Villette

Villette Charlotte Brontë




Resenhas - Villette


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Gabi 07/09/2020

Quando comecei a ler Villette, pensei que teria um pouco mais de facilidade de me envolver com a escrita da autora, (a culpa das minhas expectativas sendo totalmente de Jane Eyre por me prender já no comecinho) apesar de não ter sido uma leitura tão envolvente quanto eu esperava, me surpreendi com a história. Gostei muito da Lucy, a personalidade dela me cativou e até me identifiquei com a personagem em alguns momentos. E o final criado pela autora é muito bom, criando diferentes possibilidades na mente do leitor. Mas fui enganada durante toda a história, shippei o casal errado, hahaha. Estou ansiosa para ler os dois livros que faltam da autora.
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skuser02844 29/08/2020

Mais uma grande obra de Charlotte Bronte
Muito melhor do que Shirley, embora não tão cativante como Jane Eyre, a obra-prima da autora. Gostei muito da história e da protagonista e me surpreendi com o final ambíguo, sujeito a várias interpretações.
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Natalia Noce 19/08/2020

Sem sombra de duvidas Charlotte Brontë fez de Villette um livro denso e de certa forma mais difícil de ser lido, mas isso não destrói a maestria de sua obra. Com personagens muito bem descritos e totalmente tridimensionais, reflexões sobre a dificuldade de uma mulher sozinha para se sustentar em uma sociedade que mulheres deveriam ficar em casa, não ter pensamentos próprios e nem uma grande educação, além de mostrar as diferenças de tratamento recebidas pelas diversas classes sociais e uma grande discussão sobre tolerância religiosa o livro deixa de ser um simples romance e passa ser uma obra revolucionária para sua época e com lições que podemos usar até os dias de hoje.

Pequenas coisas me incomodaram tanto na edição que eu li (a de capa dura) quanto na forma em que a história foi escrita. Vamos falar primeiro da edição: por mais que ela seja linda, a lombada aberta me causou bastante nervoso e me impossibilitou de ler na maioria das posições que eu prefiro devido a capa na parte frontal não estar presa ao resto do livro e mesmo sendo o objetivo deixar o livro totalmente aberto na página que esta sendo lida isso não acontece e durante toda a leitura tive que ficar segurando. A lombada aberta também coloca um estresse na parte de trás da capa por ser o único lugar em que o miolo esta preso, tornado bem sensivel a rasgos. Outra coisa na edição que fez com que a leitura não fosse tão fluida foi o fato de todas as traduções das falas em francês estarem em um glossário na parte final do livro e esse ir e vir acabava desanimando bastante o prosseguimento da leitura, acho que esses pontos como notas de rodapé seriam mais interessantes. Agora vamos para o que me incomodou na história, que foram só duas coisinhas, a primeira é que personagem Lucy muitas vezes começa a viajar em seus próprios pensamentos de forma tão filosofica que às vezes (ok... muitas vezes) eu pecisava voltar e reler porque nao tinha conseguido entender nada do que ela estava querendo dizer o que fez eu demorar mais a ler o livro e a segunda é a enorme quantidade de coincidências que ocorrem durante a narrativa, o que faz todo o enredo ser bem menos crível.
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Renata 29/07/2020

perdão, brontë, mas villette não deu pra mim
tenho uma convicção interna de que, excluídas aquelas obras realmente ruins, livro é coisa de momento. bom, esse não era meu momento pra ler villette.

e por que não deu pra mim? simplesmente porque a história é chata (ou pelo menos eu assim a achei)! a escrita é extremamente descritiva, a história não tem nenhuma grande emoção e a mocinha é uma grande bobona. kk

ok, sei que devo dar o desconto do tempo - naquela época as mulheres não podiam fazer muita coisa etc, mas mesmo assim... lucy snowe não faz NADA! não tem um momento de brilhantismo. não levanta a voz nenhuma vez sem que fique "com os nervos abalados".

cadê um pouquinho da rebeldia de uma lizzie bennett? ou um pouquinho da sagacidade de uma emma? nada, nadinha. lucy parece ser uma mera coadjuvante em sua própria história.

no posfácio, escrito pela doutora em letras lilian correa, há o seguinte: "villette traz um mundo à parte, visto nas entrelinhas, talvez fora do alcance daqueles que desconhecem o universo romântico inglês, repleto de peculiaridades". bom, o livro pode ser maravilhoso pra quem estuda o universo romântico inglês, mas pra mim, leitora comum, foi bem enfadonho.
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Báh~ 15/05/2020

Villette Charlotte Brontë
A história é narrada em primeira pessoa, por Lucy Snowe. E a escrita é rica em detalhes. A protagonista traça o perfil e característica de todos, observa com muita profundidade. Ela é irônica e crítica, e conversa com o ?Leitor?, revela fatos que já sabia a muito tempo, o que gera surpresa e dúvidas quanto as coisas que fala ou deixa de falar. Ela tem o sentimento de que sempre as coisas irão dar erradas. Tinha medo de ter esperanças ou de sentir felicidade. E é mostrado uma dificuldade por parte da protagonista em tomar atitudes, mesmo sendo decidida em relação ao que acredita. Faz perguntas e reflexões que o leitor pode se identificar. Foi ótimo acompanhar o crescimento da protagonista.

O livro traz muitas referências da Bíblia, da mitologia grega, de lendas, de livros como ?As Mil e uma noites?, de pintores, etc. É um livro muito rico.

Particularmente, no início, achei M. Paul irritante e engraçado ao mesmo tempo, devido ao temperamento e discussões exageradas. Depois é mostrado um lado mais dócil e como ele é uma pessoa impressionante. E o desenvolvimento do romance de Lucy e Paul foi bonito e angustiante. O sentimento que ela teve por ele foi diferente do que teve pelo Dr. John, em um momento fica claro isso.

Eu já havia lido Jane Eyre da mesma escritora, e Villette tem o seu próprio brilho.


blog: livrosaoredordomundo.wordpress.com (tem a resenha completa). Minha primeira resenha :)
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Ana 05/05/2020

Essa leitura se alterna entre gostosa e de difícil entendimento pelo caráter extremamente poético de algumas passagens.

Apesar de alguns acontecimentos terem me deixado totalmente confusa, no geral me senti inspirada pela personalidade da Lucy diante de tanto sofrimento. Várias vezes me vi chorando porque em várias medidas as dores dela também foram as minhas.

O livro explora muito a carga opressiva da negligência, o peso de ser uma "ninguém", o que me tocou muito.
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fabio.orlandini 24/03/2020

Sublime
Talvez não seja a história mais empolgante das irmãs Brontë. É um livro com uma protagonista sem grandes dotes, seja beleza ou inteligência. Mas, é a história de uma mulher que, sem opções, entrega sua vida ao destino e recebe as dádivas e perigos dessa caminhada.
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Ianca 24/06/2019

Villette
Tão sensível e tocante. Acho que é impossível não se identificar com a Lucy Snowe em algum momento da trama.
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Benditos livros - Luana 14/03/2019

Não curti , e fui pesquisar mais sobre a autora e o período escrito
O livro não é ruim, de modo algum.

Eu gostei muito do primeiro terço do livro, que nos mostra uma protagonista forte, que , sem familia, sofre com os obstaculos sociais e vai tentar a sorte em uma cidade no interior da França. Eu fiquei entediada com boa parte do livro porque a vida da protagonista é tediosa mesmo, e como narradora, ela não está muito a fim de dar explicações sobre o que se passa ao seu redor. Somente no terço final eu me vi engajada nos acontecimentos, e eu adorei o final do livro.

Como um todo, entendo a genialidade do livro como classico da era vitoriana, e para compreender tudo isso, eu tive de ler resenhas criticas a respeito do periodo e da autora. Acabei por descobrir que ela colocou muito de sua vida pessoal no livro, e toda essa pesquisa ajudou no meu entendimento do texto.

Quando você estiver encarando um classico, acho que uma pesquisa como essa ajuda muito na nossa compreensão. Quando li Morro dos ventos uivantes, fiz a mesma coisa e o meu entendimento e carinho pelo livro cresceu bastante.

Contudo, depois da leitura e da pesquisa de Villette, eu posso dizer que compreendo e valorizo o livro, mas que não gostei. Vida que segue
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Gizalyanne 25/12/2018

Surpreendente!!
Nesta estoria conhecemos Lucy snowe uma jovem pobre porém muito determinada a conseguir os seus objetivos e para isso ela viaja para a França . Lá consegue emprego em uma escola , conhece pessoas e reencontra outras se apaixona se sente solitária e descreve seus sentimentos em relação as pessoas.
Eu gostei muito pois já havia lido uma biografia romanceada da autora , Diários secretos de Charlotte Brönte da Syrie James e pude identificar claramente as referências da vida pessoal que ela colocou no livro, também achei interessante como ela incluí várias referências bíblicas que eu consegui acompanhar pois sou cristã e leio a Bíblia mas não sei se uma pessoa que não vai compreender. O livro pode ser chamado de feminista pois a autora novamente como em Jane Eyre mostra uma mulher solteira lutando pela sobrevivência e não por um casamento. A personagem principal é uma professora e a estória se passa na sua maioria em uma escola . Em suma leiam é bom!!!
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Luciana Klanovicz 05/03/2018

Villette de Lucy Snowe - cinco estrelas
Escrevo essa avaliação ainda impactada do fim dessa leitura. Ainda estou a sentir os passos vacilantes de Lucy Snowe acostumada que estava de olhar pelos seus olhos e de sentir o peso opressivo dos silêncios e da solidão. Um mês para delicadamente contemplar essa riqueza de palavras ocultando gestos grandiosos em doses tremendas de humanidade e veracidade.
Lucy Snowe é uma das personagens mais reais que já li na literatura do século XIX. É de uma dureza grande observar, como ela fazia costumeiramente, os caminhos se abrirem sempre para os outros. Para nossa protagonista, ciente de seu duro destino, estava pronta de se fazer por si mesma. É de uma coragem contida que falo. Não é do tipo heroína arrojada (embora a considere muito arrojada para o período em que vivia), como bem somos em nosso interior. Heroínas contidas de nós mesmas, sempre prontas aos desafios do mundo masculino, o que é raro em livros clássicos onde a nobreza ganha seus contornos de protagonismo inato. Villette me ganha por me mostrar o oposto.
Já convencida me lancei pelas folhas para saber mais sobre ela. Sobre o peso da tremenda timidez diante das adversidades cotidianas, daquilo que escapava ao seu controle. Sofri quando ela se viu obrigada a "fechar os olhos" diante do sol que surgiu pela primeira vez em sua vida, das rejeições que rasgam o coração. Do apagamento sonoro da dor enterrada literalmente ao pé daquela árvore. Empoleirei-me ao lado de sua cama para ouvi-la falar das famosas cartas, das assombrações do corpo e da alma, dos arranjos de Madame Beck, e do amor que brotava lentamente com a figura impressionante de Monsieur Paul.
É um livro para se olhar, além do romance, acerca do caminho de uma jovem mulher sobrevivendo a tudo sozinha. Essa solidão perene de Lucy me desalentou por diversas vezes. E isso me fez ama-la ainda mais. Quis fazer dela minha amiga. Desejei a ela todas as boas venturas.
Lá pelo penúltimo capítulo senti todas as minhas preces atendidas. Chorei e sorri por ela, minha nova amiga, Lucy Snowe.
Esse livro é importante porque tantas razões, mas vou me deter apenas ao fato de que se trata de uma história de uma jovem sem amparos, em um país estrangeiro, vivendo em uma outra língua. Ela é de origem humilde, suas reivindicações e sonhos são mais próximos da realidade. Da dura realidade. A sua narrativa choca e nos aproxima. Faz com que deixemos homenagens a Lucy em nome de todas as mulheres que sobreviveram ao mundo cruel a partir de si próprias.
Nota importante:Sugiro que não leiam com pressa; Lucy Snowe tem o seu próprio tempo de leitura. Há que se aguardar para o deleite literário se firmar e nos envolver.
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Tamires 06/12/2016

Villette
“Villette é, de muitas formas, um romance delicado e deliciosamente difícil. Tudo o que diz respeito à sua heroína, Lucy Snowe, é encoberto por uma névoa de inacessibilidade e uma certa escuridão que sustenta a narrativa. Lucy se muda para a cidade fictícia de Villette, onde será professora de inglês em um internato. Ali, será confrontada pelos traumas do passado enquanto completa seu percurso de heroína, com os dissabores e conquistas de uma mulher vitoriana, mas eternamente atual. Uma obra-prima de Charlotte Brontë.” (sinopse)

Villete é um romance escrito por Charlotte Brontë, publicado originalmente em 1853, que narra a vida de Lucy Snowe, uma jovem de poucos recursos que sai da Inglaterra com destino a cidade de Villette e acaba tornando-se professora de inglês em um internato.

A história começa em uma visita de férias que a protagonista faz a casa de sua madrinha, a Sra. Bretton. Pelo olhar de Lucy Snowe, conhecemos a casa dos Bretton's e a pequena Polly, filha de um amigo da família. A menina desenvolve uma forte relação de amizade com jovem Graham Bretton, na época com 16 anos. A visita de Polly durou poucas semanas e também Lucy deixaria a casa da madrinha em breve.

Alguns anos depois desta visita, anos esses que Lucy não revela muito do que se passou, mas permite-nos saber que sua situação financeira não é das melhores, ela começa a trabalhar como dama de companhia da Srta. Marchmont, uma rica, porém reumática senhora.

“E, assim, dois quartos quentes e fechados se tornaram meu mundo; e uma senhora idosa e inválida, minha patroa, minha amiga, tudo para mim. Atendê-la era meu dever; sua dor, meu sofrimento; seu alívio, minha esperança; sua raiva, minha punição; sua apreciação, minha recompensa. Esqueci que havia campos, bosques, rios, mares, um céu sempre cambiante além da gelosia embaçada de seu quarto de inválida; eu quase me sentia contente por esquecer isso.” (p. 74)

Contudo, o destino reservara algo diferente para Lucy: com o falecimento da Srta. Marchmont, ela se vê obrigada a procurar uma outra colocação. A jovem, então, seguiu para Londres e, de lá, para Villette, no reino (de língua francesa) de Labassecour. Seus caminhos levaram-na ao pensionato de Madame Beck, onde, a princípio, ela ficaria responsável pelos cuidados com as filhas da Madame, mas depois acabou assumindo o posto de professora de inglês na escola.

“Digo novamente: Madame era uma grande mulher, e muito capaz. Aquela escola proporcionava a seus poderes uma esfera muito limitada; ela deveria ter conduzido uma nação: deveria ter sido líder de uma turbulenta assembleia legislativa. Ninguém poderia tê-la desencorajado, ninguém irritava seus nervos, exauria sua paciência ou ultrapassava a sua astúcia. Em sua pessoa, ela poderia ter abarcado os deveres de um primeiro-ministro e de um superintendente de polícia. Sábia, firme, desconfiada; sigilosa, astuta, desapaixonada; vigilante e inescrutável; perspicaz e insensível; e, além disso, perfeitamente decorosa; o que mais poderia ser desejado?” (p. 136)

Villette seria uma versão ficcional da cidade de Bruxelas, na Bélgica, onde a autora estudou com sua irmã Emily. Todo o romance tem elementos que indicam ser um relato autobiográfico de Charlotte Brontë e de posse desta informação o leitor torna-se ainda mais próximo da heroína Lucy Snowe, em seus devaneios e sofrimentos. As protagonistas de Charlotte Brontë, como eu tenho visto até agora, são mulheres a frente de seu tempo, como a autora mesma foi. Elas iam à luta, buscavam o seu sustento da forma que era possível, e tal atitude é exemplo para nós ainda nos dias de hoje.

“Não há nada como encarar tudo o que você faz com uma expectativa modesta: isso mantém a mente e o corpo tranquilos; enquanto as noções extravagantes podem levar ambos a um estado febril.” (p. 87)

No pensionato conhecemos também Dr. John, que ajudou Lucy em sua chegada a Villette e por quem ela nutriu sentimentos controversos, diria quase um amor platônico; Ginevra Fanshawe, um projeto de coquete que se diverte em um jogo de sedução envolvendo Dr. John e De Hamal, dentre outros. O personagem mais carismático e meu favorito neste romance é M. Paul Emanuel, que é um dos poucos, senão o único, a travar diálogos interessantes e estimulantes com Lucy. Ele é responsável pelas melhores cenas do livro e será muito importante na vida da nossa heroína.

Villette é de leitura mais lenta que Jane Eyre, romance mais conhecido da autora. Durante páginas e mais páginas a história de Lucy Snowe parece não avançar quase nada. Era o mar calmo na superfície com um turbilhão de sentimentos nas profundezas. Ainda assim, sabendo, como já foi dito, que trata-se de uma autobiografia de Charlotte Brontë, embora não com o compromisso de ser integralmente fiel a realidade, a motivação para prosseguir vinha até nos momentos em que desistir para retomar a leitura em outro momento apresentava-se como opção. Quando entendi o ritmo do romance a leitura fluiu melhor. Saber mais sobre uma mulher que mesmo com todas as adversidades e tristezas foi capaz de criar histórias que emocionam até os dias de hoje é recompensador. Charlotte Brontë é Lucy Snowe e Lucy Snowe é um pouquinho de cada uma de nós, mulheres.

“Seu tom é simultaneamente pessoal, profundo, altamente cultural e traz alguns indícios de feminismo, se fosse possível falar dele nesse período histórico.” (posfácio, por Lilian Cristina Corrêa)

A edição especial da Martin Claret conta com o prefácio de Lenita Maria Rimoli Esteves, uma nota da tradutora, Solange Pinheiro, e o pósfácio de Lilian Cristina Corrêa. Além do cuidado no acabamento do livro e da capa lindíssima, vê-se que a editora tem se preocupado em incluir em suas obras, sobretudo nas edições especiais, um material complementar que em muito enriquece a nossa experiência de leitura. Um ponto negativo para mim, mas que não diminui em nada o trabalho feito nesta edição, foi colocar todas as expressões em francês no final do volume. A tradutora optou por manter as expressões em francês no corpo do texto, para que este ficasse o mais próximo do original possível, mas teria sido mais confortável ter as traduções no rodapé das páginas. Contudo, entendo que isso poderia ser um problema no acabamento do livro, pois Villette segue o padrão das outras edições especiais das irmãs Brontë já publicadas pela editora, a saber: Agnes Grey, Jane Eyre e O Morro dos Ventos Uivantes.

Destaco, sem spoilers, que o final da história é bastante interessante. É um final diferente, digamos, dos que vemos em livros similares. Para os fãs de Charlotte Brontë e de uma história bem escrita, Villette é uma ótima pedida!

site: http://www.tamiresdecarvalho.com/resenha-villette-de-charlotte-bronte/
Marcia 03/09/2019minha estante
Em todas as resenhas que vi desse livro, nenhuma está próxima do que entendi do final. Na versão da Pedra Azul, deu-me a impressão de que houve uma tragédia


Tamires 05/09/2019minha estante
Já faz algum tempo que li Villette, mas o que eu guardei de lembrança é que o final deixa para o leitor deduzir ou imaginar o que acontece depois. ? diferente de vários clássicos nesse sentido, por não ter um final redondo, felizes para sempre ou o oposto. Foi uma leitura mais densa, espero ler novamente no futuro e perceber mais sutilezas que eu talvez tenha deixado passar.


Marcia 19/09/2019minha estante
Mas quando ela relata sobre uma tempestade e Paul estaria a bordo de um navio, em pleno Atlântico, deu- me essa sensação




@garotadeleituras 05/12/2016

Uma leitura densa, extremamente deliciosa e contagiante para o leitor!
Publicado originalmente em 1853, villette é considerado autobiográfico e foi o último romance publicado em vida de Charlotte Brontë. A protagonista feminina do livro, Lucy Snowe, é sozinha e precisa delinear seu próprio caminho no mundo. Num primeiro momento, aos 14 anos, a moça inglesa está estabelecida na casa da sua madrinha, a Senhora Bretton, que tem um filho, o carismático John Graham Bretton, e posteriormente também hospedará a peculiar criança Paulina, apelidada carinhosamente de Polly, que, diga-se de passagem, uma menina intensa, devotada ao pai e ao filho da sua anfitriã. Um pouco depois, o pai da pequena Polly vem buscá-la e Lucy também parte. O cenário descrito nesse momento é a rotina doméstica, a forma como a própria Lucy se comporta nesse meio onde é enxertada e os conflitos internos que irão amadurecer durante toda a narrativa.

"Eu não sabia, então, que a tristeza é o melhor sentimento para alguns espíritos, nem refleti que algumas ervas, embora inodoras quando inteiras, exalam perfume quando esmagadas”. (p.134)

Lucy é descrita como uma mulher calma, independente, inteligente com algumas dificuldades intelectuais para a aritmética, sem nenhuma beleza e sem parentes vivos. Embora geralmente reservada e emocionalmente controlada, Lucy tem fortes sentimentos e afeições para aqueles que ela realmente valoriza mesmo quando a austeridade não permite grande efusão de demonstração. Depois de uma série de acontecimentos pontuais relatados, decide encontrar meios de subsistência, sai da Inglaterra e vai para a França, se estabelecendo na fictícia cidade de Villette.
No inicio, ela começa cuidando de algumas crianças, tornando-se posteriormente professora de um internato para jovens, na Rua Fossette. E é exatamente nesse período, entre as paredes do pensionato de Madame Beck, o olho que tu ver, que a protagonista, também narradora, compartilha com o leitor seus dramas, sejam sentimental ou social (os vínculos estabelecidos durante esse período), as impressões sobre o ambiente e sua existência solitária, assim como, a formação de elos durante a extenuante estadia em Villette.

“Aqueles que vivem recolhidos, cujas vidas têm caído na reclusão de uma escola ou de outras habitações muradas e vigiadas, são susceptíveis de desaparecerem subitamente, por um longo período de tempo, da memória de seus amigos, os habitantes de um mundo mais livre. (p.231)"

Particularmente, achei sensacional a forma como a autora reintroduziu os personagens do inicio, assim como seu desfecho para a encantadora Polly e o Graham, a conduta frívola de Ginevra e a explicação nada sobrenatural para os episódios da Freira “assombrada”, o que contribuiu para a classificação do romance como gótico, assim como não poderia deixar de relatar a aproximação um pouco conturbada entre Miss Lucy e o instável Paul Emmanuel.
Villette é um romance rico em descrições pormenorizadas da psique feminina, suas batalhas na sociedade inglesa da primeira metade do Século XIX, assim como a luta cultural ao deparar-se com costumes ou preceitos religiosos divergentes dos ensinados no âmbito patriarcal, protagonizado pela figura do Padre Silas ao tentar converter a personagem ao catolicismo como solução para aliviar os pesos da alma. Lucy é uma personagem resistente, que carrega dentro de si paixões e anseios. O final ambíguo de Villette propõe ao leitor imaginar o destino da protagonista, embora pressuponha ou deixa a entender que uma grande tempestade interveio nos planos para a felicidade plena.
Em resumo, é uma leitura densa, não é um livro que você lerá em um dia, pois demanda tempo, concentração e degustação, mas extremamente deliciosa e poética; um relato dosado de sentimentalismo e realismo sobre os conflitos pessoais da moça inglesa, que contagia o leitor!

“O espaço em branco é sempre um ponto nebuloso para o solitário”. (p.232)
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Coruja 03/11/2015

Levei quase dois meses para conseguir vencer as quase seiscentas páginas de Villette. Parte da culpa é minha: comecei o livro justo na semana da mudança de apartamento e para além do caos natural que se segue mesmo após todas as caixas terem sido desocupadas – você sempre acha alguma coisa nova para arrumar e trocar de lugar – teve férias, viagem, aniversários e confraternizações. Em suma, toda vez que eu me sentava e achava que ia conseguir avançar mais que uma ou duas páginas de vez, alguém me chamava para ajudar em alguma coisa.

Contudo, não foi só minha maneira truncada de ler o livro que atrapalhou. Villette é um livro complexo, e cheio de questões de levantam interesse, mas ao longo de pouco mais da metade do volume, quase nada parece acontecer: a narrativa de Lucy Snowe é uma longa procissão de acontecimentos que não parecem desembocar em nada. E assim é que passei uns quarenta dias para ler quatrocentas páginas, e quando a coisa afinal engatilhou, foram duas tardes para ler as últimas duzentas páginas.

A história segue Lucy, uma jovem inglesa típica, que após um longo histórico de perdas e tristezas, atravessa o canal para Labassecour – reino ficcional inspirado na Bélgica – onde acaba arranjando emprego como professora de inglês num pensionato para garotas.

Lucy é muito diferente de Jane Eyre, a personagem mais emblemática pela qual Charlotte Brontë ficou famosa. Em ambos os livros, são as protagonistas que narram a história, mas, enquanto Jane convida o leitor para perto, faz dele seu cúmplice, Lucy é oblíqua, desconfiada e parece estar sempre fugindo de fazer qualquer afirmação mais incisiva, diminuindo os acontecimentos de tal maneira que nos tornamos confusos sobre seus verdadeiros sentimentos.

É isso que acontece em seu relacionamento com o bom Doutor John Bretton. Ela dá a atender num suspiro que as atenções do médico tinham-na levado a devaneios românticos, e no parágrafo seguinte apaga todos os castelos no ar com uma mão descuidada, afirmando que tudo não passa de afeição inocente, fraternal. De princípio, afirma que no futuro, John a faria sofrer, e páginas adiante, é ela quem faz a ponte entre ele e a verdadeira musa do rapaz, tudo com o maior prazer e boa vontade em ver duas pessoas tão boas que se merecem, assim como todas as bênçãos com que são ambos cumulados.

Jane Eyre é um ser passional, que não esconde sua intensidade, enquanto Lucy Snowe se acomoda em sua existência e tenta reprimir a todo custo seus impulsos. E ela o consegue… exceto em alguns momentos, especialmente quando provocada pelo professor Monsieur Paul Emanuel.

Todas as melhores cenas do livro, na minha opinião, são as que apresentam Monsieur Paul – ou pelo menos tocam tangencialmente em sua existência. Ele é quase um alívio cômico em muitos pontos – por motivos que não sei explicar, a imagem dele na minha cabeça ficou igual ao do Hercule Poirot de David Suchet (até porque os dois personagens são belgas…) – mas, ao mesmo tempo, ele é um verdadeiro herói romântico: generoso e gentil, irascível e ciumento em alguns momentos, mas pronto a reconhecer suas falhas e fazer as devidas contrições, trabalhando nos bastidores para aplainar o caminho de Lucy.

Lucy me lembra muito a protagonista de Mansfield Park, Fanny Price. Ambas são, ao longo de boa parte de suas respectivas histórias, mais observadoras do mundo ao redor delas que agentes ativas de seus destinos. Mas quando afinal decidem tomar as rédeas de suas vidas, fazem-no de maneira espetacular. Lucy desafiando Madame Beck é Fanny dizendo não ao tio: elas deixam de serem peões para se tornarem jogadoras.

Como disse antes, não parece existir realmente um plot a seguir (e a ambiguidade do final quase me fez tacar o livro na parede, porque eu não queria acreditar no que era deixado implícito), mas Villette compensa muito pelo estudo psicológico feito de Lucy.

Charlotte Brontë explora bastante no romance questões de gênero, em especial os papéis impostos pela sociedade a cada sexo e também a independência feminina. Lucy não é uma mocinha protegida, tremendo diante das realidades do mundo, dependente do herói: por mais que se acomode em certos aspectos, quando é forçada pelas circunstâncias ela é capaz de tomar corajosas atitudes que rompem com o padrão da época – vide sua decisão de deixar a Inglaterra e seguir para Villette sem qualquer plano definido além de ‘procurar trabalho’ quando chegar lá. Ela é levada a essas decisões pelo desespero (ainda que tente ocultar esse sentimento), mas isso não diminui a importância de uma heroína com vontade própria e disposta a fazer o que for necessário para garantir seu sustento.

Há também o conflito cultural – Lucy não sabe francês quando chega a Villette e vai aprendendo aos poucos a linguagem. Suas origens, sua religião (ela é protestante, enquanto todos ao seu redor são católicos) e sua dificuldade com a língua forçam-na a um isolamento que a leva a determinada altura da história a um esgotamento nervoso.

O mais interessante do livro, claro, é a teoria de que mais que um romance, Villette é uma autobiografia. Charlotte foi uma criatura extraordinariamente sofrida e ela sabe muito bem emprestar esse sofrimento à personagem. Por mais que Lucy tente se reprimir, é impossível não perceber nas entrelinhas o quanto ela está cansada e esmagada por sua situação, pelas cobranças sobre seus ombros, pelas pequenas decepções que se sucedem sem parar.

Não é um livro fácil. São muitas as nuances e reflexões colocadas ao longo da história. Mas creio que valha à pena se aventurar pelos jardins e ruas de Villette, acompanhando Lucy em suas tentativas de encontrar seu lugar no mundo.

site: www.owlsroof.blogspot.com,br
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