Paper Towns

Paper Towns John Green




Resenhas - Paper Towns


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Gabriela Araujo 09/06/2014

Postado no blog Equalize da Leitura.

Nota: 3.5/4.0

Mais um livro de John Green a ser resenhado... Pois bem, este livro tem como protagonista Quentin Jacobsen. Um personagem masculino característico do John, adolescente, com o grupo de amigos e as trapalhadas no colegial. Ele tinha uma meta simples para o seu futuro que era conseguir entrar para uma boa faculdade e então conseguir um bom emprego. Margo Roth Spiegelman achava a mera ideia de se acomodar ao destino imposto pela sociedade algo impensável: de pessoas de papel já se inundava o planeta. Ela queria ser mais. Ela queria viver mais. E assim, depois de uma madrugada incomum em que ela escolhe Quentin como parceiro de aventuras, ela desaparece de casa, do colégio, e da vida das pessoas que a conheciam. Nada demais, Margo já havia fugido de casa diversas vezes, os próprios pais dela já não se preocupavam mais. Quentin sentia, no entanto, que daquela vez era diferente. Daquela vez Margo não pretendia voltar. A menos que alguém a convencesse. A menos que ele a encontrasse e convencesse.

Eu já gostei da premissa da história desde o início. Desde a noite em que Margo invade o quarto de Quentin o convidando a “transformar em certos alguns erros”. Adorei a forma como Margo falava e adorei a noção dela de Cidades de Papel e do ciclo vicioso no qual o ser humano está preso e sem poder (ou querer) sair. Eu achei que o livro inteiro seria absurdamente espetacular e que teria frase inteligente atrás de frase inteligente até eu bater a cabeça na parede me questionando porque eu não tinha o lido antes. Não foi isso que aconteceu.

As noções da vida foram menos frequentes e mais sutis. Margo me decepcionou como personagem – ela me lembrou muito de Alasca, de Quem é Você, Alasca (um livro que eu gostei, mas não achei tudo isso) -, mas ainda me decepcionando, ela me fez sentir admiração por algumas das ideias que tinha e pela filosofia que vivia. Admiração que eu tenho por alguém que é extremista no que faz e que, sendo realista aqui, nunca poderia se dar tão bem na vida vivendo no mundo onde vivemos. Ela se tornou uma pessoa que eu admirei como uma ideologia utópica de uma realidade perfeita: eu sei que nunca, jamais, em nenhuma hipótese tomaria a decisão que ela tomou, mas eu ainda posso admirar.

"Você sabia que basicamente por toda a história da humanidade, a expectativa de vida girava em torno dos trinta anos? Você contabilizaria mais ou menos dez anos de vida adulta, certo? Não havia planejamento para aposentadoria, não havia planejamento para carreira. Não havia planejamento. Não havia tempo para planejar. Não havia tempo para o futuro. E então a expectativa começou a crescer, e as pessoas começaram a ter cada vez mais futuro. E agora a vida se tornou o futuro. Cada momento de sua vida é vivido para o futuro - você vai para o colegial para poder entrar na faculdade para conseguir um bom emprego para que consiga comprar uma boa casa para que possa mandar seus filhos para a faculdade para que eles consigam um bom emprego para conseguir uma boa casa para que possam mandar os filhos deles para a faculdade."

O livro foi monótono em alguns momentos, a sensação do suposto “suspense” não foi me foi o bastante em muitas ocasiões, mas eu ainda recomendaria demais este livro. Por que? Eu me apaixonei pelo Quentin. Eu achei que ele fosse ser apenas mais um até que Margo desaparece e ele decide, contrariando a opinião de todos, tentar encontra-la. Ao mesmo tempo que ele possa ter sido obcecado e um pouco estúpido – considerando que Margo nunca tinha dado a mínima bola para ele -, a lealdade com a qual ele se agarra à tarefa e a preocupação que lhe consome pelo bem estar da menina por quem era apaixonado é tocante. Ele acreditava que Margo tinha deixado pistas – uma prática que ela já tinha utilizado antes – para ele, apenas para ele, e ele não podia desaponta-la desistindo de descobrir a verdade, como tantos antes tinham feito. Quem não sonha em ser importante assim para alguém? Ainda há algumas atitudes que ele toma com as quais eu não concordo – há um preço por colocar uma pessoa num lugar tão prioritário na sua vida -, mas no geral, eu gostei demais dele.

"Que coisa perigosa pensar que uma pessoa é mais que uma pessoa."

Outro ponto bem bacana do livro foi o relacionamento de Quentin com seus dois melhores amigos (com aqueles diálogos engraçados, característicos de Green, que não podem faltar) e como o desaparecimento de Margo começa a fazer com que o equilíbrio no colégio deles entrasse em questionamento. Gosto muito de ler sobre dinâmicas no Ensino Médio nos Estados Unidos: aquela divisão de grupos, ordem de localização no refeitório, baile de formatura e todas as suas ramificações... Gosto particularmente da forma como John Green trabalha isso nesse livro, demonstrando como essas questões afetam adolescentes homens.

E quanto ao final do livro, eu tentarei não dar nenhum spoiler: a verdade é que eu estou me decidindo sobre ele ainda. Considerando o desenvolvimento do livro e como tudo aconteceu, acredito que ele foi certo e ao mesmo tempo incerto. Bom e ao mesmo tempo ruim. Sensato e ao mesmo tempo insensato. Eu com certeza acho que não alcançou a expectativa que se desenvolveu no livro, mas talvez o objetivo do final tenha sido mesmo esse. Todos nós podemos sonhar, mas uma hora temos que voltar à realidade, porque é nela que vivemos.

Nem sempre a vida vai te ensinar uma lição, as vezes ela só quer te relembrar que na verdade é ela que está no controle.

Apesar dos pesares, eu adorei como este livro fez com que eu me sentisse. Eu sonhei um pouquinho que o destino podia se encarregar de mudar o futuro de tantas pessoas, para que elas alcançassem não apenas a vida adequada, mas à felicidade. Por que se ter o bom se podemos lutar pelo melhor?

John Green? Recomendadíssimo!

"Contanto que não morramos, esta vai ser uma p*ta de uma história."
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Lilinha 26/05/2014

Gosto muito do jeito de escrever de John Green, é tão simples e dinâmico... ele não perde tempo descrevendo oq não é importante e podemos realmente nos sentir na pele do personagem. Ler John Green é sempre muito gostoso.
Falando da história propriamente dita, ganhou estrelinhas pelo assunto abordado, pelas questões sobre quem realmente somos e quem parecemos ser; como em "A culpa é das Estrelas" é um livro que da margem a muita discussão. Entretanto, perdeu algumas estrelinhas porque, simplesmente, no meio do livro eu já estava de saco cheio de ver a vida do protagonista se resumir em procurar Margo. Tudo bem que esta procura nos mostra um lado bem diferente de Quentin e isso o torna mais interessante, mas todo o "Margo, Margo, Margo" me cansou bastante.
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Manu 23/05/2014

Hum...
Dúvida sobre o que falar desse livro!
É divertido… mas não me prendeu… enrolei taaaanto pra ler. Achei um pouco bobo e nada envolvente.. mas o final é lindo. Previsível.. mas lindo!
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Rui 21/10/2013

Repetitivo
Esse era o único livro do John Green que eu ainda não tinha lido, e achei uma decepção total, é a mesma coisa de todos os outros (com a exceção de A Culpa é das Estrelas). O personagem principal é igual ao Colin ao Will Grayson e ao Miles, sempre um nerd com poucos - e estranhos - amigos que corre atrás de uma menina super desenvolvida e profunda pra idade e no meio do caminho encontra um sentido pra vida. A situação problema muda, mas os personagens são parecidos demais para que a leitura não seja maçante. Como primeira experiência com John Green pode ser legal, mas depois de ler os outros livros do autor começo a me perguntar se os próximos seguirão a mesma fórmula e espero mais do autor.
Nekita 11/06/2014minha estante
Você disse tudo que estava dentro do meu coração. Achei um livro um porre, ele é chato e muito repetitivo. É igual a todos os livros dele. A única coisa interessante são que ele personagens diferentes com manias diferentes apesar de serem "maduros" para 16 anos. E as metaforas como aquela "ler um livro é como mijar depois que você começa não dá parar". Acredito que ele ainda vai se desenvolver como autor.




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Flavs Machado 24/06/2013

Melancolia. Talvez seja essa a palavra mais exata para descrever como me sinto depois de ler um livro do John Green. Foi assim com A Culpa É Das Estrelas e o sentimento se repetiu com Paper Towns.

É impossível não se apaixonar pelos livros desse autor!

John Green consegue deixar seu personagens tão reais e sensíveis que é impossível não se apaixonar por cada um deles. Em Paper Towns, não é diferente. Se em A Culpa É Das Estrelas a gente passa a questionar a morte, nesse livro o passamos a questionar as pessoas que estão ao nosso redor, o quanto as conhecemos e gostamos dela ou da ideia delas. Fora os relacionamentos humanos, que sempre passam por algum momento de decepção ao se dar contra que o outro não é como você. Talvez a "lição" (se é que posso chamar assim) de Paper Towns é não esquecer que o próximo é humano com suas próprias experiências, pensamentos e ideais.
O livro traz todos os aspectos desse sentido de relacionamentos em todas as suas páginas, o que leva o leitor a notar que nada ali foi escrito por acaso e nos prende do começo ao fim, especialmente com tantos personagens reais que podem ser os seus amigos e intrigantes que só fazem a gente querer embarcar na história, que deixa um enorme vazio quando termina.

Mais resenhas em: http://psychoreader.wordpress.com/
Isa 26/09/2013minha estante
apesar de nao sentir melancolia com esse livro, na verdade eu fiquei alegre kkk eu concordo com o que voce disse que a lição que o próximo humano com suas experiencias e pensamentos. e que nada foi escrito por acaso! Eu acho esse o melhor do John Green, ele simplesmente arrasou com esse livro




Gabriela 11/01/2013

Paper Towns
Começo essa resenha dizendo que, nesse exato momento, estou construindo um altar no meu quarto para o John Green. Gente?

NÃO, SÉRIO, GENTE?

Eu já achava o cara genial desde The Fault in Ou Stars (A Culpa é das Estrelas, lançado no Brasil pela intrínseca) então sabia que o livro seria, no mínimo, muito bom.

Mas nada poderia ter me preparado para Paper Towns. Digo. Nada. No. Mundo.

(O certo seria eu postar o resumo/sinopse do livro no começo, mas tá em inglês e eu teria que traduzir e eu acho que no momento não sou capaz de realizar tal ato. I’M SORRY)

Então vamos lá. Quentin – ou Q, como é chamado – é um garoto nerd com dois amigos nerds, Ben e Radar. É válido dizer que o John Green construiu cada personagem individualmente, cada um deles me conquistou com a sua singularidade. Eles não são só os amigos do personagem principal, como acontece em muitos livros. Eles são tão importantes no livro, e foram tão bem construídos como o próprio Q. Mas ok, continuando. Q é um garoto nerd normal, gosta de vídeo-games e abomina a prom night como manda o roteiro. Q também tem uma paixão platônica por Margo Roth Spiegelman’s (torcendo- pra-ter-copiado-o-sobrenome-corretamente) sua vizinha e também menina mais popular do colégio. Margo é conhecida por suas loucuras, classe e aventuras, e num belo dia decide incluir Q em uma dessas aventuras. Nela eles dirigem pela cidade de Orlando, completando onze coisas de uma lista que Margo criou, incluindo tirar foto de um menino nu e invadir um parque temático. Aí tudo bem, a noite acaba, eles se despedem e aí... a garota some. ELA SIMPLESMENTE SOME, GENTE!!!

E aí um detetive aparece na porta de Q, pergunta o que ele sabe sobre a garota, ele responde as perguntas e blábláblá até que o cara fala que não é a primeira vez que Margo faz isso, que ela constantemente foge de casa e que, muitas vezes, deixa pistas para que achem onde ela se escondeu (como da vez que ela deixou um Mickey em cima da cama simbolizando que ela estava na Disney. Dã!). Só que dessa vez as pistas não são tão fáceis de serem interpretadas e Q entra em uma busca pela garota de seus sonhos.

Então, sem querer soltar muitos spoilers, isso é o que eu posso falar sobre o que é a história. Mas é muito, muito mais.

O livro é dividido em três partes, sendo todas elas (TODAS ELAS) geniais. Depois de The Fault in Our Stars eu achava que nenhum livro do Green ia me prender tanto, mas oh-dear-God como eu estava errada. Esse livro foi pra mim muito mais profundo, muito mais sensível e muito mais bonito. Fala sobre pessoas e como nos relacionamos com elas. Sobre como nós vemos uma pessoa e como ela realmente é. Sobre relacionamentos em geral, sobre a vida, sobre tudo.

É um livro belamente escrito, com personagens reais, que é uma das coisas que eu mais admiro nos livros dele. Os personagens não são só personagens, é como se você estivesse assistindo, com seus próprios olhos, a história acontecer na sua frente. Como se você abrisse a janela da sua casa e o livro simplesmente acontecesse.

E são as metáforas que John usa pra tentar explicar os conflitos humanos, e a road trip que eles fazem, e os personagens secundários, e os pais do Q, e a coleção de black Santas, e como ele desenvolve sua ideia de paixão platônica e de como ele faz o leitor no final concordar com ele, e o final que não é o que você esperava, e como você entende no fim o que ele queria que você entendesse desde o começo e é tudo isso e mais que torna esse livro um dos meus favoritos EVER. Esse livro é cada detalhe, cada página e cada quote maravilhoso, e eu acho que todos vocês deviam ler. Desculpem a resenha confusa e muito, muito pessoal. MAS LEIAM!!!! SÉRIO!!!!! Se você se arrepender, pode vir brigar comigo. (mentira, não pode não)

Essa e outras resenhas em www.maisumcapitulo.com
Lucas 02/03/2013minha estante
Meu Deus, sua resenha me deixou doido por este livro agora!!! ): Eu também acho o John genial, mas só tem um probleminha básico: Não sei se dou conta do inglês. Será que consigo.. :|


Malu 14/04/2013minha estante
Ah, uma resenha excelente, Gabriela. Se, assim como você fala, Paper Towns é "muito mais profundo, sensível e bonito" que A Culpa é das Estrelas, eu preciso ler agoooora. Meu Deus!!!
Obrigada pela resenha, vou ver se consigo o livro :c


@ahalana 25/04/2013minha estante
Alguém sabe me dizer qual título do livro em protuguês? Se já foi lançado aqui no Brasil em português, pelo menos?
Ansiosérrima pra ler.
Adorei a resenha!
Ri loucamente e, na mesma proporção, fiquei extremamente curiosa pra saber mais sobre a história.
BjoBjo


john 12/05/2013minha estante
sabe me dizer se já há esse livro em portugues? n gosto muito de ler em ingles e queria ler esse livro


Gabriela 23/06/2013minha estante
Gente! Que bom que gostaram da resenha, adorei ler as reações de vocês hahah respondendo algumas dúvidas:

Os direitos do livro já foram comprados pela editora Intrínseca, ele deverá ser lançado como Cidade de Papel no segundo semestre de 2013.

Quanto ao nível do inglês, eu digo que: achei bem fácil, mas isso varia de pessoa pra pessoa.
O que eu aconselho é ler a sinopse em inglês, e se entender 90% das palavras que estão ali, siga em frente com a leitura. O livro é delicioso e vale a pena não entender uma palavrinha ou outra.

Qualquer outra dúvida podem me perguntar por recado. Beijos! :*




Gabriele 09/07/2012

Esse é o terceiro livro que eu leio do autor e me surpreendo cada vez mais. Paper Towns tem uma história bem diferente dos outros dois que eu li, e eu gostei bastante disso, ver a variedade de histórias que o autor apresenta.
Quentin e Margo são vizinhos desde crianças. Eles costumavam ser amigos, mas com o tempo, Margo passa a ser uma paixão platônica de Quentin, ou Q, como seus amigos o chamam. Ele se apaixona pela ideia que ele tem de quem a Margo é.
Uma noite, Margo aparece na sua janela e o convence a ir a uma aventura no meio da madrugada. A aventura consiste em se vingar de algumas pessoas que a deixaram brava. Q acha que depois daquela noite, ela vai trata-lo de uma maneira diferente. Mas não, porque Margo nunca aparece na escola no dia seguinte.
Ela é conhecia por sumir por no máximo dois ou três dias, mas se passam vários e nada dela voltar. Margo vira um enigma, um mistério. Q descobre que ela deixou algumas pistas, e acha que é o seu dever procurá-la.
Um dos assuntos que eu mais gostei que John Green trata no livro é sobre a visão que temos das pessoas. Quentin não era apaixonado pela Margo verdadeira, ele nem sabia quem ela realmente era. Ele era apaixonado pela ideia de quem ele queria que ela fosse. E muitas vezes nós fazemos isso, inconsciente mesmo, nós queremos que uma pessoa seja de tal jeito, e na verdade ela é completamente diferente.
Margo é uma personagem intrigante. Quem ela realmente é? O que ela está fazendo? Onde ela está? Ela levanta muitos questionamentos, tanto para o leitor quanto para Q. O leitor fica intrigando e com vontade de saber onde Margo está, e o que aconteceu com ela.
Os personagens secundários são uma grande parte do livro também. Radar e Lacey são bem construídos e o livro tem várias cenas engraçadas envolvendo eles, dão um ar humorístico ao livro e a passagens que seriam muito sérias.
Achei a narrativa do John Green espetacular novamente. Não me decepcionei nem um pouco. Só tenho a recomendar esse e os outros livros dele. Se eu for comparar Paper Towns aos outros livros do autor, não deixa nada a desejar e tem uma história que faz o leitor pensar. Principal quando se refere ao título, Paper Towns. 'Cidades de Papel'. Achei bem interessante como o autor desenvolveu essa ideia.
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Ende 04/04/2011

Uma Orlando diferente da que conhecemos.
"Margo was so beautiful that even her fake smiles were convincing."

Foram poucos os autores do quais li mais que um livro. Em inglês mesmo, John Green conseguiu uma proeza, pois antes dele, nunca tinha conseguido terminar nenhum. E claro, após você ler o primeiro livro de um autor, em especial alguém que, como Green, estreou com o excelente “Looking for Alaska”(lançado recentemente em português com o título “Quem é você, Alasca?”), é comum que criemos expectativas, e mais comum ainda que estas expectativas sejam frustradas. Sinto isso com meus próprios livros. Quando ninguém conhecia o “Todas as estrelas do céu”, cada um que o lia, em geral, tinha uma surpresa imensa, e tendia a avaliá-lo melhor do que hoje, que boa parte das pessoas já começa a lê-lo esperando muito, sem dizer de “Três Céus”, meu próximo e ainda inédito romance. E assim como eu – na verdade, bem mais que eu – John Green também é vítima do próprio sucesso neste quesito.

Você começa com o tempo a encontrar seus vícios. De alguns, você gosta. Outros, nem tanto. E isso vai do gosto do leitor: eu odeio quando ele enumera as coisas, tem gente que adora. No geral, Green também é previsível na base de seus personagens: Quentin não é tão diferente assim dos protagonistas de “Alaska” e “Katherines”. Sempre há, também, uma – ou mais – Alaska. Em “Paper Towns”, Margo faz esse papel. Sempre tem um carro com apelido, às vezes mais de um. Sempre tem a escola, sempre tem a estrada. John Green pode parecer, à primeira vista, repetitivo. Mas o que ele mais repete, é algo louvável: suas tramas de grande engenhosidade. Grande mesmo, ao ponto de nos perguntarmos como ele não se perde e principalmente, de onde ele tira tudo isso.

Em “Paper Town”, John Green volta a narrar em primeira pessoa, o que lhe dá uma liberdade incrível para filosofar, e soltar muitas e muitas frases geniais, daquelas que todos nós ficamos morrendo de inveja por não termos pensando antes dele. Quando cita outros autores, e desde “Alaska” ele o faz bastante, também escolhe muito bem a maneira de fazê-lo e que frases colocar. Em “Paper Towns”, apesar do extenso e profundo poema de Whitman que permeia todo o livro, uma de Emily Dickinson chama a atenção: “Forever is composed of nows”, algo até difícil de traduzir precisamente.

Em “Paper Towns”, John Green sai da racionalidade de “An Abundance of Katherines” e volta à paixão cega de “Looking for Alaska”. Nosso protagonista, mais uma vez o nerd – Q. Jacobsen – tem uma paixão avassaladora por uma vizinha de toda a vida. Ela se tornou a menina mais popular do colégio, ele, o contrário. Mas existem bem mais coisas que os distanciam, e muitas outras que os aproximam. Numa investigação impressionante e bem arquitetada pelo autor, Quentin parte em busca de Margo Spiegelman, a menina mais popular do colégio que desaparece semanas antes da formatura. É o livro mais subjetivo de Green até agora, e sua maneira detalhada e ao mesmo tempo relaxada de construir cenários e diálogos é, como sempre, muito envolvente.

Eu, um autor e leitor vidrado em cenários, me identifiquei com “Paper Towns” ainda mais do que com os outros livros de John Green: a história se passa quase toda na cidade onde ele cresceu, Orlando, Florida. A cidade que recebe meio milhão de brasileiros por ano – inclusive eu, que já estive quatro vezes lá, uma a passeio – mostra neste livro a face que nós, visitantes, pouco vemos: a vida dos americanos que moram em Orlando. Vez por outra, nossos destinos se cruzam. A Interstate I-4, ou a International Drive, vias pelas quais qualquer um que tenha alugado um carro lá já dirigiu, tornou a história muito mais próxima de nós. Descobri, abismado, que uma certa cena se passa no mesmo Seven-Eleven em que eu tomei café da manhã na semana que passei lá, nas férias de 2010. Mais uma vez, John Green constrói uma ficção totalmente plausível, cheia de lições naturais e despretenciosas, como todo YA book deve ser, e que vale muito à pena ser lido. O porquê do título “Paper Towns” eu não posso contar, pois estaria dando spoiler, mas eu prometo que é tão interessante quanto o porquê do nome de “Alaska” ou das cenas na caverna de “Katherines”. É impossível ler um livro de John Green sem descobrir algo genuinamente made of awesome!

Este é o terceiro livro de John Green que leio, e a contar pelo que achei dele e dos dois anteriores, eu com certeza comprarei o próximo, “The Sequel”, que deve sair em 2011. E você, vai resistir?

Mais em http://endersonrafael.blogspot.com/
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