Resenhas - Lady Susan

Ana Usui 10/10/2022

Gente como a gente: uma fanfiqueira raiz
Essa resenha será curta não por falta de material, mas porque só tenho elogios a fazer. A Juvenilia da Jane Austen é composta por todas as suas obras esboçadas durante a adolescência e mesmo ainda jovem e sem sua reconhecida maturidade de escrita, é possível vislumbrar o gênio satírico e crítico da sociedade por entre as linhas cômicas e exageradas dos seus contos.

A Jovem Jane não se segurava em “tirar onda” das obras romanescas do seu período e das relações ao seu redor. Sem as limitações impostas pela idade e pelas exigências de comportamento e educação, Jane troçava das moças histéricas, dos jovens sedutores, das senhoras arrogantes, do jogo de sedução e principalmente do comportamento esperado das moças. Peguei-me rindo aos montes no ônibus enquanto lia a seguinte passagem:

“— Claro que sim, e vou lhe dizer por que acho isso. Quando uma pessoa tem um grau muito alto de vermelho em seu rosto, isso dá a ela, na minha opinião, uma aparência muito corada. — Mas será que um rosto pode ter um tom corado demais?
— Certamente, minha querida Srta. Johnson, e vou lhe dizer por quê. Quando um rosto tem um tom muito corado, sua aparência não o favorece tanto quanto se tivesse um tom mais claro.
[.....] a conversa prossegue
— Sobre isso, como eu já disse antes, a senhora deve ter se enganado. A Sra. Watkins não poderia ser por demais corada porque ninguém pode ser por demais corado”.

Sem falar do conto em que a mocinha falece por excesso de desmaios! DESMAIOS! Pense em alguém dramático nesse nível kkkkkkkkkkkkkkk.

De todos os contos, por mais divertidos que sejam, as maiores pérolas para mim foram Lady Susan (obra-título) e Os Watsons. É lamentável Jane não ter despendido um tempo para se debruçar sobre esse conto em especifico porque sua vilã-protagonista é uma joia, irreverente, audaciosa e original quando se fala de romances históricos.
Lady Susan é um retrato fiel de uma mulher que conhece suas vantagens e sabe trabalhá-las ao seu favor. Sua estória causa um misto de raiva e indignação ao mesmo tempo que me fez vibrar como feminista pela forma como a protagonista se adaptou as exigências insanas da sociedade para as mulheres do período. Uma verdadeira pena não ter mais capítulos desenvolvidos.

Quanto ao conto dos Watsons, é possível ver a maturidade amanhecendo sobre a escrita da Jane para posteriormente se tornar o que vemos em Persuasão, Abadia de Northanger e em seus outros livros. Mais uma vez, uma pena não termos a conclusão dessa trama.

Adorei conhecer essa “nova faceta” da autora e descobrir o quão engraçada, espirituosa, militante e fanfiqueira Jane era. De alguma forma me sinto mais próxima da autora, mesmo sabendo que ela viveu há muitos anos atrás, pois no fundo não passamos de garotas militantes que adoram uma fofoca de vez em quando e criticar o que está na moda.

Lora_Bee 11/03/2024

Muito bom para ler a obra completa da autora
Com excessão de Lady Susan, que é um trabalho finalizado mas não publicado, esses trabalhos menores acabam se parecendo bastante com contos. São realmente fragmentos e a gente não tem como ter MUITA certeza do que aconteceria no final deles ou como a história iria se desenvolver. Alguns deles nós sabemos o desfecho, como Os Watson, mas perdemos o andar da história. Fiquei surpresa com a semelhança deles com algumas histórias da Austen, pq não há muita similaridade entre as obras publicadas. Gostei bastante da leitura!

Naii 09/07/2020

Jane Austen sempre maravilhosa
Lady Susan, que ser! É interessante ler sob a perspectiva de uma vilã, e Jane Austen sabe fazer isso com maestria! O formato epistolar é a primeira vez que leio e funcionou muito bem nessa breve estória! Não tem como eu não recomendar a leitura dessa maravilhosa autora.

nina 03/04/2021

PRECISO DE RESPOSTAS
Depois de reler e reassistir os livros e filmes da Jane Austen um milhão de vezes é muito bom ter histórias novas que eu não conhecia. Os primeiros contos, curtos e finalizados, são incríveis para observar o humor irônico da autora, e alguns chegam a ser tão absurdos que é impossível não rir com eles. As últimas histórias têm todo o charme que as obras de Jane Austen têm, e, apesar de incríveis, é triste que eles não tenham sido finalizados. Tudo que podemos fazer agora é esperar por autores ou diretores que tenham interesse em adaptar essas histórias inacabadas e nos dar um final que poderia ter sido.

Marina 06/08/2021

"Lady Susan" é muito divertido! A protagonista é uma mulher madura, viúva e belíssima que manipula os homens com facilidade e é mesquinha e vaidosa a ponto de competir com a própria filha.

Em resumo: Lady Susan andou pra que Rubí (da novela mexicana) pudesse correr hahahahha.

O livro é uma narrativa epistolar. Através das cartas escritas pelas personagens, vamos conhecendo toda a trama (desde vários pontos de vista).

Por ser uma obra curtinha, a trama é bastante ágil e o cinismo de Lady Susan é tanto, que fica difícil não se envolver na história até acabá-la.

A autoestima da protagonista é surreal. A forma de se referir à filha Frederica e os planos armados por Lady Susan eram bem cruéis. Mas, se a gente pensar bem, ela queria que Frederica fizesse um bom casamento, porque ela também casou bem cedo. A própria protagonista estava atrás de um novo marido (porque ser viúva, na sociedade da época, não devia ser fácil...). No fim das contas, dá pra entender os seus motivos. Mas não se pode negar que Susan é egoísta, interesseira, orgulhosa, falsa e uma péssima mãe.

Achei uma grata surpresa ver uma personagem como essa sendo retratada na obra de Austen. Foge completamente aos padrões da autora, e talvez por isso se torne tão excepcional.

O final da obra me incomodou um pouco. Essa história de "nossa, essa mulher é uma megera que acabou com a família de alguém" não dá pra engolir. Se os caras se encantavam por Lady Susan e eram desrespeitosos com suas esposas, a culpa é deles. Lógico que ela não era santa, mas não obrigava ninguém a ir atrás dela. Pelo contrário, tava pouco se lixando pra maioria dos admiradores. Lady Susan é uma víbora, mas como diz o ditado, só existem malandros porque existem otários.

"Por minha parte, confesso que eu só consigo sentir pena da srta.
Manwaring, que, depois de vir à Cidade e gastar em roupas o suficiente para
deixá-la pobre durante dois anos, especialmente para conquistá-lo, viu-se privada
do que lhe era de direito por uma mulher dez anos mais velha".

Lendo e Cantarolando 17/12/2020

Mais ou menos
Li outras obras da Jane e confesso que essa não me atraiu tanto. São contos em sua maioria inacabados e com desenvolvimento inconcluso.

Fernando Nery 13/06/2015

Simplesmente Maravilhosa
Um dia, eu assisti um filme intitulado de "O Clube de Leitura de Jane Austen". O filme mostrava um grupo de 6 pessoas que se reuniam para discutir as obras da autora. No desenrolar do filme, os personagens viviam cenas em comum com a vida das personagens relatadas pela escritora.
Nunca tinha lido nada de Jane Austen e confesso que fiquei "boiando" com algumas cenas do filme pelo fato de não conhecê-la. Para captar melhor a essência do filme e certos dramas é necessário ter um certo conhecimento da obra. Como o filme me agradou muito e achei bem interessante certas temáticas, resolvi que leria os livros dela.
Pesquisando na internet, descobri que existem vários filmes e minisséries sobre os livros dela. Acabei assistindo de cara as minisséries "Emma" e "Orgulho e Preconceito".
Acabei me apaixonando mais pelas histórias criadas por ela e comprei os dois livros referentes as minisséries assistidas. Eu amei os dois livros. Eu sei que filmes e minisséries não podem relatar tudo que está na obra e não vejo problema nisso. Filmes e minisséries tem que adaptar. Só não gosto quando roteiristas criam cenas que não existem nas obras. Isso é errado para mim. No caso das minisséries, os roteiristas cortaram cenas, porém não criaram nada além do que está escrito. Então, deu para ter uma ideia super legal a respeito do que Jane Austen queria retratar.
Resolvi que iria comprar as 4 obras que me faltavam: "Razão e Sensibilidade", "Mansfield Park", "Persuasão" e "A Abadia de Northanger". Sabia que não teria dinheiro para comprar todas, Então vou comprando aos poucos. Fui a livraria para escolher. Iria decidir na hora. Gosto de ver as capas, diagramação, etc. Se o livro tiver uma edição de capa dura é melhor.
Quando me dirigi a prateleira onde estavam os livros de Jane, havia um livro chamado "Lady Susan". Fiquei olhando para o livro e não acreditava, pois já havia pesquisado os nomes das 6 obras dela e não tinha nenhum com esse título. Mas aquele livro me chamou a atenção de uma forma impressionante. Não sei explicar o porquê.
Descobri que o rapaz da livraria que me atendeu também era fã da Jane. E ele me explicou que esse romance foi escrito por ela na fase de adolescência e que nunca recebeu tanta atenção por parte dos leitores de Jane Austen.
Resolvi comprar essa edição de capa dura. Ainda não terminei de ler a obra, mas estou fascinado. Quando cheguei em casa, a primeira coisa que descobri é que o livro é feito em forma epistolar. Pesquisei na internet e descobri que na época de Jane Austen era comum escrever os livros em forma de cartas. Nessa hora, pensei que o livro seria chato, pois ele é feito totalmente em forma de correspondências.
Mas me surpreendi, pois é maravilhoso esse estilo. Jane Austen por meio das correspondências de Lady Susan com outras pessoas e também dessas pessoas com outras, descreve a história. Ler uma narrativa por meio de cartas é algo realmente legal. Você lê uma carta e pensa que a história é de um jeito. Daqui a pouco, outra carta, mostra que não é bem daquele jeito.
Por meio das cartas, vemos sinceridade da parte de alguns personagens e falsidade da parte de outros. Mas a falsidade está naquilo que elas fazem fora das cartas. É interessante que ninguém mente dentro dessas cartas, mas contam as mentiras que fazem fora. A história vai mudando em nossa mente pelo fato de que mesmo não mentindo, as pessoas cometem enganos. Então, uma carta acaba corrigindo o engano da outra. Isso é delicioso. Eu me senti como se estivesse fazendo uma investigação, pois em cada carta acabo vendo a história de um jeito.
Outra coisa bem interessante é que achei Jane Austen mais inteligente do que eu realmente pensava. Como uma adolescente consegue descrever tão bem uma mulher adulta de 30 anos!
Lady Susan é uma viúva de 30 anos. O livro deixa bem claro que para os padrões da época, ele já era considerada velha. Porém, Susan é linda e aparenta ter 25 anos. Não é uma mulher honesta, Trata-se se de uma coquete, ou seja, uma mulher bonita e oferecida. Coquete seria uma espécie de piriguete. Só que coquete é uma piriguete sofisticada. O livro não faz uso de palavreados vulgares. Jane Austen é bem requintada em suas descrições, mesmo quando as personagens de seus livros tem atitudes não tão corretas.
Susan só tem uma amiga de verdade que é Alicia. Os demais personagens sabem da falsidade dela, mas exercem um certo fascínio pela personagem principal e alguns acabam se deixando enganar por ela.
Não terminei o livro todo, mas estava louco para compartilhar com vocês essa história que estou amando. Se vocês puderem ler, essa é uma leitura que recomendo.
Bem, eu pretendo ainda comprar as demais obras de Jane Austen e ainda outras que descobri que existem chamadas de "Obras Inacabadas" (livros que ela não terminou) e "Jack & Alice". Dessa forma, eu completo minha coleção com todos os livros da autora.

site: http://filosofodoslivros.blogspot.com.br/

Michela Wakami 19/01/2023

Muito bom
Essa edição contém três romances.
O primeiro leva o nome da protagonista Lady Susan, uma vilã que não mede esforços para conseguir o que quer.
Eu simplesmente amei.

O segundo romance Os Watson, que é uma família, cujo o pai tem quatro filhas e um filho, dando destaque a Emma, que é uma moça muito amável , que encanta aonde quer que vá.
Infelizmente a autora não concluiu o romance, e me deixou com o coração partido.

O terceiro romance Sanditon, foi o único que não me cativou, e ele também não está concluído.

helenaslodk 02/02/2022

Jane Austen
Das três histórias a minha preferida foi da Lady Susan: mostra um lado diferente da Jane Austen, colocando uma protagonista como vilã (ou vilã protagonista). Ela é ardilosa, manipuladora, má e mesmo assim eu amei ela, fiz algumas marcações nas partes dela. Essa parte é toda por cartas, muito bom também ver como a sociedade se comunicava, bem fofoqueiros mesmo.

Os Watson eu gostei, mas entre as três histórias achei a mais fraquinha. Igual fiquei bem curiosa pra saber se a Jane de fato publicaria isso, mas ela infelizmente parou de escrever bem na hora que a história tava pegando o tranco.

Adorei Sanditon, uma pena também estar inacabado. Acho que a história é muito promissora, não sendo a toa que várias pessoas já tentaram continuar o livro e dar um final.

Enfim, Jane Austen é Jane Austen e mesmo tendo duas histórias inacabadas, minha nota é 5.

Rogéria 07/09/2016

Como bem descreveu uma amiga, a Lady Susan é uma Paola Bracho de época. Que personagem deliciosamente louca e descompensada! Realmente diferente dos outros livros da Jane Austen, mas gostei bastante. Pena que é tão curto, e no final fiquei com a impressão de que faltaram algumas partes, pq acabou muito abruptamente. Mas vale muito a leitura, super indico!

gabi 19/08/2022

Interessante, mas só
Foi interessante ver a evolução da escrita da Jane Austen, mas não senti nada mais profundo que isso não. Tendo lido todos os livros publicados dela, é bem visível como o enredo e o desenvolvimento das histórias dela melhoraram demais!! Fiquei curiosa pra saber como seria o desfecho de algumas histórias, se ela tivesse finalizado.

Mikael_13 27/08/2023

Essa foi uma faceta de Jane Austen interessante de se conhecer, os textos escritos durante a sua juventude possuem um quê de exagero, mas que já mostravam alguns dos traços que dariam fama à autora.

floramorim_in 15/04/2020

Cativante
Diferente das demais célebres obras da Jane Austin , é um livro bem curto e epistolar mas cheio da conhecida sagacidade da Autora que faz dela tão amada até hj

Vivi.Montarde 06/05/2018

Interessante e divertido
A história é bem interessante. Apenas não dei 5 estrelas porque comparei com os outros romances mais famosos dela. Então achei que não estava no mesmo nível. Logo, não é ruim, mas os outros que são muito bons rsrs

O enredo é bem construído e prende a atenção. A história é contada por meio de trocas de cartas entre os personagens. No início estranhamos um pouco essa forma de escrita, não há diálogos e aquela interação mais direta, mas depois nos habituamos. A lady Susan é uma megera, porém sempre consegue manipular os outros, é boa de papo e assim vai se colocando como a vítima de qualquer situação que poderia comprometê-la. E todos vão caindo na sua grande habilidade de eloquência e manipulação...e claro, a ironia e o humor característicos de Jane Austen estão lá presente.

Recomendadíssimo para os admiradores de Austen que ainda não conhecem essa que foi sua primeira obra.

Mariana Sousa 15/08/2021

Uma outra face de Jane Austen
Aqueles que leem Lady Susan certamente surpreendem-se com as características vilanescas de nossa protagonista. Nesta obra, Jane Austen deu vida a uma mulher inteligente, manipuladora e insensível. O seu interior difere drasticamente da beleza externa que ostenta, sua intimidade é revelada ao leitor por meio da troca de cartas entre Susan e sua confidente Alícia, tendo plena confiança na amiga, Lady Susan não economiza em confidenciar suas opiniões venenosas e seus planos maquiavélicos.
A dama, choca o leitor com sua maneira calculista de agir e com sua indiferença para com Frederica, sua filha, pouco se importando com seus sentimentos e bem-estar. Austen nos mostra uma pessoa malvada a quem falta quaisquer qualidades redentoras, pois ela maltrata não apenas seus desafetos, mas também, quem ela deveria se não amar, ao menos proteger.
Invariavelmente, o leitor de Austen pode se encontrar, assim como eu, refletindo sobre as acentuadas diferenças entre essa novela e seus romances mais conhecidos. A crítica social é um ponto em comum de suas criações, no entanto, nesta obra tudo é exposto sem muitas sutilezas. O adultério, a hipocrisia e a fragilidade das relações afetivas são evidenciadas nas palavras de nossa protagonista, deixando pouco espaço para uma interpretação das entrelinhas. Lady Susan, é quem ela mostra ser.
E ao pensar nessa liberdade criativa, acabei por associá-la a idade que presumidamente Jane Austen tinha quando escreveu. Aos 19 anos, vemos uma jovem perspicaz que corajosamente escreveu abertamente sobre falhas de caráter e comportamento promíscuo. Ao que parece, nesta fase, Austen não desejava refinar suas críticas camuflando-as em passeios e bailes, mas expor a imoralidade que ela sabia existir na sociedade. Muito possivelmente fazendo assim, uma crítica explícita as aparências superficiais de virtude e bondade que as pessoas mostravam, escondendo por trás da beleza e da cortesia seus atos ilícitos.
Sabendo que a escritora nunca procurou publicar em vida essa história, a vejo como uma prova da evolução de Jane tanto em escrita quanto em maturidade, só posso pensar que em suas experiências ela aprendeu que vivendo em sociedade estamos fadados a nos expressar mais sutilmente. Em seus outros livros Austen critica com requinte, evidenciando suas observações do comportamento humano em um texto sarcástico, delicado e bem-humorado, deixando uma mensagem que nem todos terão sensibilidade para entender.
Lady Susan é uma novela epistolar, um texto breve que ao terminarmos gostaríamos que fosse um pouco maior. É uma trama surpreendente, uma evidência de um estilo de escrita cogitado por Jane e de uma abordagem mais provocante, com muitas frases instigantes “São imperdoáveis as mulheres que esquecem daquilo que lhes é devido e da opinião do mundo”. Uma boa experiência de leitura para os fãs da autora e para aqueles que apreciam histórias com personagens astutos se dando bem. A bem da verdade, é uma boa leitura para qualquer um!