Um pindaíba nunca está sozinho

Um pindaíba nunca está sozinho Maria Estela Ximenes




Resenhas - Um pindaíba nunca está sozinho


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Leitor Sagaz 02/04/2014

Textos para nos identificarmos, muito alegre e descontraído.
Resenha publicada no blog Leitor Sagaz

O livro aborda de maneira muita alegre a questão de estarmos na "pindaíba", ou seja, de estarmos no vermelho, comprando fiado e pedindo troco! Acho que muitos leitores, assim como eu, vão se identificar com esta situação.

Maria Estela soube abordar várias situações de nosso cotidiano, tais como:
*Cartão estourado;
*Salário baixo;
*Consumismo;
*Avareza.

Tudo isso de maneira bem coloquial, dei boas risadas com este livro, me peguei inserido em algumas crônicas, afinal quem nunca ficou no vermelho? Temos também a questão crítica em cima do consumismo, algo realmente que assola a sociedade atual, vemos boa parte da população afundada em dívidas desnecessárias, gastando seu mísero salário em futilidades do cotidiano. Recomendo este livro, não só para se divertir mas também para pensar um pouco em sua situação financeira, garanto que vocês irão gostar da leitura.

Vou deixar aqui uma das crônicas que me identifiquei:

Dez Cartões de Crédito

Houve um tempo em que eu tinha dez cartões de crédito. Eles foram chegando aos poucos. Primeiro vinha um comunicado, depois um envelope registrado com um cartão vistoso acompanhado de incentivos. Era tentador - cartões de todas as cores embelezando o compartimento da minha bolsa. Sentia-me imponente.
Organizei as datas dos vencimentos dos cartões em dias diferenciados para que as compras fossem efetuadas sem interrupções. No início, quitava o valor único das parcelas; depois, comecei a quitar o mínimo. Acontece que os juros dos valores mínimos transformaram-se em máximos e entrei para o clube dos inadimplentes.
O estopim foi uma compra por amizade. Essa, pude constatar, gerou inimizade. Em nome da amizade, assinei um contrato para a compra de um computador. O acordo era que o "amigo" pagaria as parcelas do computador, mas as datas venciam e ele não se manifestava.
A penúria foi roendo o meu sistema nervoso, a ponto de eu procurar terapia. Desabafei para a psicóloga o calote envolvendo o meu "amigo" e a dificuldade em quitar as dívidas dos dez cartões de crédito. A psicóloga me olhava longamente por detrás da mesa - eu lia nas entrelinhas os seus pensamentos, "você é uma tola, emprestar seu nome, usar dezenas de cartões, pagar o mínimo".
Suas palavras, no entanto, eram outras: disse que eu precisava frear o impulso consumista e fazer um acordo com as operadoras dos cartões de crédito. Foi aí que surgiu a ideia da fogueira - queimei os meus cartões de crédito no quintal da minha casa; era possível ver de longe a fumaça do plástico derretido. A bolsa ficou leve após a ação, embora eu sentisse um tristeza, como se tivessem me proibido de comprar sapatos ou chocolates.
Mas, qual não foi a minha surpresa quando percebi que havia sobrado um cartão? Estava oculto no fundo da gaveta do armário! Meu primeiro impulso foi queimá-lo. Mas será que a presença de um único cartão não era um aviso de que eu não deveria ser tão radical?
Durante um passeio no shopping, me deparei com um Tablet em promoção. No ato, saquei o único cartão que possuía. Mas a satisfação durou pouco quando vi a pilha de boletos na mesa gritando comigo. Lembrei-me da terapia, dos dez cartões de crédito, do "amigo" e do dinheiro escasso. Definitivamente, estava me afogando, e o pior é que não possuía um parente ou amigo abastado que pudesse me resgatar.
Respirei fundo, desliguei-me dos cartões, do "amigo", da psicóloga e desembrulhei o equipamento que acabara de comprar.

Até a próxima,
Diego de França

site: http://leitorsagaz.blogspot.com.br/2014/04/resenha-um-pindaiba-nunca-esta-sozinho.html
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