Fê 07/09/2014ATENÇÃO! SPOILERS SE VOCÊ NÃO LEU A MENINA QUE NÃO SABIA LER!
Depois dos acontecimentos trágicos narrados em A menina que não sabia ler, alguns anos se passaram e agora Florence está num hospício em algum lugar no norte dos Estados Unidos. Só que demora até que nós, leitores, sejamos apresentados a ela. Então deixa eu voltar ao início.
O livro começa com o Dr. Shepherd chegando ao hospital. Ele é um médico jovem, chegando para um novo emprego depois de sofrer um acidente de trem. Shepherd está apreensivo, óbvio, com este novo emprego, num lugar nada acolhedor: uma ilha isolada, dedicada exclusivamente ao tratamento psiquiátrico de mulheres. E o médico-chefe, dr. Morgan, não lá um médico muito humano para nossos padrões. Ele acredita piamente que o tratamento das internas deve ser feito com banhos de água gelada (e não estou falando do ALS Ice Bucket challenge), solitária e contenção. Falta bem pouco para lobotomia. E isso vem como um choque para Shepherd, o que é falar algo. Isso porque logo fica aparente que o dr. Shepherd não é exatamente quem diz ser, mas não vou comentar mais para não dar spoiler. Já Shepherd acredita no "tratamento moral", ou seja, humanizado. É um homem instruído e inteligente, muito prático e também misterioso. Aos poucos vamos tendo pistas de quem ele realmente é, mas é um tanto previsível (especialmente depois da sinopse dar um pequeno spoiler #FAIL).
E Florence?, você se pergunta. Bem, ela aparece relativamente pouco no livro. Ela foi parar no hospício depois de ter sido encontrada vagando sem destino pela cidade, sem memória de quem é. Só que Shepherd logo vê nela a paciente ideal para testar o tal "tratamento moral", e sente uma certa atração pela menina alta, magrela e de cabelos negros, que se apresenta a ele como Jane Pomba.Não é uma atração física em si, mas espiritual. Isto porque acho que fica claro que mentes iguais acabam se atraindo eventualmente (se você leu o primeiro e este, logo vai entender minha colocação). Só que mesmo nas poucas aparições de Florence no livro, fica aparente seu poder de manipulação e sua inteligência acima da média. Porque nós, leitores, sacamos de cara quem é Jane Pomba. Só que o toque de gênio mesmo vem no final.
A narrativa é gostosa (de novo, demorei porque li em e-book, e como tenho passado bastante tempo em casa depois de trancar a faculdade, não leio tão frequentemente no kobo) e fácil, mas demora um pouquinho para as coisas engrenarem, É em primeira pessoa, contada por Shepherd, e eu preciso confessar que fiquei o tempo todo esperando um capítulo narrado por Florence. Também senti falta de Gyles, que não é nem mencionado no livro, o que achei uma falha.
O clima é sombrio também, e há alguns mistérios durante a leitura, mas prefiro a narrativa do primeiro. E uma coisa que eu percebi que acabou decepcionando um pouco os leitores é que não se tratava exatamente de uma continuação, e mais parece uma história paralela envolvendo Florence. Nada é o que parece no hospício e na verdade achei que a apresentação dos personagens, exceto Florence e Shepherd, um tanto caricatas, como Morgan como o médico velho e insatisfeito com a vida, preso no conformismo, a enfermeira durona, meio masculinizada e a boazinha, anjinho, e as pacientes dopadas e com olhar distante. Mas é uma boa leitura, até mesmo um tanto intrigante, apesar de previsível.
Trilha sonora
Mais uma vez, Seven Devils, da Florence and the Machine, é perfeita. Também deles, Heavy in your amrs. Bones, do Ms Mr, Haunted, do Evanescence e Demons, do Imagine Dragons.
Se você gostou de A menina que não sabia ler - volume 2, pode gostar também de:
A volta do parafuso - Henry James;
Histórias extraordinárias - Edgar Allen Poe;
O prisioneiro do céu - Carlos Ruiz Zafón;
A Sombra do Vento - Carlos Ruiz Zafón.
site:
natrilhadoslivros.blogspot.com