MiCandeloro 22/09/2014
Divertido e Inspirador!
Dennis era um menino de 12 anos que vivia numa casa comum, numa rua comum, numa cidade comum, com seu pai e seu irmão John, dois anos mais velho que ele. Sua mãe havia ido embora anos antes, deixando seu pai infeliz e fazendo-o sentir-se ainda mais carente e sozinho. A única coisa que os aproximava era o futebol. Os três adoravam assistir juntos aos jogos e o pai de Dennis vibrava pelas suas conquistas no esporte, já que o menino era um dos grandes craques do time do colégio.
Entretanto, a dinâmica familiar dos Sims era gélida. Não eram permitidos abraços, demonstrações de afeto ou de "fraqueza", como chorar. Tudo isso só tornava a vida de Dennis ainda mais difícil. Como ele sentia falta dos abraços da mãe, dos afagos na hora de dormir, dos almoços de final de semana, das viagens em família. Ele adoraria poder ter uma mãe por perto, assim como Darvesh, seu melhor amigo, tinha, apesar de não valorizar. A mãe de Darvesh não poupava suas demonstrações de afeto para com o filho, fazendo com que este só reclamasse, envergonhando-se, rotulando-a como doida. Engraçado que geralmente sempre queremos o que não temos.
Se isso tudo não bastasse, Dennis era um menino diferente. Ele adorava roupas de menina, principalmente vestidos. Deliciava-se admirando peças de estilistas famosos e levava muito jeito para moda, mas por causa do modo ignorante do pai, sempre teve que esconder esse seu lado mais poético e delicado. Até conhecer Lisa, uma menina mais velha que estudava no seu colégio e que sonhava em ser estilista.
Certo dia, Lisa o convenceu a sair vestido de menina com a finalidade de pregar uma peça em Raj, o dono da banca de revistas que eles sempre frequentavam. Lisa tinha certeza de que Dennis não seria reconhecido e o fantasiou como uma aluna de intercâmbio francesa. Mas a brincadeira adquiriu proporções imensuráveis quando Dennis resolveu usar um vestido para ir à aula, fingindo-se ser Denise.
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!
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Desde que li Vovó Vigarista, do mesmo autor, decidi que leria qualquer coisa que David Walliams escrevesse. É impossível explicar o quanto a sua escrita é preciosa. David consegue abordar temas importantes e, por vezes polêmicos, em histórias infantis, de maneira leve e divertida.
Uma das coisas que mais gosto na escrita do autor é que, mesmo seus livros sendo narrados em terceira pessoa, conseguimos criar uma grande conexão com trama e seu interlocutor. Impossível não dar boas risadas com observações feitas pelo próprio David no decorrer da obra, bem como não se apaixonar por personagens tão humanos criados por ele.
Falando em dar boas risadas, adivinhem quem está de volta neste livro? Raj, o dono da banca de revistas que conhecemos em Vovó Vigarista. Pelo visto, os personagens de David moram no mesmo bairro. Raj retornou com um papel de maior destaque, protagonizando cenas importantes no enredo, sem esquecer-se do seu toque de humor bizarro.
Em O Menino de Vestido, a metáfora utilizada pelo autor a respeito da proibição/permissão de um menino usar vestido pode ser adaptada em qualquer aspecto da nossa vida. Por mais que o livro se trate disso, no fundo, Walliams quis nos alertar sobre a importância de aceitarmos o diferente evitando julgá-lo e rotulá-lo de maneira precipitada. Como o próprio autor diz, seria muito chato se tudo fosse igual, sempre.
Este livro é recomendado para todas as crianças que devem aprender desde cedo a seguirem os seus sonhos para não se tornarem adultos amargos e frustrados. E para quem leu Vovó Vigarista e chorou com o final, não se preocupem, aqui vocês ficarão muito felizes :) Que final lindo e emocionante!
Resenha originalmente publicada em: http://www.recantodami.com/2014/08/resenha-o-menino-de-vestido.html