Lauraa Machado 18/11/2020
Complicado e complexo como sua protagonista
Nota verdadeira: 3,5.
Eu não leio nenhum livro sem procurar antes resenhas dele, principalmente resenhas negativas. É um jeito de filtrar livros que têm problemas que me incomodam muito, mas também é um jeito de eu ajustar minhas expectativas. Tem algumas coisas que não dá para perdoar, por exemplo, coisas que o livro se propõe a fazer e não faz, mas já ajuda bem a saber o que esperar. Deste daqui, eu esperava um livro com uma protagonista que "odeia tudo", é mal humorada e difícil de agradar.
É provável que eu tenha gostado da Tori por isso mesmo, por já saber o que esperar, mas também acho que foi um pouco mais que isso. Em nenhum momento da sinopse está claro que o livro fala sobre uma garota com depressão, mas, se você entende um pouco do assunto, é bem fácil perceber sinais desde o primeiro capítulo. Eu entendia as reações da Tori, o que ela estava ou não sentindo, suas motivações e seu jeito de ver o mundo. Por isso, não me irritei com ela. Fiquei, aliás, de olho para ver se a autora a faria do nada melhorar da depressão por alguma razão mágica, mas posso garantir que ela não faz isso.
Não é um livro com enredo movimentado ou até mesmo interessante. Toda a questão do Solitaire (não sei como traduziram no Brasil) foi bem estranha, nunca importante o suficiente, de repente catastrófica, mas ainda sempre incerta. Achei que não foi desenvolvida bem o suficiente e deveriam ter tirado do livro. Simplesmente não encaixou direito, não do jeito que ficou. Mesmo assim, li em dois dias esse livro, porque me apeguei fácil à Tori e até ao Michael.
Apesar do enredo fraco, este livro é carregado pelos personagens, pela Tori principalmente. É bem fácil não gostar dela se você não quiser se colocar no seu lugar, não quiser entender pelo que ela está passando e o que significa ter depressão. É assim na vida real também. Tem muita gente que acha chato e irritante ter que lidar com alguém com depressão e não consegue entendê-los e nem se colocar no lugar deles. Faz sentido isso incomodar muitas pessoas em um livro também, mas não me incomodou.
Gostei bastante do Michael também, de todas suas camadas e como ele nunca é só o que parece. Gostei das situações em que a autora os colocou, como a relação deles seguia os problemas da Tori, como nada era completamente bom ou incrível e mágico, curativo. Gostei bastante do final, apesar de que queria ver mais. Ver Charlie e seus problemas também me fez gostar bastante do livro, mas isso nem é justo. É bem fácil gostar de qualquer coisa se o Charlie aparecer.
Mas o livro também me deixou ansiosa para ler os próximos volumes de Heartstopper, porque quero ver como o Charlie chegou ali e como vai se desenrolar depois!
Eu gostei do livro, mas não recomendo para todo mundo. Não é fácil, leve e divertido ler sobre alguém com depressão assim. Acho a capa super fofa, mas não é do tipo de livro que agrada fácil. Se você chegou até o final da minha resenha, se já sabe que Tori é difícil, complicada, pessimista e mal humorada e ainda assim você quer ler, vai na fé. Suas expectativas já devem ter sido ajustadas!