MiCandeloro 01/06/2015
Apaixonante e muito bem escrito!
Erik era um homem desgarrado do mundo, sem mulher, sem filhos, endurecido pelo tempo, que trabalhava como advogado de fachada e de quebra galho da polícia, como se fosse um agente duplo, dando sumiço nos bandidos e limpando as ruas da cidade com as próprias mãos, como um justiceiro.
Apesar dos perigos que enfrentava e de pôr a sua vida em risco sempre, Erik adorava sua profissão. Ele se sentia vivo e útil e gostava de não saber o que ia enfrentar no dia seguinte. Nem conseguia se imaginar vivendo pacatamente, no interior, tendo um empreguinho medíocre, como a sua irmã mais velha que ele tanto amava.
"É no perigo que eu me sinto em casa, e é na bagunça das minhas identidades que eu sei quem sou."
Porém, certa noite, por um descuido besta, Erik foi baleado e afastado do trabalho por mais de dez meses. Para piorar a situação, depois de exercer por tantos anos essa função de "consultor" dos tiras, Erik acumulou muitas inimizades e estava com seu pescoço à prêmio. Ele precisava de um sumiço, nem que fosse temporário.
Muito contra a sua vontade, tirou umas "férias forçadas" e foi transferido para advogar numa mega corporação nos Estados Unidos. Ele não sabia quando poderia voltar, mas já lamentava por tudo o que tinha perdido.
Logo no primeiro dia de trabalho, Erik conheceu Marina, a CEO da Holmes & Lewis Associados. Não foi amor à primeira vista, nem seu coração pareceu querer explodir no peito. Erik apenas ficou interessado naquela mulher de cabelos de cor diferente, postura altiva, mas que escondia no olhar diversos segredos que ficou tentado a descobrir. Tudo o que Erik sabia é que precisava manter um pouco de emoção em sua rotina para não pirar e, inconscientemente, foi tragado para uma trama digna de filmes policiais.
Marina era a única filha de Holmes e Lewis e, portanto, herdeira de todo aquele império. Depois de o seu pai adoecer e de ser afastado do cargo, teve que assumir a presidência, apesar de sua pouca idade. Contrariando a perspectiva de muitos, Marina se saiu muito bem, aumentou consideravelmente os ganhos da H & L e fez diversas contratações e fusões com outras empresas.
Entretanto, da noite para o dia, se viu com um grande pepino para resolver. Seu pai estava sendo processado por assédio sexual pela antiga secretária. Marina estava ávida para abafar o caso e tentar um acordo, mas Erik, o mais novo advogado do departamento, insistiu que esta não seria a melhor tática e a aconselhou a enfrentar o processo.
Mal sabia ele que com essa decisão havia cutucado um vespeiro maior do que poderia lidar. Marina e Erik se aproximaram em decorrência do problema jurídico da firma e viram um no outro uma excelente companhia e uma válvula de escape para os seus problemas. Todavia, o que fazer quando os podres vêm à tona e colocam em risco sentimentos recém-descobertos que podem ser capazes de alterar o futuro desses personagens com passados tão negros?
Será que o amor é capaz de resistir às tempestades da vida?
Querem saber o que vai acontecer? Então leiam!
***
Conheci Enquanto a chuva caía no dia em que Christine M. veio para Porto Alegre e nos presenteou com um bate-papo tão amigável e emocionante, falando sobre a sua vida, carreira, e nos contando sobre as suas obras. Ali tive a chance de ter o meu exemplar autografado e fiquei com a pulguinha pulando atrás da orelha, de tão bem que ouvi falar do tal Erik, por quem as meninas ficaram suspirando.
Sinceramente, não sei por que demorei tantoooo tempo para ler este livro, mas fico feliz desse dia finalmente ter chegado. Sabem quando a gente já se apaixona pela escrita do autor logo nas primeiras linhas? Foi exatamente isso que me aconteceu quando comecei a ler a obra e, acreditem, fazia tempo que isto não me acontecia.
Narrado em primeira pessoa, com capítulos intercalados na visão de cada protagonista, que nos ambienta na história e, ao mesmo tempo, nos convida para conhecer o seu passado, Chris M. construiu um enredo de tirar o fôlego e, ao mesmo tempo, inseriu mensagens preciosas para nós leitores.
Sua escrita é simplesmente apaixonante. Com um texto fluido, diálogos inteligentes, sarcásticos e bem humorados, personagens humanos e tremendamente bem construídos, com uma pitada de drama e romance na medida certa, a autora ainda nos brindou com um suspense policial que foi inserido à trama magistralmente, daqueles que simplesmente não consegui adivinhar quem era o culpado, de tão confusa e afoita que ela me deixou, outra coisa rara de se acontecer.. hehe.
Erik roubou o meu coração e ocupou o primeiro lugar no pódio dos bad boys literários. Sim, ele é o personagem mais bad boy que já conheci, porque ele não tem só a marra, a espirituosidade e o charme habitual que vemos por aí, Erik sabe ser mau quando precisa. Não vamos ignorar o fato de que Erik é um matador de aluguel, que suja as suas mãos de sangue, mas que também tem um coração enorme, um jeito irônico de nos fazer suspirar, e um humor negro delicioso.
Marina, por sua vez, não ficou atrás, não. É difícil eu gostar de uma personagem feminina, mas me encantei por essa moleca que foi obrigada a crescer tão cedo e a assumir tantas responsabilidades. Marina pode parecer ser frágil e de vidro, afinal, ela já passou por tantas desgraças e sofrimentos na vida, mas é incrível o quanto a sua força fez com que ela seguisse em frente, ou ao menos sobrevivesse.
Quando Erik e Marina se encontram, os leitores ficam ansiosos para saber como essa história de amor vai se desenrolar. Uma das coisas que mais gostei foi o fato de que ambos os personagens não caem abruptamente nos braços um do outro, numa paixão clichê e avassaladora. Eles constroem um relacionamento, pouco a pouco, de maneira intensa e verdadeira, até realmente se entregarem. E quem leu o livro sabe o quanto isso era difícil para cada um em razão das marcas e cicatrizes que possuíam em seus corações, o que tornou essa história de amor ainda mais bela e única.
"Talvez a nuvem negra que carrego em cima da cabeça tenha ficado terrivelmente atraída pela sua nuvem negra – completo.
– Não é à toa que estava chovendo tanto quando cruzei contigo.
– Sorte não termos gerado raios e trovões."
Até a metade do livro, Chris nos apresenta a fundo os dilemas de Erik e Marina e os desafios que eles buscam vencer, criando uma ótima conexão entre a gente e os personagens. Após a metade, a trama policial do livro se torna mais intensa e nos reserva diversas surpresas que me deixaram com o coração na mão. Achei essa combinação simplesmente perfeita.
O final é revelador, ao mesmo tempo em que é romântico e delicado, e acho que a história de Erik e Marina não podia ter terminado de melhor forma.
"(...) percebo que a felicidade é tudo aquilo cujo fim você não quer ver."
Só posso dizer que me apaixonei profundamente por Enquanto a chuva caía e mal posso esperar para ler os outros livros da autora. Christine construiu um romance policial para, na verdade, nos dizer que a felicidade não depende de tempo bom ou ruim, ela é um estado de espírito que deve ser vivido e sentido em sua plenitude, independente das adversidades que encontremos ao longo do caminho, porque elas vão existir, mas a diferença será em como iremos encará-las.
"Nós somos a prova de que nem o ódio, nem a tristeza, nem a obstinação ou qualquer outra coisa é capaz de transformar verdadeiramente. Eu sou fruto do seu amor e você é do meu. Ponto."
Leiam e entreguem-se a essa tempestuosa história de amor e de superação!
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