@vcdisselivros 19/10/2020Clássico ainda atualPublicado pela primeira vez em 1895, a obra de Robert Chambers é organizada em dez contos, dos quais quatro giram em torno de uma peça de teatro intitulada O rei de amarelo.
OS CONTOS
O interessante de acompanhar os quatro primeiros contos é justamente ligar os pontos entre um e outro e imergir no universo de O rei de Amarelo, no qual uma peça de teatro é capaz de provocar estranhos efeitos físicos e psicológicos em quem a lê.
Nesse sentido o livro se mantém intrigante, prendendo a atenção do leitor por meio de uma premissa que vende a imagem de ser escandalosa e perturbadora.
Fora isso, o restante dos contos são de certo modo desnecessários, tornando monótona a experiência.
REPETIÇÃO
Antes de se tornar escritor, Chambers havia sido pintor e ilustrador, tendo estudado arte em Paris. Com isso, praticamente todos os protagonistas são assim ou estão ligados a esse cenário de alguma maneira.
Com certeza o estilo de vida dos personagens criados pelo autor remete a algo biográfico, mas ler isso repetidas vezes cansa pois mantém o padrão ?jovem boêmio vivendo em Paris com bela moça?.
RELAÇÃO COM LOVECRAFT
Ao ser convidado para ler H.P Lovecraft em grupo, fui informado que o Rei de amarelo seria um ótimo início. No começo não entendi muito, mas conforme eu lia, fui notando que a obra de Chambers está fortemente ligada ao universo Lovecraftiano.
Como eu sei disso se estou lendo Lovecraft pela primeira vez? O próprio livro diz que o universo criado por Chambers possui ligação com a Mitologia de Cthulhu, o conjunto de deuses antigos e as lendas ancestrais. Fora isso, ele aponta que é possível encontrar nomes em comum e teorias na órbita do mito coletivo de Lovecraft.
SINGULAR
A impressão que temos ao ler O rei de amarelo é que estamos vivendo dentro de um imaginário coletivo, na medida que vamos conhecendo um pouco mais a essência de cada um em cada conto. Embora seja um clássico, o título pode ser considerado atual, abordando temáticas que ainda aflige a vida em sociedade, como a discriminação segundo a classe social, a marginalização do diferente e do estranho, entre outros.