Julia G 03/04/2012Horizontes: Revelações - Roberto Laaf "[...] Não conseguia, ou melhor, não podia acreditar no que lhe havia acontecido. Depois de tantos anos, não esperava mais passar por aquilo, contudo, o que mais estava deixando Ana Clara abalada não era exatamente o retorno daquelas estranhas visões, era saber, pela visão em si, que a vida de Clarisse estava em perigo." (pág. 27)
Ana Clara é uma médica veterinária que trabalha na clínica Pet’s Health, de Matheus, há alguns anos. Apesar de não ter um namorado, não sente falta disso, e encontra a companhia que necessita junto aos amigos, principalmente junto à sua melhor amiga Clarisse. A protagonista até passaria por uma garota normal, não fosse seu semblante sempre sério e carregado, em virtude das perdas que sofre desde a infância: seus pais foram brutalmente assassinados e, pior que isso, ela previra as mortes, mas não pode fazer nada para evitar.
Depois de tantos anos sem essas visões que lhe alertavam quando alguém próximo corria perigo de vida, Ana Clara recebe outro aviso: Clarisse será assassinada. E mesmo sem saber ao certo o que fazer para proteger a amiga, Ana Clara tenta de todas as formas mantê-la fora de perigo, desconhecendo o perigo que ela mesma corre. Embora não saiba, o assassino de seus pais saiu recentemente da prisão, e não é em todo mundo que se pode confiar.
Horizontes – Revelações é o primeiro livro da série escrita por Roberto Laaf, e tem como ingredientes principais mistério, suspense, ação e um toque de drama. A narração do autor é gostosa, apesar de ainda não ter me decidido se o fato de ser rápida e direta seja bom ou ruim, já que pode entregar demais ou simplesmente ir direto ao ponto.
A trama bem elaborada e emaranhada dá um toque todo especial e os mistérios deixam uma curiosidade no ar e, apesar de não durarem muito, por serem esclarecidos, logo dão lugar a outros ainda mais instigantes. Talvez essa solução rápida das situações seja, na visão de muitos, algo que prejudique o envolvimento com a história, mas em minha opinião, nesse primeiro livro, os fatos foram colocados de maneira desafiadora o suficiente para manter acesa a curiosidade. A falta de um "ápice", ou a minha não percepção desse, também não prejudica a leitura, pois não diminui a vontade de chegar ao fim.
Quanto às personagens, não consegui criar uma identificação com nenhuma delas. Mesmo que tente se passar determinada imagem de cada uma e um perfil previamente definido, senti falta de fatos, acontecimentos que comprovassem isso, seus modos de ser, já que, infelizmente, somente citar algo não consegue me convencer.
Um ponto muito positivo da narrativa é a escrita impecável de Laaf. Não encontrei erro algum, seja de digitação ou ortografia, e isso conta muito a favor de um autor e uma editora. A capa do livro se encaixa bem na série, as folhas são brancas e o título não poderia ter sido melhor escolhido. A história deixa ainda alguns detalhes em suspenso, que espero encontrar nos próximos livros da série.