duas versões. Os meus contos preferidos foram:

- A mãe dos monstros: encontramos aqui o abominável em forma de natureza humana
- A morta: uma história sobre paixão, hipocrisia e finitude

Esta leitura foi motivada pelo Desafio DLL 2021, na categoria “De autor francês”